A Embraer vai entrar na corrida para desenvolver “carros voadores”, como estão sendo chamados os pequenos veículos elétricos que decolam e aterrissam verticalmente e fazem deslocamentos urbanos curtos. O projeto, anunciado ontem, nos Estados Unidos, será feito em parceria com o aplicativo de carona paga Uber. A meta é que os primeiros voos experimentais ocorram em 2020, com a operação comercial prevista para 2023. Entre as grandes fabricantes de aviões do mundo, a Airbus também trabalha em pesquisas na área.
A empresa brasileira pretende criar todo o projeto da aeronave, fabricá-la e ficar responsável pela manutenção, além do controle aéreo. O Uber ficará responsável pelo sistema que receberá os pedidos de deslocamento dos passageiros. “Eles têm a demanda. Esse é o ponto forte deles”, disse ao Estado o presidente da Embraer, Paulo Cesar de Souza e Silva.
O modelo da aeronave ainda não foi definido. Enquanto algumas startups analisam construir veículos autônomos, com tecnologias semelhantes à empregada nos drones, a Embraer deve apostar em um sistema com piloto. “(O sistema) deverá funcionar com vários hubs (terminais de conexão) na cidade, de onde será possível decolar. O veículo será elétrico e com baixa emissão de ruído e de gases poluentes”, destaca Silva. De acordo com o executivo, aeronaves elétricas, ou ao menos híbridas, são uma das tendências da aviação. Ele admite que a companhia precisa “entender melhor” a tecnologia.
Por enquanto, o valor investido no projeto pela Embraer não é significativo – inicialmente, serão feitos apenas os desenhos da aeronave e definidos os requisitos delas, segundo o executivo. Para ele, o programa abre a perspectiva de um novo negócio para a Embraer, que tem como vantagem ante as startups o fato de poder fabricar aeronaves em série e o conhecimento no setor aéreo.
Preço. O Uber anunciou a intenção de incluir aeronaves em seu serviço de carona paga em outubro do ano passado. Na época, a empresa estimou que, no longo prazo, uma viagem do gênero entre São Paulo e Campinas poderia custar US$ 24 (cerca de R$ 75), valor inferior ao cobrado pela empresa para realizar o mesmo deslocamento de carro. Batizado de Uber Elevate, o projeto, porém, deverá enfrentar entraves regulatórios e técnicos, como a duração da bateria das aeronaves.
Além da Embraer, a companhia americana fechou parceria com outras empresas – Aurora Flight Sciences (americana de drones e helicópteros), Pipistrel Aircraft (fabricante de aviões de pequeno porte da Eslovênia), Mooney (também de aviões) e Bell Helicopter (de helicópteros militares) – para desenvolver a nova modalidade do serviço. A brasileira, entretanto, é a de maior porte.
O Uber também vem realizando testes de carros autônomos nos Estados Unidos. As pesquisas nesse segmento, no entanto, são feitas por engenheiros da própria empresa.