Inspirada no movimento de segurança colaborativa, a startup brasileira Nearbee vai lançar um dispositivo que funciona como botão de emergência. O Alfabee parece um chaveiro e, ao ser acionado, envia um pedido de socorro para uma rede social de ajuda recíproca. O alerta mostra a localização da ocorrência e traz uma gravação de áudio captada pelo smartphone no momento em que a vítima apertou o botão.
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O Alfabee não é útil apenas em situações emergenciais. Caso o usuário passe por um lugar perigoso, ele pode acionar uma funcionalidade de segurança preventiva. O aparelho passa a pedir que o usuário confirme que está bem após pequenos intervalos de tempo. Se não for acionado, o dispositivo envia automaticamente a mensagem emergencial para a rede de contatos.
A conexão entre o Alfabee e o smartphone possibilita que um ajude a encontrar o outro. Pelo smartphone, é possível ver a localização do dispositivo, muito útil se ele estiver preso nas chaves, por exemplo. Por sua vez, ao constatar o afastamento de mais de 30 metros do celular, o dispositivo emite um alarme. Isso ajuda a evitar que a pessoa esqueça o celular e, em caso de perda ou roubo, ainda é possível bloquear o aparelho e informar outras pessoas sobre o incidente.
O Alfabee funciona com uma bateria de relógio que, de acordo com a startup, dura por volta de oito meses. Ele já está disponível para pré-venda no site da Nearbee por R$ 100. O lançamento no mercado está previsto para janeiro e a intenção é que em breve também seja possível adquiri-lo no varejo.
Colaboração. Mesmo com tanta tecnologia disponível, a capacidade de as pessoas pedirem ajuda em uma situação emergencial ainda é limitada. É preciso ligar para as autoridades, aguardar atendimento e passar uma série de informações. Mas o suporte para a vítima não precisa necessariamente vir das autoridades policiais. A ajuda também pode partir da comunidade ao redor. “Existe um impulso de que pessoas, ainda que não se conheçam, tendem a se ajudar por empatia. Nós pensamos em viabilizar isso com uma ferramenta digital”, diz o CEO e fundador da Nearbee, Felipe Fontes.
A principal ferramenta de segurança da startup é a plataforma Nearbee, uma rede social baseada em localização por satélite, que conecta pessoas que estão próximas entre si. Inicialmente, a proposta era de oferecer uma plataforma na qual as pessoas pudessem agir de forma cooperada para garantir um socorro mais rápido e eficaz. A ideia de criar a rede social surgiu no ano passado, quando uma estudante da Universidade de Campinas foi vítima de violência a poucos metros da república onde morava. “Os amigos dela estavam reunidos na casa e não conseguiram ouvir nada. Foi aí que surgiu a ideia de fazer o pedido de ajuda dela ecoar”, diz Fontes.
Mas embora seja uma preocupação comum, a questão da segurança não seria suficiente para engajar os usuários a utilizarem a plataforma que poderia cair em desuso. Diante disso, o foco da aplicação passou a ser a conexão de pessoas no contexto local. “A gente vive em comunidade não só para ajudas emergenciais, mas para qualquer assistência cotidiana”, diz Fontes. A proposta é promover a colaboração no dia a dia, como combinar uma carona ou pedir emprestado uma ferramenta para o vizinho.
Negócio. A startup Nearbee captou cerca de R$ 1 milhão de investidores-anjo e agora está focada no lançamento da plataforma e de novos produtos. Em setembro, a startup passou por um processo de aceleração pela prefeitura de Campinas, que planeja implantar as soluções de segurança na cidade. A estratégia do modelo de negócios adotado pela startup é oferecer gratuitamente o dispositivo e, em contrapartida, o município fica encarregado de fazer campanhas para divulgar o serviço à população.
Por enquanto, o aplicativo Nearbee, que é gratuito, só está disponível em uma versão de teste para dispositivos Android, mas será lançada oficialmente ainda neste mês também para iPhones e iPads.