Mercado de startups pet vira briga de cachorro grande


Startups voltadas a animais de estimação aceleram durante a quarentena; setor amadureceu e está ampliando oferta de produtos e serviços, dizem especialistas

Por Giovanna Wolf e Bruna Arimathea

Quem não tinha o costume de fazer compras online muito provavelmente adquiriu o hábito durante a pandemia, seja para pedir comida em um aplicativo de delivery ou para comprar roupas em e-commerce. Como os animais de estimação também têm suas necessidades, de ração a veterinário, o mercado pet não ficou de fora dessa digitalização. Nos últimos meses, as startups do setor deixaram de ser filhotes e passaram a protagonizar uma briga de cachorro grande – teve empresa que entrou na bolsa e aportes milionários – disputando espaço em um mercado que deve movimentar, este ano, R$ 37,5 bilhões, segundo dados do Instituto Pet Brasil. 

Na semana passada, a disputa ficou ainda mais acirrada com uma fusão importante: a junção da Petlove, um e-commerce para animais de estimação, com a DogHero, que tem serviços para pets como hospedagem. Anunciada no final de outubro, a transação vai unir os 4,5 milhões de clientes da Petlove com a base de 1,4 milhão de usuários da DogHero. “Buscávamos há alguns anos transformar a Petlove em um ecossistema para resolver todos os problemas do dono dos animais. Foi uma aproximação natural”, diz Marcio Waldman, CEO da Petlove. 

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O mercado de pet deve movimentar R$ 37,5 bilhões em 2020, segundo dados do Instituto Pet Brasil Foto: Valeria Gonçalvez/Estadão

Fundada em 1999, a empresa já tinha recebido dois aportes de peso durante a pandemia. Em abril, uma rodada liderada pelo SoftBank despejou R$ 250 milhões no cofre das startups. Dois meses depois, foi a vez do fundo L. Catterton, especializado em marcas de consumo, liderar um aporte de R$ 125 milhões. Com os recursos, a empresa de Waldman viabilizou não só a fusão com a DogHero, mas também a compra da plataforma de gestão Vetus e da startup VetSmart, que treina veterinários. “Foi o melhor ano da história da Petlove”, diz o executivo. 

Apesar da fusão, as duas marcas continuam separadas: Waldman seguirá no comando da PetLove, enquanto a DogHero terá como presidente executivo Fernando Gadotti, cofundador da empresa — Eduardo Baer, outro fundador da DogHero, será o diretor de assinaturas da Petlove. Mas a integração será perceptível para os usuários: será possível, por exemplo, incluir o serviço da DogHero na hora de selecionar uma assinatura na Petlove de produtos como ração — a contratação separada, nas duas plataformas, também continuará sendo uma opção.

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“Além de reduzir o custo de aquisição de clientes, a fusão traz mais facilidade para o pai e mãe de pet, tornando mais fácil para os clientes comprarem produtos e contratarem serviços para seus animais de estimação”, diz Gadotti, da DogHero. Juntas, as duas empresas terão 740 funcionários, sendo cerca de 100 pessoas focadas em tecnologia. “Devemos fechar o ano com um crescimento de 80% em faturamento comparado com o ano passado. Para o ano que vem, a expectativa é seguir neste ritmo, também podemos fazer outras fusões e aquisições”, afirma Waldman. 

Ampliação

Outra startup que ganhou escala nos últimos meses foi a Zee.Dog. Criada como uma marca de acessórios para animais de estimação, a startup levantou um investimento de R$ 100 milhões em julho para impulsionar seu serviço de delivery para bichos: o app Zee.Now, criado em 2019. “Durante a pandemia, o mercado pet foi considerado essencial junto com supermercado e farmácia. A tese da Zee.Now vai de encontro a isso” , diz Thadeu Diz, fundador da Zee.Dog. “Foi quase como se, com o lançamento do app, a gente tivesse previsto como o mercado iria mudar em 2020.”

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Com os recursos, a empresa fará sua expansão internacional, começando por Nova York e Seattle, nos EUA. Além disso, a empresa está de olho em novas áreas, como alimentos – recentemente, lançou uma linha de rações naturais, com sabores como carne com abobrinha ou frango com mamão. “Também fizemos alguns aportes em startups, negociamos outros e temos planos de abrir capital no futuro”, diz Thadeu. 

Para Daniel Grossi, sócio-diretor da empresa de inovação Liga Ventures, a evolução das companhias já citadas mostra que o setor de startups pet subiu de patamar nos últimos meses. “As empresas já têm uma base de clientes e estão entrando em mais etapas da jornada do consumidor e do animal”, afirma.

Digitalização

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Enquanto isso, empresas mais tradicionais do setor também fazem sua digitalização. É o caso da Petz, que nasceu como varejista e hoje se espelha no exemplo do Magazine Luiza para ter forte presença online e tecnológica. Segundo Sergio Zimerman, fundador e presidente da Petz, os recursos para expansão virão da abertura de capital da empresa, realizada em setembro – com movimentação de R$ 3 bilhões, o IPO da companhia foi um dos maiores do ano no País e demonstra para muitos a força do setor. 

O empresário Sergio Zimerman, na unidade da Petz no bairro do Pari Foto: Alex Silva/Estadão

“Os recursos obtidos com a abertura de capital ajudarão a empresa a acelerar sua transformação, não só com ofertas para o consumidor, mas também com ganhos de produtividade internos”, diz Zimerman. Segundo ele, a pandemia ajudou a acelerar os negócios da companhia. “Foi um movimento que levou a participação das nossas vendas digitais a um patamar que, antes, prevíamos que só seria atingido em 5 anos”. 

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Em entrevista recente ao Estadão/Broadcast, o executivo cutucou os rivais e disse que avaliou a aquisição da DogHero, mas achou que o valor pedido não compensava. A disputa vai crescer em breve: a Petz também pretende criar um serviço de passeadores e cuidadores. Gadotti, da DogHero, por sua vez, não quis comentar a frase de Zimerman, mas disse que a empresa sempre viu na Petlove um parceiro ideal. “Temos uma mentalidade tecnológica parecida”, diz. 

Cultura

Para seguir crescendo quando a vida puder voltar ao normal, essas startups terão de superar uma questão cultural. Hoje, os pet shops de bairro ainda representam 48% do varejo do setor no País,de acordo com o Instituto Pet Brasil.

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“O dono de pet gosta da experiência de ir na loja, de conversar e bater papo com os veterinários”, explica Nelo Marraccin, presidente executivo do Instituto Pet Brasil. “Após a pandemia, não acredito que a digitalização vá diminuir, mas imagino que (o setor) não vá crescer com mesma a velocidade que cresceu nos últimos meses”. 

É um problema que as startups têm em mente. A Petlove, por exemplo, está testando parcerias com pet shops de bairro, oferecendo sua tecnologia para que os estabelecimentos vendam seus produtos e serviços online — a empresa tem hoje quatro lojas parceiras em Belo Horizonte. 

Mas para especialistas, potencial digital e de novos modelos de negócio para o setor é o que não falta: “O produtos para pets são consumidos com recorrência”, diz Grossi, da Liga Ventures. “Você precisa dar banho sempre no seu cachorro, levá-lo para tomar vacina, e comprar frequentemente ração e tapete higiênico, por exemplo. Há um grande espaço para modelos de assinatura digital.”

Quem não tinha o costume de fazer compras online muito provavelmente adquiriu o hábito durante a pandemia, seja para pedir comida em um aplicativo de delivery ou para comprar roupas em e-commerce. Como os animais de estimação também têm suas necessidades, de ração a veterinário, o mercado pet não ficou de fora dessa digitalização. Nos últimos meses, as startups do setor deixaram de ser filhotes e passaram a protagonizar uma briga de cachorro grande – teve empresa que entrou na bolsa e aportes milionários – disputando espaço em um mercado que deve movimentar, este ano, R$ 37,5 bilhões, segundo dados do Instituto Pet Brasil. 

Na semana passada, a disputa ficou ainda mais acirrada com uma fusão importante: a junção da Petlove, um e-commerce para animais de estimação, com a DogHero, que tem serviços para pets como hospedagem. Anunciada no final de outubro, a transação vai unir os 4,5 milhões de clientes da Petlove com a base de 1,4 milhão de usuários da DogHero. “Buscávamos há alguns anos transformar a Petlove em um ecossistema para resolver todos os problemas do dono dos animais. Foi uma aproximação natural”, diz Marcio Waldman, CEO da Petlove. 

O mercado de pet deve movimentar R$ 37,5 bilhões em 2020, segundo dados do Instituto Pet Brasil Foto: Valeria Gonçalvez/Estadão

Fundada em 1999, a empresa já tinha recebido dois aportes de peso durante a pandemia. Em abril, uma rodada liderada pelo SoftBank despejou R$ 250 milhões no cofre das startups. Dois meses depois, foi a vez do fundo L. Catterton, especializado em marcas de consumo, liderar um aporte de R$ 125 milhões. Com os recursos, a empresa de Waldman viabilizou não só a fusão com a DogHero, mas também a compra da plataforma de gestão Vetus e da startup VetSmart, que treina veterinários. “Foi o melhor ano da história da Petlove”, diz o executivo. 

Apesar da fusão, as duas marcas continuam separadas: Waldman seguirá no comando da PetLove, enquanto a DogHero terá como presidente executivo Fernando Gadotti, cofundador da empresa — Eduardo Baer, outro fundador da DogHero, será o diretor de assinaturas da Petlove. Mas a integração será perceptível para os usuários: será possível, por exemplo, incluir o serviço da DogHero na hora de selecionar uma assinatura na Petlove de produtos como ração — a contratação separada, nas duas plataformas, também continuará sendo uma opção.

“Além de reduzir o custo de aquisição de clientes, a fusão traz mais facilidade para o pai e mãe de pet, tornando mais fácil para os clientes comprarem produtos e contratarem serviços para seus animais de estimação”, diz Gadotti, da DogHero. Juntas, as duas empresas terão 740 funcionários, sendo cerca de 100 pessoas focadas em tecnologia. “Devemos fechar o ano com um crescimento de 80% em faturamento comparado com o ano passado. Para o ano que vem, a expectativa é seguir neste ritmo, também podemos fazer outras fusões e aquisições”, afirma Waldman. 

Ampliação

Outra startup que ganhou escala nos últimos meses foi a Zee.Dog. Criada como uma marca de acessórios para animais de estimação, a startup levantou um investimento de R$ 100 milhões em julho para impulsionar seu serviço de delivery para bichos: o app Zee.Now, criado em 2019. “Durante a pandemia, o mercado pet foi considerado essencial junto com supermercado e farmácia. A tese da Zee.Now vai de encontro a isso” , diz Thadeu Diz, fundador da Zee.Dog. “Foi quase como se, com o lançamento do app, a gente tivesse previsto como o mercado iria mudar em 2020.”

Com os recursos, a empresa fará sua expansão internacional, começando por Nova York e Seattle, nos EUA. Além disso, a empresa está de olho em novas áreas, como alimentos – recentemente, lançou uma linha de rações naturais, com sabores como carne com abobrinha ou frango com mamão. “Também fizemos alguns aportes em startups, negociamos outros e temos planos de abrir capital no futuro”, diz Thadeu. 

Para Daniel Grossi, sócio-diretor da empresa de inovação Liga Ventures, a evolução das companhias já citadas mostra que o setor de startups pet subiu de patamar nos últimos meses. “As empresas já têm uma base de clientes e estão entrando em mais etapas da jornada do consumidor e do animal”, afirma.

Digitalização

Enquanto isso, empresas mais tradicionais do setor também fazem sua digitalização. É o caso da Petz, que nasceu como varejista e hoje se espelha no exemplo do Magazine Luiza para ter forte presença online e tecnológica. Segundo Sergio Zimerman, fundador e presidente da Petz, os recursos para expansão virão da abertura de capital da empresa, realizada em setembro – com movimentação de R$ 3 bilhões, o IPO da companhia foi um dos maiores do ano no País e demonstra para muitos a força do setor. 

O empresário Sergio Zimerman, na unidade da Petz no bairro do Pari Foto: Alex Silva/Estadão

“Os recursos obtidos com a abertura de capital ajudarão a empresa a acelerar sua transformação, não só com ofertas para o consumidor, mas também com ganhos de produtividade internos”, diz Zimerman. Segundo ele, a pandemia ajudou a acelerar os negócios da companhia. “Foi um movimento que levou a participação das nossas vendas digitais a um patamar que, antes, prevíamos que só seria atingido em 5 anos”. 

Em entrevista recente ao Estadão/Broadcast, o executivo cutucou os rivais e disse que avaliou a aquisição da DogHero, mas achou que o valor pedido não compensava. A disputa vai crescer em breve: a Petz também pretende criar um serviço de passeadores e cuidadores. Gadotti, da DogHero, por sua vez, não quis comentar a frase de Zimerman, mas disse que a empresa sempre viu na Petlove um parceiro ideal. “Temos uma mentalidade tecnológica parecida”, diz. 

Cultura

Para seguir crescendo quando a vida puder voltar ao normal, essas startups terão de superar uma questão cultural. Hoje, os pet shops de bairro ainda representam 48% do varejo do setor no País,de acordo com o Instituto Pet Brasil.

“O dono de pet gosta da experiência de ir na loja, de conversar e bater papo com os veterinários”, explica Nelo Marraccin, presidente executivo do Instituto Pet Brasil. “Após a pandemia, não acredito que a digitalização vá diminuir, mas imagino que (o setor) não vá crescer com mesma a velocidade que cresceu nos últimos meses”. 

É um problema que as startups têm em mente. A Petlove, por exemplo, está testando parcerias com pet shops de bairro, oferecendo sua tecnologia para que os estabelecimentos vendam seus produtos e serviços online — a empresa tem hoje quatro lojas parceiras em Belo Horizonte. 

Mas para especialistas, potencial digital e de novos modelos de negócio para o setor é o que não falta: “O produtos para pets são consumidos com recorrência”, diz Grossi, da Liga Ventures. “Você precisa dar banho sempre no seu cachorro, levá-lo para tomar vacina, e comprar frequentemente ração e tapete higiênico, por exemplo. Há um grande espaço para modelos de assinatura digital.”

Quem não tinha o costume de fazer compras online muito provavelmente adquiriu o hábito durante a pandemia, seja para pedir comida em um aplicativo de delivery ou para comprar roupas em e-commerce. Como os animais de estimação também têm suas necessidades, de ração a veterinário, o mercado pet não ficou de fora dessa digitalização. Nos últimos meses, as startups do setor deixaram de ser filhotes e passaram a protagonizar uma briga de cachorro grande – teve empresa que entrou na bolsa e aportes milionários – disputando espaço em um mercado que deve movimentar, este ano, R$ 37,5 bilhões, segundo dados do Instituto Pet Brasil. 

Na semana passada, a disputa ficou ainda mais acirrada com uma fusão importante: a junção da Petlove, um e-commerce para animais de estimação, com a DogHero, que tem serviços para pets como hospedagem. Anunciada no final de outubro, a transação vai unir os 4,5 milhões de clientes da Petlove com a base de 1,4 milhão de usuários da DogHero. “Buscávamos há alguns anos transformar a Petlove em um ecossistema para resolver todos os problemas do dono dos animais. Foi uma aproximação natural”, diz Marcio Waldman, CEO da Petlove. 

O mercado de pet deve movimentar R$ 37,5 bilhões em 2020, segundo dados do Instituto Pet Brasil Foto: Valeria Gonçalvez/Estadão

Fundada em 1999, a empresa já tinha recebido dois aportes de peso durante a pandemia. Em abril, uma rodada liderada pelo SoftBank despejou R$ 250 milhões no cofre das startups. Dois meses depois, foi a vez do fundo L. Catterton, especializado em marcas de consumo, liderar um aporte de R$ 125 milhões. Com os recursos, a empresa de Waldman viabilizou não só a fusão com a DogHero, mas também a compra da plataforma de gestão Vetus e da startup VetSmart, que treina veterinários. “Foi o melhor ano da história da Petlove”, diz o executivo. 

Apesar da fusão, as duas marcas continuam separadas: Waldman seguirá no comando da PetLove, enquanto a DogHero terá como presidente executivo Fernando Gadotti, cofundador da empresa — Eduardo Baer, outro fundador da DogHero, será o diretor de assinaturas da Petlove. Mas a integração será perceptível para os usuários: será possível, por exemplo, incluir o serviço da DogHero na hora de selecionar uma assinatura na Petlove de produtos como ração — a contratação separada, nas duas plataformas, também continuará sendo uma opção.

“Além de reduzir o custo de aquisição de clientes, a fusão traz mais facilidade para o pai e mãe de pet, tornando mais fácil para os clientes comprarem produtos e contratarem serviços para seus animais de estimação”, diz Gadotti, da DogHero. Juntas, as duas empresas terão 740 funcionários, sendo cerca de 100 pessoas focadas em tecnologia. “Devemos fechar o ano com um crescimento de 80% em faturamento comparado com o ano passado. Para o ano que vem, a expectativa é seguir neste ritmo, também podemos fazer outras fusões e aquisições”, afirma Waldman. 

Ampliação

Outra startup que ganhou escala nos últimos meses foi a Zee.Dog. Criada como uma marca de acessórios para animais de estimação, a startup levantou um investimento de R$ 100 milhões em julho para impulsionar seu serviço de delivery para bichos: o app Zee.Now, criado em 2019. “Durante a pandemia, o mercado pet foi considerado essencial junto com supermercado e farmácia. A tese da Zee.Now vai de encontro a isso” , diz Thadeu Diz, fundador da Zee.Dog. “Foi quase como se, com o lançamento do app, a gente tivesse previsto como o mercado iria mudar em 2020.”

Com os recursos, a empresa fará sua expansão internacional, começando por Nova York e Seattle, nos EUA. Além disso, a empresa está de olho em novas áreas, como alimentos – recentemente, lançou uma linha de rações naturais, com sabores como carne com abobrinha ou frango com mamão. “Também fizemos alguns aportes em startups, negociamos outros e temos planos de abrir capital no futuro”, diz Thadeu. 

Para Daniel Grossi, sócio-diretor da empresa de inovação Liga Ventures, a evolução das companhias já citadas mostra que o setor de startups pet subiu de patamar nos últimos meses. “As empresas já têm uma base de clientes e estão entrando em mais etapas da jornada do consumidor e do animal”, afirma.

Digitalização

Enquanto isso, empresas mais tradicionais do setor também fazem sua digitalização. É o caso da Petz, que nasceu como varejista e hoje se espelha no exemplo do Magazine Luiza para ter forte presença online e tecnológica. Segundo Sergio Zimerman, fundador e presidente da Petz, os recursos para expansão virão da abertura de capital da empresa, realizada em setembro – com movimentação de R$ 3 bilhões, o IPO da companhia foi um dos maiores do ano no País e demonstra para muitos a força do setor. 

O empresário Sergio Zimerman, na unidade da Petz no bairro do Pari Foto: Alex Silva/Estadão

“Os recursos obtidos com a abertura de capital ajudarão a empresa a acelerar sua transformação, não só com ofertas para o consumidor, mas também com ganhos de produtividade internos”, diz Zimerman. Segundo ele, a pandemia ajudou a acelerar os negócios da companhia. “Foi um movimento que levou a participação das nossas vendas digitais a um patamar que, antes, prevíamos que só seria atingido em 5 anos”. 

Em entrevista recente ao Estadão/Broadcast, o executivo cutucou os rivais e disse que avaliou a aquisição da DogHero, mas achou que o valor pedido não compensava. A disputa vai crescer em breve: a Petz também pretende criar um serviço de passeadores e cuidadores. Gadotti, da DogHero, por sua vez, não quis comentar a frase de Zimerman, mas disse que a empresa sempre viu na Petlove um parceiro ideal. “Temos uma mentalidade tecnológica parecida”, diz. 

Cultura

Para seguir crescendo quando a vida puder voltar ao normal, essas startups terão de superar uma questão cultural. Hoje, os pet shops de bairro ainda representam 48% do varejo do setor no País,de acordo com o Instituto Pet Brasil.

“O dono de pet gosta da experiência de ir na loja, de conversar e bater papo com os veterinários”, explica Nelo Marraccin, presidente executivo do Instituto Pet Brasil. “Após a pandemia, não acredito que a digitalização vá diminuir, mas imagino que (o setor) não vá crescer com mesma a velocidade que cresceu nos últimos meses”. 

É um problema que as startups têm em mente. A Petlove, por exemplo, está testando parcerias com pet shops de bairro, oferecendo sua tecnologia para que os estabelecimentos vendam seus produtos e serviços online — a empresa tem hoje quatro lojas parceiras em Belo Horizonte. 

Mas para especialistas, potencial digital e de novos modelos de negócio para o setor é o que não falta: “O produtos para pets são consumidos com recorrência”, diz Grossi, da Liga Ventures. “Você precisa dar banho sempre no seu cachorro, levá-lo para tomar vacina, e comprar frequentemente ração e tapete higiênico, por exemplo. Há um grande espaço para modelos de assinatura digital.”

Quem não tinha o costume de fazer compras online muito provavelmente adquiriu o hábito durante a pandemia, seja para pedir comida em um aplicativo de delivery ou para comprar roupas em e-commerce. Como os animais de estimação também têm suas necessidades, de ração a veterinário, o mercado pet não ficou de fora dessa digitalização. Nos últimos meses, as startups do setor deixaram de ser filhotes e passaram a protagonizar uma briga de cachorro grande – teve empresa que entrou na bolsa e aportes milionários – disputando espaço em um mercado que deve movimentar, este ano, R$ 37,5 bilhões, segundo dados do Instituto Pet Brasil. 

Na semana passada, a disputa ficou ainda mais acirrada com uma fusão importante: a junção da Petlove, um e-commerce para animais de estimação, com a DogHero, que tem serviços para pets como hospedagem. Anunciada no final de outubro, a transação vai unir os 4,5 milhões de clientes da Petlove com a base de 1,4 milhão de usuários da DogHero. “Buscávamos há alguns anos transformar a Petlove em um ecossistema para resolver todos os problemas do dono dos animais. Foi uma aproximação natural”, diz Marcio Waldman, CEO da Petlove. 

O mercado de pet deve movimentar R$ 37,5 bilhões em 2020, segundo dados do Instituto Pet Brasil Foto: Valeria Gonçalvez/Estadão

Fundada em 1999, a empresa já tinha recebido dois aportes de peso durante a pandemia. Em abril, uma rodada liderada pelo SoftBank despejou R$ 250 milhões no cofre das startups. Dois meses depois, foi a vez do fundo L. Catterton, especializado em marcas de consumo, liderar um aporte de R$ 125 milhões. Com os recursos, a empresa de Waldman viabilizou não só a fusão com a DogHero, mas também a compra da plataforma de gestão Vetus e da startup VetSmart, que treina veterinários. “Foi o melhor ano da história da Petlove”, diz o executivo. 

Apesar da fusão, as duas marcas continuam separadas: Waldman seguirá no comando da PetLove, enquanto a DogHero terá como presidente executivo Fernando Gadotti, cofundador da empresa — Eduardo Baer, outro fundador da DogHero, será o diretor de assinaturas da Petlove. Mas a integração será perceptível para os usuários: será possível, por exemplo, incluir o serviço da DogHero na hora de selecionar uma assinatura na Petlove de produtos como ração — a contratação separada, nas duas plataformas, também continuará sendo uma opção.

“Além de reduzir o custo de aquisição de clientes, a fusão traz mais facilidade para o pai e mãe de pet, tornando mais fácil para os clientes comprarem produtos e contratarem serviços para seus animais de estimação”, diz Gadotti, da DogHero. Juntas, as duas empresas terão 740 funcionários, sendo cerca de 100 pessoas focadas em tecnologia. “Devemos fechar o ano com um crescimento de 80% em faturamento comparado com o ano passado. Para o ano que vem, a expectativa é seguir neste ritmo, também podemos fazer outras fusões e aquisições”, afirma Waldman. 

Ampliação

Outra startup que ganhou escala nos últimos meses foi a Zee.Dog. Criada como uma marca de acessórios para animais de estimação, a startup levantou um investimento de R$ 100 milhões em julho para impulsionar seu serviço de delivery para bichos: o app Zee.Now, criado em 2019. “Durante a pandemia, o mercado pet foi considerado essencial junto com supermercado e farmácia. A tese da Zee.Now vai de encontro a isso” , diz Thadeu Diz, fundador da Zee.Dog. “Foi quase como se, com o lançamento do app, a gente tivesse previsto como o mercado iria mudar em 2020.”

Com os recursos, a empresa fará sua expansão internacional, começando por Nova York e Seattle, nos EUA. Além disso, a empresa está de olho em novas áreas, como alimentos – recentemente, lançou uma linha de rações naturais, com sabores como carne com abobrinha ou frango com mamão. “Também fizemos alguns aportes em startups, negociamos outros e temos planos de abrir capital no futuro”, diz Thadeu. 

Para Daniel Grossi, sócio-diretor da empresa de inovação Liga Ventures, a evolução das companhias já citadas mostra que o setor de startups pet subiu de patamar nos últimos meses. “As empresas já têm uma base de clientes e estão entrando em mais etapas da jornada do consumidor e do animal”, afirma.

Digitalização

Enquanto isso, empresas mais tradicionais do setor também fazem sua digitalização. É o caso da Petz, que nasceu como varejista e hoje se espelha no exemplo do Magazine Luiza para ter forte presença online e tecnológica. Segundo Sergio Zimerman, fundador e presidente da Petz, os recursos para expansão virão da abertura de capital da empresa, realizada em setembro – com movimentação de R$ 3 bilhões, o IPO da companhia foi um dos maiores do ano no País e demonstra para muitos a força do setor. 

O empresário Sergio Zimerman, na unidade da Petz no bairro do Pari Foto: Alex Silva/Estadão

“Os recursos obtidos com a abertura de capital ajudarão a empresa a acelerar sua transformação, não só com ofertas para o consumidor, mas também com ganhos de produtividade internos”, diz Zimerman. Segundo ele, a pandemia ajudou a acelerar os negócios da companhia. “Foi um movimento que levou a participação das nossas vendas digitais a um patamar que, antes, prevíamos que só seria atingido em 5 anos”. 

Em entrevista recente ao Estadão/Broadcast, o executivo cutucou os rivais e disse que avaliou a aquisição da DogHero, mas achou que o valor pedido não compensava. A disputa vai crescer em breve: a Petz também pretende criar um serviço de passeadores e cuidadores. Gadotti, da DogHero, por sua vez, não quis comentar a frase de Zimerman, mas disse que a empresa sempre viu na Petlove um parceiro ideal. “Temos uma mentalidade tecnológica parecida”, diz. 

Cultura

Para seguir crescendo quando a vida puder voltar ao normal, essas startups terão de superar uma questão cultural. Hoje, os pet shops de bairro ainda representam 48% do varejo do setor no País,de acordo com o Instituto Pet Brasil.

“O dono de pet gosta da experiência de ir na loja, de conversar e bater papo com os veterinários”, explica Nelo Marraccin, presidente executivo do Instituto Pet Brasil. “Após a pandemia, não acredito que a digitalização vá diminuir, mas imagino que (o setor) não vá crescer com mesma a velocidade que cresceu nos últimos meses”. 

É um problema que as startups têm em mente. A Petlove, por exemplo, está testando parcerias com pet shops de bairro, oferecendo sua tecnologia para que os estabelecimentos vendam seus produtos e serviços online — a empresa tem hoje quatro lojas parceiras em Belo Horizonte. 

Mas para especialistas, potencial digital e de novos modelos de negócio para o setor é o que não falta: “O produtos para pets são consumidos com recorrência”, diz Grossi, da Liga Ventures. “Você precisa dar banho sempre no seu cachorro, levá-lo para tomar vacina, e comprar frequentemente ração e tapete higiênico, por exemplo. Há um grande espaço para modelos de assinatura digital.”

Quem não tinha o costume de fazer compras online muito provavelmente adquiriu o hábito durante a pandemia, seja para pedir comida em um aplicativo de delivery ou para comprar roupas em e-commerce. Como os animais de estimação também têm suas necessidades, de ração a veterinário, o mercado pet não ficou de fora dessa digitalização. Nos últimos meses, as startups do setor deixaram de ser filhotes e passaram a protagonizar uma briga de cachorro grande – teve empresa que entrou na bolsa e aportes milionários – disputando espaço em um mercado que deve movimentar, este ano, R$ 37,5 bilhões, segundo dados do Instituto Pet Brasil. 

Na semana passada, a disputa ficou ainda mais acirrada com uma fusão importante: a junção da Petlove, um e-commerce para animais de estimação, com a DogHero, que tem serviços para pets como hospedagem. Anunciada no final de outubro, a transação vai unir os 4,5 milhões de clientes da Petlove com a base de 1,4 milhão de usuários da DogHero. “Buscávamos há alguns anos transformar a Petlove em um ecossistema para resolver todos os problemas do dono dos animais. Foi uma aproximação natural”, diz Marcio Waldman, CEO da Petlove. 

O mercado de pet deve movimentar R$ 37,5 bilhões em 2020, segundo dados do Instituto Pet Brasil Foto: Valeria Gonçalvez/Estadão

Fundada em 1999, a empresa já tinha recebido dois aportes de peso durante a pandemia. Em abril, uma rodada liderada pelo SoftBank despejou R$ 250 milhões no cofre das startups. Dois meses depois, foi a vez do fundo L. Catterton, especializado em marcas de consumo, liderar um aporte de R$ 125 milhões. Com os recursos, a empresa de Waldman viabilizou não só a fusão com a DogHero, mas também a compra da plataforma de gestão Vetus e da startup VetSmart, que treina veterinários. “Foi o melhor ano da história da Petlove”, diz o executivo. 

Apesar da fusão, as duas marcas continuam separadas: Waldman seguirá no comando da PetLove, enquanto a DogHero terá como presidente executivo Fernando Gadotti, cofundador da empresa — Eduardo Baer, outro fundador da DogHero, será o diretor de assinaturas da Petlove. Mas a integração será perceptível para os usuários: será possível, por exemplo, incluir o serviço da DogHero na hora de selecionar uma assinatura na Petlove de produtos como ração — a contratação separada, nas duas plataformas, também continuará sendo uma opção.

“Além de reduzir o custo de aquisição de clientes, a fusão traz mais facilidade para o pai e mãe de pet, tornando mais fácil para os clientes comprarem produtos e contratarem serviços para seus animais de estimação”, diz Gadotti, da DogHero. Juntas, as duas empresas terão 740 funcionários, sendo cerca de 100 pessoas focadas em tecnologia. “Devemos fechar o ano com um crescimento de 80% em faturamento comparado com o ano passado. Para o ano que vem, a expectativa é seguir neste ritmo, também podemos fazer outras fusões e aquisições”, afirma Waldman. 

Ampliação

Outra startup que ganhou escala nos últimos meses foi a Zee.Dog. Criada como uma marca de acessórios para animais de estimação, a startup levantou um investimento de R$ 100 milhões em julho para impulsionar seu serviço de delivery para bichos: o app Zee.Now, criado em 2019. “Durante a pandemia, o mercado pet foi considerado essencial junto com supermercado e farmácia. A tese da Zee.Now vai de encontro a isso” , diz Thadeu Diz, fundador da Zee.Dog. “Foi quase como se, com o lançamento do app, a gente tivesse previsto como o mercado iria mudar em 2020.”

Com os recursos, a empresa fará sua expansão internacional, começando por Nova York e Seattle, nos EUA. Além disso, a empresa está de olho em novas áreas, como alimentos – recentemente, lançou uma linha de rações naturais, com sabores como carne com abobrinha ou frango com mamão. “Também fizemos alguns aportes em startups, negociamos outros e temos planos de abrir capital no futuro”, diz Thadeu. 

Para Daniel Grossi, sócio-diretor da empresa de inovação Liga Ventures, a evolução das companhias já citadas mostra que o setor de startups pet subiu de patamar nos últimos meses. “As empresas já têm uma base de clientes e estão entrando em mais etapas da jornada do consumidor e do animal”, afirma.

Digitalização

Enquanto isso, empresas mais tradicionais do setor também fazem sua digitalização. É o caso da Petz, que nasceu como varejista e hoje se espelha no exemplo do Magazine Luiza para ter forte presença online e tecnológica. Segundo Sergio Zimerman, fundador e presidente da Petz, os recursos para expansão virão da abertura de capital da empresa, realizada em setembro – com movimentação de R$ 3 bilhões, o IPO da companhia foi um dos maiores do ano no País e demonstra para muitos a força do setor. 

O empresário Sergio Zimerman, na unidade da Petz no bairro do Pari Foto: Alex Silva/Estadão

“Os recursos obtidos com a abertura de capital ajudarão a empresa a acelerar sua transformação, não só com ofertas para o consumidor, mas também com ganhos de produtividade internos”, diz Zimerman. Segundo ele, a pandemia ajudou a acelerar os negócios da companhia. “Foi um movimento que levou a participação das nossas vendas digitais a um patamar que, antes, prevíamos que só seria atingido em 5 anos”. 

Em entrevista recente ao Estadão/Broadcast, o executivo cutucou os rivais e disse que avaliou a aquisição da DogHero, mas achou que o valor pedido não compensava. A disputa vai crescer em breve: a Petz também pretende criar um serviço de passeadores e cuidadores. Gadotti, da DogHero, por sua vez, não quis comentar a frase de Zimerman, mas disse que a empresa sempre viu na Petlove um parceiro ideal. “Temos uma mentalidade tecnológica parecida”, diz. 

Cultura

Para seguir crescendo quando a vida puder voltar ao normal, essas startups terão de superar uma questão cultural. Hoje, os pet shops de bairro ainda representam 48% do varejo do setor no País,de acordo com o Instituto Pet Brasil.

“O dono de pet gosta da experiência de ir na loja, de conversar e bater papo com os veterinários”, explica Nelo Marraccin, presidente executivo do Instituto Pet Brasil. “Após a pandemia, não acredito que a digitalização vá diminuir, mas imagino que (o setor) não vá crescer com mesma a velocidade que cresceu nos últimos meses”. 

É um problema que as startups têm em mente. A Petlove, por exemplo, está testando parcerias com pet shops de bairro, oferecendo sua tecnologia para que os estabelecimentos vendam seus produtos e serviços online — a empresa tem hoje quatro lojas parceiras em Belo Horizonte. 

Mas para especialistas, potencial digital e de novos modelos de negócio para o setor é o que não falta: “O produtos para pets são consumidos com recorrência”, diz Grossi, da Liga Ventures. “Você precisa dar banho sempre no seu cachorro, levá-lo para tomar vacina, e comprar frequentemente ração e tapete higiênico, por exemplo. Há um grande espaço para modelos de assinatura digital.”

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