A startup Zak, de gestão de restaurantes, demitiu cerca de 40% do quadro de funcionários da companhia na manhã desta sexta-feira, 13, segundo apurou o Estadão. A Zak não quis confirmar o número de demitidos, mas, internamente, fala-se em cerca de 100 demitidos, cortados da empresa em uma reunião por videoconferência,
Uma planilha com os nomes dos trabalhadores cortados circula na internet. De acordo com o documento, pessoas das áreas de vendas, marketing, produto e experiência do consumidor foram demitidas. A maior parte delas reside em São Paulo, cidade em que a startup atua.
A Zak nasceu em 2018, com o intuito de ser o “cérebro” da gestão de restaurantes: o modelo de negócio inclui gerenciar caixa, otimizar operações e digitalizar tarefas em uma única plataforma. Entre os principais clientes estão as redes Ráscal e Z.Deli.
O modelo é inspirado na americana Toast, tida como um sucesso na área de digitalização de bares e restaurantes. Foi nela que os fundadores David Grandes, Andres Andrades e Marina Lima se inspiraram, após se aventurarem pela startup Mimic, especializada em dark kitchens (cozinhas construídas para atender a pedidos de delivery).
Em 2021, a Zak levantou US$ 15 milhões em rodada liderada pelo fundo de investimento Tiger Global, com participação do Valor Capital, Monashees, Base 10 e Canary — todos “carimbados” pelo mercado de inovação. À época, a companhia possuía 170 funcionários e pretendia dobrar a equipe com o aporte recém-anunciado.
A Zak justifica que os cortes se devem ao mau momento financeiro pelo qual a startup passa e ao cenário macroeconômico adverso.
Em nota ao Estadão, a companhia declara: “Nos adaptamos para seguir com a nossa missão de empoderar restaurantes, mas precisamos nos reestruturar e reorganizar a nossa operação por meio da decisão mais difícil de todas: reduzir o nosso time. Estamos comprometidos a apoiar todos os colaboradores afetados e reiteramos que esta decisão foi tomada com extremo cuidado e ponderação, e como último recurso.”
Ano difícil para startups
A Zak é a quinta startup brasileira a realizar cortes neste ano.
Em março, o ‘unicórnio’ QuintoAndar (avaliado em US$ 5,1 bilhões) dispensou 160 funcionários da startup. O movimento aconteceu logo após a startup acertar um acordo milionário para patrocinar o Big Brother Brasil 2022.
Além dele, a rival Loft demitiu 159 pessoas, seguida pela Facily, do ramo de compras coletivas, que cortou entre 300 e 400 pessoas (além de eliminar terceirizados). Antes delas, a LivUp, de marmitas saudáveis congeladas, cortou 15% do quadro em fevereiro.
Demissões em massas não são exclusividade brasileira. Elas foram realizadas por companhias em todo o mundo, também pressionadas pelo cenário macroeconômico de alta dos juros, o que torna caro levantar novas rodadas de investimento, e inflação persistente, que sufocam o bolso do consumidor.
Segundo especialistas ouvidos pelo Estadão, a tendência do novo cenário é surgir menos “unicórnios” (startups raras avaliadas em US$ 1 bilhão pelo mercado), cheques de fundos de investimento se tornarem mais raros e, em casos mais extremos, as “downrounds”, quando uma empresa é reavaliada para baixo, perdendo milhões de dólares em valuation.