Fundador da EasyTaxi cria ‘Uber da beleza’


Com manicure, penteado e maquiagem em domicílio, Singu quer concorrer com salões; app já movimentou R$ 1 milhão

Por Bruno Capelas
Tallis Gomes, fundador do Easy Taxi e do Singu Foto: Sérgio Castro|Estadão

“Não gosto de sair para balada. Gosto de videogame, de beber e de trabalhar.” Quem vê Tallis Gomes, 29 anos, falar sobre o que gosta de fazer nas horas vagas, não imagina sua veia para o empreendedorismo. Aos 14 anos, ele comprava celulares pela internet e revendia em sua cidade, Carangola, no interior de Minas Gerais. Em 2011, dez anos depois, ele começou um negócio que mudou o transporte no País: o EasyTaxi. Agora, ele tenta revolucionar o mercado de beleza com seu novo projeto, o Singu. 

Descrito como “Uber da beleza”, o aplicativo oferece os serviços de cabeleireiro, depilação e manicure em domicílio. “A mulher moderna não tem mais tempo hoje para ir ao salão. Ir e voltar, além da fila e da sessão, é um processo de três horas”, explica Gomes. “Além disso, ela precisa se adaptar à agenda do prestador de serviço. Deveria ser o contrário.”

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O negócio nasceu no ano passado, inspirado pelo tamanho do mercado de beleza no Brasil. Por enquanto, o Singu tem cerca de mil profissionais, em São Paulo e no Rio de Janeiro – no mês que vem, chega a Porto Alegre, e planeja expansão internacional até o final do ano. “Quero jogar na Série A do mundo. Cansei da Série B”, diz Gomes, que expandiu o EasyTaxi para mercados como América Latina e Sudeste Asiático antes de deixar a operação da empresa, há cerca de um ano e meio. Na última semana, a Singu bateu a marca de R$ 1 milhão faturado pelos profissionais no aplicativo em 2016. 

Na entrevista a seguir, Tallis fala mais sobre a Singu e seus planos de expansão, além de explicar porque não quis parar depois do EasyTaxi. “Fiquei muito mordido de não ter sido o primeiro unicórnio brasileiro”, afirma, fazendo referência a startups que superam US$ 1 bilhão em valor de mercado.

Estado: Como nasceu o Singu?Tallis Gomes: Depois do EasyTaxi, montei um fundo de investimentos para descobrir qual era o próximo grande mercado a ser revolucionado. Em 2015, o setor de beleza movimentou R$ 46 bilhões no Brasil e, pesquisando, descobri que muita gente deixa de ir ao salão de beleza porque não tem tempo. É um processo que leva três horas. A mulher moderna não tem tempo para isso. Além disso, ela tem que se encaixar no horário do prestador de serviço. Deveria ser o contrário. 

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Mas como fica a fidelidade entre cliente e profissional?  Diziam o mesmo para os táxis. Aí é que a gente entra: toda profissional é treinada pela Singu. Sabemos que uma profissional pode ter mais ou menos empatia com o cliente, mas quando ele usa o serviço pela segunda vez, com certeza vai ter um atendimento satisfatório. Pensa no Uber: é legal andar de BMW, mas não vou ficar insatisfeito se eu andar de Corolla. A água e a bala vão estar ali do mesmo jeito. E o nosso algoritmo não deixa que a profissional “pule fora” do sistema: ele calcula a melhor rota de atendimentos da manicure todo dia, incluindo o ônibus ou metrô que ela tem que pegar. Se ela fizer um atendimento à parte, ela não consegue voltar para a rota.

O EasyTaxi começou em 2011. Foi mais fácil começar de novo?  A cultura mudou. Em 2011, 4% dos brasileiros tinham smartphones. Eu mesmo só comprei smartphone porque comecei a EasyTaxi. Tive de convencer taxistas a comprarem smartphones e gastarem com internet móvel. Hoje, a manicure já chega no treinamento com o aplicativo instalado. Além disso, ganhar escala ficou mais fácil: em três meses de Singu, eu faturei o mesmo que em um ano do EasyTaxi.

O sr. ganhou muito com o EasyTaxi. O que o fez continuar?  Eu podia ter ido morar na Tailândia, né? (risos). Gosto muito de trabalhar. Fiquei mordido de não ser o primeiro unicórnio brasileiro. É um sonho que eu tenho. Além disso, acredito que o melhor programa social se chama emprego. Comigo, uma manicure consegue ganhar R$ 4 mil por mês. Tenho 29 anos de idade, me sentiria um lixo se “parasse” agora.

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O sr. citou o Uber como caso de sucesso. Como vê a concorrência dele com a EasyTaxi? Surgimos juntos. Na época, a gente entendia que a EasyTaxi era um mecanismo para melhorar o trânsito. A diferença do Uber para qualquer táxi é que você tem um serviço melhor com preço diferenciado. Na minha gestão, levamos o EasyTaxi para 35 países, com 500 mil taxistas. O Uber teve espaço no Brasil porque aqui o táxi é muito caro. Em países que o táxi é barato, como na Coreia do Sul, o Uber não tem competição. Apesar disso, acho que a EasyTaxi tem uma boa chance contra o Uber. 

Quais os entraves para empreender no Brasil?  Com taxa de juros a 14,25%, tem que ser maluco para empreender aqui. Você tem carga tributária e leis trabalhistas absurdas. Sou contra qualquer regulação: elas aumentam o custo de prestação de serviços. O governo precisa parar de atrapalhar os empreendedores. Só isso já ajudaria muito.

Conheça o Singu

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1. Como funciona a Singu? Após baixar o app para iPhone e Android e fazer seu cadastro, a pessoa pode agendar o serviço que deseja. É possível escolher data e local do atendimento. Há ainda um campo para detalhar preferências. 

2. Que serviços o app tem?  Maquiagem, depilação, penteado, massagem, pé e mão. Hoje, o serviço está em São Paulo e no Rio, e deve chegar a Porto Alegre este mês. 

3. Quanto custa?  Cada serviço tem preço fixo: fazer as unhas do pé ou da mão custa R$ 39 – os dois juntos saem por R$ 49. Uma massagem sai por R$ 100. Há combos com serviços entre R$ 139 e R$ 269. Pagamento só com cartão de crédito.

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4. Como a empresa fatura?  A empresa fica com 30% do valor de cada sessão – os outros 70% são do profissional. Em salões de beleza, o profissional fica com 30% a 50% do valor do serviço. Segundo a Singu, a média dos profissionais fatura cerca de R$ 4 mil por mês.

Tallis Gomes, fundador do Easy Taxi e do Singu Foto: Sérgio Castro|Estadão

“Não gosto de sair para balada. Gosto de videogame, de beber e de trabalhar.” Quem vê Tallis Gomes, 29 anos, falar sobre o que gosta de fazer nas horas vagas, não imagina sua veia para o empreendedorismo. Aos 14 anos, ele comprava celulares pela internet e revendia em sua cidade, Carangola, no interior de Minas Gerais. Em 2011, dez anos depois, ele começou um negócio que mudou o transporte no País: o EasyTaxi. Agora, ele tenta revolucionar o mercado de beleza com seu novo projeto, o Singu. 

Descrito como “Uber da beleza”, o aplicativo oferece os serviços de cabeleireiro, depilação e manicure em domicílio. “A mulher moderna não tem mais tempo hoje para ir ao salão. Ir e voltar, além da fila e da sessão, é um processo de três horas”, explica Gomes. “Além disso, ela precisa se adaptar à agenda do prestador de serviço. Deveria ser o contrário.”

O negócio nasceu no ano passado, inspirado pelo tamanho do mercado de beleza no Brasil. Por enquanto, o Singu tem cerca de mil profissionais, em São Paulo e no Rio de Janeiro – no mês que vem, chega a Porto Alegre, e planeja expansão internacional até o final do ano. “Quero jogar na Série A do mundo. Cansei da Série B”, diz Gomes, que expandiu o EasyTaxi para mercados como América Latina e Sudeste Asiático antes de deixar a operação da empresa, há cerca de um ano e meio. Na última semana, a Singu bateu a marca de R$ 1 milhão faturado pelos profissionais no aplicativo em 2016. 

Na entrevista a seguir, Tallis fala mais sobre a Singu e seus planos de expansão, além de explicar porque não quis parar depois do EasyTaxi. “Fiquei muito mordido de não ter sido o primeiro unicórnio brasileiro”, afirma, fazendo referência a startups que superam US$ 1 bilhão em valor de mercado.

Estado: Como nasceu o Singu?Tallis Gomes: Depois do EasyTaxi, montei um fundo de investimentos para descobrir qual era o próximo grande mercado a ser revolucionado. Em 2015, o setor de beleza movimentou R$ 46 bilhões no Brasil e, pesquisando, descobri que muita gente deixa de ir ao salão de beleza porque não tem tempo. É um processo que leva três horas. A mulher moderna não tem tempo para isso. Além disso, ela tem que se encaixar no horário do prestador de serviço. Deveria ser o contrário. 

Mas como fica a fidelidade entre cliente e profissional?  Diziam o mesmo para os táxis. Aí é que a gente entra: toda profissional é treinada pela Singu. Sabemos que uma profissional pode ter mais ou menos empatia com o cliente, mas quando ele usa o serviço pela segunda vez, com certeza vai ter um atendimento satisfatório. Pensa no Uber: é legal andar de BMW, mas não vou ficar insatisfeito se eu andar de Corolla. A água e a bala vão estar ali do mesmo jeito. E o nosso algoritmo não deixa que a profissional “pule fora” do sistema: ele calcula a melhor rota de atendimentos da manicure todo dia, incluindo o ônibus ou metrô que ela tem que pegar. Se ela fizer um atendimento à parte, ela não consegue voltar para a rota.

O EasyTaxi começou em 2011. Foi mais fácil começar de novo?  A cultura mudou. Em 2011, 4% dos brasileiros tinham smartphones. Eu mesmo só comprei smartphone porque comecei a EasyTaxi. Tive de convencer taxistas a comprarem smartphones e gastarem com internet móvel. Hoje, a manicure já chega no treinamento com o aplicativo instalado. Além disso, ganhar escala ficou mais fácil: em três meses de Singu, eu faturei o mesmo que em um ano do EasyTaxi.

O sr. ganhou muito com o EasyTaxi. O que o fez continuar?  Eu podia ter ido morar na Tailândia, né? (risos). Gosto muito de trabalhar. Fiquei mordido de não ser o primeiro unicórnio brasileiro. É um sonho que eu tenho. Além disso, acredito que o melhor programa social se chama emprego. Comigo, uma manicure consegue ganhar R$ 4 mil por mês. Tenho 29 anos de idade, me sentiria um lixo se “parasse” agora.

O sr. citou o Uber como caso de sucesso. Como vê a concorrência dele com a EasyTaxi? Surgimos juntos. Na época, a gente entendia que a EasyTaxi era um mecanismo para melhorar o trânsito. A diferença do Uber para qualquer táxi é que você tem um serviço melhor com preço diferenciado. Na minha gestão, levamos o EasyTaxi para 35 países, com 500 mil taxistas. O Uber teve espaço no Brasil porque aqui o táxi é muito caro. Em países que o táxi é barato, como na Coreia do Sul, o Uber não tem competição. Apesar disso, acho que a EasyTaxi tem uma boa chance contra o Uber. 

Quais os entraves para empreender no Brasil?  Com taxa de juros a 14,25%, tem que ser maluco para empreender aqui. Você tem carga tributária e leis trabalhistas absurdas. Sou contra qualquer regulação: elas aumentam o custo de prestação de serviços. O governo precisa parar de atrapalhar os empreendedores. Só isso já ajudaria muito.

Conheça o Singu

1. Como funciona a Singu? Após baixar o app para iPhone e Android e fazer seu cadastro, a pessoa pode agendar o serviço que deseja. É possível escolher data e local do atendimento. Há ainda um campo para detalhar preferências. 

2. Que serviços o app tem?  Maquiagem, depilação, penteado, massagem, pé e mão. Hoje, o serviço está em São Paulo e no Rio, e deve chegar a Porto Alegre este mês. 

3. Quanto custa?  Cada serviço tem preço fixo: fazer as unhas do pé ou da mão custa R$ 39 – os dois juntos saem por R$ 49. Uma massagem sai por R$ 100. Há combos com serviços entre R$ 139 e R$ 269. Pagamento só com cartão de crédito.

4. Como a empresa fatura?  A empresa fica com 30% do valor de cada sessão – os outros 70% são do profissional. Em salões de beleza, o profissional fica com 30% a 50% do valor do serviço. Segundo a Singu, a média dos profissionais fatura cerca de R$ 4 mil por mês.

Tallis Gomes, fundador do Easy Taxi e do Singu Foto: Sérgio Castro|Estadão

“Não gosto de sair para balada. Gosto de videogame, de beber e de trabalhar.” Quem vê Tallis Gomes, 29 anos, falar sobre o que gosta de fazer nas horas vagas, não imagina sua veia para o empreendedorismo. Aos 14 anos, ele comprava celulares pela internet e revendia em sua cidade, Carangola, no interior de Minas Gerais. Em 2011, dez anos depois, ele começou um negócio que mudou o transporte no País: o EasyTaxi. Agora, ele tenta revolucionar o mercado de beleza com seu novo projeto, o Singu. 

Descrito como “Uber da beleza”, o aplicativo oferece os serviços de cabeleireiro, depilação e manicure em domicílio. “A mulher moderna não tem mais tempo hoje para ir ao salão. Ir e voltar, além da fila e da sessão, é um processo de três horas”, explica Gomes. “Além disso, ela precisa se adaptar à agenda do prestador de serviço. Deveria ser o contrário.”

O negócio nasceu no ano passado, inspirado pelo tamanho do mercado de beleza no Brasil. Por enquanto, o Singu tem cerca de mil profissionais, em São Paulo e no Rio de Janeiro – no mês que vem, chega a Porto Alegre, e planeja expansão internacional até o final do ano. “Quero jogar na Série A do mundo. Cansei da Série B”, diz Gomes, que expandiu o EasyTaxi para mercados como América Latina e Sudeste Asiático antes de deixar a operação da empresa, há cerca de um ano e meio. Na última semana, a Singu bateu a marca de R$ 1 milhão faturado pelos profissionais no aplicativo em 2016. 

Na entrevista a seguir, Tallis fala mais sobre a Singu e seus planos de expansão, além de explicar porque não quis parar depois do EasyTaxi. “Fiquei muito mordido de não ter sido o primeiro unicórnio brasileiro”, afirma, fazendo referência a startups que superam US$ 1 bilhão em valor de mercado.

Estado: Como nasceu o Singu?Tallis Gomes: Depois do EasyTaxi, montei um fundo de investimentos para descobrir qual era o próximo grande mercado a ser revolucionado. Em 2015, o setor de beleza movimentou R$ 46 bilhões no Brasil e, pesquisando, descobri que muita gente deixa de ir ao salão de beleza porque não tem tempo. É um processo que leva três horas. A mulher moderna não tem tempo para isso. Além disso, ela tem que se encaixar no horário do prestador de serviço. Deveria ser o contrário. 

Mas como fica a fidelidade entre cliente e profissional?  Diziam o mesmo para os táxis. Aí é que a gente entra: toda profissional é treinada pela Singu. Sabemos que uma profissional pode ter mais ou menos empatia com o cliente, mas quando ele usa o serviço pela segunda vez, com certeza vai ter um atendimento satisfatório. Pensa no Uber: é legal andar de BMW, mas não vou ficar insatisfeito se eu andar de Corolla. A água e a bala vão estar ali do mesmo jeito. E o nosso algoritmo não deixa que a profissional “pule fora” do sistema: ele calcula a melhor rota de atendimentos da manicure todo dia, incluindo o ônibus ou metrô que ela tem que pegar. Se ela fizer um atendimento à parte, ela não consegue voltar para a rota.

O EasyTaxi começou em 2011. Foi mais fácil começar de novo?  A cultura mudou. Em 2011, 4% dos brasileiros tinham smartphones. Eu mesmo só comprei smartphone porque comecei a EasyTaxi. Tive de convencer taxistas a comprarem smartphones e gastarem com internet móvel. Hoje, a manicure já chega no treinamento com o aplicativo instalado. Além disso, ganhar escala ficou mais fácil: em três meses de Singu, eu faturei o mesmo que em um ano do EasyTaxi.

O sr. ganhou muito com o EasyTaxi. O que o fez continuar?  Eu podia ter ido morar na Tailândia, né? (risos). Gosto muito de trabalhar. Fiquei mordido de não ser o primeiro unicórnio brasileiro. É um sonho que eu tenho. Além disso, acredito que o melhor programa social se chama emprego. Comigo, uma manicure consegue ganhar R$ 4 mil por mês. Tenho 29 anos de idade, me sentiria um lixo se “parasse” agora.

O sr. citou o Uber como caso de sucesso. Como vê a concorrência dele com a EasyTaxi? Surgimos juntos. Na época, a gente entendia que a EasyTaxi era um mecanismo para melhorar o trânsito. A diferença do Uber para qualquer táxi é que você tem um serviço melhor com preço diferenciado. Na minha gestão, levamos o EasyTaxi para 35 países, com 500 mil taxistas. O Uber teve espaço no Brasil porque aqui o táxi é muito caro. Em países que o táxi é barato, como na Coreia do Sul, o Uber não tem competição. Apesar disso, acho que a EasyTaxi tem uma boa chance contra o Uber. 

Quais os entraves para empreender no Brasil?  Com taxa de juros a 14,25%, tem que ser maluco para empreender aqui. Você tem carga tributária e leis trabalhistas absurdas. Sou contra qualquer regulação: elas aumentam o custo de prestação de serviços. O governo precisa parar de atrapalhar os empreendedores. Só isso já ajudaria muito.

Conheça o Singu

1. Como funciona a Singu? Após baixar o app para iPhone e Android e fazer seu cadastro, a pessoa pode agendar o serviço que deseja. É possível escolher data e local do atendimento. Há ainda um campo para detalhar preferências. 

2. Que serviços o app tem?  Maquiagem, depilação, penteado, massagem, pé e mão. Hoje, o serviço está em São Paulo e no Rio, e deve chegar a Porto Alegre este mês. 

3. Quanto custa?  Cada serviço tem preço fixo: fazer as unhas do pé ou da mão custa R$ 39 – os dois juntos saem por R$ 49. Uma massagem sai por R$ 100. Há combos com serviços entre R$ 139 e R$ 269. Pagamento só com cartão de crédito.

4. Como a empresa fatura?  A empresa fica com 30% do valor de cada sessão – os outros 70% são do profissional. Em salões de beleza, o profissional fica com 30% a 50% do valor do serviço. Segundo a Singu, a média dos profissionais fatura cerca de R$ 4 mil por mês.

Tallis Gomes, fundador do Easy Taxi e do Singu Foto: Sérgio Castro|Estadão

“Não gosto de sair para balada. Gosto de videogame, de beber e de trabalhar.” Quem vê Tallis Gomes, 29 anos, falar sobre o que gosta de fazer nas horas vagas, não imagina sua veia para o empreendedorismo. Aos 14 anos, ele comprava celulares pela internet e revendia em sua cidade, Carangola, no interior de Minas Gerais. Em 2011, dez anos depois, ele começou um negócio que mudou o transporte no País: o EasyTaxi. Agora, ele tenta revolucionar o mercado de beleza com seu novo projeto, o Singu. 

Descrito como “Uber da beleza”, o aplicativo oferece os serviços de cabeleireiro, depilação e manicure em domicílio. “A mulher moderna não tem mais tempo hoje para ir ao salão. Ir e voltar, além da fila e da sessão, é um processo de três horas”, explica Gomes. “Além disso, ela precisa se adaptar à agenda do prestador de serviço. Deveria ser o contrário.”

O negócio nasceu no ano passado, inspirado pelo tamanho do mercado de beleza no Brasil. Por enquanto, o Singu tem cerca de mil profissionais, em São Paulo e no Rio de Janeiro – no mês que vem, chega a Porto Alegre, e planeja expansão internacional até o final do ano. “Quero jogar na Série A do mundo. Cansei da Série B”, diz Gomes, que expandiu o EasyTaxi para mercados como América Latina e Sudeste Asiático antes de deixar a operação da empresa, há cerca de um ano e meio. Na última semana, a Singu bateu a marca de R$ 1 milhão faturado pelos profissionais no aplicativo em 2016. 

Na entrevista a seguir, Tallis fala mais sobre a Singu e seus planos de expansão, além de explicar porque não quis parar depois do EasyTaxi. “Fiquei muito mordido de não ter sido o primeiro unicórnio brasileiro”, afirma, fazendo referência a startups que superam US$ 1 bilhão em valor de mercado.

Estado: Como nasceu o Singu?Tallis Gomes: Depois do EasyTaxi, montei um fundo de investimentos para descobrir qual era o próximo grande mercado a ser revolucionado. Em 2015, o setor de beleza movimentou R$ 46 bilhões no Brasil e, pesquisando, descobri que muita gente deixa de ir ao salão de beleza porque não tem tempo. É um processo que leva três horas. A mulher moderna não tem tempo para isso. Além disso, ela tem que se encaixar no horário do prestador de serviço. Deveria ser o contrário. 

Mas como fica a fidelidade entre cliente e profissional?  Diziam o mesmo para os táxis. Aí é que a gente entra: toda profissional é treinada pela Singu. Sabemos que uma profissional pode ter mais ou menos empatia com o cliente, mas quando ele usa o serviço pela segunda vez, com certeza vai ter um atendimento satisfatório. Pensa no Uber: é legal andar de BMW, mas não vou ficar insatisfeito se eu andar de Corolla. A água e a bala vão estar ali do mesmo jeito. E o nosso algoritmo não deixa que a profissional “pule fora” do sistema: ele calcula a melhor rota de atendimentos da manicure todo dia, incluindo o ônibus ou metrô que ela tem que pegar. Se ela fizer um atendimento à parte, ela não consegue voltar para a rota.

O EasyTaxi começou em 2011. Foi mais fácil começar de novo?  A cultura mudou. Em 2011, 4% dos brasileiros tinham smartphones. Eu mesmo só comprei smartphone porque comecei a EasyTaxi. Tive de convencer taxistas a comprarem smartphones e gastarem com internet móvel. Hoje, a manicure já chega no treinamento com o aplicativo instalado. Além disso, ganhar escala ficou mais fácil: em três meses de Singu, eu faturei o mesmo que em um ano do EasyTaxi.

O sr. ganhou muito com o EasyTaxi. O que o fez continuar?  Eu podia ter ido morar na Tailândia, né? (risos). Gosto muito de trabalhar. Fiquei mordido de não ser o primeiro unicórnio brasileiro. É um sonho que eu tenho. Além disso, acredito que o melhor programa social se chama emprego. Comigo, uma manicure consegue ganhar R$ 4 mil por mês. Tenho 29 anos de idade, me sentiria um lixo se “parasse” agora.

O sr. citou o Uber como caso de sucesso. Como vê a concorrência dele com a EasyTaxi? Surgimos juntos. Na época, a gente entendia que a EasyTaxi era um mecanismo para melhorar o trânsito. A diferença do Uber para qualquer táxi é que você tem um serviço melhor com preço diferenciado. Na minha gestão, levamos o EasyTaxi para 35 países, com 500 mil taxistas. O Uber teve espaço no Brasil porque aqui o táxi é muito caro. Em países que o táxi é barato, como na Coreia do Sul, o Uber não tem competição. Apesar disso, acho que a EasyTaxi tem uma boa chance contra o Uber. 

Quais os entraves para empreender no Brasil?  Com taxa de juros a 14,25%, tem que ser maluco para empreender aqui. Você tem carga tributária e leis trabalhistas absurdas. Sou contra qualquer regulação: elas aumentam o custo de prestação de serviços. O governo precisa parar de atrapalhar os empreendedores. Só isso já ajudaria muito.

Conheça o Singu

1. Como funciona a Singu? Após baixar o app para iPhone e Android e fazer seu cadastro, a pessoa pode agendar o serviço que deseja. É possível escolher data e local do atendimento. Há ainda um campo para detalhar preferências. 

2. Que serviços o app tem?  Maquiagem, depilação, penteado, massagem, pé e mão. Hoje, o serviço está em São Paulo e no Rio, e deve chegar a Porto Alegre este mês. 

3. Quanto custa?  Cada serviço tem preço fixo: fazer as unhas do pé ou da mão custa R$ 39 – os dois juntos saem por R$ 49. Uma massagem sai por R$ 100. Há combos com serviços entre R$ 139 e R$ 269. Pagamento só com cartão de crédito.

4. Como a empresa fatura?  A empresa fica com 30% do valor de cada sessão – os outros 70% são do profissional. Em salões de beleza, o profissional fica com 30% a 50% do valor do serviço. Segundo a Singu, a média dos profissionais fatura cerca de R$ 4 mil por mês.

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