A startup Petlove, e-commerce de produtos para cães e gatos, realizou a demissão de 94 pessoas na última segunda-feira, 13. O número é equivalente a cerca de 7% da empresa, que é uma das apostas nos últimos anos para se tornar um “unicórnio” (nome dado a startups que superam a avaliação de mercado de US$ 1 bilhão).
Segundo afirma em nota a companhia, a decisão faz parte de um movimento de reestruturação do negócio, em busca de “rentabilidade e sustentabilidade financeira como seus objetivos de curto prazo”. Sem detalhar, Petlove afirma que fez uma revisão da estrutura de custos e despesas da empresa e realizou a redução e integração de diferentes áreas.
“Apesar de doloroso, enxergamos este processo como necessário para prosseguirmos com nosso sonho de democratizar e simplificar o cuidado com os pets”, declara a Petlove na nota.
Com essas medidas, a Petlove espera que o negócio da companhia cresça em 40% em 2023, em meio ao “cenário macroeconômico desafiador, que tem causado uma desaceleração do consumo e diminuído a disponibilidade de capital externo”.
Demissões nas startups
Ao contrário do período visto até 2021, as empresas de tecnologia vêm sofrendo pressão com a alta dos juros e o cenário inflacionário, que forçam os negócios de startups a se tornar mais eficientes e rentáveis diante de investidores avessos ao risco. Por isso, com objetivo de enxugar custos, demissões tornaram-se comuns em um mercado conhecido por contratar milhares de pessoas para manter o alto ritmo de crescimento.
Segundo levantamento do Estadão, somente no Brasil, cerca de 4 mil demissões em massa foram realizadas entre startups “unicórnios”, clube de elite do mercado que diz respeito a pequenas empresas de tecnologia de capital fechado com avaliação superior a US$ 1 bilhão. Entre as 24 startups nacionais, 20 realizaram grandes cortes com fins de enxugamento de custos.
O quadro, porém, também atinge o mercado de startups de modo geral, sem incluir os unicórnios. A healthtech Alice cortou mais de 170 pessoas até dezembro de 2022, enquanto a Buser enxugou em 30% o pessoal, cerca de 165 funcionários, e a Pier dispensou 111 pessoas. Esses números, no entanto, não compõem o levantamento do Estadão.
Entre as grandes empresas de tecnologia, as demissões somam mais de 85 mil pessoas. Entre as Big Techs, realizaram cortes de milhares de pessoas a Microsoft, Google, Amazon e Meta. / COLABOROU BRUNA ARIMATHEA