Nas cápsulas, a aposta para a bebida do futuro


Parceria entre Ambev e Whirlpool, máquina que faz café e refrigerante pode mudar consumo e logística do setor

Por Márcia De Chiara

Depois de um dia cansativo, o consumidor chega em casa e descobre que não tem refrigerante na geladeira. Não tem problema: com um toque em uma máquina e uma cápsula, é possível obter em alguns segundos um copo de guaraná gelado, pronto para ser bebido e fazer bolhas na garganta. À primeira vista, o conceito por trás da B.Blend, máquina criada por uma parceria entre a gigante de bebidas Ambev e a fabricante de eletrodomésticos Whirlpool, pode parecer esquisito. Mas, a médio prazo, ele pode ajudar essas duas empresas a mudar a forma de se consumir bebidas – e, de quebra, economizar milhões em logística e estoque. 

O segredo está nas cápsulas usadas pela máquina. Semelhantes às que já se tornaram populares no segmento de café expresso, elas carregam o xarope que faz o refrigerante. São vendidas apenas pela internet, por cerca de R$ 2, e entregues sob demanda para o usuário, que as compra por meio de um aplicativo. Além dos refrigerantes, é possível adquirir cápsulas para preparar sucos, chás gelados, cafés e até mesmo parte de coquetéis alcoólicos, como o Cosmopolitan. 

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Com gás. Eduardo Froes é o presidente executivo da B.Blend, que uniu Ambev e Whirlpool; máquina pode fazer bebidas quentes e geladas em sequência Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Se hoje a ideia pode parecer uma engenhoca – até pelo preço das máquinas, em torno de R$ 1,9 mil –, no futuro elas poderão evitar que as empresas gastem com o deslocamento de caminhões carregados de garrafas e latinhas pelo Brasil. 

Para isso, porém, será preciso convencer os consumidores de que essa é uma forma de consumo que faz sentido. Na visão de Cristina de Souza, diretora da consultoria especializada em alimentos GS&Libbra, é algo ainda incipiente, mas que tem oportunidade enorme de crescimento em um mercado como o de bebidas não alcoólicas, que movimentou 10 bilhões de litros ao longo do ano passado.

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Nova geração. Dois fatores podem ajudar a B.Blend, na visão da consultora, a se tornar popular: é um modelo que pode ser bem aceito entre os mais jovens e é adequado a casas cada vez menores, com menos espaço para eletrodomésticos de grande porte, como refrigeradores. “Do ponto de vista de consumo, é uma forma de venda que atende perfeitamente o que a nova geração quer: um modelo digital, simples e sustentável, com geração de menos resíduos plásticos”, diz Cristina.

Para que o conceito ganhe corpo, ela prevê que será necessário um trabalho forte de marketing, como ocorreu com o café em cápsula. Eduardo Froes, presidente executivo da B.Blend, joint venture criada para tocar o projeto entre Ambev e Whirlpool, reconhece que o trabalho é uma aposta para o futuro. “Não é da noite para o dia que se constrói um novo hábito de consumo”, diz o executivo. “A própria Nespresso demorou dez anos para deslanchar.” 

Sob demanda. Cápsulas são encomendadas pela web Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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Para Souza, porém, a inovação pode gerar atritos entre a indústria e os canais tradicionais de distribuição de refrigerantes, como supermercados. “Eles vão mexer num grande vespeiro: imagina quanto os mercados faturam hoje vendendo refrigerantes?”, comenta. “O consumidor que prefere comprar a cápsula na internet e receber em casa não vai se abastecer no supermercado.”

Feito em casa. A primeira versão da máquina B.Blend foi lançada em 2015, após cinco anos de pesquisas internas na Whirlpool. Nessa semana, chega ao mercado uma segunda versão da máquina, que não precisará de uma conexão a um ponto de água, como ocorre com um purificador normal. Com isso, projeta a B.Blend, a máquina vai ganhar portabilidade, podendo ser usada em festas e churrascos, por exemplo. 

O projeto nasceu como parte do programa de trainees da empresa – uma das funcionárias queria entender como poderia agregar funcionalidades ao purificador de água fabricado pela empresa. 

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Segundo Froes, a trainee não está mais na companhia, mas deixou uma ideia que motivou a Whirlpool a criar uma máquina capaz de fazer bebidas quentes e geladas em sequência – algo inédito no mercado, segundo Cristina de Souza. No exterior, há máquinas capazes de fazer refrigerantes a partir de cápsulas, como a Keurig e a SodaStream, da Pepsico. Elas, no entanto, não são capazes de fazer cafés. “É uma inovação totalmente brasileira”, frisa Froes. 

Para Maximiliano Carlomagno, sócio fundador da Innoscience, consultoria especializada em inovação, a grande inovação do projeto está, na verdade, em sua concepção, ao abrir espaço para que ideias de funcionários se tornem realidade. Segundo ele, é um caminho pouco usual nas companhias, especialmente no Brasil, que nos últimos anos têm buscado inovar ao contratar ou adquirir startups. “O funcionário também quer ser empreendedor. A sensação que muita gente tem é que apenas as startups são legais que os funcionários estão lá apenas para quebrar as pedras, fazer o trabalho duro”, diz. 

Trata-se, no entanto, de algo difícil de ser realizado, pois muitas empresas não têm um processo para permitir que o funcionário se afaste do cotidiano e se dedique a novos projetos. Em muitos casos, os empregadores exigem que as tarefas do dia a dia sigam sendo executadas, pedindo que o empregado se dedique além da jornada habitual se quiser tocar uma inovação adiante. / COLABOROU BRUNO CAPELAS

Depois de um dia cansativo, o consumidor chega em casa e descobre que não tem refrigerante na geladeira. Não tem problema: com um toque em uma máquina e uma cápsula, é possível obter em alguns segundos um copo de guaraná gelado, pronto para ser bebido e fazer bolhas na garganta. À primeira vista, o conceito por trás da B.Blend, máquina criada por uma parceria entre a gigante de bebidas Ambev e a fabricante de eletrodomésticos Whirlpool, pode parecer esquisito. Mas, a médio prazo, ele pode ajudar essas duas empresas a mudar a forma de se consumir bebidas – e, de quebra, economizar milhões em logística e estoque. 

O segredo está nas cápsulas usadas pela máquina. Semelhantes às que já se tornaram populares no segmento de café expresso, elas carregam o xarope que faz o refrigerante. São vendidas apenas pela internet, por cerca de R$ 2, e entregues sob demanda para o usuário, que as compra por meio de um aplicativo. Além dos refrigerantes, é possível adquirir cápsulas para preparar sucos, chás gelados, cafés e até mesmo parte de coquetéis alcoólicos, como o Cosmopolitan. 

Com gás. Eduardo Froes é o presidente executivo da B.Blend, que uniu Ambev e Whirlpool; máquina pode fazer bebidas quentes e geladas em sequência Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Se hoje a ideia pode parecer uma engenhoca – até pelo preço das máquinas, em torno de R$ 1,9 mil –, no futuro elas poderão evitar que as empresas gastem com o deslocamento de caminhões carregados de garrafas e latinhas pelo Brasil. 

Para isso, porém, será preciso convencer os consumidores de que essa é uma forma de consumo que faz sentido. Na visão de Cristina de Souza, diretora da consultoria especializada em alimentos GS&Libbra, é algo ainda incipiente, mas que tem oportunidade enorme de crescimento em um mercado como o de bebidas não alcoólicas, que movimentou 10 bilhões de litros ao longo do ano passado.

Nova geração. Dois fatores podem ajudar a B.Blend, na visão da consultora, a se tornar popular: é um modelo que pode ser bem aceito entre os mais jovens e é adequado a casas cada vez menores, com menos espaço para eletrodomésticos de grande porte, como refrigeradores. “Do ponto de vista de consumo, é uma forma de venda que atende perfeitamente o que a nova geração quer: um modelo digital, simples e sustentável, com geração de menos resíduos plásticos”, diz Cristina.

Para que o conceito ganhe corpo, ela prevê que será necessário um trabalho forte de marketing, como ocorreu com o café em cápsula. Eduardo Froes, presidente executivo da B.Blend, joint venture criada para tocar o projeto entre Ambev e Whirlpool, reconhece que o trabalho é uma aposta para o futuro. “Não é da noite para o dia que se constrói um novo hábito de consumo”, diz o executivo. “A própria Nespresso demorou dez anos para deslanchar.” 

Sob demanda. Cápsulas são encomendadas pela web Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Para Souza, porém, a inovação pode gerar atritos entre a indústria e os canais tradicionais de distribuição de refrigerantes, como supermercados. “Eles vão mexer num grande vespeiro: imagina quanto os mercados faturam hoje vendendo refrigerantes?”, comenta. “O consumidor que prefere comprar a cápsula na internet e receber em casa não vai se abastecer no supermercado.”

Feito em casa. A primeira versão da máquina B.Blend foi lançada em 2015, após cinco anos de pesquisas internas na Whirlpool. Nessa semana, chega ao mercado uma segunda versão da máquina, que não precisará de uma conexão a um ponto de água, como ocorre com um purificador normal. Com isso, projeta a B.Blend, a máquina vai ganhar portabilidade, podendo ser usada em festas e churrascos, por exemplo. 

O projeto nasceu como parte do programa de trainees da empresa – uma das funcionárias queria entender como poderia agregar funcionalidades ao purificador de água fabricado pela empresa. 

Segundo Froes, a trainee não está mais na companhia, mas deixou uma ideia que motivou a Whirlpool a criar uma máquina capaz de fazer bebidas quentes e geladas em sequência – algo inédito no mercado, segundo Cristina de Souza. No exterior, há máquinas capazes de fazer refrigerantes a partir de cápsulas, como a Keurig e a SodaStream, da Pepsico. Elas, no entanto, não são capazes de fazer cafés. “É uma inovação totalmente brasileira”, frisa Froes. 

Para Maximiliano Carlomagno, sócio fundador da Innoscience, consultoria especializada em inovação, a grande inovação do projeto está, na verdade, em sua concepção, ao abrir espaço para que ideias de funcionários se tornem realidade. Segundo ele, é um caminho pouco usual nas companhias, especialmente no Brasil, que nos últimos anos têm buscado inovar ao contratar ou adquirir startups. “O funcionário também quer ser empreendedor. A sensação que muita gente tem é que apenas as startups são legais que os funcionários estão lá apenas para quebrar as pedras, fazer o trabalho duro”, diz. 

Trata-se, no entanto, de algo difícil de ser realizado, pois muitas empresas não têm um processo para permitir que o funcionário se afaste do cotidiano e se dedique a novos projetos. Em muitos casos, os empregadores exigem que as tarefas do dia a dia sigam sendo executadas, pedindo que o empregado se dedique além da jornada habitual se quiser tocar uma inovação adiante. / COLABOROU BRUNO CAPELAS

Depois de um dia cansativo, o consumidor chega em casa e descobre que não tem refrigerante na geladeira. Não tem problema: com um toque em uma máquina e uma cápsula, é possível obter em alguns segundos um copo de guaraná gelado, pronto para ser bebido e fazer bolhas na garganta. À primeira vista, o conceito por trás da B.Blend, máquina criada por uma parceria entre a gigante de bebidas Ambev e a fabricante de eletrodomésticos Whirlpool, pode parecer esquisito. Mas, a médio prazo, ele pode ajudar essas duas empresas a mudar a forma de se consumir bebidas – e, de quebra, economizar milhões em logística e estoque. 

O segredo está nas cápsulas usadas pela máquina. Semelhantes às que já se tornaram populares no segmento de café expresso, elas carregam o xarope que faz o refrigerante. São vendidas apenas pela internet, por cerca de R$ 2, e entregues sob demanda para o usuário, que as compra por meio de um aplicativo. Além dos refrigerantes, é possível adquirir cápsulas para preparar sucos, chás gelados, cafés e até mesmo parte de coquetéis alcoólicos, como o Cosmopolitan. 

Com gás. Eduardo Froes é o presidente executivo da B.Blend, que uniu Ambev e Whirlpool; máquina pode fazer bebidas quentes e geladas em sequência Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Se hoje a ideia pode parecer uma engenhoca – até pelo preço das máquinas, em torno de R$ 1,9 mil –, no futuro elas poderão evitar que as empresas gastem com o deslocamento de caminhões carregados de garrafas e latinhas pelo Brasil. 

Para isso, porém, será preciso convencer os consumidores de que essa é uma forma de consumo que faz sentido. Na visão de Cristina de Souza, diretora da consultoria especializada em alimentos GS&Libbra, é algo ainda incipiente, mas que tem oportunidade enorme de crescimento em um mercado como o de bebidas não alcoólicas, que movimentou 10 bilhões de litros ao longo do ano passado.

Nova geração. Dois fatores podem ajudar a B.Blend, na visão da consultora, a se tornar popular: é um modelo que pode ser bem aceito entre os mais jovens e é adequado a casas cada vez menores, com menos espaço para eletrodomésticos de grande porte, como refrigeradores. “Do ponto de vista de consumo, é uma forma de venda que atende perfeitamente o que a nova geração quer: um modelo digital, simples e sustentável, com geração de menos resíduos plásticos”, diz Cristina.

Para que o conceito ganhe corpo, ela prevê que será necessário um trabalho forte de marketing, como ocorreu com o café em cápsula. Eduardo Froes, presidente executivo da B.Blend, joint venture criada para tocar o projeto entre Ambev e Whirlpool, reconhece que o trabalho é uma aposta para o futuro. “Não é da noite para o dia que se constrói um novo hábito de consumo”, diz o executivo. “A própria Nespresso demorou dez anos para deslanchar.” 

Sob demanda. Cápsulas são encomendadas pela web Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Para Souza, porém, a inovação pode gerar atritos entre a indústria e os canais tradicionais de distribuição de refrigerantes, como supermercados. “Eles vão mexer num grande vespeiro: imagina quanto os mercados faturam hoje vendendo refrigerantes?”, comenta. “O consumidor que prefere comprar a cápsula na internet e receber em casa não vai se abastecer no supermercado.”

Feito em casa. A primeira versão da máquina B.Blend foi lançada em 2015, após cinco anos de pesquisas internas na Whirlpool. Nessa semana, chega ao mercado uma segunda versão da máquina, que não precisará de uma conexão a um ponto de água, como ocorre com um purificador normal. Com isso, projeta a B.Blend, a máquina vai ganhar portabilidade, podendo ser usada em festas e churrascos, por exemplo. 

O projeto nasceu como parte do programa de trainees da empresa – uma das funcionárias queria entender como poderia agregar funcionalidades ao purificador de água fabricado pela empresa. 

Segundo Froes, a trainee não está mais na companhia, mas deixou uma ideia que motivou a Whirlpool a criar uma máquina capaz de fazer bebidas quentes e geladas em sequência – algo inédito no mercado, segundo Cristina de Souza. No exterior, há máquinas capazes de fazer refrigerantes a partir de cápsulas, como a Keurig e a SodaStream, da Pepsico. Elas, no entanto, não são capazes de fazer cafés. “É uma inovação totalmente brasileira”, frisa Froes. 

Para Maximiliano Carlomagno, sócio fundador da Innoscience, consultoria especializada em inovação, a grande inovação do projeto está, na verdade, em sua concepção, ao abrir espaço para que ideias de funcionários se tornem realidade. Segundo ele, é um caminho pouco usual nas companhias, especialmente no Brasil, que nos últimos anos têm buscado inovar ao contratar ou adquirir startups. “O funcionário também quer ser empreendedor. A sensação que muita gente tem é que apenas as startups são legais que os funcionários estão lá apenas para quebrar as pedras, fazer o trabalho duro”, diz. 

Trata-se, no entanto, de algo difícil de ser realizado, pois muitas empresas não têm um processo para permitir que o funcionário se afaste do cotidiano e se dedique a novos projetos. Em muitos casos, os empregadores exigem que as tarefas do dia a dia sigam sendo executadas, pedindo que o empregado se dedique além da jornada habitual se quiser tocar uma inovação adiante. / COLABOROU BRUNO CAPELAS

Depois de um dia cansativo, o consumidor chega em casa e descobre que não tem refrigerante na geladeira. Não tem problema: com um toque em uma máquina e uma cápsula, é possível obter em alguns segundos um copo de guaraná gelado, pronto para ser bebido e fazer bolhas na garganta. À primeira vista, o conceito por trás da B.Blend, máquina criada por uma parceria entre a gigante de bebidas Ambev e a fabricante de eletrodomésticos Whirlpool, pode parecer esquisito. Mas, a médio prazo, ele pode ajudar essas duas empresas a mudar a forma de se consumir bebidas – e, de quebra, economizar milhões em logística e estoque. 

O segredo está nas cápsulas usadas pela máquina. Semelhantes às que já se tornaram populares no segmento de café expresso, elas carregam o xarope que faz o refrigerante. São vendidas apenas pela internet, por cerca de R$ 2, e entregues sob demanda para o usuário, que as compra por meio de um aplicativo. Além dos refrigerantes, é possível adquirir cápsulas para preparar sucos, chás gelados, cafés e até mesmo parte de coquetéis alcoólicos, como o Cosmopolitan. 

Com gás. Eduardo Froes é o presidente executivo da B.Blend, que uniu Ambev e Whirlpool; máquina pode fazer bebidas quentes e geladas em sequência Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Se hoje a ideia pode parecer uma engenhoca – até pelo preço das máquinas, em torno de R$ 1,9 mil –, no futuro elas poderão evitar que as empresas gastem com o deslocamento de caminhões carregados de garrafas e latinhas pelo Brasil. 

Para isso, porém, será preciso convencer os consumidores de que essa é uma forma de consumo que faz sentido. Na visão de Cristina de Souza, diretora da consultoria especializada em alimentos GS&Libbra, é algo ainda incipiente, mas que tem oportunidade enorme de crescimento em um mercado como o de bebidas não alcoólicas, que movimentou 10 bilhões de litros ao longo do ano passado.

Nova geração. Dois fatores podem ajudar a B.Blend, na visão da consultora, a se tornar popular: é um modelo que pode ser bem aceito entre os mais jovens e é adequado a casas cada vez menores, com menos espaço para eletrodomésticos de grande porte, como refrigeradores. “Do ponto de vista de consumo, é uma forma de venda que atende perfeitamente o que a nova geração quer: um modelo digital, simples e sustentável, com geração de menos resíduos plásticos”, diz Cristina.

Para que o conceito ganhe corpo, ela prevê que será necessário um trabalho forte de marketing, como ocorreu com o café em cápsula. Eduardo Froes, presidente executivo da B.Blend, joint venture criada para tocar o projeto entre Ambev e Whirlpool, reconhece que o trabalho é uma aposta para o futuro. “Não é da noite para o dia que se constrói um novo hábito de consumo”, diz o executivo. “A própria Nespresso demorou dez anos para deslanchar.” 

Sob demanda. Cápsulas são encomendadas pela web Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Para Souza, porém, a inovação pode gerar atritos entre a indústria e os canais tradicionais de distribuição de refrigerantes, como supermercados. “Eles vão mexer num grande vespeiro: imagina quanto os mercados faturam hoje vendendo refrigerantes?”, comenta. “O consumidor que prefere comprar a cápsula na internet e receber em casa não vai se abastecer no supermercado.”

Feito em casa. A primeira versão da máquina B.Blend foi lançada em 2015, após cinco anos de pesquisas internas na Whirlpool. Nessa semana, chega ao mercado uma segunda versão da máquina, que não precisará de uma conexão a um ponto de água, como ocorre com um purificador normal. Com isso, projeta a B.Blend, a máquina vai ganhar portabilidade, podendo ser usada em festas e churrascos, por exemplo. 

O projeto nasceu como parte do programa de trainees da empresa – uma das funcionárias queria entender como poderia agregar funcionalidades ao purificador de água fabricado pela empresa. 

Segundo Froes, a trainee não está mais na companhia, mas deixou uma ideia que motivou a Whirlpool a criar uma máquina capaz de fazer bebidas quentes e geladas em sequência – algo inédito no mercado, segundo Cristina de Souza. No exterior, há máquinas capazes de fazer refrigerantes a partir de cápsulas, como a Keurig e a SodaStream, da Pepsico. Elas, no entanto, não são capazes de fazer cafés. “É uma inovação totalmente brasileira”, frisa Froes. 

Para Maximiliano Carlomagno, sócio fundador da Innoscience, consultoria especializada em inovação, a grande inovação do projeto está, na verdade, em sua concepção, ao abrir espaço para que ideias de funcionários se tornem realidade. Segundo ele, é um caminho pouco usual nas companhias, especialmente no Brasil, que nos últimos anos têm buscado inovar ao contratar ou adquirir startups. “O funcionário também quer ser empreendedor. A sensação que muita gente tem é que apenas as startups são legais que os funcionários estão lá apenas para quebrar as pedras, fazer o trabalho duro”, diz. 

Trata-se, no entanto, de algo difícil de ser realizado, pois muitas empresas não têm um processo para permitir que o funcionário se afaste do cotidiano e se dedique a novos projetos. Em muitos casos, os empregadores exigem que as tarefas do dia a dia sigam sendo executadas, pedindo que o empregado se dedique além da jornada habitual se quiser tocar uma inovação adiante. / COLABOROU BRUNO CAPELAS

Depois de um dia cansativo, o consumidor chega em casa e descobre que não tem refrigerante na geladeira. Não tem problema: com um toque em uma máquina e uma cápsula, é possível obter em alguns segundos um copo de guaraná gelado, pronto para ser bebido e fazer bolhas na garganta. À primeira vista, o conceito por trás da B.Blend, máquina criada por uma parceria entre a gigante de bebidas Ambev e a fabricante de eletrodomésticos Whirlpool, pode parecer esquisito. Mas, a médio prazo, ele pode ajudar essas duas empresas a mudar a forma de se consumir bebidas – e, de quebra, economizar milhões em logística e estoque. 

O segredo está nas cápsulas usadas pela máquina. Semelhantes às que já se tornaram populares no segmento de café expresso, elas carregam o xarope que faz o refrigerante. São vendidas apenas pela internet, por cerca de R$ 2, e entregues sob demanda para o usuário, que as compra por meio de um aplicativo. Além dos refrigerantes, é possível adquirir cápsulas para preparar sucos, chás gelados, cafés e até mesmo parte de coquetéis alcoólicos, como o Cosmopolitan. 

Com gás. Eduardo Froes é o presidente executivo da B.Blend, que uniu Ambev e Whirlpool; máquina pode fazer bebidas quentes e geladas em sequência Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Se hoje a ideia pode parecer uma engenhoca – até pelo preço das máquinas, em torno de R$ 1,9 mil –, no futuro elas poderão evitar que as empresas gastem com o deslocamento de caminhões carregados de garrafas e latinhas pelo Brasil. 

Para isso, porém, será preciso convencer os consumidores de que essa é uma forma de consumo que faz sentido. Na visão de Cristina de Souza, diretora da consultoria especializada em alimentos GS&Libbra, é algo ainda incipiente, mas que tem oportunidade enorme de crescimento em um mercado como o de bebidas não alcoólicas, que movimentou 10 bilhões de litros ao longo do ano passado.

Nova geração. Dois fatores podem ajudar a B.Blend, na visão da consultora, a se tornar popular: é um modelo que pode ser bem aceito entre os mais jovens e é adequado a casas cada vez menores, com menos espaço para eletrodomésticos de grande porte, como refrigeradores. “Do ponto de vista de consumo, é uma forma de venda que atende perfeitamente o que a nova geração quer: um modelo digital, simples e sustentável, com geração de menos resíduos plásticos”, diz Cristina.

Para que o conceito ganhe corpo, ela prevê que será necessário um trabalho forte de marketing, como ocorreu com o café em cápsula. Eduardo Froes, presidente executivo da B.Blend, joint venture criada para tocar o projeto entre Ambev e Whirlpool, reconhece que o trabalho é uma aposta para o futuro. “Não é da noite para o dia que se constrói um novo hábito de consumo”, diz o executivo. “A própria Nespresso demorou dez anos para deslanchar.” 

Sob demanda. Cápsulas são encomendadas pela web Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Para Souza, porém, a inovação pode gerar atritos entre a indústria e os canais tradicionais de distribuição de refrigerantes, como supermercados. “Eles vão mexer num grande vespeiro: imagina quanto os mercados faturam hoje vendendo refrigerantes?”, comenta. “O consumidor que prefere comprar a cápsula na internet e receber em casa não vai se abastecer no supermercado.”

Feito em casa. A primeira versão da máquina B.Blend foi lançada em 2015, após cinco anos de pesquisas internas na Whirlpool. Nessa semana, chega ao mercado uma segunda versão da máquina, que não precisará de uma conexão a um ponto de água, como ocorre com um purificador normal. Com isso, projeta a B.Blend, a máquina vai ganhar portabilidade, podendo ser usada em festas e churrascos, por exemplo. 

O projeto nasceu como parte do programa de trainees da empresa – uma das funcionárias queria entender como poderia agregar funcionalidades ao purificador de água fabricado pela empresa. 

Segundo Froes, a trainee não está mais na companhia, mas deixou uma ideia que motivou a Whirlpool a criar uma máquina capaz de fazer bebidas quentes e geladas em sequência – algo inédito no mercado, segundo Cristina de Souza. No exterior, há máquinas capazes de fazer refrigerantes a partir de cápsulas, como a Keurig e a SodaStream, da Pepsico. Elas, no entanto, não são capazes de fazer cafés. “É uma inovação totalmente brasileira”, frisa Froes. 

Para Maximiliano Carlomagno, sócio fundador da Innoscience, consultoria especializada em inovação, a grande inovação do projeto está, na verdade, em sua concepção, ao abrir espaço para que ideias de funcionários se tornem realidade. Segundo ele, é um caminho pouco usual nas companhias, especialmente no Brasil, que nos últimos anos têm buscado inovar ao contratar ou adquirir startups. “O funcionário também quer ser empreendedor. A sensação que muita gente tem é que apenas as startups são legais que os funcionários estão lá apenas para quebrar as pedras, fazer o trabalho duro”, diz. 

Trata-se, no entanto, de algo difícil de ser realizado, pois muitas empresas não têm um processo para permitir que o funcionário se afaste do cotidiano e se dedique a novos projetos. Em muitos casos, os empregadores exigem que as tarefas do dia a dia sigam sendo executadas, pedindo que o empregado se dedique além da jornada habitual se quiser tocar uma inovação adiante. / COLABOROU BRUNO CAPELAS

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