O conglomerado japonês SoftBank reduziu em quase 80% o valor de mercado da startup indiana de hospedagens Oyo. Segundo a Bloomberg, a companhia, que foi avaliada em US$ 10 bilhões em 2019, agora tem valor estimado em US$ 2,7 bilhões.
Uma das jóias do portfólio do SoftBank, a Oyo agora vale menos do que os investimentos levantados nos últimos anos - segundo a Tracxn, a companhia levantou US$ 3,23 bilhões nos últimos anos. O SoftBank não comentou a informação, enquanto a startup indiana refuta o novo valor atribuído a ela.
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Se confirmada, a reavaliação é mais um indicativo de que o SoftBank passa por um reajuste severo de contas. Nos primeiros seis meses deste ano, a gestora perdeu US$ 50 bilhões, levando à queda de ações do grupo na Bolsa. Internamente, discute-se que há a possibilidade de o grupo japonês ser transformado em companhia fechada, saindo do mercado público de ações, informa a Bloomberg.
Em balanço financeiro apresentado ao mercado em agosto passado, o chefão do SoftBank, Masayoshi Son, pediu desculpas pelo mau desempenho e afirmou que iria reestruturar o Vision Fund. Mais detalhes sobre os próximos passos, no entanto, não foram dados.
Entre os investidores da Oyo estão Sequoia India, Lightspeed Venture Partners India, Airbnb e Microsoft. Porém, o SoftBank detém cerca de 45% da Oyo e teria optado pela redução de valor ao acompanhar de perto dos números da startup.
Além do momento difícil do SoftBank, o movimento de redução de valor de mercado (conhecido como down round) passou a assombrar startups em todo o mundo com as mudanças macroeconômicas, que secaram a disponibilidade de capital de risco. A sueca Klarna, que também está entre as investidas do SoftBank, teve o valor reduzido de US$ 45,6 bilhões para US$ 6,7 bilhões.
Nos últimos anos, o SoftBank foi responsável por investir em empresas em rápida ascensão em todo o mundo, como o Uber, Lyft, WeWork, Nvidia, Didi Global (grupo chinês dono da 99, de viagens de carro), Alibaba. A Oyo era vista como o “unicórnio das hospedagens de baixo custo” e surgiu como um dos grandes nomes daquela geração de empresas de tecnologia.
Em 2020, o SoftBank chegou a injetar US$ 75 milhões nas operações da Oyo na América Latina, incluindo no Brasil. Apenas seis meses depois, em fevereiro de 2021, o conglomerado abandonou a parceria, resultando em demissões e redução de operações.
A Oyo não abre todos seus números. Em comunicado, diz apenas que tem margem de lucro bruto de 41% e registrou aumento de 45% nas receitas de hotel. A companhia, porém, mira uma abertura de capital (IPO) nos próximos meses - e a redução de valor já seria uma preparação para isso. Originalmente, a companhia previa levantar US$ 1,16 bilhão no IPO e atingir avaliação de US$ 12 bilhões.