O ecossistema de inovação do Brasil já começa a sentir a desaceleração mundial no mercado de investimentos. De acordo com levantamento mensal da plataforma de inovação aberta Sling Hub, aportes em startups da América Latina recuaram 35% no mês de abril, quando comparado ao mesmo mês de 2021.
O mês passado registrou US$ 821 milhões em cheques ao ecossistema na região latinoamericana, abaixo do US$ 1,2 bilhão do mesmo período do ano passado. A cifra também é uma desaceleração mês a mês: queda de 12% ante março.
O Brasil continua como o principal mercado do bloco e concentrou 46% dos aportes de abril, total de US$ 383 milhões em 61 rodadas. Na comparação com igual período do ano passado, o acumulado foi mensal foi de US$ 750 milhões. O nome que levantou o cheque mais mais alto foi a Unico, especializada em biometria e segurança contra fraudes: US$ 100 milhões.
Em seguida, vem o México, com US$ 195 milhões em 6 cheques. Aqui, o destaque vai para o mercado online Justo, que levantou US$ 152 milhões. Colômbia (US$ 115 mi) e Chile (US$ 113 mi) acompanham o ranking do continente.
Os maus números reforçam o cenário de ajustes por que passa o ecossistema em todo o mundo. No Brasil, por exemplo, startups já realizaram demissões em massa para cortar despesas, de modo a se preparar para meses de capital escasso: a alta global dos juros e a guerra da Ucrânia acenderam sinal amarelo em investidores, que reanalisam rota.
Para especialistas ouvidos pelo Estadão nas últimas semanas, o cenário deve ser de menos negócios sendo fechados, cheques mais escassos e com menos unicórnios surgindo. Mas a aposta é que, com os fundos altamente capitalizados desde 2021, o ecossistema não deve estagnar e deve continuar evoluindo, ainda que em ritmo desacelerado.