A Omie, dona de uma plataforma de gestão empresarial, anuncia nesta quarta-feira, 17, a aquisição do banco digital Linker em uma transação no valor de R$ 120 milhões, incluindo um conjunto de ações. Trata-se de mais um passo da startup para combinar serviços financeiros com tarefas de rotina nas empresas, como emissão de notas fiscais e controle de fluxo de caixa – o plano da Omie é incluir um “internet banking” dentro do dia a dia das companhias.
Fundada em 2019 por dois ex-funcionários da Neon, Daniel Benevides e Ingrid Barth, e um ex-Itaú, David Mourão, a Linker tem uma conta digital que permite ao empresário conectar as informações financeiras com sistemas de contabilidade online, gestão de clientes e de pagamento de funcionários.
A fintech atende cerca de 30 mil PMEs e tem parceria com aproximadamente 100 escritórios de contabilidade. Segundo a Linker, entre julho do ano passado e junho de 2021, o volume transacionado na plataforma aumentou 15 vezes – o valor total não é revelado. Com a aquisição, a operação e os funcionários da Linker serão incorporados pela Omie.
“Encontramos na Linker não apenas um produto super bem desenhado, mas também um time de primeira linha e motivado em se juntar à missão de destravar o crescimento das micro, pequenas e médias empresas brasileiras”, disse em comunicado Marcelo Lombardo, cofundador e presidente executivo da Omie.
Unindo-se à Omie, a Linker pretende ampliar sua oferta de serviços aos clientes. “Juntos iremos liderar a transformação da indústria e faremos desaparecer as barreiras entre serviços financeiros e softwares de gestão para que o empreendedor invista seu tempo no que realmente importa", disse Mourão, da Linker, em nota.
‘Fintechzação’
Depois de nomes como Nubank e Neon digitalizarem o bolso de brasileiros nos últimos anos, as finanças de empresas (principalmente de pequeno e médio porte) têm se tornado uma nova fronteira para os bancos digitais”. Além da Linker, outro nome do setor focado em PMEs é a fintech Cora, que recebeu aporte de US$ 116 milhões em agosto.
O nicho também está na mira de startups que agora querem se “fintechzar”, como é o caso da Omie. Fundada em 2013, a empresa ganhou mercado oferecendo sua plataforma de gestão empresarial em nuvem (ou ERP, na sigla em inglês) para facilitar a administração de pequenos negócios. Para restaurantes, por exemplo, o software da startup oferece integração de compras e estoques para reposição de produtos e ajuda a manter os impostos dos itens em dia. Em lojas de atacado e varejo, o sistema também realiza o monitoramento em tempo real das vendas.
A startup tem como nicho principal de atuação a contabilidade: os contadores funcionam como ponte, indicando a plataforma para seus clientes. O serviço custa cerca de R$ 55 mensais para empresas do tipo microempreendedor individual (MEI) – ao todo, a startup já soma 78 mil clientes. Em agosto, a empresa levantou R$ 580 milhões com o grupo japonês SoftBank para fortalecer a parte de serviços financeiros da plataforma, unindo burocracias e atividades bancárias em um lugar só – assim, um lojista poderia, por exemplo, conferir seu fluxo de caixa, realizar um TED e registrar a transferência sem migrar de tela. Em outubro, mirando o mesmo projeto, a Omie levantou uma extensão do aporte com a chinesa Tencent – o valor do cheque não foi divulgado.