Memed quer ir além das receitas médicas com venda de remédios


Startup de prescrições digitais também vai oferecer a clientes outros produtos de farmácia, como itens de higiene e beleza

Por Bruno Romani

Nos últimos dois anos, a startup Memed ganhou fama com a sua plataforma de digitalização de receitas médicas - com 2,2 milhões de pacientes e 3,5 milhões de prescrições emitidas todo mês, a companhia cimentou seu espaço entre as principais startups de saúde do País. A healthtech, porém, quer ir além das receitas e planeja se tornar uma grande plataforma do acompanhamento médico, participando desde a consulta até o momento em que o paciente toma os medicamentos prescritos. 

Ao Estadão, a companhia revela o primeiro passo para o projeto: o lançamento da plataforma Memed+, mercado online que permite a compra de mais de 35 mil itens farmacêuticos, incluindo remédios, cosméticos e produtos de higiene pessoal, de dez redes de farmácias em todo o País. Desde maio, a plataforma já estava disponível em fase de testes apenas para pacientes com receitas da Memed, mas agora foi aberta para todo o público. 

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Memed, de Joel Rennó Jr., passará a vender medicamentos online Foto: Felipe Rau/Estadão

“Percebemos que, a partir do momento que o paciente recebia sua prescrição, a experiência se tornava analógica. Ele recebia o link com a receita e precisava ir até uma farmácia fisicamente para realizar a compra”, diz Joel Rennó Jr, CEO da Memed. “Agora, da consulta à adesão do tratamento, a jornada passa a ser 100% digital”.

O avanço da Memed deve esquentar ainda a disputa pelo delivery de produtos de farmácia - nomes que não pareciam rivais passarão a disputar os mesmos espaços a partir de agora. Gigantes do delivery como iFood e Rappi já fazem entregas de produtos de farmácia. Da parte da healthtech, a inexperiência com logística, porém, não preocupa Rennó. 

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“As entregas serão feitas pelas farmácias parceiras, o que garante a qualidade e rapidez da entrega”, explica. São 80 mil estabelecimentos de redes como Grupo DPSP (que inclui a Drogaria São Paulo e Pacheco), Indiana, Rosário, Rede Farma e Pense Farma. Farmácias digitais, como Farmadelivery, Qualidoc, X-Farmácia, Far.me e Época Cosméticos, também são parceiras da plataforma. 

Segundo Rennó, a parceria com as farmácias visa também aatender às regulações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Conselho Federal de Medicina sobre a origem e o transporte de medicamentos. Além disso, as parcerias com farmácias garantem uma alta capilaridade de estabelecimentos, pilar fundamental para a entrega rápida de produtos - esse tem sido um desafio de iFood e Rappi para o cumprimento de prazos de entregas rápidas. 

Disputa 

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A Memed não é a única na disputa com as gigantes do delivery. Na semana passada, a Mevo (novo nome da Nexodata) levantou R$ 45 milhões para expandir um negócio de entrega de medicamentos. Fundada em 2017, a startup começou focada em receitas digitais e, agora, quer conectar as prescrições com compras online e entregas rápidas por meio de dark pharmacies (farmácias sem fachada, que atendem apenas compras online).

Parece ser um caminho quase inevitável para quem atua no segmento, pois startups de receita digital estão se transformando em plataformas de dados de saúde. “Durante a pandemia, houve uma geração enorme de dados de saúde e as empresas de prescrição têm uma janela importante para essas informações”, explica Bruno Porto, sócio da consultoria PwC Brasil. “As empresas de prescrição têm que ir além das receitas para sobreviver. Para o futuro, elas precisam mirar em nossos ‘avatares digitais de saúde’, que levaram todos os nossos dados”, completa.

Futuro 

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Esse parece ser o plano da Memed, que olha para mais dois segmentos pelos quais pode seguir no futuro. “Conversei com duas ou três startups que desenvolvem algoritmos de CDS (clinical decision support) para, quem sabe, se plugarem ao nosso sistema”, diz Rennó. Ele se refere a sistemas de inteligência artificial que ajudam médicos a predizer a resposta de pacientes a tratamentos. Durante a pandemia, por exemplo, hospitais no Brasil testaram algoritmos do tipo para tentar entender a evolução de pacientes com covid-19. 

Pelas palavras do executivo, uma parceria com startups de CDS poderia gerar ferramentas para os médicos além da possibilidade da prescrição de receitas e armazenamento de dados de pacientes. Os algoritmos estariam presentes em um estágio antes da prescrição médica. 

Outro caminho imaginado por ele é atuar na parte final do tratamento: existem healthtechs especializadas no monitoramento de pacientes para garantir que eles estão tomando os medicamentos. Elas atuam, principalmente, com pacientes de doenças crônicas, como diabetes. “Desse jeito, a Memed saberia não apenas se o paciente comprou o remédio, mas se houve adesão ao tratamento”, diz ele.

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Embora a Memed esteja capitalizada após dois aportes em 2021 que somam R$ 400 milhões, Rennó descarta uma aquisição para o curto prazo de startups nas áreas citadas por ele. “Seria interessante uma parceria para ver se o namoro vira casamento”, diz ele. 

De fato, a ampliação do escopo da atuação da empresa é algo para se ter atenção. “Existe o perigo de perda de foco e a companhia perder espaço no seu segmento original”, dizGuilherme Fowler, professor de inovação do Insper. São palavras que ecoam na análise de Porto: “Por um lado, as empresas de prescrição precisam olhar para o futuro. Por outro, é preciso continuar crescendo no segmento das receitas”. 

Nos últimos dois anos, a startup Memed ganhou fama com a sua plataforma de digitalização de receitas médicas - com 2,2 milhões de pacientes e 3,5 milhões de prescrições emitidas todo mês, a companhia cimentou seu espaço entre as principais startups de saúde do País. A healthtech, porém, quer ir além das receitas e planeja se tornar uma grande plataforma do acompanhamento médico, participando desde a consulta até o momento em que o paciente toma os medicamentos prescritos. 

Ao Estadão, a companhia revela o primeiro passo para o projeto: o lançamento da plataforma Memed+, mercado online que permite a compra de mais de 35 mil itens farmacêuticos, incluindo remédios, cosméticos e produtos de higiene pessoal, de dez redes de farmácias em todo o País. Desde maio, a plataforma já estava disponível em fase de testes apenas para pacientes com receitas da Memed, mas agora foi aberta para todo o público. 

Memed, de Joel Rennó Jr., passará a vender medicamentos online Foto: Felipe Rau/Estadão

“Percebemos que, a partir do momento que o paciente recebia sua prescrição, a experiência se tornava analógica. Ele recebia o link com a receita e precisava ir até uma farmácia fisicamente para realizar a compra”, diz Joel Rennó Jr, CEO da Memed. “Agora, da consulta à adesão do tratamento, a jornada passa a ser 100% digital”.

O avanço da Memed deve esquentar ainda a disputa pelo delivery de produtos de farmácia - nomes que não pareciam rivais passarão a disputar os mesmos espaços a partir de agora. Gigantes do delivery como iFood e Rappi já fazem entregas de produtos de farmácia. Da parte da healthtech, a inexperiência com logística, porém, não preocupa Rennó. 

“As entregas serão feitas pelas farmácias parceiras, o que garante a qualidade e rapidez da entrega”, explica. São 80 mil estabelecimentos de redes como Grupo DPSP (que inclui a Drogaria São Paulo e Pacheco), Indiana, Rosário, Rede Farma e Pense Farma. Farmácias digitais, como Farmadelivery, Qualidoc, X-Farmácia, Far.me e Época Cosméticos, também são parceiras da plataforma. 

Segundo Rennó, a parceria com as farmácias visa também aatender às regulações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Conselho Federal de Medicina sobre a origem e o transporte de medicamentos. Além disso, as parcerias com farmácias garantem uma alta capilaridade de estabelecimentos, pilar fundamental para a entrega rápida de produtos - esse tem sido um desafio de iFood e Rappi para o cumprimento de prazos de entregas rápidas. 

Disputa 

A Memed não é a única na disputa com as gigantes do delivery. Na semana passada, a Mevo (novo nome da Nexodata) levantou R$ 45 milhões para expandir um negócio de entrega de medicamentos. Fundada em 2017, a startup começou focada em receitas digitais e, agora, quer conectar as prescrições com compras online e entregas rápidas por meio de dark pharmacies (farmácias sem fachada, que atendem apenas compras online).

Parece ser um caminho quase inevitável para quem atua no segmento, pois startups de receita digital estão se transformando em plataformas de dados de saúde. “Durante a pandemia, houve uma geração enorme de dados de saúde e as empresas de prescrição têm uma janela importante para essas informações”, explica Bruno Porto, sócio da consultoria PwC Brasil. “As empresas de prescrição têm que ir além das receitas para sobreviver. Para o futuro, elas precisam mirar em nossos ‘avatares digitais de saúde’, que levaram todos os nossos dados”, completa.

Futuro 

Esse parece ser o plano da Memed, que olha para mais dois segmentos pelos quais pode seguir no futuro. “Conversei com duas ou três startups que desenvolvem algoritmos de CDS (clinical decision support) para, quem sabe, se plugarem ao nosso sistema”, diz Rennó. Ele se refere a sistemas de inteligência artificial que ajudam médicos a predizer a resposta de pacientes a tratamentos. Durante a pandemia, por exemplo, hospitais no Brasil testaram algoritmos do tipo para tentar entender a evolução de pacientes com covid-19. 

Pelas palavras do executivo, uma parceria com startups de CDS poderia gerar ferramentas para os médicos além da possibilidade da prescrição de receitas e armazenamento de dados de pacientes. Os algoritmos estariam presentes em um estágio antes da prescrição médica. 

Outro caminho imaginado por ele é atuar na parte final do tratamento: existem healthtechs especializadas no monitoramento de pacientes para garantir que eles estão tomando os medicamentos. Elas atuam, principalmente, com pacientes de doenças crônicas, como diabetes. “Desse jeito, a Memed saberia não apenas se o paciente comprou o remédio, mas se houve adesão ao tratamento”, diz ele.

Embora a Memed esteja capitalizada após dois aportes em 2021 que somam R$ 400 milhões, Rennó descarta uma aquisição para o curto prazo de startups nas áreas citadas por ele. “Seria interessante uma parceria para ver se o namoro vira casamento”, diz ele. 

De fato, a ampliação do escopo da atuação da empresa é algo para se ter atenção. “Existe o perigo de perda de foco e a companhia perder espaço no seu segmento original”, dizGuilherme Fowler, professor de inovação do Insper. São palavras que ecoam na análise de Porto: “Por um lado, as empresas de prescrição precisam olhar para o futuro. Por outro, é preciso continuar crescendo no segmento das receitas”. 

Nos últimos dois anos, a startup Memed ganhou fama com a sua plataforma de digitalização de receitas médicas - com 2,2 milhões de pacientes e 3,5 milhões de prescrições emitidas todo mês, a companhia cimentou seu espaço entre as principais startups de saúde do País. A healthtech, porém, quer ir além das receitas e planeja se tornar uma grande plataforma do acompanhamento médico, participando desde a consulta até o momento em que o paciente toma os medicamentos prescritos. 

Ao Estadão, a companhia revela o primeiro passo para o projeto: o lançamento da plataforma Memed+, mercado online que permite a compra de mais de 35 mil itens farmacêuticos, incluindo remédios, cosméticos e produtos de higiene pessoal, de dez redes de farmácias em todo o País. Desde maio, a plataforma já estava disponível em fase de testes apenas para pacientes com receitas da Memed, mas agora foi aberta para todo o público. 

Memed, de Joel Rennó Jr., passará a vender medicamentos online Foto: Felipe Rau/Estadão

“Percebemos que, a partir do momento que o paciente recebia sua prescrição, a experiência se tornava analógica. Ele recebia o link com a receita e precisava ir até uma farmácia fisicamente para realizar a compra”, diz Joel Rennó Jr, CEO da Memed. “Agora, da consulta à adesão do tratamento, a jornada passa a ser 100% digital”.

O avanço da Memed deve esquentar ainda a disputa pelo delivery de produtos de farmácia - nomes que não pareciam rivais passarão a disputar os mesmos espaços a partir de agora. Gigantes do delivery como iFood e Rappi já fazem entregas de produtos de farmácia. Da parte da healthtech, a inexperiência com logística, porém, não preocupa Rennó. 

“As entregas serão feitas pelas farmácias parceiras, o que garante a qualidade e rapidez da entrega”, explica. São 80 mil estabelecimentos de redes como Grupo DPSP (que inclui a Drogaria São Paulo e Pacheco), Indiana, Rosário, Rede Farma e Pense Farma. Farmácias digitais, como Farmadelivery, Qualidoc, X-Farmácia, Far.me e Época Cosméticos, também são parceiras da plataforma. 

Segundo Rennó, a parceria com as farmácias visa também aatender às regulações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Conselho Federal de Medicina sobre a origem e o transporte de medicamentos. Além disso, as parcerias com farmácias garantem uma alta capilaridade de estabelecimentos, pilar fundamental para a entrega rápida de produtos - esse tem sido um desafio de iFood e Rappi para o cumprimento de prazos de entregas rápidas. 

Disputa 

A Memed não é a única na disputa com as gigantes do delivery. Na semana passada, a Mevo (novo nome da Nexodata) levantou R$ 45 milhões para expandir um negócio de entrega de medicamentos. Fundada em 2017, a startup começou focada em receitas digitais e, agora, quer conectar as prescrições com compras online e entregas rápidas por meio de dark pharmacies (farmácias sem fachada, que atendem apenas compras online).

Parece ser um caminho quase inevitável para quem atua no segmento, pois startups de receita digital estão se transformando em plataformas de dados de saúde. “Durante a pandemia, houve uma geração enorme de dados de saúde e as empresas de prescrição têm uma janela importante para essas informações”, explica Bruno Porto, sócio da consultoria PwC Brasil. “As empresas de prescrição têm que ir além das receitas para sobreviver. Para o futuro, elas precisam mirar em nossos ‘avatares digitais de saúde’, que levaram todos os nossos dados”, completa.

Futuro 

Esse parece ser o plano da Memed, que olha para mais dois segmentos pelos quais pode seguir no futuro. “Conversei com duas ou três startups que desenvolvem algoritmos de CDS (clinical decision support) para, quem sabe, se plugarem ao nosso sistema”, diz Rennó. Ele se refere a sistemas de inteligência artificial que ajudam médicos a predizer a resposta de pacientes a tratamentos. Durante a pandemia, por exemplo, hospitais no Brasil testaram algoritmos do tipo para tentar entender a evolução de pacientes com covid-19. 

Pelas palavras do executivo, uma parceria com startups de CDS poderia gerar ferramentas para os médicos além da possibilidade da prescrição de receitas e armazenamento de dados de pacientes. Os algoritmos estariam presentes em um estágio antes da prescrição médica. 

Outro caminho imaginado por ele é atuar na parte final do tratamento: existem healthtechs especializadas no monitoramento de pacientes para garantir que eles estão tomando os medicamentos. Elas atuam, principalmente, com pacientes de doenças crônicas, como diabetes. “Desse jeito, a Memed saberia não apenas se o paciente comprou o remédio, mas se houve adesão ao tratamento”, diz ele.

Embora a Memed esteja capitalizada após dois aportes em 2021 que somam R$ 400 milhões, Rennó descarta uma aquisição para o curto prazo de startups nas áreas citadas por ele. “Seria interessante uma parceria para ver se o namoro vira casamento”, diz ele. 

De fato, a ampliação do escopo da atuação da empresa é algo para se ter atenção. “Existe o perigo de perda de foco e a companhia perder espaço no seu segmento original”, dizGuilherme Fowler, professor de inovação do Insper. São palavras que ecoam na análise de Porto: “Por um lado, as empresas de prescrição precisam olhar para o futuro. Por outro, é preciso continuar crescendo no segmento das receitas”. 

Nos últimos dois anos, a startup Memed ganhou fama com a sua plataforma de digitalização de receitas médicas - com 2,2 milhões de pacientes e 3,5 milhões de prescrições emitidas todo mês, a companhia cimentou seu espaço entre as principais startups de saúde do País. A healthtech, porém, quer ir além das receitas e planeja se tornar uma grande plataforma do acompanhamento médico, participando desde a consulta até o momento em que o paciente toma os medicamentos prescritos. 

Ao Estadão, a companhia revela o primeiro passo para o projeto: o lançamento da plataforma Memed+, mercado online que permite a compra de mais de 35 mil itens farmacêuticos, incluindo remédios, cosméticos e produtos de higiene pessoal, de dez redes de farmácias em todo o País. Desde maio, a plataforma já estava disponível em fase de testes apenas para pacientes com receitas da Memed, mas agora foi aberta para todo o público. 

Memed, de Joel Rennó Jr., passará a vender medicamentos online Foto: Felipe Rau/Estadão

“Percebemos que, a partir do momento que o paciente recebia sua prescrição, a experiência se tornava analógica. Ele recebia o link com a receita e precisava ir até uma farmácia fisicamente para realizar a compra”, diz Joel Rennó Jr, CEO da Memed. “Agora, da consulta à adesão do tratamento, a jornada passa a ser 100% digital”.

O avanço da Memed deve esquentar ainda a disputa pelo delivery de produtos de farmácia - nomes que não pareciam rivais passarão a disputar os mesmos espaços a partir de agora. Gigantes do delivery como iFood e Rappi já fazem entregas de produtos de farmácia. Da parte da healthtech, a inexperiência com logística, porém, não preocupa Rennó. 

“As entregas serão feitas pelas farmácias parceiras, o que garante a qualidade e rapidez da entrega”, explica. São 80 mil estabelecimentos de redes como Grupo DPSP (que inclui a Drogaria São Paulo e Pacheco), Indiana, Rosário, Rede Farma e Pense Farma. Farmácias digitais, como Farmadelivery, Qualidoc, X-Farmácia, Far.me e Época Cosméticos, também são parceiras da plataforma. 

Segundo Rennó, a parceria com as farmácias visa também aatender às regulações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Conselho Federal de Medicina sobre a origem e o transporte de medicamentos. Além disso, as parcerias com farmácias garantem uma alta capilaridade de estabelecimentos, pilar fundamental para a entrega rápida de produtos - esse tem sido um desafio de iFood e Rappi para o cumprimento de prazos de entregas rápidas. 

Disputa 

A Memed não é a única na disputa com as gigantes do delivery. Na semana passada, a Mevo (novo nome da Nexodata) levantou R$ 45 milhões para expandir um negócio de entrega de medicamentos. Fundada em 2017, a startup começou focada em receitas digitais e, agora, quer conectar as prescrições com compras online e entregas rápidas por meio de dark pharmacies (farmácias sem fachada, que atendem apenas compras online).

Parece ser um caminho quase inevitável para quem atua no segmento, pois startups de receita digital estão se transformando em plataformas de dados de saúde. “Durante a pandemia, houve uma geração enorme de dados de saúde e as empresas de prescrição têm uma janela importante para essas informações”, explica Bruno Porto, sócio da consultoria PwC Brasil. “As empresas de prescrição têm que ir além das receitas para sobreviver. Para o futuro, elas precisam mirar em nossos ‘avatares digitais de saúde’, que levaram todos os nossos dados”, completa.

Futuro 

Esse parece ser o plano da Memed, que olha para mais dois segmentos pelos quais pode seguir no futuro. “Conversei com duas ou três startups que desenvolvem algoritmos de CDS (clinical decision support) para, quem sabe, se plugarem ao nosso sistema”, diz Rennó. Ele se refere a sistemas de inteligência artificial que ajudam médicos a predizer a resposta de pacientes a tratamentos. Durante a pandemia, por exemplo, hospitais no Brasil testaram algoritmos do tipo para tentar entender a evolução de pacientes com covid-19. 

Pelas palavras do executivo, uma parceria com startups de CDS poderia gerar ferramentas para os médicos além da possibilidade da prescrição de receitas e armazenamento de dados de pacientes. Os algoritmos estariam presentes em um estágio antes da prescrição médica. 

Outro caminho imaginado por ele é atuar na parte final do tratamento: existem healthtechs especializadas no monitoramento de pacientes para garantir que eles estão tomando os medicamentos. Elas atuam, principalmente, com pacientes de doenças crônicas, como diabetes. “Desse jeito, a Memed saberia não apenas se o paciente comprou o remédio, mas se houve adesão ao tratamento”, diz ele.

Embora a Memed esteja capitalizada após dois aportes em 2021 que somam R$ 400 milhões, Rennó descarta uma aquisição para o curto prazo de startups nas áreas citadas por ele. “Seria interessante uma parceria para ver se o namoro vira casamento”, diz ele. 

De fato, a ampliação do escopo da atuação da empresa é algo para se ter atenção. “Existe o perigo de perda de foco e a companhia perder espaço no seu segmento original”, dizGuilherme Fowler, professor de inovação do Insper. São palavras que ecoam na análise de Porto: “Por um lado, as empresas de prescrição precisam olhar para o futuro. Por outro, é preciso continuar crescendo no segmento das receitas”. 

Nos últimos dois anos, a startup Memed ganhou fama com a sua plataforma de digitalização de receitas médicas - com 2,2 milhões de pacientes e 3,5 milhões de prescrições emitidas todo mês, a companhia cimentou seu espaço entre as principais startups de saúde do País. A healthtech, porém, quer ir além das receitas e planeja se tornar uma grande plataforma do acompanhamento médico, participando desde a consulta até o momento em que o paciente toma os medicamentos prescritos. 

Ao Estadão, a companhia revela o primeiro passo para o projeto: o lançamento da plataforma Memed+, mercado online que permite a compra de mais de 35 mil itens farmacêuticos, incluindo remédios, cosméticos e produtos de higiene pessoal, de dez redes de farmácias em todo o País. Desde maio, a plataforma já estava disponível em fase de testes apenas para pacientes com receitas da Memed, mas agora foi aberta para todo o público. 

Memed, de Joel Rennó Jr., passará a vender medicamentos online Foto: Felipe Rau/Estadão

“Percebemos que, a partir do momento que o paciente recebia sua prescrição, a experiência se tornava analógica. Ele recebia o link com a receita e precisava ir até uma farmácia fisicamente para realizar a compra”, diz Joel Rennó Jr, CEO da Memed. “Agora, da consulta à adesão do tratamento, a jornada passa a ser 100% digital”.

O avanço da Memed deve esquentar ainda a disputa pelo delivery de produtos de farmácia - nomes que não pareciam rivais passarão a disputar os mesmos espaços a partir de agora. Gigantes do delivery como iFood e Rappi já fazem entregas de produtos de farmácia. Da parte da healthtech, a inexperiência com logística, porém, não preocupa Rennó. 

“As entregas serão feitas pelas farmácias parceiras, o que garante a qualidade e rapidez da entrega”, explica. São 80 mil estabelecimentos de redes como Grupo DPSP (que inclui a Drogaria São Paulo e Pacheco), Indiana, Rosário, Rede Farma e Pense Farma. Farmácias digitais, como Farmadelivery, Qualidoc, X-Farmácia, Far.me e Época Cosméticos, também são parceiras da plataforma. 

Segundo Rennó, a parceria com as farmácias visa também aatender às regulações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Conselho Federal de Medicina sobre a origem e o transporte de medicamentos. Além disso, as parcerias com farmácias garantem uma alta capilaridade de estabelecimentos, pilar fundamental para a entrega rápida de produtos - esse tem sido um desafio de iFood e Rappi para o cumprimento de prazos de entregas rápidas. 

Disputa 

A Memed não é a única na disputa com as gigantes do delivery. Na semana passada, a Mevo (novo nome da Nexodata) levantou R$ 45 milhões para expandir um negócio de entrega de medicamentos. Fundada em 2017, a startup começou focada em receitas digitais e, agora, quer conectar as prescrições com compras online e entregas rápidas por meio de dark pharmacies (farmácias sem fachada, que atendem apenas compras online).

Parece ser um caminho quase inevitável para quem atua no segmento, pois startups de receita digital estão se transformando em plataformas de dados de saúde. “Durante a pandemia, houve uma geração enorme de dados de saúde e as empresas de prescrição têm uma janela importante para essas informações”, explica Bruno Porto, sócio da consultoria PwC Brasil. “As empresas de prescrição têm que ir além das receitas para sobreviver. Para o futuro, elas precisam mirar em nossos ‘avatares digitais de saúde’, que levaram todos os nossos dados”, completa.

Futuro 

Esse parece ser o plano da Memed, que olha para mais dois segmentos pelos quais pode seguir no futuro. “Conversei com duas ou três startups que desenvolvem algoritmos de CDS (clinical decision support) para, quem sabe, se plugarem ao nosso sistema”, diz Rennó. Ele se refere a sistemas de inteligência artificial que ajudam médicos a predizer a resposta de pacientes a tratamentos. Durante a pandemia, por exemplo, hospitais no Brasil testaram algoritmos do tipo para tentar entender a evolução de pacientes com covid-19. 

Pelas palavras do executivo, uma parceria com startups de CDS poderia gerar ferramentas para os médicos além da possibilidade da prescrição de receitas e armazenamento de dados de pacientes. Os algoritmos estariam presentes em um estágio antes da prescrição médica. 

Outro caminho imaginado por ele é atuar na parte final do tratamento: existem healthtechs especializadas no monitoramento de pacientes para garantir que eles estão tomando os medicamentos. Elas atuam, principalmente, com pacientes de doenças crônicas, como diabetes. “Desse jeito, a Memed saberia não apenas se o paciente comprou o remédio, mas se houve adesão ao tratamento”, diz ele.

Embora a Memed esteja capitalizada após dois aportes em 2021 que somam R$ 400 milhões, Rennó descarta uma aquisição para o curto prazo de startups nas áreas citadas por ele. “Seria interessante uma parceria para ver se o namoro vira casamento”, diz ele. 

De fato, a ampliação do escopo da atuação da empresa é algo para se ter atenção. “Existe o perigo de perda de foco e a companhia perder espaço no seu segmento original”, dizGuilherme Fowler, professor de inovação do Insper. São palavras que ecoam na análise de Porto: “Por um lado, as empresas de prescrição precisam olhar para o futuro. Por outro, é preciso continuar crescendo no segmento das receitas”. 

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