Startup Solfácil levanta US$ 100 mi e mira em hardware para ser ‘Alexa da energia solar’


Além de financiamento de painéis solares e de venda de produtos relacionados, companhia aposta em dispositivo inteligente para melhorar eficiência energética

Por Guilherme Guerra
Atualização:

Se comparado a finanças ou a varejo, as startups do setor de energia não estão entre as favoritas para receber cheques volumosos de fundos de investimentos. Mas essa realidade é diferente com a brasileira Solfácil, que anuncia nesta quarta-feira, 11, uma rodada de investimento de US$ 100 milhões — a cifra é uma das mais altas do ano até agora, junto com Neon (US$ 300 milhões), Unico (US$ 100 milhões) e Flash Benefícios (US$ 100 milhões).

Este é o terceiro aporte da Solfácil, que já havia recebido outros US$ 34 milhões em 2020 e 2021. O cheque desta vez foi liderado pelo fundo QED, com participação do SoftBank, VEF e Valor Capital Group — todos esses nomes têm especial atenção ao negócio de fintechs, isto é, das empresas de tecnologia da área de finanças.

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Reunir esse time de investidores não é coincidência: a startup, fundada em 2018, começou o negócio como uma fintech de crédito para bancar a instalação de placas solares nas residências dos usuários. Depois de cravar o score do cliente, a Solfácil desenha um projeto de instalação que seja o mais eficiente possível do ponto de vista energético, analisando quantidade de placas, pontos de incidência solar, sombreamento e posicionamento no telhado dos clientes.

Em 2021, a startup entrou também no segmento de venda de produtos para a instalação dos painéis, com um marketplace para os interessados na área.

Hardware

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Neste ano, como aposta em um terceiro braço, a Solfácil lança um dispositivo que almeja ser o “cérebro” da instalação energética das casas, que funciona como uma “Alexa da energia solar”. Enquanto a assistente da Amazon é responsável por acender e apagar luzes, controlar temperaturas ou abrir e fechar janelas das casas inteligentes, o sistema da Solfácil, que conta com hardware próprio, facilita o monitoramento preventivo dos sistemas elétricos.

“Esse dispositivo é central para nossa visão de longo prazo, porque vai ser o cérebro desses ativos ao redor da energia solar, como placa, inversor, bateria e carregador do carro elétrico. Todos são de marcas diferentes e vão precisar ser gerenciados pelo nosso aparelho”, explica ao Estadão o fundador e atual presidente executivo da Solfácil, Fábio Carrara.

Fábio Carrara é fundador e presidente executivo da Solfácil, startup especializada em energia solar Foto: Paulo Vitale/Solfácil
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O lançamento do dispositivo, desenhado inteiramente pela startup brasileira e montado na China, está marcado para o segundo semestre, depois de ser idealizado ao longo dos três últimos anos. A Solfácil espera, além de vender o dispositivo, reunir dados de consumo dos usuários e permitir que o serviço de pós-venda seja facilitado, já que é possível fazer correções nas instalações à distância, sem exigir deslocamento de técnicos às residências.

O movimento é algo raro para as startups nacionais, que costumam apostar no desenvolvimento de software (como programas e aplicativos) e não hardware. É uma escolha óbvia, já que apps e programas são mais baratos para serem desenvolvidos e escalados. Em meio à escassez mundial de chips, o movimento da Solfácil parece ainda mais ambicioso.

“Fomos afetados pelas dores da cadeia de suprimentos, mas o bom dessa rodada de investimento é que temos capital de giro e estoque para lidar com as incertezas do mercado”, observa Carrara.

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Existe, é claro, um tranquilizador: o segmento de energia solar é um dos que mais crescem no mundo. Em 2021, o Brasil foi o quarto país que mais investiu no setor, adicionando 5,7 GW ao Sistema Interligado Nacional, de acordo com dados da Associação Brasileira de Energia Solar (ABsolar) — à frente, ficaram China (52,9 GW), Estados Unidos (19,9 GW) e Índia (10,3 GW).

Para Diego Lisbona, professor do Centro de Estudos e Regulação em Infraestrutura, da Fundação Getúlio Vargas, o Brasil tem potencial enorme nessa área. “A capital brasileira com o pior índice de insolação é ainda melhor do que a cidade europeia com o melhor ponto de insolação”, observa ele. “É um contexto de expansão muito favorável para nós.”

O professor explica também que uma empresa de financiamento em energia solar sai na frente de rivais com atuação em outros setores. “Existem expertises de financiamento que só uma startup como a Solfácil pode ter. É uma sinergia com o assunto maior do que um grande banco, que apenas abre linhas de crédito”, observa.

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Crédito perde força

Apesar do conhecimento específico no setor, o braço de crédito da Solfácil vem ganhando menos destaque. Segundo Carrara, o aumento mundial dos juros, tornando os empréstimos mais caros, desacelera o setor, o que justifica a diversificação dos produtos da startup.

“Nossas estimativas em crédito são menores do que eram no início de 2022”, comenta Carrara. O executivo afirma que, para contornar isso, a startup vem investindo na plataforma de venda de produtos, cuja margem de lucro é maior, e diminuindo a oferta de crédito. “No entanto, esperamos crescer neste ano, ainda que em condições menores de há alguns meses.”

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Além disso, o fundador confessa que está mais difícil levantar rodadas junto a fundos de investimentos, já que o mercado tem pisado no freio diante da alta dos juros. Ainda assim, nada mudou para a Solfácil: “Quem tem um modelo de negócio de queima intensa de capital para crescer sofre mais nessas condições. A Solfácil não é esse tipo de empresa”, observa Carrara.

Se comparado a finanças ou a varejo, as startups do setor de energia não estão entre as favoritas para receber cheques volumosos de fundos de investimentos. Mas essa realidade é diferente com a brasileira Solfácil, que anuncia nesta quarta-feira, 11, uma rodada de investimento de US$ 100 milhões — a cifra é uma das mais altas do ano até agora, junto com Neon (US$ 300 milhões), Unico (US$ 100 milhões) e Flash Benefícios (US$ 100 milhões).

Este é o terceiro aporte da Solfácil, que já havia recebido outros US$ 34 milhões em 2020 e 2021. O cheque desta vez foi liderado pelo fundo QED, com participação do SoftBank, VEF e Valor Capital Group — todos esses nomes têm especial atenção ao negócio de fintechs, isto é, das empresas de tecnologia da área de finanças.

Reunir esse time de investidores não é coincidência: a startup, fundada em 2018, começou o negócio como uma fintech de crédito para bancar a instalação de placas solares nas residências dos usuários. Depois de cravar o score do cliente, a Solfácil desenha um projeto de instalação que seja o mais eficiente possível do ponto de vista energético, analisando quantidade de placas, pontos de incidência solar, sombreamento e posicionamento no telhado dos clientes.

Em 2021, a startup entrou também no segmento de venda de produtos para a instalação dos painéis, com um marketplace para os interessados na área.

Hardware

Neste ano, como aposta em um terceiro braço, a Solfácil lança um dispositivo que almeja ser o “cérebro” da instalação energética das casas, que funciona como uma “Alexa da energia solar”. Enquanto a assistente da Amazon é responsável por acender e apagar luzes, controlar temperaturas ou abrir e fechar janelas das casas inteligentes, o sistema da Solfácil, que conta com hardware próprio, facilita o monitoramento preventivo dos sistemas elétricos.

“Esse dispositivo é central para nossa visão de longo prazo, porque vai ser o cérebro desses ativos ao redor da energia solar, como placa, inversor, bateria e carregador do carro elétrico. Todos são de marcas diferentes e vão precisar ser gerenciados pelo nosso aparelho”, explica ao Estadão o fundador e atual presidente executivo da Solfácil, Fábio Carrara.

Fábio Carrara é fundador e presidente executivo da Solfácil, startup especializada em energia solar Foto: Paulo Vitale/Solfácil

O lançamento do dispositivo, desenhado inteiramente pela startup brasileira e montado na China, está marcado para o segundo semestre, depois de ser idealizado ao longo dos três últimos anos. A Solfácil espera, além de vender o dispositivo, reunir dados de consumo dos usuários e permitir que o serviço de pós-venda seja facilitado, já que é possível fazer correções nas instalações à distância, sem exigir deslocamento de técnicos às residências.

O movimento é algo raro para as startups nacionais, que costumam apostar no desenvolvimento de software (como programas e aplicativos) e não hardware. É uma escolha óbvia, já que apps e programas são mais baratos para serem desenvolvidos e escalados. Em meio à escassez mundial de chips, o movimento da Solfácil parece ainda mais ambicioso.

“Fomos afetados pelas dores da cadeia de suprimentos, mas o bom dessa rodada de investimento é que temos capital de giro e estoque para lidar com as incertezas do mercado”, observa Carrara.

Existe, é claro, um tranquilizador: o segmento de energia solar é um dos que mais crescem no mundo. Em 2021, o Brasil foi o quarto país que mais investiu no setor, adicionando 5,7 GW ao Sistema Interligado Nacional, de acordo com dados da Associação Brasileira de Energia Solar (ABsolar) — à frente, ficaram China (52,9 GW), Estados Unidos (19,9 GW) e Índia (10,3 GW).

Para Diego Lisbona, professor do Centro de Estudos e Regulação em Infraestrutura, da Fundação Getúlio Vargas, o Brasil tem potencial enorme nessa área. “A capital brasileira com o pior índice de insolação é ainda melhor do que a cidade europeia com o melhor ponto de insolação”, observa ele. “É um contexto de expansão muito favorável para nós.”

O professor explica também que uma empresa de financiamento em energia solar sai na frente de rivais com atuação em outros setores. “Existem expertises de financiamento que só uma startup como a Solfácil pode ter. É uma sinergia com o assunto maior do que um grande banco, que apenas abre linhas de crédito”, observa.

Crédito perde força

Apesar do conhecimento específico no setor, o braço de crédito da Solfácil vem ganhando menos destaque. Segundo Carrara, o aumento mundial dos juros, tornando os empréstimos mais caros, desacelera o setor, o que justifica a diversificação dos produtos da startup.

“Nossas estimativas em crédito são menores do que eram no início de 2022”, comenta Carrara. O executivo afirma que, para contornar isso, a startup vem investindo na plataforma de venda de produtos, cuja margem de lucro é maior, e diminuindo a oferta de crédito. “No entanto, esperamos crescer neste ano, ainda que em condições menores de há alguns meses.”

Além disso, o fundador confessa que está mais difícil levantar rodadas junto a fundos de investimentos, já que o mercado tem pisado no freio diante da alta dos juros. Ainda assim, nada mudou para a Solfácil: “Quem tem um modelo de negócio de queima intensa de capital para crescer sofre mais nessas condições. A Solfácil não é esse tipo de empresa”, observa Carrara.

Se comparado a finanças ou a varejo, as startups do setor de energia não estão entre as favoritas para receber cheques volumosos de fundos de investimentos. Mas essa realidade é diferente com a brasileira Solfácil, que anuncia nesta quarta-feira, 11, uma rodada de investimento de US$ 100 milhões — a cifra é uma das mais altas do ano até agora, junto com Neon (US$ 300 milhões), Unico (US$ 100 milhões) e Flash Benefícios (US$ 100 milhões).

Este é o terceiro aporte da Solfácil, que já havia recebido outros US$ 34 milhões em 2020 e 2021. O cheque desta vez foi liderado pelo fundo QED, com participação do SoftBank, VEF e Valor Capital Group — todos esses nomes têm especial atenção ao negócio de fintechs, isto é, das empresas de tecnologia da área de finanças.

Reunir esse time de investidores não é coincidência: a startup, fundada em 2018, começou o negócio como uma fintech de crédito para bancar a instalação de placas solares nas residências dos usuários. Depois de cravar o score do cliente, a Solfácil desenha um projeto de instalação que seja o mais eficiente possível do ponto de vista energético, analisando quantidade de placas, pontos de incidência solar, sombreamento e posicionamento no telhado dos clientes.

Em 2021, a startup entrou também no segmento de venda de produtos para a instalação dos painéis, com um marketplace para os interessados na área.

Hardware

Neste ano, como aposta em um terceiro braço, a Solfácil lança um dispositivo que almeja ser o “cérebro” da instalação energética das casas, que funciona como uma “Alexa da energia solar”. Enquanto a assistente da Amazon é responsável por acender e apagar luzes, controlar temperaturas ou abrir e fechar janelas das casas inteligentes, o sistema da Solfácil, que conta com hardware próprio, facilita o monitoramento preventivo dos sistemas elétricos.

“Esse dispositivo é central para nossa visão de longo prazo, porque vai ser o cérebro desses ativos ao redor da energia solar, como placa, inversor, bateria e carregador do carro elétrico. Todos são de marcas diferentes e vão precisar ser gerenciados pelo nosso aparelho”, explica ao Estadão o fundador e atual presidente executivo da Solfácil, Fábio Carrara.

Fábio Carrara é fundador e presidente executivo da Solfácil, startup especializada em energia solar Foto: Paulo Vitale/Solfácil

O lançamento do dispositivo, desenhado inteiramente pela startup brasileira e montado na China, está marcado para o segundo semestre, depois de ser idealizado ao longo dos três últimos anos. A Solfácil espera, além de vender o dispositivo, reunir dados de consumo dos usuários e permitir que o serviço de pós-venda seja facilitado, já que é possível fazer correções nas instalações à distância, sem exigir deslocamento de técnicos às residências.

O movimento é algo raro para as startups nacionais, que costumam apostar no desenvolvimento de software (como programas e aplicativos) e não hardware. É uma escolha óbvia, já que apps e programas são mais baratos para serem desenvolvidos e escalados. Em meio à escassez mundial de chips, o movimento da Solfácil parece ainda mais ambicioso.

“Fomos afetados pelas dores da cadeia de suprimentos, mas o bom dessa rodada de investimento é que temos capital de giro e estoque para lidar com as incertezas do mercado”, observa Carrara.

Existe, é claro, um tranquilizador: o segmento de energia solar é um dos que mais crescem no mundo. Em 2021, o Brasil foi o quarto país que mais investiu no setor, adicionando 5,7 GW ao Sistema Interligado Nacional, de acordo com dados da Associação Brasileira de Energia Solar (ABsolar) — à frente, ficaram China (52,9 GW), Estados Unidos (19,9 GW) e Índia (10,3 GW).

Para Diego Lisbona, professor do Centro de Estudos e Regulação em Infraestrutura, da Fundação Getúlio Vargas, o Brasil tem potencial enorme nessa área. “A capital brasileira com o pior índice de insolação é ainda melhor do que a cidade europeia com o melhor ponto de insolação”, observa ele. “É um contexto de expansão muito favorável para nós.”

O professor explica também que uma empresa de financiamento em energia solar sai na frente de rivais com atuação em outros setores. “Existem expertises de financiamento que só uma startup como a Solfácil pode ter. É uma sinergia com o assunto maior do que um grande banco, que apenas abre linhas de crédito”, observa.

Crédito perde força

Apesar do conhecimento específico no setor, o braço de crédito da Solfácil vem ganhando menos destaque. Segundo Carrara, o aumento mundial dos juros, tornando os empréstimos mais caros, desacelera o setor, o que justifica a diversificação dos produtos da startup.

“Nossas estimativas em crédito são menores do que eram no início de 2022”, comenta Carrara. O executivo afirma que, para contornar isso, a startup vem investindo na plataforma de venda de produtos, cuja margem de lucro é maior, e diminuindo a oferta de crédito. “No entanto, esperamos crescer neste ano, ainda que em condições menores de há alguns meses.”

Além disso, o fundador confessa que está mais difícil levantar rodadas junto a fundos de investimentos, já que o mercado tem pisado no freio diante da alta dos juros. Ainda assim, nada mudou para a Solfácil: “Quem tem um modelo de negócio de queima intensa de capital para crescer sofre mais nessas condições. A Solfácil não é esse tipo de empresa”, observa Carrara.

Se comparado a finanças ou a varejo, as startups do setor de energia não estão entre as favoritas para receber cheques volumosos de fundos de investimentos. Mas essa realidade é diferente com a brasileira Solfácil, que anuncia nesta quarta-feira, 11, uma rodada de investimento de US$ 100 milhões — a cifra é uma das mais altas do ano até agora, junto com Neon (US$ 300 milhões), Unico (US$ 100 milhões) e Flash Benefícios (US$ 100 milhões).

Este é o terceiro aporte da Solfácil, que já havia recebido outros US$ 34 milhões em 2020 e 2021. O cheque desta vez foi liderado pelo fundo QED, com participação do SoftBank, VEF e Valor Capital Group — todos esses nomes têm especial atenção ao negócio de fintechs, isto é, das empresas de tecnologia da área de finanças.

Reunir esse time de investidores não é coincidência: a startup, fundada em 2018, começou o negócio como uma fintech de crédito para bancar a instalação de placas solares nas residências dos usuários. Depois de cravar o score do cliente, a Solfácil desenha um projeto de instalação que seja o mais eficiente possível do ponto de vista energético, analisando quantidade de placas, pontos de incidência solar, sombreamento e posicionamento no telhado dos clientes.

Em 2021, a startup entrou também no segmento de venda de produtos para a instalação dos painéis, com um marketplace para os interessados na área.

Hardware

Neste ano, como aposta em um terceiro braço, a Solfácil lança um dispositivo que almeja ser o “cérebro” da instalação energética das casas, que funciona como uma “Alexa da energia solar”. Enquanto a assistente da Amazon é responsável por acender e apagar luzes, controlar temperaturas ou abrir e fechar janelas das casas inteligentes, o sistema da Solfácil, que conta com hardware próprio, facilita o monitoramento preventivo dos sistemas elétricos.

“Esse dispositivo é central para nossa visão de longo prazo, porque vai ser o cérebro desses ativos ao redor da energia solar, como placa, inversor, bateria e carregador do carro elétrico. Todos são de marcas diferentes e vão precisar ser gerenciados pelo nosso aparelho”, explica ao Estadão o fundador e atual presidente executivo da Solfácil, Fábio Carrara.

Fábio Carrara é fundador e presidente executivo da Solfácil, startup especializada em energia solar Foto: Paulo Vitale/Solfácil

O lançamento do dispositivo, desenhado inteiramente pela startup brasileira e montado na China, está marcado para o segundo semestre, depois de ser idealizado ao longo dos três últimos anos. A Solfácil espera, além de vender o dispositivo, reunir dados de consumo dos usuários e permitir que o serviço de pós-venda seja facilitado, já que é possível fazer correções nas instalações à distância, sem exigir deslocamento de técnicos às residências.

O movimento é algo raro para as startups nacionais, que costumam apostar no desenvolvimento de software (como programas e aplicativos) e não hardware. É uma escolha óbvia, já que apps e programas são mais baratos para serem desenvolvidos e escalados. Em meio à escassez mundial de chips, o movimento da Solfácil parece ainda mais ambicioso.

“Fomos afetados pelas dores da cadeia de suprimentos, mas o bom dessa rodada de investimento é que temos capital de giro e estoque para lidar com as incertezas do mercado”, observa Carrara.

Existe, é claro, um tranquilizador: o segmento de energia solar é um dos que mais crescem no mundo. Em 2021, o Brasil foi o quarto país que mais investiu no setor, adicionando 5,7 GW ao Sistema Interligado Nacional, de acordo com dados da Associação Brasileira de Energia Solar (ABsolar) — à frente, ficaram China (52,9 GW), Estados Unidos (19,9 GW) e Índia (10,3 GW).

Para Diego Lisbona, professor do Centro de Estudos e Regulação em Infraestrutura, da Fundação Getúlio Vargas, o Brasil tem potencial enorme nessa área. “A capital brasileira com o pior índice de insolação é ainda melhor do que a cidade europeia com o melhor ponto de insolação”, observa ele. “É um contexto de expansão muito favorável para nós.”

O professor explica também que uma empresa de financiamento em energia solar sai na frente de rivais com atuação em outros setores. “Existem expertises de financiamento que só uma startup como a Solfácil pode ter. É uma sinergia com o assunto maior do que um grande banco, que apenas abre linhas de crédito”, observa.

Crédito perde força

Apesar do conhecimento específico no setor, o braço de crédito da Solfácil vem ganhando menos destaque. Segundo Carrara, o aumento mundial dos juros, tornando os empréstimos mais caros, desacelera o setor, o que justifica a diversificação dos produtos da startup.

“Nossas estimativas em crédito são menores do que eram no início de 2022”, comenta Carrara. O executivo afirma que, para contornar isso, a startup vem investindo na plataforma de venda de produtos, cuja margem de lucro é maior, e diminuindo a oferta de crédito. “No entanto, esperamos crescer neste ano, ainda que em condições menores de há alguns meses.”

Além disso, o fundador confessa que está mais difícil levantar rodadas junto a fundos de investimentos, já que o mercado tem pisado no freio diante da alta dos juros. Ainda assim, nada mudou para a Solfácil: “Quem tem um modelo de negócio de queima intensa de capital para crescer sofre mais nessas condições. A Solfácil não é esse tipo de empresa”, observa Carrara.

Se comparado a finanças ou a varejo, as startups do setor de energia não estão entre as favoritas para receber cheques volumosos de fundos de investimentos. Mas essa realidade é diferente com a brasileira Solfácil, que anuncia nesta quarta-feira, 11, uma rodada de investimento de US$ 100 milhões — a cifra é uma das mais altas do ano até agora, junto com Neon (US$ 300 milhões), Unico (US$ 100 milhões) e Flash Benefícios (US$ 100 milhões).

Este é o terceiro aporte da Solfácil, que já havia recebido outros US$ 34 milhões em 2020 e 2021. O cheque desta vez foi liderado pelo fundo QED, com participação do SoftBank, VEF e Valor Capital Group — todos esses nomes têm especial atenção ao negócio de fintechs, isto é, das empresas de tecnologia da área de finanças.

Reunir esse time de investidores não é coincidência: a startup, fundada em 2018, começou o negócio como uma fintech de crédito para bancar a instalação de placas solares nas residências dos usuários. Depois de cravar o score do cliente, a Solfácil desenha um projeto de instalação que seja o mais eficiente possível do ponto de vista energético, analisando quantidade de placas, pontos de incidência solar, sombreamento e posicionamento no telhado dos clientes.

Em 2021, a startup entrou também no segmento de venda de produtos para a instalação dos painéis, com um marketplace para os interessados na área.

Hardware

Neste ano, como aposta em um terceiro braço, a Solfácil lança um dispositivo que almeja ser o “cérebro” da instalação energética das casas, que funciona como uma “Alexa da energia solar”. Enquanto a assistente da Amazon é responsável por acender e apagar luzes, controlar temperaturas ou abrir e fechar janelas das casas inteligentes, o sistema da Solfácil, que conta com hardware próprio, facilita o monitoramento preventivo dos sistemas elétricos.

“Esse dispositivo é central para nossa visão de longo prazo, porque vai ser o cérebro desses ativos ao redor da energia solar, como placa, inversor, bateria e carregador do carro elétrico. Todos são de marcas diferentes e vão precisar ser gerenciados pelo nosso aparelho”, explica ao Estadão o fundador e atual presidente executivo da Solfácil, Fábio Carrara.

Fábio Carrara é fundador e presidente executivo da Solfácil, startup especializada em energia solar Foto: Paulo Vitale/Solfácil

O lançamento do dispositivo, desenhado inteiramente pela startup brasileira e montado na China, está marcado para o segundo semestre, depois de ser idealizado ao longo dos três últimos anos. A Solfácil espera, além de vender o dispositivo, reunir dados de consumo dos usuários e permitir que o serviço de pós-venda seja facilitado, já que é possível fazer correções nas instalações à distância, sem exigir deslocamento de técnicos às residências.

O movimento é algo raro para as startups nacionais, que costumam apostar no desenvolvimento de software (como programas e aplicativos) e não hardware. É uma escolha óbvia, já que apps e programas são mais baratos para serem desenvolvidos e escalados. Em meio à escassez mundial de chips, o movimento da Solfácil parece ainda mais ambicioso.

“Fomos afetados pelas dores da cadeia de suprimentos, mas o bom dessa rodada de investimento é que temos capital de giro e estoque para lidar com as incertezas do mercado”, observa Carrara.

Existe, é claro, um tranquilizador: o segmento de energia solar é um dos que mais crescem no mundo. Em 2021, o Brasil foi o quarto país que mais investiu no setor, adicionando 5,7 GW ao Sistema Interligado Nacional, de acordo com dados da Associação Brasileira de Energia Solar (ABsolar) — à frente, ficaram China (52,9 GW), Estados Unidos (19,9 GW) e Índia (10,3 GW).

Para Diego Lisbona, professor do Centro de Estudos e Regulação em Infraestrutura, da Fundação Getúlio Vargas, o Brasil tem potencial enorme nessa área. “A capital brasileira com o pior índice de insolação é ainda melhor do que a cidade europeia com o melhor ponto de insolação”, observa ele. “É um contexto de expansão muito favorável para nós.”

O professor explica também que uma empresa de financiamento em energia solar sai na frente de rivais com atuação em outros setores. “Existem expertises de financiamento que só uma startup como a Solfácil pode ter. É uma sinergia com o assunto maior do que um grande banco, que apenas abre linhas de crédito”, observa.

Crédito perde força

Apesar do conhecimento específico no setor, o braço de crédito da Solfácil vem ganhando menos destaque. Segundo Carrara, o aumento mundial dos juros, tornando os empréstimos mais caros, desacelera o setor, o que justifica a diversificação dos produtos da startup.

“Nossas estimativas em crédito são menores do que eram no início de 2022”, comenta Carrara. O executivo afirma que, para contornar isso, a startup vem investindo na plataforma de venda de produtos, cuja margem de lucro é maior, e diminuindo a oferta de crédito. “No entanto, esperamos crescer neste ano, ainda que em condições menores de há alguns meses.”

Além disso, o fundador confessa que está mais difícil levantar rodadas junto a fundos de investimentos, já que o mercado tem pisado no freio diante da alta dos juros. Ainda assim, nada mudou para a Solfácil: “Quem tem um modelo de negócio de queima intensa de capital para crescer sofre mais nessas condições. A Solfácil não é esse tipo de empresa”, observa Carrara.

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