‘Precisamos incentivar a inovação fora dos grandes centros’, diz nova presidente da ABStartups


Ingrid Barth assume principal cargo da Associação Brasileira de Startups com meta de promover diversidade geográfica no empreendedorismo com tecnologia

Por Guilherme Guerra
Foto: WERTHER SANTANA
Entrevista comIngrid BarthPresidente da Associação Brasileira de Startups (ABStartups)

Concentrado principalmente em São Paulo e em outras capitais do Sul e Sudeste, o universo das startups no Brasil avança pouco rumo à diversidade geográfica, tida como essencial para impulsionar o empreendedorismo em tecnologia no País. Reverter essa situação tornou-se uma das principais missões da Associação Brasileira de Startups (ABStartups), que abraçou a causa e promove o “startupês” para empreendedores de todos os cinco cantos do País, incluindo os rincões mais distantes.

“Precisamos incentivar o empreendedorismo vinculado à tecnologia fora dos grandes centros econômicos do Brasil”, afirma em entrevista ao Estadão a nova presidente da associação, Ingrid Barth — primeira mulher no cargo, o novo mandato começou no último dia 1.º, com vigência de dois anos. A líder é fundadora da startup de pagamentos Linker, onde hoje é chefe de operações (COO), e fez carreira no mercado financeiro.

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Para ela, muitos empreendedores brasileiros já são “startupeiros”, mas não se reconhecem como tal por falta de informação. “Existe gente dona de startup, mas que não conhece o conceito e por isso não se identifica com o setor, mesmo usando tecnologia no negócio”, diz ela. “Precisamos despertar o interesse dessas pessoas.”

Em busca de maior diversidade, a ABStartups planeja intensificar o uso de “embaixadores” regionais para promover a inovação pelo País, bem como azeitar a parceria com o Sebrae para divulgar cursos e modelos de negócios baseados em tecnologia.

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Além disso, Ingrid destaca que o novo mandato deve se aproximar ainda mais de Brasília, levando a reguladores e autarquias demandas específicas do setor que possam destravar novos mercados. Nos últimos anos, a ABStartups participou das negociações da aprovação do Marco Legal das Startups, aprovado em junho de 2021.

Com 10 anos de vida e mais de 6 mil associados, a organização considera que esse é o movimento ideal para intensificar as atividades do grupo: “Temos massa crítica para representar de fato essas pessoas”, diz. “Certamente é um amadurecimento.”

Fundadora da startup Linker, Ingrid Barth é a primeira mulher no cargo de presidente da ABStartups Foto: Werther Santana/Estadão - 20/12/2021
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Leia abaixo trechos da entrevista.

Qual é o foco deste novo mandato na Associação Brasileira de Startups?

A associação tem 10 anos e podemos chamar de uma associação brasileira de fato, porque estamos em todos os Estados do Brasil. Levamos pessoas expoentes para outras regiões para que consigamos fomentar a inovação em ecossistemas fora dos grandes centros tecnológicos do País. Esse já é um trabalho muito bem feito e vamos mantê-lo. No entanto, precisamos desenvolver outras frentes. Criamos uma área de relações governamentais, em Brasília, porque precisamos capturar as necessidades regulatórias que nossos associados trazem para nós. Nossa atuação é dar continuidade nessas duas frentes.

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Como manter a diversidade geográfica num país em país em o mercado de inovação é concentrado nas regiões de São Paulo e Rio de Janeiro? Como romper essa bolha?

Temos de ter embaixadores em cada região do País, pessoas influenciadoras na área de tecnologia. Nosso papel é identificar essas lideranças, treiná-las, deixá-las alinhadas com nossos objetivos e fazer essa ponte com os empreendedores locais. Em seguida, precisamos fazer essa equalização da comunicação para quem já está empreendendo dentro das comunidades. Existe, por exemplo, gente dona de startup, mas que não conhece o conceito de startup e por isso não se identifica com o setor, mesmo usando tecnologia no negócio. Precisamos despertar o interesse dessas pessoas. Não fazemos isso sozinho, e o Sebrae tem um conhecimento específico do assunto, com capilaridade pelo País. Precisamos incentivar o empreendedorismo vinculado à tecnologia fora dos grandes centros econômicos do Brasil.

Depois que a Associação lutou pela aprovação do Marco Legal das Startups no ano passado, qual é a agenda da organização junto ao novo governo que assume em Brasília?

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É indiferente para nós quem está no poder em relação a nossas pautas. Cada vez mais, queremos fortalecer essas relações governamentais. Vamos continuar lutando pelas pautas que a gente precisa para que o mercado continue prosperando. Precisamos melhorar o que já conseguimos em relação ao Marco Legal das Startups, que é uma das únicas agendas que congregam todos os tipos de startups do Brasil. Mas existem outras pautas específicas de cada categoria de startup. Estamos organizando essas ideias para levar para os reguladores e autarquias. Por exemplo, podemos levar diversas demandas para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), como um sandbox regulatório, que pode ser copiado do mercado do mercado financeiro. Trazer esse conceito poderia permitir projetos inovadores de startups em saúde, permitindo que sejam pensadas novas legislações. E vale dizer que estamos aprendendo a fazer esse trabalho, assim como os empreendedores estão aprendendo a trazer essas demandas para nós de maneira organizada.

Esse é um movimento mais ativo da Associação, de amadurecimento?

São 10 anos da ABStartups, certamente é um amadurecimento. Começamos com três associados e hoje temos mais de 6 mil. Temos massa crítica para representar de fato essas pessoas.

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O que a Associação planeja fazer em 2023 para proteger o mercado de startups, após o ano de dificuldades de 2022, quando ocorreram demissões em massa e investimentos no setor desaceleraram?

Existia um otimismo exacerbado no mercado, com os investimentos gigantesco que vimos na imprensa. Mas esse mercado é um porcentual muito pequeno do universo de associados. Muitas das nossas startups associadas ainda dependem de investimentos-anjo. São startups muito pequeninnhas, que começam do nada e não estão relacionadas com os grandes fundos de investimento. Por exemplo, são startups do Pará que nem sabem da existência desses fundos. Outro ponto é que vai ser preciso repensar a organização financeira dessas empresas. Os investidores estão mais criteriosos com investimentos, está faltando dinheiro no mercado. Hoje, para captar dinheiro, o empreendedor precisa provar que o negócio é atrativo para o investidor, seja anjo ou institucional. O papel da associação é cuidar do futuro, para que não quebrem. Precisamos passar conhecimento de boas práticas para que os empreendedores não desistam.

Concentrado principalmente em São Paulo e em outras capitais do Sul e Sudeste, o universo das startups no Brasil avança pouco rumo à diversidade geográfica, tida como essencial para impulsionar o empreendedorismo em tecnologia no País. Reverter essa situação tornou-se uma das principais missões da Associação Brasileira de Startups (ABStartups), que abraçou a causa e promove o “startupês” para empreendedores de todos os cinco cantos do País, incluindo os rincões mais distantes.

“Precisamos incentivar o empreendedorismo vinculado à tecnologia fora dos grandes centros econômicos do Brasil”, afirma em entrevista ao Estadão a nova presidente da associação, Ingrid Barth — primeira mulher no cargo, o novo mandato começou no último dia 1.º, com vigência de dois anos. A líder é fundadora da startup de pagamentos Linker, onde hoje é chefe de operações (COO), e fez carreira no mercado financeiro.

Para ela, muitos empreendedores brasileiros já são “startupeiros”, mas não se reconhecem como tal por falta de informação. “Existe gente dona de startup, mas que não conhece o conceito e por isso não se identifica com o setor, mesmo usando tecnologia no negócio”, diz ela. “Precisamos despertar o interesse dessas pessoas.”

Em busca de maior diversidade, a ABStartups planeja intensificar o uso de “embaixadores” regionais para promover a inovação pelo País, bem como azeitar a parceria com o Sebrae para divulgar cursos e modelos de negócios baseados em tecnologia.

Além disso, Ingrid destaca que o novo mandato deve se aproximar ainda mais de Brasília, levando a reguladores e autarquias demandas específicas do setor que possam destravar novos mercados. Nos últimos anos, a ABStartups participou das negociações da aprovação do Marco Legal das Startups, aprovado em junho de 2021.

Com 10 anos de vida e mais de 6 mil associados, a organização considera que esse é o movimento ideal para intensificar as atividades do grupo: “Temos massa crítica para representar de fato essas pessoas”, diz. “Certamente é um amadurecimento.”

Fundadora da startup Linker, Ingrid Barth é a primeira mulher no cargo de presidente da ABStartups Foto: Werther Santana/Estadão - 20/12/2021

Leia abaixo trechos da entrevista.

Qual é o foco deste novo mandato na Associação Brasileira de Startups?

A associação tem 10 anos e podemos chamar de uma associação brasileira de fato, porque estamos em todos os Estados do Brasil. Levamos pessoas expoentes para outras regiões para que consigamos fomentar a inovação em ecossistemas fora dos grandes centros tecnológicos do País. Esse já é um trabalho muito bem feito e vamos mantê-lo. No entanto, precisamos desenvolver outras frentes. Criamos uma área de relações governamentais, em Brasília, porque precisamos capturar as necessidades regulatórias que nossos associados trazem para nós. Nossa atuação é dar continuidade nessas duas frentes.

Como manter a diversidade geográfica num país em país em o mercado de inovação é concentrado nas regiões de São Paulo e Rio de Janeiro? Como romper essa bolha?

Temos de ter embaixadores em cada região do País, pessoas influenciadoras na área de tecnologia. Nosso papel é identificar essas lideranças, treiná-las, deixá-las alinhadas com nossos objetivos e fazer essa ponte com os empreendedores locais. Em seguida, precisamos fazer essa equalização da comunicação para quem já está empreendendo dentro das comunidades. Existe, por exemplo, gente dona de startup, mas que não conhece o conceito de startup e por isso não se identifica com o setor, mesmo usando tecnologia no negócio. Precisamos despertar o interesse dessas pessoas. Não fazemos isso sozinho, e o Sebrae tem um conhecimento específico do assunto, com capilaridade pelo País. Precisamos incentivar o empreendedorismo vinculado à tecnologia fora dos grandes centros econômicos do Brasil.

Depois que a Associação lutou pela aprovação do Marco Legal das Startups no ano passado, qual é a agenda da organização junto ao novo governo que assume em Brasília?

É indiferente para nós quem está no poder em relação a nossas pautas. Cada vez mais, queremos fortalecer essas relações governamentais. Vamos continuar lutando pelas pautas que a gente precisa para que o mercado continue prosperando. Precisamos melhorar o que já conseguimos em relação ao Marco Legal das Startups, que é uma das únicas agendas que congregam todos os tipos de startups do Brasil. Mas existem outras pautas específicas de cada categoria de startup. Estamos organizando essas ideias para levar para os reguladores e autarquias. Por exemplo, podemos levar diversas demandas para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), como um sandbox regulatório, que pode ser copiado do mercado do mercado financeiro. Trazer esse conceito poderia permitir projetos inovadores de startups em saúde, permitindo que sejam pensadas novas legislações. E vale dizer que estamos aprendendo a fazer esse trabalho, assim como os empreendedores estão aprendendo a trazer essas demandas para nós de maneira organizada.

Esse é um movimento mais ativo da Associação, de amadurecimento?

São 10 anos da ABStartups, certamente é um amadurecimento. Começamos com três associados e hoje temos mais de 6 mil. Temos massa crítica para representar de fato essas pessoas.

O que a Associação planeja fazer em 2023 para proteger o mercado de startups, após o ano de dificuldades de 2022, quando ocorreram demissões em massa e investimentos no setor desaceleraram?

Existia um otimismo exacerbado no mercado, com os investimentos gigantesco que vimos na imprensa. Mas esse mercado é um porcentual muito pequeno do universo de associados. Muitas das nossas startups associadas ainda dependem de investimentos-anjo. São startups muito pequeninnhas, que começam do nada e não estão relacionadas com os grandes fundos de investimento. Por exemplo, são startups do Pará que nem sabem da existência desses fundos. Outro ponto é que vai ser preciso repensar a organização financeira dessas empresas. Os investidores estão mais criteriosos com investimentos, está faltando dinheiro no mercado. Hoje, para captar dinheiro, o empreendedor precisa provar que o negócio é atrativo para o investidor, seja anjo ou institucional. O papel da associação é cuidar do futuro, para que não quebrem. Precisamos passar conhecimento de boas práticas para que os empreendedores não desistam.

Concentrado principalmente em São Paulo e em outras capitais do Sul e Sudeste, o universo das startups no Brasil avança pouco rumo à diversidade geográfica, tida como essencial para impulsionar o empreendedorismo em tecnologia no País. Reverter essa situação tornou-se uma das principais missões da Associação Brasileira de Startups (ABStartups), que abraçou a causa e promove o “startupês” para empreendedores de todos os cinco cantos do País, incluindo os rincões mais distantes.

“Precisamos incentivar o empreendedorismo vinculado à tecnologia fora dos grandes centros econômicos do Brasil”, afirma em entrevista ao Estadão a nova presidente da associação, Ingrid Barth — primeira mulher no cargo, o novo mandato começou no último dia 1.º, com vigência de dois anos. A líder é fundadora da startup de pagamentos Linker, onde hoje é chefe de operações (COO), e fez carreira no mercado financeiro.

Para ela, muitos empreendedores brasileiros já são “startupeiros”, mas não se reconhecem como tal por falta de informação. “Existe gente dona de startup, mas que não conhece o conceito e por isso não se identifica com o setor, mesmo usando tecnologia no negócio”, diz ela. “Precisamos despertar o interesse dessas pessoas.”

Em busca de maior diversidade, a ABStartups planeja intensificar o uso de “embaixadores” regionais para promover a inovação pelo País, bem como azeitar a parceria com o Sebrae para divulgar cursos e modelos de negócios baseados em tecnologia.

Além disso, Ingrid destaca que o novo mandato deve se aproximar ainda mais de Brasília, levando a reguladores e autarquias demandas específicas do setor que possam destravar novos mercados. Nos últimos anos, a ABStartups participou das negociações da aprovação do Marco Legal das Startups, aprovado em junho de 2021.

Com 10 anos de vida e mais de 6 mil associados, a organização considera que esse é o movimento ideal para intensificar as atividades do grupo: “Temos massa crítica para representar de fato essas pessoas”, diz. “Certamente é um amadurecimento.”

Fundadora da startup Linker, Ingrid Barth é a primeira mulher no cargo de presidente da ABStartups Foto: Werther Santana/Estadão - 20/12/2021

Leia abaixo trechos da entrevista.

Qual é o foco deste novo mandato na Associação Brasileira de Startups?

A associação tem 10 anos e podemos chamar de uma associação brasileira de fato, porque estamos em todos os Estados do Brasil. Levamos pessoas expoentes para outras regiões para que consigamos fomentar a inovação em ecossistemas fora dos grandes centros tecnológicos do País. Esse já é um trabalho muito bem feito e vamos mantê-lo. No entanto, precisamos desenvolver outras frentes. Criamos uma área de relações governamentais, em Brasília, porque precisamos capturar as necessidades regulatórias que nossos associados trazem para nós. Nossa atuação é dar continuidade nessas duas frentes.

Como manter a diversidade geográfica num país em país em o mercado de inovação é concentrado nas regiões de São Paulo e Rio de Janeiro? Como romper essa bolha?

Temos de ter embaixadores em cada região do País, pessoas influenciadoras na área de tecnologia. Nosso papel é identificar essas lideranças, treiná-las, deixá-las alinhadas com nossos objetivos e fazer essa ponte com os empreendedores locais. Em seguida, precisamos fazer essa equalização da comunicação para quem já está empreendendo dentro das comunidades. Existe, por exemplo, gente dona de startup, mas que não conhece o conceito de startup e por isso não se identifica com o setor, mesmo usando tecnologia no negócio. Precisamos despertar o interesse dessas pessoas. Não fazemos isso sozinho, e o Sebrae tem um conhecimento específico do assunto, com capilaridade pelo País. Precisamos incentivar o empreendedorismo vinculado à tecnologia fora dos grandes centros econômicos do Brasil.

Depois que a Associação lutou pela aprovação do Marco Legal das Startups no ano passado, qual é a agenda da organização junto ao novo governo que assume em Brasília?

É indiferente para nós quem está no poder em relação a nossas pautas. Cada vez mais, queremos fortalecer essas relações governamentais. Vamos continuar lutando pelas pautas que a gente precisa para que o mercado continue prosperando. Precisamos melhorar o que já conseguimos em relação ao Marco Legal das Startups, que é uma das únicas agendas que congregam todos os tipos de startups do Brasil. Mas existem outras pautas específicas de cada categoria de startup. Estamos organizando essas ideias para levar para os reguladores e autarquias. Por exemplo, podemos levar diversas demandas para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), como um sandbox regulatório, que pode ser copiado do mercado do mercado financeiro. Trazer esse conceito poderia permitir projetos inovadores de startups em saúde, permitindo que sejam pensadas novas legislações. E vale dizer que estamos aprendendo a fazer esse trabalho, assim como os empreendedores estão aprendendo a trazer essas demandas para nós de maneira organizada.

Esse é um movimento mais ativo da Associação, de amadurecimento?

São 10 anos da ABStartups, certamente é um amadurecimento. Começamos com três associados e hoje temos mais de 6 mil. Temos massa crítica para representar de fato essas pessoas.

O que a Associação planeja fazer em 2023 para proteger o mercado de startups, após o ano de dificuldades de 2022, quando ocorreram demissões em massa e investimentos no setor desaceleraram?

Existia um otimismo exacerbado no mercado, com os investimentos gigantesco que vimos na imprensa. Mas esse mercado é um porcentual muito pequeno do universo de associados. Muitas das nossas startups associadas ainda dependem de investimentos-anjo. São startups muito pequeninnhas, que começam do nada e não estão relacionadas com os grandes fundos de investimento. Por exemplo, são startups do Pará que nem sabem da existência desses fundos. Outro ponto é que vai ser preciso repensar a organização financeira dessas empresas. Os investidores estão mais criteriosos com investimentos, está faltando dinheiro no mercado. Hoje, para captar dinheiro, o empreendedor precisa provar que o negócio é atrativo para o investidor, seja anjo ou institucional. O papel da associação é cuidar do futuro, para que não quebrem. Precisamos passar conhecimento de boas práticas para que os empreendedores não desistam.

Concentrado principalmente em São Paulo e em outras capitais do Sul e Sudeste, o universo das startups no Brasil avança pouco rumo à diversidade geográfica, tida como essencial para impulsionar o empreendedorismo em tecnologia no País. Reverter essa situação tornou-se uma das principais missões da Associação Brasileira de Startups (ABStartups), que abraçou a causa e promove o “startupês” para empreendedores de todos os cinco cantos do País, incluindo os rincões mais distantes.

“Precisamos incentivar o empreendedorismo vinculado à tecnologia fora dos grandes centros econômicos do Brasil”, afirma em entrevista ao Estadão a nova presidente da associação, Ingrid Barth — primeira mulher no cargo, o novo mandato começou no último dia 1.º, com vigência de dois anos. A líder é fundadora da startup de pagamentos Linker, onde hoje é chefe de operações (COO), e fez carreira no mercado financeiro.

Para ela, muitos empreendedores brasileiros já são “startupeiros”, mas não se reconhecem como tal por falta de informação. “Existe gente dona de startup, mas que não conhece o conceito e por isso não se identifica com o setor, mesmo usando tecnologia no negócio”, diz ela. “Precisamos despertar o interesse dessas pessoas.”

Em busca de maior diversidade, a ABStartups planeja intensificar o uso de “embaixadores” regionais para promover a inovação pelo País, bem como azeitar a parceria com o Sebrae para divulgar cursos e modelos de negócios baseados em tecnologia.

Além disso, Ingrid destaca que o novo mandato deve se aproximar ainda mais de Brasília, levando a reguladores e autarquias demandas específicas do setor que possam destravar novos mercados. Nos últimos anos, a ABStartups participou das negociações da aprovação do Marco Legal das Startups, aprovado em junho de 2021.

Com 10 anos de vida e mais de 6 mil associados, a organização considera que esse é o movimento ideal para intensificar as atividades do grupo: “Temos massa crítica para representar de fato essas pessoas”, diz. “Certamente é um amadurecimento.”

Fundadora da startup Linker, Ingrid Barth é a primeira mulher no cargo de presidente da ABStartups Foto: Werther Santana/Estadão - 20/12/2021

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Qual é o foco deste novo mandato na Associação Brasileira de Startups?

A associação tem 10 anos e podemos chamar de uma associação brasileira de fato, porque estamos em todos os Estados do Brasil. Levamos pessoas expoentes para outras regiões para que consigamos fomentar a inovação em ecossistemas fora dos grandes centros tecnológicos do País. Esse já é um trabalho muito bem feito e vamos mantê-lo. No entanto, precisamos desenvolver outras frentes. Criamos uma área de relações governamentais, em Brasília, porque precisamos capturar as necessidades regulatórias que nossos associados trazem para nós. Nossa atuação é dar continuidade nessas duas frentes.

Como manter a diversidade geográfica num país em país em o mercado de inovação é concentrado nas regiões de São Paulo e Rio de Janeiro? Como romper essa bolha?

Temos de ter embaixadores em cada região do País, pessoas influenciadoras na área de tecnologia. Nosso papel é identificar essas lideranças, treiná-las, deixá-las alinhadas com nossos objetivos e fazer essa ponte com os empreendedores locais. Em seguida, precisamos fazer essa equalização da comunicação para quem já está empreendendo dentro das comunidades. Existe, por exemplo, gente dona de startup, mas que não conhece o conceito de startup e por isso não se identifica com o setor, mesmo usando tecnologia no negócio. Precisamos despertar o interesse dessas pessoas. Não fazemos isso sozinho, e o Sebrae tem um conhecimento específico do assunto, com capilaridade pelo País. Precisamos incentivar o empreendedorismo vinculado à tecnologia fora dos grandes centros econômicos do Brasil.

Depois que a Associação lutou pela aprovação do Marco Legal das Startups no ano passado, qual é a agenda da organização junto ao novo governo que assume em Brasília?

É indiferente para nós quem está no poder em relação a nossas pautas. Cada vez mais, queremos fortalecer essas relações governamentais. Vamos continuar lutando pelas pautas que a gente precisa para que o mercado continue prosperando. Precisamos melhorar o que já conseguimos em relação ao Marco Legal das Startups, que é uma das únicas agendas que congregam todos os tipos de startups do Brasil. Mas existem outras pautas específicas de cada categoria de startup. Estamos organizando essas ideias para levar para os reguladores e autarquias. Por exemplo, podemos levar diversas demandas para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), como um sandbox regulatório, que pode ser copiado do mercado do mercado financeiro. Trazer esse conceito poderia permitir projetos inovadores de startups em saúde, permitindo que sejam pensadas novas legislações. E vale dizer que estamos aprendendo a fazer esse trabalho, assim como os empreendedores estão aprendendo a trazer essas demandas para nós de maneira organizada.

Esse é um movimento mais ativo da Associação, de amadurecimento?

São 10 anos da ABStartups, certamente é um amadurecimento. Começamos com três associados e hoje temos mais de 6 mil. Temos massa crítica para representar de fato essas pessoas.

O que a Associação planeja fazer em 2023 para proteger o mercado de startups, após o ano de dificuldades de 2022, quando ocorreram demissões em massa e investimentos no setor desaceleraram?

Existia um otimismo exacerbado no mercado, com os investimentos gigantesco que vimos na imprensa. Mas esse mercado é um porcentual muito pequeno do universo de associados. Muitas das nossas startups associadas ainda dependem de investimentos-anjo. São startups muito pequeninnhas, que começam do nada e não estão relacionadas com os grandes fundos de investimento. Por exemplo, são startups do Pará que nem sabem da existência desses fundos. Outro ponto é que vai ser preciso repensar a organização financeira dessas empresas. Os investidores estão mais criteriosos com investimentos, está faltando dinheiro no mercado. Hoje, para captar dinheiro, o empreendedor precisa provar que o negócio é atrativo para o investidor, seja anjo ou institucional. O papel da associação é cuidar do futuro, para que não quebrem. Precisamos passar conhecimento de boas práticas para que os empreendedores não desistam.

Concentrado principalmente em São Paulo e em outras capitais do Sul e Sudeste, o universo das startups no Brasil avança pouco rumo à diversidade geográfica, tida como essencial para impulsionar o empreendedorismo em tecnologia no País. Reverter essa situação tornou-se uma das principais missões da Associação Brasileira de Startups (ABStartups), que abraçou a causa e promove o “startupês” para empreendedores de todos os cinco cantos do País, incluindo os rincões mais distantes.

“Precisamos incentivar o empreendedorismo vinculado à tecnologia fora dos grandes centros econômicos do Brasil”, afirma em entrevista ao Estadão a nova presidente da associação, Ingrid Barth — primeira mulher no cargo, o novo mandato começou no último dia 1.º, com vigência de dois anos. A líder é fundadora da startup de pagamentos Linker, onde hoje é chefe de operações (COO), e fez carreira no mercado financeiro.

Para ela, muitos empreendedores brasileiros já são “startupeiros”, mas não se reconhecem como tal por falta de informação. “Existe gente dona de startup, mas que não conhece o conceito e por isso não se identifica com o setor, mesmo usando tecnologia no negócio”, diz ela. “Precisamos despertar o interesse dessas pessoas.”

Em busca de maior diversidade, a ABStartups planeja intensificar o uso de “embaixadores” regionais para promover a inovação pelo País, bem como azeitar a parceria com o Sebrae para divulgar cursos e modelos de negócios baseados em tecnologia.

Além disso, Ingrid destaca que o novo mandato deve se aproximar ainda mais de Brasília, levando a reguladores e autarquias demandas específicas do setor que possam destravar novos mercados. Nos últimos anos, a ABStartups participou das negociações da aprovação do Marco Legal das Startups, aprovado em junho de 2021.

Com 10 anos de vida e mais de 6 mil associados, a organização considera que esse é o movimento ideal para intensificar as atividades do grupo: “Temos massa crítica para representar de fato essas pessoas”, diz. “Certamente é um amadurecimento.”

Fundadora da startup Linker, Ingrid Barth é a primeira mulher no cargo de presidente da ABStartups Foto: Werther Santana/Estadão - 20/12/2021

Leia abaixo trechos da entrevista.

Qual é o foco deste novo mandato na Associação Brasileira de Startups?

A associação tem 10 anos e podemos chamar de uma associação brasileira de fato, porque estamos em todos os Estados do Brasil. Levamos pessoas expoentes para outras regiões para que consigamos fomentar a inovação em ecossistemas fora dos grandes centros tecnológicos do País. Esse já é um trabalho muito bem feito e vamos mantê-lo. No entanto, precisamos desenvolver outras frentes. Criamos uma área de relações governamentais, em Brasília, porque precisamos capturar as necessidades regulatórias que nossos associados trazem para nós. Nossa atuação é dar continuidade nessas duas frentes.

Como manter a diversidade geográfica num país em país em o mercado de inovação é concentrado nas regiões de São Paulo e Rio de Janeiro? Como romper essa bolha?

Temos de ter embaixadores em cada região do País, pessoas influenciadoras na área de tecnologia. Nosso papel é identificar essas lideranças, treiná-las, deixá-las alinhadas com nossos objetivos e fazer essa ponte com os empreendedores locais. Em seguida, precisamos fazer essa equalização da comunicação para quem já está empreendendo dentro das comunidades. Existe, por exemplo, gente dona de startup, mas que não conhece o conceito de startup e por isso não se identifica com o setor, mesmo usando tecnologia no negócio. Precisamos despertar o interesse dessas pessoas. Não fazemos isso sozinho, e o Sebrae tem um conhecimento específico do assunto, com capilaridade pelo País. Precisamos incentivar o empreendedorismo vinculado à tecnologia fora dos grandes centros econômicos do Brasil.

Depois que a Associação lutou pela aprovação do Marco Legal das Startups no ano passado, qual é a agenda da organização junto ao novo governo que assume em Brasília?

É indiferente para nós quem está no poder em relação a nossas pautas. Cada vez mais, queremos fortalecer essas relações governamentais. Vamos continuar lutando pelas pautas que a gente precisa para que o mercado continue prosperando. Precisamos melhorar o que já conseguimos em relação ao Marco Legal das Startups, que é uma das únicas agendas que congregam todos os tipos de startups do Brasil. Mas existem outras pautas específicas de cada categoria de startup. Estamos organizando essas ideias para levar para os reguladores e autarquias. Por exemplo, podemos levar diversas demandas para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), como um sandbox regulatório, que pode ser copiado do mercado do mercado financeiro. Trazer esse conceito poderia permitir projetos inovadores de startups em saúde, permitindo que sejam pensadas novas legislações. E vale dizer que estamos aprendendo a fazer esse trabalho, assim como os empreendedores estão aprendendo a trazer essas demandas para nós de maneira organizada.

Esse é um movimento mais ativo da Associação, de amadurecimento?

São 10 anos da ABStartups, certamente é um amadurecimento. Começamos com três associados e hoje temos mais de 6 mil. Temos massa crítica para representar de fato essas pessoas.

O que a Associação planeja fazer em 2023 para proteger o mercado de startups, após o ano de dificuldades de 2022, quando ocorreram demissões em massa e investimentos no setor desaceleraram?

Existia um otimismo exacerbado no mercado, com os investimentos gigantesco que vimos na imprensa. Mas esse mercado é um porcentual muito pequeno do universo de associados. Muitas das nossas startups associadas ainda dependem de investimentos-anjo. São startups muito pequeninnhas, que começam do nada e não estão relacionadas com os grandes fundos de investimento. Por exemplo, são startups do Pará que nem sabem da existência desses fundos. Outro ponto é que vai ser preciso repensar a organização financeira dessas empresas. Os investidores estão mais criteriosos com investimentos, está faltando dinheiro no mercado. Hoje, para captar dinheiro, o empreendedor precisa provar que o negócio é atrativo para o investidor, seja anjo ou institucional. O papel da associação é cuidar do futuro, para que não quebrem. Precisamos passar conhecimento de boas práticas para que os empreendedores não desistam.

Entrevista por Guilherme Guerra

Repórter do Estadão desde 2018, com passagem pelas coberturas de educação, internacional, economia e tecnologia. Formado em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero e pós-graduado em Estudos Brasileiros pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP).

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