Startups demitem no Brasil após período de crescimento; veja os casos


Lista inclui pelo menos 18 ‘unicórnios’, empresas avaliadas em US$ 1 bilhão, que foram atingidas pela recessão nos investimentos

Por Ana Carolina Cipriano
Atualização:

Desde o mês de abril de 2022, startups brasileiras e estrangeiras com operações no País vêm experimentando um período adverso em relação a investimentos. A situação é resultado da crise global macroeconômica com a alta global dos preços, situação agravada pela guerra na Ucrânia, sendo o principal desafio das empresas de tecnologia, já em 2023, o cenário inflacionário.

Acostumadas com investimentos pesados, a desaceleração no setor fez com que muitas empresas do ramo da tecnologia, incluindo os “unicórnios” (as raras startups com avaliação superior a US$ 1 bilhão), tomassem a decisão de reduzir gastos para controlar a situação internamente. Muitas dessas medidas foram traduzidas em extensas demissões no quadro geral de funcionários para se reorganizar internamente.

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Uma reportagem publicada pelo Estadão no início de maio de 2022 mostra que o ecossistema de inovação no Brasil vem sentindo a desaceleração mundial no mercado de investimentos. Segundo dados reunidos na matéria a partir de um levantamento da plataforma de inovação aberta Sling Hub, os aportes na América Latina recuaram 35% em abril em comparação ao mesmo período de 2021.

Startups fazem demissões com crise econômica global Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Especialistas ouvidos dizem que a tendência é que surjam menos “unicórnios” e que os “downrounds”, processo em que uma empresa é reavaliada para baixo, sejam mais frequentes durante a crise.

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Relembre quais foram as empresas de tecnologia brasileiras e com unidades no Brasil que anunciaram desligamentos no quadro de funcionários nos últimos meses:

Liv Up

Em fevereiro de 2022, a Liv Up foi a primeira startup a anunciar um corte de 15% em seu quadro de colaboradores, o equivalente a aproximadamente 100 pessoas. Segundo apuração do site Startups, a foodtech confirmou que passa por uma reestruturação que visa a focar em áreas estratégicas da empresa.

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O anúncio dos desligamentos veio cinco meses após a startup anunciar em setembro de 2021 que recebeu um aporte de R$ 50 milhões da Global Ventures, como foi publicado pelo Estadão no ano passado. Na época, esse valor juntou-se aos outros R$ 180 milhões, resultado de uma rodada anunciada em junho do mesmo ano. Nesse período, a empresa, que atua no setor de alimentos saudáveis e orgânicos, afirmou ao Estadão que seguiria com um portfólio focado em expansão.

QuintoAndar

Uma das primeiras startups brasileiras a anunciar demissões foi o “unicórnio” QuintoAndar. A empresa de compra, venda e aluguel de imóveis anunciou no dia 12 de abril de 2022 um corte de 4% (160 pessoas) de um quadro de funcionários composto por 4 mil funcionários. A plataforma afirmou ao Estadão que os cortes atingiram 4% dos colaboradores. Os desligamentos afetaram as áreas de tecnologia, marketing e Recursos Humanos.

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Após patrocínio milionário no início do ano no reality show Big Brother Brasil 22, com valores que flutuam entre R$ 12 milhões e R$ 92 milhões, o QuintoAndar afirmou na época da reportagem que, no primeiro trimestre de 2022, a plataforma cresceu 30% em relação ao quarto trimestre de 2021. No entanto, segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança, em fevereiro do mesmo ano, o setor teve queda de 20% em relação a janeiro.

Loft

No dia 18 de abril de 2022, a plataforma de compra, reforma e venda de imóveis Loft demitiu 159 funcionários das áreas comercial e operacional. A empresa remanejou outras 52 pessoas e afirmou que a mudança no quadro de funcionários fez parte de um plano de consolidação da área de crédito da empresa.

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Os cortes acontecem oito meses após a compra da startup de crédito imobiliário CrediHome. Ao Estadão, o fundador da Loft, Mate Pencz, disse que não tinham outros desligamentos planejados e que a única coisa que estava sendo reorganizada era a área de crédito. Apesar disso, em 5 de julho, a startup voltou a fazer demissões no País. Desta vez, em maior número: na segunda rodada de desligamentos, 384 funcionários foram demitidos.

Uma 3ª onda de cortes atingiu a Loft no dia 7 de dezembro, resultando na demissão de mais 312 funcionários. Em comunicado, a empresa “agradece a dedicação dos colaboradores desligados e está empenhada em ajudar no que for possível para a sua recolocação no mercado”. Ao todo, foram 855 pessoas demitidas em 2022.

Ainda, a startup dispensou 340 funcionários (cerca de 15% de um quadro de 2,2 mil pessoas) em março de 2023, alegando que o movimento visava adequar os gastos e as contas da empresa diante do cenário econômico. Trata-se da quarta rodada de demissões em massa da companhia, que já soma mais de 1.195 demitidos desde abril de 2022.

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Facily

Entre 18 e 19 abril de 2022, a startup que atua como hipermercado digital anunciou um corte de 60% na folha de pagamento, que afetou entre 300 e 400 funcionários. Os cortes também atingiram funcionários terceirizados, como a startup parceira i9 Xperience Center, que teve cerca de 900 funcionários desligados.

Pouco tempo após sua fundação, a empresa atingiu o status de “unicórnio” e, entre novembro e dezembro de 2021, levantou US$ 385 milhões, ficando atrás apenas de nomes da tecnologia como Nubank, Loft, QuintoAndar e Ebanx em capital recebido de fundos de investimento. Os ex-funcionários ouvidos pelo Estadão disseram que a empresa demonstrava sinais de despreparo para o novo momento e que a startup enfrentava sobrecarga nos sistemas de pagamentos, desencontros de informações e problemas nas cadeias logísticas, além de reclamações de clientes.

Em 2021, os clientes também sentiram os problemas internos da plataforma e a empresa acabou tornando-se líder no ranking do Procon-SP, com 211 mil reclamações.

Zak

No dia 13 de maio, a Zak demitiu cerca de 40% do quadro de funcionários. Na época, a empresa não confirmou o número de desligamentos, mas, segundo apuração do Estadão, os cortes atingiram cerca de 100 pessoas das áreas de vendas, marketing, produto e experiência do consumidor. Em nota, a Zak afirmou que a decisão se deu devido ao mau momento financeiro pelo qual a startup passa e ao cenário macroeconômico adverso.

Em 2021, a empresa, que tem como objetivo otimizar operações e digitalizar tarefas de restaurantes em uma única plataforma, levantou US$ 15 milhões em uma rodada liderada pelo fundo de investimento Tiger Global.

Olist

No dia 23 de maio, foi a vez de a startup especializada em comércio eletrônico Olist demitir cerca de 150 funcionários das áreas de tecnologia, negócio e produto. O número não foi confirmado pelo fundador da empresa, Tiago Dalvi, que contava com 1,4 mil funcionários e planejava 300 contratações para este ano.

A Olist tornou-se um “unicórnio” em dezembro de 2021, com um aporte de US$ 186 milhões. Entretanto, assim como outras startups com grandes investimentos, a empresa não deixou de ser atingida por cortes.

Na época dos anúncios de desligamentos, o executivo da Olist disse ao Estadão que a empresa vem realizando ajustes constantes desde 2015. Ele afirmou ainda que a receita da startup cresceu 3,5 vezes em 2021 na comparação com 2020.

Uma segunda rodada de cortes aconteceu em 30 de janeiro de 2023. Também sem confirmar a quantidade de pessoas atingidas, a startup abandonou o tom cauteloso de 2022 e declarou: “Hoje, há bastante certeza sobre o mercado árido de 2023″, diz Dalvi.

Vtex

No dia 26 de maio, o “unicórnio” brasileiro Vtex anunciou demissões em massa que atingiram 193 pessoas das áreas de produto, experiência do usuário, design, engenharia e growth. O corte aconteceu logo após o Vtex Day, evento que contou com a presença do piloto de Fórmula 1 Lewis Hamilton.

Em comunicado oficial, a startup disse que “a decisão de reduzir nossa força de trabalho foi tomada como um julgamento estratégico sobre qual estrutura organizacional pode entregar nossas prioridades ajustadas e alinhadas a esse ciclo orientado a crescimento com eficiência.”

No segundo semestre de 2021, a Vtex abriu capital na Bolsa dos Estados Unidos e levantou US$ 360 milhões no IPO, mas em 2022, a empresa teve seu valor de mercado reduzido para US$ 815 milhões, devido às oscilações no mercado de ações.

2TM e Mercado Bitcoin

O grupo dono do Mercado Bitcoin, avaliado em US$ 2,1 bilhões, anunciou em 1º de junho a demissão de aproximadamente 90 pessoas de um quadro de 750 funcionários. A empresa afirmou em um comunicado que a decisão tinha relação com a mudança do cenário financeiro global, além da perda de valor das criptomoedas nos últimos seis meses.

A empresa alcançou um valor alto de mercado após receber um aporte do SoftBank, um dos maiores investidores de startups no Brasil, de US$ 200 milhões em julho de 2021, mas não deixou de sentir as oscilações do mercado.

No dia 1º de setembro, outra onda de demissões atingiu o Mercado Bitcoin, que demitiu mais 100 funcionários, que, segundo a própria empresa, representou 15% da equipe total de empregados. Em nota, a startup explicou o motivo dos novos cortes: “Os desafios impostos pela economia global vêm afetando os segmentos de inovação em todo o mundo. A adversidade na economia prossegue, e o ambiente competitivo continua deteriorado e desleal, sem a aprovação do Marco Legal dos Criptoativos, com os players que seguem as leis penalizados frente às empresas que ignoram as regras locais.”

Ao todo, em 2022, 190 pessoas foram demitidas do Mercado Bitcoin.

Sanar

Em junho, foi a vez da plataforma de estudos baiana para profissionais da área de saúde se juntar à série de demissões no setor das startups.

Com 13% do quadro de funcionários demitido, a empresa realizou cortes nas áreas de branding, design, vídeos, marketing, recrutamento e comunicação. Segundo fontes ouvidas pela reportagem do Estadão, a startup sempre seguiu uma política de transparência com os colaboradores, que foram pegos de surpresa pelo anúncio.

Kavak

A empresa mexicana Kavak, focada em simplificar a compra e venda de automóveis seminovos, demitiu, desde março, cerca de 300 funcionários, como foi publicado pelo Estadão entre 08 e 14 de junho.

A startup foi procurada pelo Estadão, mas preferiu não dar detalhes sobre o corte. Segundo ex-funcionários, a justificativa das demissões foi a de que a empresa não tinha mais demanda de trabalho para todos.

As operações da Kavak acabaram encontrando cenários adversos no Brasil. De acordo com dados da Federação Nacional Distribuição Veículos Automotores (Fenabrave), a crise global de investimentos em startups somou-se ao encolhimento na venda de automóveis no país em 2022.

Com operações no México, na Argentina e no Brasil, a empresa atingiu avaliação de US$ 8,7 bilhões, cifra que a transformou na maior startup de capital fechado na América Latina. O “unicórnio” mexicano chegou ao Brasil com a intenção de investir R$ 2,5 bilhões no País.

Sami

Em meados de junho, a startup de planos de saúde digitais Sami anunciou o desligamento de 75 pessoas, o que equivale a 15% do quadro total de funcionários. Ao Estadão/Broadcast, fontes afirmaram que demissões foram motivadas pelo “crescimento desordenado” do time, que contratou 300 novos colaboradores entre janeiro e maio. Na semana anterior às demissões, a Sami afirmou ao Estadão que tinha aumentado o quadro de funcionários de forma saudável de 15 para 566 pessoas em dois anos.

Frubana

A startup colombiana Frubana, de atacado de produtos para restaurantes e bares, demitiu 26 funcionários envolvidos com a operação da empresa no Brasil em 14 de junho - a companhia confirmou a informação ao Estadão em comunicado. Os cortes atingiram as áreas de Recursos Humanos e operações — cerca de 2% da startup, que tem 1,8 mil funcionários contratados no Brasil.

A companhia aponta que “a decisão faz parte de um ajuste pontual na estratégia de crescimento da marca, que segue investindo fortemente em sua operação no País e tem a ambição de dobrar de tamanho nos próximos 12 meses”, afirma em nota à reportagem.

Antes das demissões, a startup já havia cortado benefícios de funcionários, como Gympass (plano de mensalidade de academias), bem como foram revistos os planos para o Brasil no ano de 2022. de acordo com ex-funcionários, a Frubana seguia um ritmo de contratação acelerado até maio de 2022.

Ebanx

O Ebanx foi mais um unicórnio a fazer cortes no meio de 2022. A startup de sistemas de pagamentos internacionais demitiu 340 funcionários no dia 21 de junho — o equivalente a 20% do quadro de 1,7 mil pessoas. A informação foi confirmada pela companhia ao Estadão.

Segundo o Ebanx, os demitidos receberão um pacote de benefícios que inclui valores adicionais e extensão do plano de saúde, além do computador de trabalho. Segundo os ex-funcionários, foram prometidas a extensão de até 1 mês do vale-alimentação e de até 3 meses do plano de saúde.

O corte profundo no Ebanx é um dos mais duros golpes no ambiente de inovação do País — além do número alto, o Ebanx é o “unicórnio” (startup avaliada em US$ 1 bilhão) nacional com a maior pegada internacionacional entre os afetados. A empresa processa pagamentos internacionais em 15 países da América Latina. Entre os parceiros estão Spotify, AliExpress, Shein, Shopee e Wish.

Zenklub

Acompanhando o momento de apreensão entre as startups brasileiras, no dia 28 de junho, o Zenklub, startup de serviços de bem-estar e saúde emocional, demitiu cerca de 40 pessoas, segundo ex-funcionários. A informação dos cortes foi confirmada pela empresa ao Estadão em nota: “O Zenklub realizou o desligamento de um grupo de colaboradores que ocupavam posições específicas. A decisão faz parte de um ajuste na estratégia da empresa visando a sustentabilidade e o crescimento do negócio”. A startup, porém, não confirmou o número de pessoas afetadas.

Entre os ex-funcionários ouvidos pela reportagem, comenta-se que o corte atingiu áreas como produto, experiência do cliente, vendas e Recursos Humanos. As informações, porém, não são confirmadas pela empresa, que diz ter feito o desligamento de “um grupo de colaboradores que ocupavam posições específicas”.

iFood

No final de junho, o iFood dispensou parte da equipe de recrutamento de talentos após desacelerar o preenchimento de vagas em tecnologia. Segundo apurou o Estadão, ao menos 20 pessoas foram demitidas, em um movimento que indica que a companhia pisou no freio.

O iFood confirmou os desligamentos em nota para a reportagem: “O iFood está reestruturando algumas áreas, em busca de maior eficiência e foco para o seu negócio. Infelizmente o processo de priorização e de revisão levou ao desligamento de algumas pessoas e à desaceleração de novas contratações. Se antes o nosso time de recrutamento trazia mais de 200 pessoas por mês para a empresa, hoje esse número caiu pela metade".

Em 1º de março de 2023, a empresa promoveu uma nova onda de demissões, cortando do quadro de funcionários 355 pessoas, de acordo com a apuração do Estadão. Para a reportagem, a startup explicou, em nota, que o motivo para as demissões teria sido o momento econômico: “[...] O atual cenário econômico mundial tem exigido das empresas ações imediatas na busca por novas rotas para enfrentar essas adversidades”.

Shopee

A Shopee, plataforma de compras, ao final de junho, demitiu cerca de 50 pessoas. A startup é originária de Singapura e tem funcionários em vários países, e os cortes, apesar de terem sido em escala global, de acordo com a empresa, não atingiram o Brasil, apenas os países vizinhos Chile, México e Colômbia.

Recentemente, a empresa já havia restringido o frete grátis no Brasil e, segundo apurou o Estadão, com as demissões internas acontecendo, a Shopee também teria realizado cortes de aproximadamente 100 prestadores de serviço temporários que trabalhavam em um centro de distribuição de Barueri, porém a startup negou essa informação e explicou: “A Shopee contratou 180 profissionais como colaboradores diretos, anteriormente terceirizados, para seu centro de distribuição em Barueri nos últimos dois meses”.

Daki

A Daki, de entregas de mercado em 15 minutos, é mais um dos “unicórnios” que demitiu funcionários este ano. A startup confirmou ao Estadão, no dia 7 de julho, que demitiu 119 pessoas desde janeiro e afirmou ter a mesma quantidade de colaboradores que tinha antes de dar início aos cortes: 800. De acordo com a empresa, as demissões são parte de um movimento de substituição e não de redução de equipe.

No dia 1º de julho, 16 pessoas foram demitidas. Ex-funcionários, em entrevista para o Estadão, contaram que a Daki justificou a eles que as demissões foram por questões financeiras e que as vagas foram fechadas. As áreas afetadas, segundo a apuração da reportagem, foram as de finanças, marketing, experiência do consumidor, Recursos Humanos e operações.

Alice

Em dezembro de 2021, a startup de saúde Alice recebeu um aporte de US$ 127 milhões liderado pelo SoftBank, e, sete meses depois, em 8 de julho de 2022, demitiu 63 funcionários, segundo a apuração do Estadão. Para a reportagem, a startup explicou que as demissões fazem parte de um “redimensionamento” da área de vendas e disse também ter realocado 20 pessoas dentro da empresa.

Em outubro, a startup anunciou a inauguração de um novo escritório em São Paulo, e em dezembro a Alice confirmou ao Estadão mais cortes na empresa, dessa vez, de 113 pessoas, o que corresponde a 16% da healthtech. A decisão pelo corte, segundo a startup, seria a saída para enfrentar o cenário econômico mundial e aumentar a eficiência da empresa.

Provi

No dia 27 de julho, a startup de financiamento estudantil, Provi, divulgou que demitiu 23% dos cerca de 300 funcionários da empresa, que, segundo apurou o Estadão, representa entre 65 e 70 pessoas. O motivo das demissões, de acordo com a Provi, seria o cenário complicado para a inovação, com alta na inflação.

Ainda em julho, a Provi contratou o ex-BBB Viny para ser o garoto-propaganda da sua primeira grande campanha publicitária, afastando a ideia de uma possível crise interna e, além disso, Estadão apurou que, aproximadamente um mês e meio antes dos cortes, a startup descartou aos funcionários a possibilidade de realizar demissões e disse que havia somente reduzido as contratações e que revisaria metas internas.

Nomad

A Nomad, startup de operações financeiras nos EUA, foi mais uma empresa que realizou demissões este ano. No dia 3 de agosto, a Nomad demitiu cerca de 70 funcionários, o que corresponde a aproximadamente de 20% a 30% da startup, segundo o Estadão apurou.

Quando procurada, a empresa não confirmou o número, mas explicou que as demissões foram para garantir “a alta performance da empresa nos próximos anos”. Diversas áreas foram afetadas, dentre elas a área de investimentos, jurídico e departamento pessoal.

Em maio, a fintech brasileira recebeu um aporte de US$ 32 milhões liderado pelo fundo americano Stripes para a expansão do modelo de negócio. Além disso, a startup tinha a entrega, prevista para novembro, de uma sala de espera no Aeroporto Internacional de Guarulhos, com alimentação e descanso para passageiros.

Loggi

Um dos maiores cortes de funcionários em startups veio em 8 de agosto, quando o “unicórnio” de transporte Loggi anunciou a demissão de 15% de seus 3,6 mil colaboradores. Toda a companhia foi afetada pelo corte, incluindo as áreas operacional, administrativa e de tecnologia — as informações foram reveladas ao Estadão por Fabien Mendez, CEO e cofundador da companhia.

De acordo com Mendez, o corte aconteceu devido ao momento da startup frente à estagnação do comércio eletrônico, por conta da alta da inflação — a empresa já havia demitido cerca de 120 funcionários no início da pandemia. Junto com os cortes, a Loggi também anunciou a troca na liderança da empresa: Mendez está de saída e quem vai assumir o cargo de presidente será o francês Thibaud Lecuyer, até então diretor financeiro da startup.

Em uma nova rodada de cortes, no dia 6 de fevereiro de 2023 a startup confirmou ao Estadão que planeja demitir 7% do quadro de funcionários. O motivo seria a perspectiva econômica global para no 2023. “A gente esperava que 2023 seria difícil e janeiro já confirmou isso. A expectativa é de inflação alta, o que reduz o poder de compra das pessoas e o consumo”, explicou o CEO Thibaud Lecuyer à reportagem.

MadeiraMadeira

O “unicórnio” MadeiraMadeira, especializado em venda de móveis, demitiu cerca de 60 funcionários no dia 9 de agosto, o que representa aproximadamente 3% da equipe total da empresa, que antes dos cortes, contava com mais de 2 mil pessoas.

De acordo com a apuração do Estadão, as áreas afetadas foram as de produtos, design, T.I e de desenvolvedores, mas a startup não confirmou essas informações. Em comunicado, a empresa explicou: “A decisão faz parte de um movimento da empresa de revisar as estruturas com foco em ganho de eficiência e repriorização de projetos, continuando sua estratégia de crescimento e ganho de escala”.

Warren

A Warren, startup gaúcha, demitiu cerca de 7% dos 700 funcionários da empresa no dia 17 de agosto, segundo apurou o Estadão. A fintech confirmou as demissões mas não confirmou os números. Em abril, a startup havia levantado um aporte de R$ 300 milhões liderado pelo GIC, fundo soberano de Singapura.

Em nota, a companhia explicou: “Após 6 M&As realizados, incorporando a totalidade dos colaboradores das empresas, a Warren fez uma série de revisões de processos e projetos, além de inúmeras avaliações, o que resultou na reestruturação das áreas, na priorização de iniciativas e na readequação do quadro de colaboradores”.

Uma planilha, preenchida por 46 ex-funcionários, mostra que algumas das áreas afetadas foram a de gerente de produto, desenvolvimento, pesquisa, análise de dados e previdência privada e, além disso, essas pessoas afirmaram, para a reportagem, que o número de cortes deve ter sido maior do que o que a planilha contabiliza.

Nomah/Casai

No dia 18 de agosto, a startup brasileira Nomah e a mexicana Casai anunciaram que iriam se juntar e se tornar uma única empresa. Com isso, o objetivo seria se tornar a maior startup de hospedagens curtas da América Latina - setor atuante de ambas empresas.

Aproximadamente duas semanas antes do anúncio, a Nomah demitiu cerca de 28 funcionários, de acordo com uma planilha que circulou na internet. Em comunicado ao Estadão, a empresa explicou: “A reestruturação foi realizada de forma transparente e respeitosa. Todos os colaboradores receberam um pacote especial de benefícios e apoio na transição”.

Além da Nomah, a Casai demitiu 80 pessoas das 200 que trabalhavam em escritórios no Brasil e no México, segundo informações de uma reportagem do veículo Bloomberg Línea.

99

A empresa de transporte por aplicativo 99 realizou a demissão de cerca de 100 pessoas ao final de setembro. A startup confirmou os cortes, mas não divulgou o número de demitidos. Ex-funcionários da empresa informaram o número 100 para o Estadão. De acordo com a própria 99, apenas a área de relacionamento com o cliente foi afetada e alguns dos demitidos disseram ao Estadão que a empresa planeja terceirizar o atendimento ao cliente.

Em nota, sobre as demissões, a empresa explicou: “Para atender às necessidades dos nossos usuários e do nosso negócio, que evoluem rapidamente, tivemos que tomar algumas decisões difíceis sobre o modelo operacional e a estrutura do nosso departamento de relacionamento com o cliente, com foco em maior escala e maior flexibilidade. Isso envolveu uma readequação do nosso time interno, ao passo em que ampliamos nosso escopo com os atuais parceiros”.

Hotmart

Outra startup que fez demissões, foi a Hotmart, de cursos para profissionais da economia criativa. Em setembro, a empresa realizou o evento Fire Festival, que contou com a presença de 6 mil pessoas, mas, no dia 20 de outubro, aproximadamente um mês depois do evento, demitiu 227 funcionários, que representa 12% da startup, segundo apurou o Estadão.

Em 2021, a Hotmart recebeu um aporte de R$ 735 milhões, liderada pelo fundo americano TCV, e disse, depois, que havia atingido o status de “unicórnio“.

Unico

A Unico, startup de identidade digital, anunciou no dia 24 de outubro a demissão de 50 funcionários da área de vendas, o que representa cerca de 4,4% da empresa. A startup oferece serviços antifraude para várias empresas e quer expandir para o mercado internacional, começando por México e Colômbia.

A startup se tornou um unicórnio em abril de 2021, e afirma que as demissões foram para “garantir maior eficiência e clareza de atuação” no mercado. Em nota, o CEO da Unico, Diego Martins, declarou: “Estamos continuamente direcionando nossos investimentos e esforços para sermos a maior empresa de tecnologia brasileira, focando em tecnologia, segurança e privacidade”.

Em 17 de janeiro, a companhia promoveu nova rodada de demissões: o corte de 10,5% da força de trabalho, número representa cerca de 105 pessoas da companhia. Os cortes atingiram as áreas de design, produto, engenharia e marketing, segundo apurou a reportagem.

Dock

Em maio de 2022, o ‘unicórnio’ brasileiro, Dock, de infraestrutura para pagamentos, foi avaliada em US$ 1,5 bilhão, mas, no início de novembro, demitiu 12% dos funcionários da empresa. As demissões afetaram as áreas de produto, design e desenvolvimento, de acordo com uma planilha compartilhada nas redes sociais, e, segundo apurou o Estadão, afetaram também as áreas de compliance, experiência do consumidor e RH.

Foram demitidos 160 funcionários no Brasil e 30 pessoas no México. Em nota, a Dock explicou que: “Após uma revisão completa das estruturas da empresa, (a Dock) decidiu reorganizar áreas e equipes, primordialmente de suporte e fora do core business, o que resultou na decisão de reduzir o quadro de colaboradores, diminuindo sobreposições, a fim de gerar eficiência”.

Wildlife

Ao final de novembro de 2022, no dia 28, a WildLife, “unicórnio“ especializada em games, demitiu entre 150 - 200 funcionários, que seria correspondente à 20% da empresa, segundo apurou o Estadão. No perfil oficial da startup no LinkedIn, a empresa afirmava ter 1.123 contratados, enquanto o site oficial dizia ter somente 800 pessoas.

Todas as áreas da startup foram afetadas com demissões, além de funcionários da Argentina, mas a Wildlife não confirmou o número de demitidos para a reportagem. Em 2019, a startup ganhou o título de 10.º ‘unicórnio’ do Brasil.

Buser

No dia 8 de dezembro, a startup de viagens rodoviárias com ônibus fretados, Buser, anunciou a demissão de 30% dos funcionários da empresa, que representa cerca de 165 pessoas, de acordo com a apuração realizada pelo Estadão. Em junho de 2021, a startup recebeu aporte de R$700 milhões com a retomada das viagens, liderado por vários investidores tradicionais do mercado de tecnologia.

Para a Buser, os cortes são reflexo da falta de capital de investidores, mas a expectativa é recuperar o número de empregados no próximo semestre. Em nota, Marcelo Abritta, o presidente e fundador da empresa disse: “É uma medida dura e difícil, mas necessária para continuarmos crescendo de forma sólida e segura”.

Frete.com

Já em 2023, no dia 11 de janeiro, o ”unicórnio” Frete.com, de digitalização no setor de transportes rodoviários, demitiu 15% de seu quadro de funcionários, que corresponde à 150 trabalhadores, segundo apurou o Estadão.

O motivo das demissões, de acordo com a empresa, teria sido a alta mundial dos juros e a desaceleração da economia. Em nota, a startup explicou: “Este rearranjo interno da empresa não impacta em absolutamente nada as atividades desenvolvidas, uma vez que houve captação de investimentos de R$1,2 bilhão”.

Pier

Junto com o “unicórnio” Frete.com, a startup Pier, de seguros, confirmou que também realizou cortes na equipe de funcionários no dia 12 de janeiro de 2023. Ao todo 111 pessoas foram demitidas no primeiro corte em massa da empresa.

Como justificativa, a Pier disse, em nota ao Estadão, que as demissões são “com o objetivo de manter o expressivo avanço dos seus negócios e sua eficiência operacional”.

PagSeguro

A fintech de pagamentos PagSeguro cortou 7% dos funcionários em 16 de janeiro de 2023, totalizando 500 pessoas afetadas entre 7 mil trabalhadores. Em comunicado, o unicórnio afirma que está se ajustando ao mercado mundial, assim como outras startups do ramo.

Ainda segundo a nota, a reestruturação acontece para “melhorar a eficiência da companhia”, que passou por uma queda de 70% no valor dos papeis da startup na Bolsa.

Nubank

O banco digital Nubank foi mais uma das empresas que entrou na onda de demissões em massa. Em nota, publicada no dia 7 de junho de 2023, a companhia afirma que demitiu 296 pessoas durante um processo de “reestruturação” da empresa, que, em março, registrou 7,8 mil funcionários.

O banco afirmou que os cortes afetaram a área de operações, tendo em vista a necessidade de passar por uma “centralização” para manter o ritmo de crescimento da empresa, diz a nota. “Algumas funções e posições se tornaram redundantes”, diz o documento.

“Neste momento, nenhuma outra reestruturação é contemplada. Em outras áreas de negócios, o Nubank continua a seguir o ritmo normal de contratações baseadas nas necessidades do negócio e da performance dos empregados”, diz o comunicado.

Gupy

A empresa de recrutamento de pessoas e de soluções digitais para RH é outra que realizou demissões em meio a essa onda. Os cortes aconteceram no dia 2 de agosto de 2023 e, ao todo, 58 pessoas foram demitidas, representando 8,5% dos funcionários da empresa, declarou a companhia ao Estadão. Esse é o primeiro corte de funcionários na história da startup, fundada em 2015.

A Gupy justificou as demissões dizendo que elas fazem parte de uma “reorganização” para otimizar os negócios da empresa. Mariana Dias, cofundadora e presidente executiva da empresa, disse ao Estadão, que, “da forma como estávamos estruturados, não conseguíamos fazer um atendimento fluido e conectado. Queremos ter as soluções sob um único guarda-chuva”.

A empresa informou que vai continuar realizando contratações, em especial no seu time de tecnologia.

Desde o mês de abril de 2022, startups brasileiras e estrangeiras com operações no País vêm experimentando um período adverso em relação a investimentos. A situação é resultado da crise global macroeconômica com a alta global dos preços, situação agravada pela guerra na Ucrânia, sendo o principal desafio das empresas de tecnologia, já em 2023, o cenário inflacionário.

Acostumadas com investimentos pesados, a desaceleração no setor fez com que muitas empresas do ramo da tecnologia, incluindo os “unicórnios” (as raras startups com avaliação superior a US$ 1 bilhão), tomassem a decisão de reduzir gastos para controlar a situação internamente. Muitas dessas medidas foram traduzidas em extensas demissões no quadro geral de funcionários para se reorganizar internamente.

Uma reportagem publicada pelo Estadão no início de maio de 2022 mostra que o ecossistema de inovação no Brasil vem sentindo a desaceleração mundial no mercado de investimentos. Segundo dados reunidos na matéria a partir de um levantamento da plataforma de inovação aberta Sling Hub, os aportes na América Latina recuaram 35% em abril em comparação ao mesmo período de 2021.

Startups fazem demissões com crise econômica global Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Especialistas ouvidos dizem que a tendência é que surjam menos “unicórnios” e que os “downrounds”, processo em que uma empresa é reavaliada para baixo, sejam mais frequentes durante a crise.

Relembre quais foram as empresas de tecnologia brasileiras e com unidades no Brasil que anunciaram desligamentos no quadro de funcionários nos últimos meses:

Liv Up

Em fevereiro de 2022, a Liv Up foi a primeira startup a anunciar um corte de 15% em seu quadro de colaboradores, o equivalente a aproximadamente 100 pessoas. Segundo apuração do site Startups, a foodtech confirmou que passa por uma reestruturação que visa a focar em áreas estratégicas da empresa.

O anúncio dos desligamentos veio cinco meses após a startup anunciar em setembro de 2021 que recebeu um aporte de R$ 50 milhões da Global Ventures, como foi publicado pelo Estadão no ano passado. Na época, esse valor juntou-se aos outros R$ 180 milhões, resultado de uma rodada anunciada em junho do mesmo ano. Nesse período, a empresa, que atua no setor de alimentos saudáveis e orgânicos, afirmou ao Estadão que seguiria com um portfólio focado em expansão.

QuintoAndar

Uma das primeiras startups brasileiras a anunciar demissões foi o “unicórnio” QuintoAndar. A empresa de compra, venda e aluguel de imóveis anunciou no dia 12 de abril de 2022 um corte de 4% (160 pessoas) de um quadro de funcionários composto por 4 mil funcionários. A plataforma afirmou ao Estadão que os cortes atingiram 4% dos colaboradores. Os desligamentos afetaram as áreas de tecnologia, marketing e Recursos Humanos.

Após patrocínio milionário no início do ano no reality show Big Brother Brasil 22, com valores que flutuam entre R$ 12 milhões e R$ 92 milhões, o QuintoAndar afirmou na época da reportagem que, no primeiro trimestre de 2022, a plataforma cresceu 30% em relação ao quarto trimestre de 2021. No entanto, segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança, em fevereiro do mesmo ano, o setor teve queda de 20% em relação a janeiro.

Loft

No dia 18 de abril de 2022, a plataforma de compra, reforma e venda de imóveis Loft demitiu 159 funcionários das áreas comercial e operacional. A empresa remanejou outras 52 pessoas e afirmou que a mudança no quadro de funcionários fez parte de um plano de consolidação da área de crédito da empresa.

Os cortes acontecem oito meses após a compra da startup de crédito imobiliário CrediHome. Ao Estadão, o fundador da Loft, Mate Pencz, disse que não tinham outros desligamentos planejados e que a única coisa que estava sendo reorganizada era a área de crédito. Apesar disso, em 5 de julho, a startup voltou a fazer demissões no País. Desta vez, em maior número: na segunda rodada de desligamentos, 384 funcionários foram demitidos.

Uma 3ª onda de cortes atingiu a Loft no dia 7 de dezembro, resultando na demissão de mais 312 funcionários. Em comunicado, a empresa “agradece a dedicação dos colaboradores desligados e está empenhada em ajudar no que for possível para a sua recolocação no mercado”. Ao todo, foram 855 pessoas demitidas em 2022.

Ainda, a startup dispensou 340 funcionários (cerca de 15% de um quadro de 2,2 mil pessoas) em março de 2023, alegando que o movimento visava adequar os gastos e as contas da empresa diante do cenário econômico. Trata-se da quarta rodada de demissões em massa da companhia, que já soma mais de 1.195 demitidos desde abril de 2022.

Facily

Entre 18 e 19 abril de 2022, a startup que atua como hipermercado digital anunciou um corte de 60% na folha de pagamento, que afetou entre 300 e 400 funcionários. Os cortes também atingiram funcionários terceirizados, como a startup parceira i9 Xperience Center, que teve cerca de 900 funcionários desligados.

Pouco tempo após sua fundação, a empresa atingiu o status de “unicórnio” e, entre novembro e dezembro de 2021, levantou US$ 385 milhões, ficando atrás apenas de nomes da tecnologia como Nubank, Loft, QuintoAndar e Ebanx em capital recebido de fundos de investimento. Os ex-funcionários ouvidos pelo Estadão disseram que a empresa demonstrava sinais de despreparo para o novo momento e que a startup enfrentava sobrecarga nos sistemas de pagamentos, desencontros de informações e problemas nas cadeias logísticas, além de reclamações de clientes.

Em 2021, os clientes também sentiram os problemas internos da plataforma e a empresa acabou tornando-se líder no ranking do Procon-SP, com 211 mil reclamações.

Zak

No dia 13 de maio, a Zak demitiu cerca de 40% do quadro de funcionários. Na época, a empresa não confirmou o número de desligamentos, mas, segundo apuração do Estadão, os cortes atingiram cerca de 100 pessoas das áreas de vendas, marketing, produto e experiência do consumidor. Em nota, a Zak afirmou que a decisão se deu devido ao mau momento financeiro pelo qual a startup passa e ao cenário macroeconômico adverso.

Em 2021, a empresa, que tem como objetivo otimizar operações e digitalizar tarefas de restaurantes em uma única plataforma, levantou US$ 15 milhões em uma rodada liderada pelo fundo de investimento Tiger Global.

Olist

No dia 23 de maio, foi a vez de a startup especializada em comércio eletrônico Olist demitir cerca de 150 funcionários das áreas de tecnologia, negócio e produto. O número não foi confirmado pelo fundador da empresa, Tiago Dalvi, que contava com 1,4 mil funcionários e planejava 300 contratações para este ano.

A Olist tornou-se um “unicórnio” em dezembro de 2021, com um aporte de US$ 186 milhões. Entretanto, assim como outras startups com grandes investimentos, a empresa não deixou de ser atingida por cortes.

Na época dos anúncios de desligamentos, o executivo da Olist disse ao Estadão que a empresa vem realizando ajustes constantes desde 2015. Ele afirmou ainda que a receita da startup cresceu 3,5 vezes em 2021 na comparação com 2020.

Uma segunda rodada de cortes aconteceu em 30 de janeiro de 2023. Também sem confirmar a quantidade de pessoas atingidas, a startup abandonou o tom cauteloso de 2022 e declarou: “Hoje, há bastante certeza sobre o mercado árido de 2023″, diz Dalvi.

Vtex

No dia 26 de maio, o “unicórnio” brasileiro Vtex anunciou demissões em massa que atingiram 193 pessoas das áreas de produto, experiência do usuário, design, engenharia e growth. O corte aconteceu logo após o Vtex Day, evento que contou com a presença do piloto de Fórmula 1 Lewis Hamilton.

Em comunicado oficial, a startup disse que “a decisão de reduzir nossa força de trabalho foi tomada como um julgamento estratégico sobre qual estrutura organizacional pode entregar nossas prioridades ajustadas e alinhadas a esse ciclo orientado a crescimento com eficiência.”

No segundo semestre de 2021, a Vtex abriu capital na Bolsa dos Estados Unidos e levantou US$ 360 milhões no IPO, mas em 2022, a empresa teve seu valor de mercado reduzido para US$ 815 milhões, devido às oscilações no mercado de ações.

2TM e Mercado Bitcoin

O grupo dono do Mercado Bitcoin, avaliado em US$ 2,1 bilhões, anunciou em 1º de junho a demissão de aproximadamente 90 pessoas de um quadro de 750 funcionários. A empresa afirmou em um comunicado que a decisão tinha relação com a mudança do cenário financeiro global, além da perda de valor das criptomoedas nos últimos seis meses.

A empresa alcançou um valor alto de mercado após receber um aporte do SoftBank, um dos maiores investidores de startups no Brasil, de US$ 200 milhões em julho de 2021, mas não deixou de sentir as oscilações do mercado.

No dia 1º de setembro, outra onda de demissões atingiu o Mercado Bitcoin, que demitiu mais 100 funcionários, que, segundo a própria empresa, representou 15% da equipe total de empregados. Em nota, a startup explicou o motivo dos novos cortes: “Os desafios impostos pela economia global vêm afetando os segmentos de inovação em todo o mundo. A adversidade na economia prossegue, e o ambiente competitivo continua deteriorado e desleal, sem a aprovação do Marco Legal dos Criptoativos, com os players que seguem as leis penalizados frente às empresas que ignoram as regras locais.”

Ao todo, em 2022, 190 pessoas foram demitidas do Mercado Bitcoin.

Sanar

Em junho, foi a vez da plataforma de estudos baiana para profissionais da área de saúde se juntar à série de demissões no setor das startups.

Com 13% do quadro de funcionários demitido, a empresa realizou cortes nas áreas de branding, design, vídeos, marketing, recrutamento e comunicação. Segundo fontes ouvidas pela reportagem do Estadão, a startup sempre seguiu uma política de transparência com os colaboradores, que foram pegos de surpresa pelo anúncio.

Kavak

A empresa mexicana Kavak, focada em simplificar a compra e venda de automóveis seminovos, demitiu, desde março, cerca de 300 funcionários, como foi publicado pelo Estadão entre 08 e 14 de junho.

A startup foi procurada pelo Estadão, mas preferiu não dar detalhes sobre o corte. Segundo ex-funcionários, a justificativa das demissões foi a de que a empresa não tinha mais demanda de trabalho para todos.

As operações da Kavak acabaram encontrando cenários adversos no Brasil. De acordo com dados da Federação Nacional Distribuição Veículos Automotores (Fenabrave), a crise global de investimentos em startups somou-se ao encolhimento na venda de automóveis no país em 2022.

Com operações no México, na Argentina e no Brasil, a empresa atingiu avaliação de US$ 8,7 bilhões, cifra que a transformou na maior startup de capital fechado na América Latina. O “unicórnio” mexicano chegou ao Brasil com a intenção de investir R$ 2,5 bilhões no País.

Sami

Em meados de junho, a startup de planos de saúde digitais Sami anunciou o desligamento de 75 pessoas, o que equivale a 15% do quadro total de funcionários. Ao Estadão/Broadcast, fontes afirmaram que demissões foram motivadas pelo “crescimento desordenado” do time, que contratou 300 novos colaboradores entre janeiro e maio. Na semana anterior às demissões, a Sami afirmou ao Estadão que tinha aumentado o quadro de funcionários de forma saudável de 15 para 566 pessoas em dois anos.

Frubana

A startup colombiana Frubana, de atacado de produtos para restaurantes e bares, demitiu 26 funcionários envolvidos com a operação da empresa no Brasil em 14 de junho - a companhia confirmou a informação ao Estadão em comunicado. Os cortes atingiram as áreas de Recursos Humanos e operações — cerca de 2% da startup, que tem 1,8 mil funcionários contratados no Brasil.

A companhia aponta que “a decisão faz parte de um ajuste pontual na estratégia de crescimento da marca, que segue investindo fortemente em sua operação no País e tem a ambição de dobrar de tamanho nos próximos 12 meses”, afirma em nota à reportagem.

Antes das demissões, a startup já havia cortado benefícios de funcionários, como Gympass (plano de mensalidade de academias), bem como foram revistos os planos para o Brasil no ano de 2022. de acordo com ex-funcionários, a Frubana seguia um ritmo de contratação acelerado até maio de 2022.

Ebanx

O Ebanx foi mais um unicórnio a fazer cortes no meio de 2022. A startup de sistemas de pagamentos internacionais demitiu 340 funcionários no dia 21 de junho — o equivalente a 20% do quadro de 1,7 mil pessoas. A informação foi confirmada pela companhia ao Estadão.

Segundo o Ebanx, os demitidos receberão um pacote de benefícios que inclui valores adicionais e extensão do plano de saúde, além do computador de trabalho. Segundo os ex-funcionários, foram prometidas a extensão de até 1 mês do vale-alimentação e de até 3 meses do plano de saúde.

O corte profundo no Ebanx é um dos mais duros golpes no ambiente de inovação do País — além do número alto, o Ebanx é o “unicórnio” (startup avaliada em US$ 1 bilhão) nacional com a maior pegada internacionacional entre os afetados. A empresa processa pagamentos internacionais em 15 países da América Latina. Entre os parceiros estão Spotify, AliExpress, Shein, Shopee e Wish.

Zenklub

Acompanhando o momento de apreensão entre as startups brasileiras, no dia 28 de junho, o Zenklub, startup de serviços de bem-estar e saúde emocional, demitiu cerca de 40 pessoas, segundo ex-funcionários. A informação dos cortes foi confirmada pela empresa ao Estadão em nota: “O Zenklub realizou o desligamento de um grupo de colaboradores que ocupavam posições específicas. A decisão faz parte de um ajuste na estratégia da empresa visando a sustentabilidade e o crescimento do negócio”. A startup, porém, não confirmou o número de pessoas afetadas.

Entre os ex-funcionários ouvidos pela reportagem, comenta-se que o corte atingiu áreas como produto, experiência do cliente, vendas e Recursos Humanos. As informações, porém, não são confirmadas pela empresa, que diz ter feito o desligamento de “um grupo de colaboradores que ocupavam posições específicas”.

iFood

No final de junho, o iFood dispensou parte da equipe de recrutamento de talentos após desacelerar o preenchimento de vagas em tecnologia. Segundo apurou o Estadão, ao menos 20 pessoas foram demitidas, em um movimento que indica que a companhia pisou no freio.

O iFood confirmou os desligamentos em nota para a reportagem: “O iFood está reestruturando algumas áreas, em busca de maior eficiência e foco para o seu negócio. Infelizmente o processo de priorização e de revisão levou ao desligamento de algumas pessoas e à desaceleração de novas contratações. Se antes o nosso time de recrutamento trazia mais de 200 pessoas por mês para a empresa, hoje esse número caiu pela metade".

Em 1º de março de 2023, a empresa promoveu uma nova onda de demissões, cortando do quadro de funcionários 355 pessoas, de acordo com a apuração do Estadão. Para a reportagem, a startup explicou, em nota, que o motivo para as demissões teria sido o momento econômico: “[...] O atual cenário econômico mundial tem exigido das empresas ações imediatas na busca por novas rotas para enfrentar essas adversidades”.

Shopee

A Shopee, plataforma de compras, ao final de junho, demitiu cerca de 50 pessoas. A startup é originária de Singapura e tem funcionários em vários países, e os cortes, apesar de terem sido em escala global, de acordo com a empresa, não atingiram o Brasil, apenas os países vizinhos Chile, México e Colômbia.

Recentemente, a empresa já havia restringido o frete grátis no Brasil e, segundo apurou o Estadão, com as demissões internas acontecendo, a Shopee também teria realizado cortes de aproximadamente 100 prestadores de serviço temporários que trabalhavam em um centro de distribuição de Barueri, porém a startup negou essa informação e explicou: “A Shopee contratou 180 profissionais como colaboradores diretos, anteriormente terceirizados, para seu centro de distribuição em Barueri nos últimos dois meses”.

Daki

A Daki, de entregas de mercado em 15 minutos, é mais um dos “unicórnios” que demitiu funcionários este ano. A startup confirmou ao Estadão, no dia 7 de julho, que demitiu 119 pessoas desde janeiro e afirmou ter a mesma quantidade de colaboradores que tinha antes de dar início aos cortes: 800. De acordo com a empresa, as demissões são parte de um movimento de substituição e não de redução de equipe.

No dia 1º de julho, 16 pessoas foram demitidas. Ex-funcionários, em entrevista para o Estadão, contaram que a Daki justificou a eles que as demissões foram por questões financeiras e que as vagas foram fechadas. As áreas afetadas, segundo a apuração da reportagem, foram as de finanças, marketing, experiência do consumidor, Recursos Humanos e operações.

Alice

Em dezembro de 2021, a startup de saúde Alice recebeu um aporte de US$ 127 milhões liderado pelo SoftBank, e, sete meses depois, em 8 de julho de 2022, demitiu 63 funcionários, segundo a apuração do Estadão. Para a reportagem, a startup explicou que as demissões fazem parte de um “redimensionamento” da área de vendas e disse também ter realocado 20 pessoas dentro da empresa.

Em outubro, a startup anunciou a inauguração de um novo escritório em São Paulo, e em dezembro a Alice confirmou ao Estadão mais cortes na empresa, dessa vez, de 113 pessoas, o que corresponde a 16% da healthtech. A decisão pelo corte, segundo a startup, seria a saída para enfrentar o cenário econômico mundial e aumentar a eficiência da empresa.

Provi

No dia 27 de julho, a startup de financiamento estudantil, Provi, divulgou que demitiu 23% dos cerca de 300 funcionários da empresa, que, segundo apurou o Estadão, representa entre 65 e 70 pessoas. O motivo das demissões, de acordo com a Provi, seria o cenário complicado para a inovação, com alta na inflação.

Ainda em julho, a Provi contratou o ex-BBB Viny para ser o garoto-propaganda da sua primeira grande campanha publicitária, afastando a ideia de uma possível crise interna e, além disso, Estadão apurou que, aproximadamente um mês e meio antes dos cortes, a startup descartou aos funcionários a possibilidade de realizar demissões e disse que havia somente reduzido as contratações e que revisaria metas internas.

Nomad

A Nomad, startup de operações financeiras nos EUA, foi mais uma empresa que realizou demissões este ano. No dia 3 de agosto, a Nomad demitiu cerca de 70 funcionários, o que corresponde a aproximadamente de 20% a 30% da startup, segundo o Estadão apurou.

Quando procurada, a empresa não confirmou o número, mas explicou que as demissões foram para garantir “a alta performance da empresa nos próximos anos”. Diversas áreas foram afetadas, dentre elas a área de investimentos, jurídico e departamento pessoal.

Em maio, a fintech brasileira recebeu um aporte de US$ 32 milhões liderado pelo fundo americano Stripes para a expansão do modelo de negócio. Além disso, a startup tinha a entrega, prevista para novembro, de uma sala de espera no Aeroporto Internacional de Guarulhos, com alimentação e descanso para passageiros.

Loggi

Um dos maiores cortes de funcionários em startups veio em 8 de agosto, quando o “unicórnio” de transporte Loggi anunciou a demissão de 15% de seus 3,6 mil colaboradores. Toda a companhia foi afetada pelo corte, incluindo as áreas operacional, administrativa e de tecnologia — as informações foram reveladas ao Estadão por Fabien Mendez, CEO e cofundador da companhia.

De acordo com Mendez, o corte aconteceu devido ao momento da startup frente à estagnação do comércio eletrônico, por conta da alta da inflação — a empresa já havia demitido cerca de 120 funcionários no início da pandemia. Junto com os cortes, a Loggi também anunciou a troca na liderança da empresa: Mendez está de saída e quem vai assumir o cargo de presidente será o francês Thibaud Lecuyer, até então diretor financeiro da startup.

Em uma nova rodada de cortes, no dia 6 de fevereiro de 2023 a startup confirmou ao Estadão que planeja demitir 7% do quadro de funcionários. O motivo seria a perspectiva econômica global para no 2023. “A gente esperava que 2023 seria difícil e janeiro já confirmou isso. A expectativa é de inflação alta, o que reduz o poder de compra das pessoas e o consumo”, explicou o CEO Thibaud Lecuyer à reportagem.

MadeiraMadeira

O “unicórnio” MadeiraMadeira, especializado em venda de móveis, demitiu cerca de 60 funcionários no dia 9 de agosto, o que representa aproximadamente 3% da equipe total da empresa, que antes dos cortes, contava com mais de 2 mil pessoas.

De acordo com a apuração do Estadão, as áreas afetadas foram as de produtos, design, T.I e de desenvolvedores, mas a startup não confirmou essas informações. Em comunicado, a empresa explicou: “A decisão faz parte de um movimento da empresa de revisar as estruturas com foco em ganho de eficiência e repriorização de projetos, continuando sua estratégia de crescimento e ganho de escala”.

Warren

A Warren, startup gaúcha, demitiu cerca de 7% dos 700 funcionários da empresa no dia 17 de agosto, segundo apurou o Estadão. A fintech confirmou as demissões mas não confirmou os números. Em abril, a startup havia levantado um aporte de R$ 300 milhões liderado pelo GIC, fundo soberano de Singapura.

Em nota, a companhia explicou: “Após 6 M&As realizados, incorporando a totalidade dos colaboradores das empresas, a Warren fez uma série de revisões de processos e projetos, além de inúmeras avaliações, o que resultou na reestruturação das áreas, na priorização de iniciativas e na readequação do quadro de colaboradores”.

Uma planilha, preenchida por 46 ex-funcionários, mostra que algumas das áreas afetadas foram a de gerente de produto, desenvolvimento, pesquisa, análise de dados e previdência privada e, além disso, essas pessoas afirmaram, para a reportagem, que o número de cortes deve ter sido maior do que o que a planilha contabiliza.

Nomah/Casai

No dia 18 de agosto, a startup brasileira Nomah e a mexicana Casai anunciaram que iriam se juntar e se tornar uma única empresa. Com isso, o objetivo seria se tornar a maior startup de hospedagens curtas da América Latina - setor atuante de ambas empresas.

Aproximadamente duas semanas antes do anúncio, a Nomah demitiu cerca de 28 funcionários, de acordo com uma planilha que circulou na internet. Em comunicado ao Estadão, a empresa explicou: “A reestruturação foi realizada de forma transparente e respeitosa. Todos os colaboradores receberam um pacote especial de benefícios e apoio na transição”.

Além da Nomah, a Casai demitiu 80 pessoas das 200 que trabalhavam em escritórios no Brasil e no México, segundo informações de uma reportagem do veículo Bloomberg Línea.

99

A empresa de transporte por aplicativo 99 realizou a demissão de cerca de 100 pessoas ao final de setembro. A startup confirmou os cortes, mas não divulgou o número de demitidos. Ex-funcionários da empresa informaram o número 100 para o Estadão. De acordo com a própria 99, apenas a área de relacionamento com o cliente foi afetada e alguns dos demitidos disseram ao Estadão que a empresa planeja terceirizar o atendimento ao cliente.

Em nota, sobre as demissões, a empresa explicou: “Para atender às necessidades dos nossos usuários e do nosso negócio, que evoluem rapidamente, tivemos que tomar algumas decisões difíceis sobre o modelo operacional e a estrutura do nosso departamento de relacionamento com o cliente, com foco em maior escala e maior flexibilidade. Isso envolveu uma readequação do nosso time interno, ao passo em que ampliamos nosso escopo com os atuais parceiros”.

Hotmart

Outra startup que fez demissões, foi a Hotmart, de cursos para profissionais da economia criativa. Em setembro, a empresa realizou o evento Fire Festival, que contou com a presença de 6 mil pessoas, mas, no dia 20 de outubro, aproximadamente um mês depois do evento, demitiu 227 funcionários, que representa 12% da startup, segundo apurou o Estadão.

Em 2021, a Hotmart recebeu um aporte de R$ 735 milhões, liderada pelo fundo americano TCV, e disse, depois, que havia atingido o status de “unicórnio“.

Unico

A Unico, startup de identidade digital, anunciou no dia 24 de outubro a demissão de 50 funcionários da área de vendas, o que representa cerca de 4,4% da empresa. A startup oferece serviços antifraude para várias empresas e quer expandir para o mercado internacional, começando por México e Colômbia.

A startup se tornou um unicórnio em abril de 2021, e afirma que as demissões foram para “garantir maior eficiência e clareza de atuação” no mercado. Em nota, o CEO da Unico, Diego Martins, declarou: “Estamos continuamente direcionando nossos investimentos e esforços para sermos a maior empresa de tecnologia brasileira, focando em tecnologia, segurança e privacidade”.

Em 17 de janeiro, a companhia promoveu nova rodada de demissões: o corte de 10,5% da força de trabalho, número representa cerca de 105 pessoas da companhia. Os cortes atingiram as áreas de design, produto, engenharia e marketing, segundo apurou a reportagem.

Dock

Em maio de 2022, o ‘unicórnio’ brasileiro, Dock, de infraestrutura para pagamentos, foi avaliada em US$ 1,5 bilhão, mas, no início de novembro, demitiu 12% dos funcionários da empresa. As demissões afetaram as áreas de produto, design e desenvolvimento, de acordo com uma planilha compartilhada nas redes sociais, e, segundo apurou o Estadão, afetaram também as áreas de compliance, experiência do consumidor e RH.

Foram demitidos 160 funcionários no Brasil e 30 pessoas no México. Em nota, a Dock explicou que: “Após uma revisão completa das estruturas da empresa, (a Dock) decidiu reorganizar áreas e equipes, primordialmente de suporte e fora do core business, o que resultou na decisão de reduzir o quadro de colaboradores, diminuindo sobreposições, a fim de gerar eficiência”.

Wildlife

Ao final de novembro de 2022, no dia 28, a WildLife, “unicórnio“ especializada em games, demitiu entre 150 - 200 funcionários, que seria correspondente à 20% da empresa, segundo apurou o Estadão. No perfil oficial da startup no LinkedIn, a empresa afirmava ter 1.123 contratados, enquanto o site oficial dizia ter somente 800 pessoas.

Todas as áreas da startup foram afetadas com demissões, além de funcionários da Argentina, mas a Wildlife não confirmou o número de demitidos para a reportagem. Em 2019, a startup ganhou o título de 10.º ‘unicórnio’ do Brasil.

Buser

No dia 8 de dezembro, a startup de viagens rodoviárias com ônibus fretados, Buser, anunciou a demissão de 30% dos funcionários da empresa, que representa cerca de 165 pessoas, de acordo com a apuração realizada pelo Estadão. Em junho de 2021, a startup recebeu aporte de R$700 milhões com a retomada das viagens, liderado por vários investidores tradicionais do mercado de tecnologia.

Para a Buser, os cortes são reflexo da falta de capital de investidores, mas a expectativa é recuperar o número de empregados no próximo semestre. Em nota, Marcelo Abritta, o presidente e fundador da empresa disse: “É uma medida dura e difícil, mas necessária para continuarmos crescendo de forma sólida e segura”.

Frete.com

Já em 2023, no dia 11 de janeiro, o ”unicórnio” Frete.com, de digitalização no setor de transportes rodoviários, demitiu 15% de seu quadro de funcionários, que corresponde à 150 trabalhadores, segundo apurou o Estadão.

O motivo das demissões, de acordo com a empresa, teria sido a alta mundial dos juros e a desaceleração da economia. Em nota, a startup explicou: “Este rearranjo interno da empresa não impacta em absolutamente nada as atividades desenvolvidas, uma vez que houve captação de investimentos de R$1,2 bilhão”.

Pier

Junto com o “unicórnio” Frete.com, a startup Pier, de seguros, confirmou que também realizou cortes na equipe de funcionários no dia 12 de janeiro de 2023. Ao todo 111 pessoas foram demitidas no primeiro corte em massa da empresa.

Como justificativa, a Pier disse, em nota ao Estadão, que as demissões são “com o objetivo de manter o expressivo avanço dos seus negócios e sua eficiência operacional”.

PagSeguro

A fintech de pagamentos PagSeguro cortou 7% dos funcionários em 16 de janeiro de 2023, totalizando 500 pessoas afetadas entre 7 mil trabalhadores. Em comunicado, o unicórnio afirma que está se ajustando ao mercado mundial, assim como outras startups do ramo.

Ainda segundo a nota, a reestruturação acontece para “melhorar a eficiência da companhia”, que passou por uma queda de 70% no valor dos papeis da startup na Bolsa.

Nubank

O banco digital Nubank foi mais uma das empresas que entrou na onda de demissões em massa. Em nota, publicada no dia 7 de junho de 2023, a companhia afirma que demitiu 296 pessoas durante um processo de “reestruturação” da empresa, que, em março, registrou 7,8 mil funcionários.

O banco afirmou que os cortes afetaram a área de operações, tendo em vista a necessidade de passar por uma “centralização” para manter o ritmo de crescimento da empresa, diz a nota. “Algumas funções e posições se tornaram redundantes”, diz o documento.

“Neste momento, nenhuma outra reestruturação é contemplada. Em outras áreas de negócios, o Nubank continua a seguir o ritmo normal de contratações baseadas nas necessidades do negócio e da performance dos empregados”, diz o comunicado.

Gupy

A empresa de recrutamento de pessoas e de soluções digitais para RH é outra que realizou demissões em meio a essa onda. Os cortes aconteceram no dia 2 de agosto de 2023 e, ao todo, 58 pessoas foram demitidas, representando 8,5% dos funcionários da empresa, declarou a companhia ao Estadão. Esse é o primeiro corte de funcionários na história da startup, fundada em 2015.

A Gupy justificou as demissões dizendo que elas fazem parte de uma “reorganização” para otimizar os negócios da empresa. Mariana Dias, cofundadora e presidente executiva da empresa, disse ao Estadão, que, “da forma como estávamos estruturados, não conseguíamos fazer um atendimento fluido e conectado. Queremos ter as soluções sob um único guarda-chuva”.

A empresa informou que vai continuar realizando contratações, em especial no seu time de tecnologia.

Desde o mês de abril de 2022, startups brasileiras e estrangeiras com operações no País vêm experimentando um período adverso em relação a investimentos. A situação é resultado da crise global macroeconômica com a alta global dos preços, situação agravada pela guerra na Ucrânia, sendo o principal desafio das empresas de tecnologia, já em 2023, o cenário inflacionário.

Acostumadas com investimentos pesados, a desaceleração no setor fez com que muitas empresas do ramo da tecnologia, incluindo os “unicórnios” (as raras startups com avaliação superior a US$ 1 bilhão), tomassem a decisão de reduzir gastos para controlar a situação internamente. Muitas dessas medidas foram traduzidas em extensas demissões no quadro geral de funcionários para se reorganizar internamente.

Uma reportagem publicada pelo Estadão no início de maio de 2022 mostra que o ecossistema de inovação no Brasil vem sentindo a desaceleração mundial no mercado de investimentos. Segundo dados reunidos na matéria a partir de um levantamento da plataforma de inovação aberta Sling Hub, os aportes na América Latina recuaram 35% em abril em comparação ao mesmo período de 2021.

Startups fazem demissões com crise econômica global Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Especialistas ouvidos dizem que a tendência é que surjam menos “unicórnios” e que os “downrounds”, processo em que uma empresa é reavaliada para baixo, sejam mais frequentes durante a crise.

Relembre quais foram as empresas de tecnologia brasileiras e com unidades no Brasil que anunciaram desligamentos no quadro de funcionários nos últimos meses:

Liv Up

Em fevereiro de 2022, a Liv Up foi a primeira startup a anunciar um corte de 15% em seu quadro de colaboradores, o equivalente a aproximadamente 100 pessoas. Segundo apuração do site Startups, a foodtech confirmou que passa por uma reestruturação que visa a focar em áreas estratégicas da empresa.

O anúncio dos desligamentos veio cinco meses após a startup anunciar em setembro de 2021 que recebeu um aporte de R$ 50 milhões da Global Ventures, como foi publicado pelo Estadão no ano passado. Na época, esse valor juntou-se aos outros R$ 180 milhões, resultado de uma rodada anunciada em junho do mesmo ano. Nesse período, a empresa, que atua no setor de alimentos saudáveis e orgânicos, afirmou ao Estadão que seguiria com um portfólio focado em expansão.

QuintoAndar

Uma das primeiras startups brasileiras a anunciar demissões foi o “unicórnio” QuintoAndar. A empresa de compra, venda e aluguel de imóveis anunciou no dia 12 de abril de 2022 um corte de 4% (160 pessoas) de um quadro de funcionários composto por 4 mil funcionários. A plataforma afirmou ao Estadão que os cortes atingiram 4% dos colaboradores. Os desligamentos afetaram as áreas de tecnologia, marketing e Recursos Humanos.

Após patrocínio milionário no início do ano no reality show Big Brother Brasil 22, com valores que flutuam entre R$ 12 milhões e R$ 92 milhões, o QuintoAndar afirmou na época da reportagem que, no primeiro trimestre de 2022, a plataforma cresceu 30% em relação ao quarto trimestre de 2021. No entanto, segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança, em fevereiro do mesmo ano, o setor teve queda de 20% em relação a janeiro.

Loft

No dia 18 de abril de 2022, a plataforma de compra, reforma e venda de imóveis Loft demitiu 159 funcionários das áreas comercial e operacional. A empresa remanejou outras 52 pessoas e afirmou que a mudança no quadro de funcionários fez parte de um plano de consolidação da área de crédito da empresa.

Os cortes acontecem oito meses após a compra da startup de crédito imobiliário CrediHome. Ao Estadão, o fundador da Loft, Mate Pencz, disse que não tinham outros desligamentos planejados e que a única coisa que estava sendo reorganizada era a área de crédito. Apesar disso, em 5 de julho, a startup voltou a fazer demissões no País. Desta vez, em maior número: na segunda rodada de desligamentos, 384 funcionários foram demitidos.

Uma 3ª onda de cortes atingiu a Loft no dia 7 de dezembro, resultando na demissão de mais 312 funcionários. Em comunicado, a empresa “agradece a dedicação dos colaboradores desligados e está empenhada em ajudar no que for possível para a sua recolocação no mercado”. Ao todo, foram 855 pessoas demitidas em 2022.

Ainda, a startup dispensou 340 funcionários (cerca de 15% de um quadro de 2,2 mil pessoas) em março de 2023, alegando que o movimento visava adequar os gastos e as contas da empresa diante do cenário econômico. Trata-se da quarta rodada de demissões em massa da companhia, que já soma mais de 1.195 demitidos desde abril de 2022.

Facily

Entre 18 e 19 abril de 2022, a startup que atua como hipermercado digital anunciou um corte de 60% na folha de pagamento, que afetou entre 300 e 400 funcionários. Os cortes também atingiram funcionários terceirizados, como a startup parceira i9 Xperience Center, que teve cerca de 900 funcionários desligados.

Pouco tempo após sua fundação, a empresa atingiu o status de “unicórnio” e, entre novembro e dezembro de 2021, levantou US$ 385 milhões, ficando atrás apenas de nomes da tecnologia como Nubank, Loft, QuintoAndar e Ebanx em capital recebido de fundos de investimento. Os ex-funcionários ouvidos pelo Estadão disseram que a empresa demonstrava sinais de despreparo para o novo momento e que a startup enfrentava sobrecarga nos sistemas de pagamentos, desencontros de informações e problemas nas cadeias logísticas, além de reclamações de clientes.

Em 2021, os clientes também sentiram os problemas internos da plataforma e a empresa acabou tornando-se líder no ranking do Procon-SP, com 211 mil reclamações.

Zak

No dia 13 de maio, a Zak demitiu cerca de 40% do quadro de funcionários. Na época, a empresa não confirmou o número de desligamentos, mas, segundo apuração do Estadão, os cortes atingiram cerca de 100 pessoas das áreas de vendas, marketing, produto e experiência do consumidor. Em nota, a Zak afirmou que a decisão se deu devido ao mau momento financeiro pelo qual a startup passa e ao cenário macroeconômico adverso.

Em 2021, a empresa, que tem como objetivo otimizar operações e digitalizar tarefas de restaurantes em uma única plataforma, levantou US$ 15 milhões em uma rodada liderada pelo fundo de investimento Tiger Global.

Olist

No dia 23 de maio, foi a vez de a startup especializada em comércio eletrônico Olist demitir cerca de 150 funcionários das áreas de tecnologia, negócio e produto. O número não foi confirmado pelo fundador da empresa, Tiago Dalvi, que contava com 1,4 mil funcionários e planejava 300 contratações para este ano.

A Olist tornou-se um “unicórnio” em dezembro de 2021, com um aporte de US$ 186 milhões. Entretanto, assim como outras startups com grandes investimentos, a empresa não deixou de ser atingida por cortes.

Na época dos anúncios de desligamentos, o executivo da Olist disse ao Estadão que a empresa vem realizando ajustes constantes desde 2015. Ele afirmou ainda que a receita da startup cresceu 3,5 vezes em 2021 na comparação com 2020.

Uma segunda rodada de cortes aconteceu em 30 de janeiro de 2023. Também sem confirmar a quantidade de pessoas atingidas, a startup abandonou o tom cauteloso de 2022 e declarou: “Hoje, há bastante certeza sobre o mercado árido de 2023″, diz Dalvi.

Vtex

No dia 26 de maio, o “unicórnio” brasileiro Vtex anunciou demissões em massa que atingiram 193 pessoas das áreas de produto, experiência do usuário, design, engenharia e growth. O corte aconteceu logo após o Vtex Day, evento que contou com a presença do piloto de Fórmula 1 Lewis Hamilton.

Em comunicado oficial, a startup disse que “a decisão de reduzir nossa força de trabalho foi tomada como um julgamento estratégico sobre qual estrutura organizacional pode entregar nossas prioridades ajustadas e alinhadas a esse ciclo orientado a crescimento com eficiência.”

No segundo semestre de 2021, a Vtex abriu capital na Bolsa dos Estados Unidos e levantou US$ 360 milhões no IPO, mas em 2022, a empresa teve seu valor de mercado reduzido para US$ 815 milhões, devido às oscilações no mercado de ações.

2TM e Mercado Bitcoin

O grupo dono do Mercado Bitcoin, avaliado em US$ 2,1 bilhões, anunciou em 1º de junho a demissão de aproximadamente 90 pessoas de um quadro de 750 funcionários. A empresa afirmou em um comunicado que a decisão tinha relação com a mudança do cenário financeiro global, além da perda de valor das criptomoedas nos últimos seis meses.

A empresa alcançou um valor alto de mercado após receber um aporte do SoftBank, um dos maiores investidores de startups no Brasil, de US$ 200 milhões em julho de 2021, mas não deixou de sentir as oscilações do mercado.

No dia 1º de setembro, outra onda de demissões atingiu o Mercado Bitcoin, que demitiu mais 100 funcionários, que, segundo a própria empresa, representou 15% da equipe total de empregados. Em nota, a startup explicou o motivo dos novos cortes: “Os desafios impostos pela economia global vêm afetando os segmentos de inovação em todo o mundo. A adversidade na economia prossegue, e o ambiente competitivo continua deteriorado e desleal, sem a aprovação do Marco Legal dos Criptoativos, com os players que seguem as leis penalizados frente às empresas que ignoram as regras locais.”

Ao todo, em 2022, 190 pessoas foram demitidas do Mercado Bitcoin.

Sanar

Em junho, foi a vez da plataforma de estudos baiana para profissionais da área de saúde se juntar à série de demissões no setor das startups.

Com 13% do quadro de funcionários demitido, a empresa realizou cortes nas áreas de branding, design, vídeos, marketing, recrutamento e comunicação. Segundo fontes ouvidas pela reportagem do Estadão, a startup sempre seguiu uma política de transparência com os colaboradores, que foram pegos de surpresa pelo anúncio.

Kavak

A empresa mexicana Kavak, focada em simplificar a compra e venda de automóveis seminovos, demitiu, desde março, cerca de 300 funcionários, como foi publicado pelo Estadão entre 08 e 14 de junho.

A startup foi procurada pelo Estadão, mas preferiu não dar detalhes sobre o corte. Segundo ex-funcionários, a justificativa das demissões foi a de que a empresa não tinha mais demanda de trabalho para todos.

As operações da Kavak acabaram encontrando cenários adversos no Brasil. De acordo com dados da Federação Nacional Distribuição Veículos Automotores (Fenabrave), a crise global de investimentos em startups somou-se ao encolhimento na venda de automóveis no país em 2022.

Com operações no México, na Argentina e no Brasil, a empresa atingiu avaliação de US$ 8,7 bilhões, cifra que a transformou na maior startup de capital fechado na América Latina. O “unicórnio” mexicano chegou ao Brasil com a intenção de investir R$ 2,5 bilhões no País.

Sami

Em meados de junho, a startup de planos de saúde digitais Sami anunciou o desligamento de 75 pessoas, o que equivale a 15% do quadro total de funcionários. Ao Estadão/Broadcast, fontes afirmaram que demissões foram motivadas pelo “crescimento desordenado” do time, que contratou 300 novos colaboradores entre janeiro e maio. Na semana anterior às demissões, a Sami afirmou ao Estadão que tinha aumentado o quadro de funcionários de forma saudável de 15 para 566 pessoas em dois anos.

Frubana

A startup colombiana Frubana, de atacado de produtos para restaurantes e bares, demitiu 26 funcionários envolvidos com a operação da empresa no Brasil em 14 de junho - a companhia confirmou a informação ao Estadão em comunicado. Os cortes atingiram as áreas de Recursos Humanos e operações — cerca de 2% da startup, que tem 1,8 mil funcionários contratados no Brasil.

A companhia aponta que “a decisão faz parte de um ajuste pontual na estratégia de crescimento da marca, que segue investindo fortemente em sua operação no País e tem a ambição de dobrar de tamanho nos próximos 12 meses”, afirma em nota à reportagem.

Antes das demissões, a startup já havia cortado benefícios de funcionários, como Gympass (plano de mensalidade de academias), bem como foram revistos os planos para o Brasil no ano de 2022. de acordo com ex-funcionários, a Frubana seguia um ritmo de contratação acelerado até maio de 2022.

Ebanx

O Ebanx foi mais um unicórnio a fazer cortes no meio de 2022. A startup de sistemas de pagamentos internacionais demitiu 340 funcionários no dia 21 de junho — o equivalente a 20% do quadro de 1,7 mil pessoas. A informação foi confirmada pela companhia ao Estadão.

Segundo o Ebanx, os demitidos receberão um pacote de benefícios que inclui valores adicionais e extensão do plano de saúde, além do computador de trabalho. Segundo os ex-funcionários, foram prometidas a extensão de até 1 mês do vale-alimentação e de até 3 meses do plano de saúde.

O corte profundo no Ebanx é um dos mais duros golpes no ambiente de inovação do País — além do número alto, o Ebanx é o “unicórnio” (startup avaliada em US$ 1 bilhão) nacional com a maior pegada internacionacional entre os afetados. A empresa processa pagamentos internacionais em 15 países da América Latina. Entre os parceiros estão Spotify, AliExpress, Shein, Shopee e Wish.

Zenklub

Acompanhando o momento de apreensão entre as startups brasileiras, no dia 28 de junho, o Zenklub, startup de serviços de bem-estar e saúde emocional, demitiu cerca de 40 pessoas, segundo ex-funcionários. A informação dos cortes foi confirmada pela empresa ao Estadão em nota: “O Zenklub realizou o desligamento de um grupo de colaboradores que ocupavam posições específicas. A decisão faz parte de um ajuste na estratégia da empresa visando a sustentabilidade e o crescimento do negócio”. A startup, porém, não confirmou o número de pessoas afetadas.

Entre os ex-funcionários ouvidos pela reportagem, comenta-se que o corte atingiu áreas como produto, experiência do cliente, vendas e Recursos Humanos. As informações, porém, não são confirmadas pela empresa, que diz ter feito o desligamento de “um grupo de colaboradores que ocupavam posições específicas”.

iFood

No final de junho, o iFood dispensou parte da equipe de recrutamento de talentos após desacelerar o preenchimento de vagas em tecnologia. Segundo apurou o Estadão, ao menos 20 pessoas foram demitidas, em um movimento que indica que a companhia pisou no freio.

O iFood confirmou os desligamentos em nota para a reportagem: “O iFood está reestruturando algumas áreas, em busca de maior eficiência e foco para o seu negócio. Infelizmente o processo de priorização e de revisão levou ao desligamento de algumas pessoas e à desaceleração de novas contratações. Se antes o nosso time de recrutamento trazia mais de 200 pessoas por mês para a empresa, hoje esse número caiu pela metade".

Em 1º de março de 2023, a empresa promoveu uma nova onda de demissões, cortando do quadro de funcionários 355 pessoas, de acordo com a apuração do Estadão. Para a reportagem, a startup explicou, em nota, que o motivo para as demissões teria sido o momento econômico: “[...] O atual cenário econômico mundial tem exigido das empresas ações imediatas na busca por novas rotas para enfrentar essas adversidades”.

Shopee

A Shopee, plataforma de compras, ao final de junho, demitiu cerca de 50 pessoas. A startup é originária de Singapura e tem funcionários em vários países, e os cortes, apesar de terem sido em escala global, de acordo com a empresa, não atingiram o Brasil, apenas os países vizinhos Chile, México e Colômbia.

Recentemente, a empresa já havia restringido o frete grátis no Brasil e, segundo apurou o Estadão, com as demissões internas acontecendo, a Shopee também teria realizado cortes de aproximadamente 100 prestadores de serviço temporários que trabalhavam em um centro de distribuição de Barueri, porém a startup negou essa informação e explicou: “A Shopee contratou 180 profissionais como colaboradores diretos, anteriormente terceirizados, para seu centro de distribuição em Barueri nos últimos dois meses”.

Daki

A Daki, de entregas de mercado em 15 minutos, é mais um dos “unicórnios” que demitiu funcionários este ano. A startup confirmou ao Estadão, no dia 7 de julho, que demitiu 119 pessoas desde janeiro e afirmou ter a mesma quantidade de colaboradores que tinha antes de dar início aos cortes: 800. De acordo com a empresa, as demissões são parte de um movimento de substituição e não de redução de equipe.

No dia 1º de julho, 16 pessoas foram demitidas. Ex-funcionários, em entrevista para o Estadão, contaram que a Daki justificou a eles que as demissões foram por questões financeiras e que as vagas foram fechadas. As áreas afetadas, segundo a apuração da reportagem, foram as de finanças, marketing, experiência do consumidor, Recursos Humanos e operações.

Alice

Em dezembro de 2021, a startup de saúde Alice recebeu um aporte de US$ 127 milhões liderado pelo SoftBank, e, sete meses depois, em 8 de julho de 2022, demitiu 63 funcionários, segundo a apuração do Estadão. Para a reportagem, a startup explicou que as demissões fazem parte de um “redimensionamento” da área de vendas e disse também ter realocado 20 pessoas dentro da empresa.

Em outubro, a startup anunciou a inauguração de um novo escritório em São Paulo, e em dezembro a Alice confirmou ao Estadão mais cortes na empresa, dessa vez, de 113 pessoas, o que corresponde a 16% da healthtech. A decisão pelo corte, segundo a startup, seria a saída para enfrentar o cenário econômico mundial e aumentar a eficiência da empresa.

Provi

No dia 27 de julho, a startup de financiamento estudantil, Provi, divulgou que demitiu 23% dos cerca de 300 funcionários da empresa, que, segundo apurou o Estadão, representa entre 65 e 70 pessoas. O motivo das demissões, de acordo com a Provi, seria o cenário complicado para a inovação, com alta na inflação.

Ainda em julho, a Provi contratou o ex-BBB Viny para ser o garoto-propaganda da sua primeira grande campanha publicitária, afastando a ideia de uma possível crise interna e, além disso, Estadão apurou que, aproximadamente um mês e meio antes dos cortes, a startup descartou aos funcionários a possibilidade de realizar demissões e disse que havia somente reduzido as contratações e que revisaria metas internas.

Nomad

A Nomad, startup de operações financeiras nos EUA, foi mais uma empresa que realizou demissões este ano. No dia 3 de agosto, a Nomad demitiu cerca de 70 funcionários, o que corresponde a aproximadamente de 20% a 30% da startup, segundo o Estadão apurou.

Quando procurada, a empresa não confirmou o número, mas explicou que as demissões foram para garantir “a alta performance da empresa nos próximos anos”. Diversas áreas foram afetadas, dentre elas a área de investimentos, jurídico e departamento pessoal.

Em maio, a fintech brasileira recebeu um aporte de US$ 32 milhões liderado pelo fundo americano Stripes para a expansão do modelo de negócio. Além disso, a startup tinha a entrega, prevista para novembro, de uma sala de espera no Aeroporto Internacional de Guarulhos, com alimentação e descanso para passageiros.

Loggi

Um dos maiores cortes de funcionários em startups veio em 8 de agosto, quando o “unicórnio” de transporte Loggi anunciou a demissão de 15% de seus 3,6 mil colaboradores. Toda a companhia foi afetada pelo corte, incluindo as áreas operacional, administrativa e de tecnologia — as informações foram reveladas ao Estadão por Fabien Mendez, CEO e cofundador da companhia.

De acordo com Mendez, o corte aconteceu devido ao momento da startup frente à estagnação do comércio eletrônico, por conta da alta da inflação — a empresa já havia demitido cerca de 120 funcionários no início da pandemia. Junto com os cortes, a Loggi também anunciou a troca na liderança da empresa: Mendez está de saída e quem vai assumir o cargo de presidente será o francês Thibaud Lecuyer, até então diretor financeiro da startup.

Em uma nova rodada de cortes, no dia 6 de fevereiro de 2023 a startup confirmou ao Estadão que planeja demitir 7% do quadro de funcionários. O motivo seria a perspectiva econômica global para no 2023. “A gente esperava que 2023 seria difícil e janeiro já confirmou isso. A expectativa é de inflação alta, o que reduz o poder de compra das pessoas e o consumo”, explicou o CEO Thibaud Lecuyer à reportagem.

MadeiraMadeira

O “unicórnio” MadeiraMadeira, especializado em venda de móveis, demitiu cerca de 60 funcionários no dia 9 de agosto, o que representa aproximadamente 3% da equipe total da empresa, que antes dos cortes, contava com mais de 2 mil pessoas.

De acordo com a apuração do Estadão, as áreas afetadas foram as de produtos, design, T.I e de desenvolvedores, mas a startup não confirmou essas informações. Em comunicado, a empresa explicou: “A decisão faz parte de um movimento da empresa de revisar as estruturas com foco em ganho de eficiência e repriorização de projetos, continuando sua estratégia de crescimento e ganho de escala”.

Warren

A Warren, startup gaúcha, demitiu cerca de 7% dos 700 funcionários da empresa no dia 17 de agosto, segundo apurou o Estadão. A fintech confirmou as demissões mas não confirmou os números. Em abril, a startup havia levantado um aporte de R$ 300 milhões liderado pelo GIC, fundo soberano de Singapura.

Em nota, a companhia explicou: “Após 6 M&As realizados, incorporando a totalidade dos colaboradores das empresas, a Warren fez uma série de revisões de processos e projetos, além de inúmeras avaliações, o que resultou na reestruturação das áreas, na priorização de iniciativas e na readequação do quadro de colaboradores”.

Uma planilha, preenchida por 46 ex-funcionários, mostra que algumas das áreas afetadas foram a de gerente de produto, desenvolvimento, pesquisa, análise de dados e previdência privada e, além disso, essas pessoas afirmaram, para a reportagem, que o número de cortes deve ter sido maior do que o que a planilha contabiliza.

Nomah/Casai

No dia 18 de agosto, a startup brasileira Nomah e a mexicana Casai anunciaram que iriam se juntar e se tornar uma única empresa. Com isso, o objetivo seria se tornar a maior startup de hospedagens curtas da América Latina - setor atuante de ambas empresas.

Aproximadamente duas semanas antes do anúncio, a Nomah demitiu cerca de 28 funcionários, de acordo com uma planilha que circulou na internet. Em comunicado ao Estadão, a empresa explicou: “A reestruturação foi realizada de forma transparente e respeitosa. Todos os colaboradores receberam um pacote especial de benefícios e apoio na transição”.

Além da Nomah, a Casai demitiu 80 pessoas das 200 que trabalhavam em escritórios no Brasil e no México, segundo informações de uma reportagem do veículo Bloomberg Línea.

99

A empresa de transporte por aplicativo 99 realizou a demissão de cerca de 100 pessoas ao final de setembro. A startup confirmou os cortes, mas não divulgou o número de demitidos. Ex-funcionários da empresa informaram o número 100 para o Estadão. De acordo com a própria 99, apenas a área de relacionamento com o cliente foi afetada e alguns dos demitidos disseram ao Estadão que a empresa planeja terceirizar o atendimento ao cliente.

Em nota, sobre as demissões, a empresa explicou: “Para atender às necessidades dos nossos usuários e do nosso negócio, que evoluem rapidamente, tivemos que tomar algumas decisões difíceis sobre o modelo operacional e a estrutura do nosso departamento de relacionamento com o cliente, com foco em maior escala e maior flexibilidade. Isso envolveu uma readequação do nosso time interno, ao passo em que ampliamos nosso escopo com os atuais parceiros”.

Hotmart

Outra startup que fez demissões, foi a Hotmart, de cursos para profissionais da economia criativa. Em setembro, a empresa realizou o evento Fire Festival, que contou com a presença de 6 mil pessoas, mas, no dia 20 de outubro, aproximadamente um mês depois do evento, demitiu 227 funcionários, que representa 12% da startup, segundo apurou o Estadão.

Em 2021, a Hotmart recebeu um aporte de R$ 735 milhões, liderada pelo fundo americano TCV, e disse, depois, que havia atingido o status de “unicórnio“.

Unico

A Unico, startup de identidade digital, anunciou no dia 24 de outubro a demissão de 50 funcionários da área de vendas, o que representa cerca de 4,4% da empresa. A startup oferece serviços antifraude para várias empresas e quer expandir para o mercado internacional, começando por México e Colômbia.

A startup se tornou um unicórnio em abril de 2021, e afirma que as demissões foram para “garantir maior eficiência e clareza de atuação” no mercado. Em nota, o CEO da Unico, Diego Martins, declarou: “Estamos continuamente direcionando nossos investimentos e esforços para sermos a maior empresa de tecnologia brasileira, focando em tecnologia, segurança e privacidade”.

Em 17 de janeiro, a companhia promoveu nova rodada de demissões: o corte de 10,5% da força de trabalho, número representa cerca de 105 pessoas da companhia. Os cortes atingiram as áreas de design, produto, engenharia e marketing, segundo apurou a reportagem.

Dock

Em maio de 2022, o ‘unicórnio’ brasileiro, Dock, de infraestrutura para pagamentos, foi avaliada em US$ 1,5 bilhão, mas, no início de novembro, demitiu 12% dos funcionários da empresa. As demissões afetaram as áreas de produto, design e desenvolvimento, de acordo com uma planilha compartilhada nas redes sociais, e, segundo apurou o Estadão, afetaram também as áreas de compliance, experiência do consumidor e RH.

Foram demitidos 160 funcionários no Brasil e 30 pessoas no México. Em nota, a Dock explicou que: “Após uma revisão completa das estruturas da empresa, (a Dock) decidiu reorganizar áreas e equipes, primordialmente de suporte e fora do core business, o que resultou na decisão de reduzir o quadro de colaboradores, diminuindo sobreposições, a fim de gerar eficiência”.

Wildlife

Ao final de novembro de 2022, no dia 28, a WildLife, “unicórnio“ especializada em games, demitiu entre 150 - 200 funcionários, que seria correspondente à 20% da empresa, segundo apurou o Estadão. No perfil oficial da startup no LinkedIn, a empresa afirmava ter 1.123 contratados, enquanto o site oficial dizia ter somente 800 pessoas.

Todas as áreas da startup foram afetadas com demissões, além de funcionários da Argentina, mas a Wildlife não confirmou o número de demitidos para a reportagem. Em 2019, a startup ganhou o título de 10.º ‘unicórnio’ do Brasil.

Buser

No dia 8 de dezembro, a startup de viagens rodoviárias com ônibus fretados, Buser, anunciou a demissão de 30% dos funcionários da empresa, que representa cerca de 165 pessoas, de acordo com a apuração realizada pelo Estadão. Em junho de 2021, a startup recebeu aporte de R$700 milhões com a retomada das viagens, liderado por vários investidores tradicionais do mercado de tecnologia.

Para a Buser, os cortes são reflexo da falta de capital de investidores, mas a expectativa é recuperar o número de empregados no próximo semestre. Em nota, Marcelo Abritta, o presidente e fundador da empresa disse: “É uma medida dura e difícil, mas necessária para continuarmos crescendo de forma sólida e segura”.

Frete.com

Já em 2023, no dia 11 de janeiro, o ”unicórnio” Frete.com, de digitalização no setor de transportes rodoviários, demitiu 15% de seu quadro de funcionários, que corresponde à 150 trabalhadores, segundo apurou o Estadão.

O motivo das demissões, de acordo com a empresa, teria sido a alta mundial dos juros e a desaceleração da economia. Em nota, a startup explicou: “Este rearranjo interno da empresa não impacta em absolutamente nada as atividades desenvolvidas, uma vez que houve captação de investimentos de R$1,2 bilhão”.

Pier

Junto com o “unicórnio” Frete.com, a startup Pier, de seguros, confirmou que também realizou cortes na equipe de funcionários no dia 12 de janeiro de 2023. Ao todo 111 pessoas foram demitidas no primeiro corte em massa da empresa.

Como justificativa, a Pier disse, em nota ao Estadão, que as demissões são “com o objetivo de manter o expressivo avanço dos seus negócios e sua eficiência operacional”.

PagSeguro

A fintech de pagamentos PagSeguro cortou 7% dos funcionários em 16 de janeiro de 2023, totalizando 500 pessoas afetadas entre 7 mil trabalhadores. Em comunicado, o unicórnio afirma que está se ajustando ao mercado mundial, assim como outras startups do ramo.

Ainda segundo a nota, a reestruturação acontece para “melhorar a eficiência da companhia”, que passou por uma queda de 70% no valor dos papeis da startup na Bolsa.

Nubank

O banco digital Nubank foi mais uma das empresas que entrou na onda de demissões em massa. Em nota, publicada no dia 7 de junho de 2023, a companhia afirma que demitiu 296 pessoas durante um processo de “reestruturação” da empresa, que, em março, registrou 7,8 mil funcionários.

O banco afirmou que os cortes afetaram a área de operações, tendo em vista a necessidade de passar por uma “centralização” para manter o ritmo de crescimento da empresa, diz a nota. “Algumas funções e posições se tornaram redundantes”, diz o documento.

“Neste momento, nenhuma outra reestruturação é contemplada. Em outras áreas de negócios, o Nubank continua a seguir o ritmo normal de contratações baseadas nas necessidades do negócio e da performance dos empregados”, diz o comunicado.

Gupy

A empresa de recrutamento de pessoas e de soluções digitais para RH é outra que realizou demissões em meio a essa onda. Os cortes aconteceram no dia 2 de agosto de 2023 e, ao todo, 58 pessoas foram demitidas, representando 8,5% dos funcionários da empresa, declarou a companhia ao Estadão. Esse é o primeiro corte de funcionários na história da startup, fundada em 2015.

A Gupy justificou as demissões dizendo que elas fazem parte de uma “reorganização” para otimizar os negócios da empresa. Mariana Dias, cofundadora e presidente executiva da empresa, disse ao Estadão, que, “da forma como estávamos estruturados, não conseguíamos fazer um atendimento fluido e conectado. Queremos ter as soluções sob um único guarda-chuva”.

A empresa informou que vai continuar realizando contratações, em especial no seu time de tecnologia.

Desde o mês de abril de 2022, startups brasileiras e estrangeiras com operações no País vêm experimentando um período adverso em relação a investimentos. A situação é resultado da crise global macroeconômica com a alta global dos preços, situação agravada pela guerra na Ucrânia, sendo o principal desafio das empresas de tecnologia, já em 2023, o cenário inflacionário.

Acostumadas com investimentos pesados, a desaceleração no setor fez com que muitas empresas do ramo da tecnologia, incluindo os “unicórnios” (as raras startups com avaliação superior a US$ 1 bilhão), tomassem a decisão de reduzir gastos para controlar a situação internamente. Muitas dessas medidas foram traduzidas em extensas demissões no quadro geral de funcionários para se reorganizar internamente.

Uma reportagem publicada pelo Estadão no início de maio de 2022 mostra que o ecossistema de inovação no Brasil vem sentindo a desaceleração mundial no mercado de investimentos. Segundo dados reunidos na matéria a partir de um levantamento da plataforma de inovação aberta Sling Hub, os aportes na América Latina recuaram 35% em abril em comparação ao mesmo período de 2021.

Startups fazem demissões com crise econômica global Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Especialistas ouvidos dizem que a tendência é que surjam menos “unicórnios” e que os “downrounds”, processo em que uma empresa é reavaliada para baixo, sejam mais frequentes durante a crise.

Relembre quais foram as empresas de tecnologia brasileiras e com unidades no Brasil que anunciaram desligamentos no quadro de funcionários nos últimos meses:

Liv Up

Em fevereiro de 2022, a Liv Up foi a primeira startup a anunciar um corte de 15% em seu quadro de colaboradores, o equivalente a aproximadamente 100 pessoas. Segundo apuração do site Startups, a foodtech confirmou que passa por uma reestruturação que visa a focar em áreas estratégicas da empresa.

O anúncio dos desligamentos veio cinco meses após a startup anunciar em setembro de 2021 que recebeu um aporte de R$ 50 milhões da Global Ventures, como foi publicado pelo Estadão no ano passado. Na época, esse valor juntou-se aos outros R$ 180 milhões, resultado de uma rodada anunciada em junho do mesmo ano. Nesse período, a empresa, que atua no setor de alimentos saudáveis e orgânicos, afirmou ao Estadão que seguiria com um portfólio focado em expansão.

QuintoAndar

Uma das primeiras startups brasileiras a anunciar demissões foi o “unicórnio” QuintoAndar. A empresa de compra, venda e aluguel de imóveis anunciou no dia 12 de abril de 2022 um corte de 4% (160 pessoas) de um quadro de funcionários composto por 4 mil funcionários. A plataforma afirmou ao Estadão que os cortes atingiram 4% dos colaboradores. Os desligamentos afetaram as áreas de tecnologia, marketing e Recursos Humanos.

Após patrocínio milionário no início do ano no reality show Big Brother Brasil 22, com valores que flutuam entre R$ 12 milhões e R$ 92 milhões, o QuintoAndar afirmou na época da reportagem que, no primeiro trimestre de 2022, a plataforma cresceu 30% em relação ao quarto trimestre de 2021. No entanto, segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança, em fevereiro do mesmo ano, o setor teve queda de 20% em relação a janeiro.

Loft

No dia 18 de abril de 2022, a plataforma de compra, reforma e venda de imóveis Loft demitiu 159 funcionários das áreas comercial e operacional. A empresa remanejou outras 52 pessoas e afirmou que a mudança no quadro de funcionários fez parte de um plano de consolidação da área de crédito da empresa.

Os cortes acontecem oito meses após a compra da startup de crédito imobiliário CrediHome. Ao Estadão, o fundador da Loft, Mate Pencz, disse que não tinham outros desligamentos planejados e que a única coisa que estava sendo reorganizada era a área de crédito. Apesar disso, em 5 de julho, a startup voltou a fazer demissões no País. Desta vez, em maior número: na segunda rodada de desligamentos, 384 funcionários foram demitidos.

Uma 3ª onda de cortes atingiu a Loft no dia 7 de dezembro, resultando na demissão de mais 312 funcionários. Em comunicado, a empresa “agradece a dedicação dos colaboradores desligados e está empenhada em ajudar no que for possível para a sua recolocação no mercado”. Ao todo, foram 855 pessoas demitidas em 2022.

Ainda, a startup dispensou 340 funcionários (cerca de 15% de um quadro de 2,2 mil pessoas) em março de 2023, alegando que o movimento visava adequar os gastos e as contas da empresa diante do cenário econômico. Trata-se da quarta rodada de demissões em massa da companhia, que já soma mais de 1.195 demitidos desde abril de 2022.

Facily

Entre 18 e 19 abril de 2022, a startup que atua como hipermercado digital anunciou um corte de 60% na folha de pagamento, que afetou entre 300 e 400 funcionários. Os cortes também atingiram funcionários terceirizados, como a startup parceira i9 Xperience Center, que teve cerca de 900 funcionários desligados.

Pouco tempo após sua fundação, a empresa atingiu o status de “unicórnio” e, entre novembro e dezembro de 2021, levantou US$ 385 milhões, ficando atrás apenas de nomes da tecnologia como Nubank, Loft, QuintoAndar e Ebanx em capital recebido de fundos de investimento. Os ex-funcionários ouvidos pelo Estadão disseram que a empresa demonstrava sinais de despreparo para o novo momento e que a startup enfrentava sobrecarga nos sistemas de pagamentos, desencontros de informações e problemas nas cadeias logísticas, além de reclamações de clientes.

Em 2021, os clientes também sentiram os problemas internos da plataforma e a empresa acabou tornando-se líder no ranking do Procon-SP, com 211 mil reclamações.

Zak

No dia 13 de maio, a Zak demitiu cerca de 40% do quadro de funcionários. Na época, a empresa não confirmou o número de desligamentos, mas, segundo apuração do Estadão, os cortes atingiram cerca de 100 pessoas das áreas de vendas, marketing, produto e experiência do consumidor. Em nota, a Zak afirmou que a decisão se deu devido ao mau momento financeiro pelo qual a startup passa e ao cenário macroeconômico adverso.

Em 2021, a empresa, que tem como objetivo otimizar operações e digitalizar tarefas de restaurantes em uma única plataforma, levantou US$ 15 milhões em uma rodada liderada pelo fundo de investimento Tiger Global.

Olist

No dia 23 de maio, foi a vez de a startup especializada em comércio eletrônico Olist demitir cerca de 150 funcionários das áreas de tecnologia, negócio e produto. O número não foi confirmado pelo fundador da empresa, Tiago Dalvi, que contava com 1,4 mil funcionários e planejava 300 contratações para este ano.

A Olist tornou-se um “unicórnio” em dezembro de 2021, com um aporte de US$ 186 milhões. Entretanto, assim como outras startups com grandes investimentos, a empresa não deixou de ser atingida por cortes.

Na época dos anúncios de desligamentos, o executivo da Olist disse ao Estadão que a empresa vem realizando ajustes constantes desde 2015. Ele afirmou ainda que a receita da startup cresceu 3,5 vezes em 2021 na comparação com 2020.

Uma segunda rodada de cortes aconteceu em 30 de janeiro de 2023. Também sem confirmar a quantidade de pessoas atingidas, a startup abandonou o tom cauteloso de 2022 e declarou: “Hoje, há bastante certeza sobre o mercado árido de 2023″, diz Dalvi.

Vtex

No dia 26 de maio, o “unicórnio” brasileiro Vtex anunciou demissões em massa que atingiram 193 pessoas das áreas de produto, experiência do usuário, design, engenharia e growth. O corte aconteceu logo após o Vtex Day, evento que contou com a presença do piloto de Fórmula 1 Lewis Hamilton.

Em comunicado oficial, a startup disse que “a decisão de reduzir nossa força de trabalho foi tomada como um julgamento estratégico sobre qual estrutura organizacional pode entregar nossas prioridades ajustadas e alinhadas a esse ciclo orientado a crescimento com eficiência.”

No segundo semestre de 2021, a Vtex abriu capital na Bolsa dos Estados Unidos e levantou US$ 360 milhões no IPO, mas em 2022, a empresa teve seu valor de mercado reduzido para US$ 815 milhões, devido às oscilações no mercado de ações.

2TM e Mercado Bitcoin

O grupo dono do Mercado Bitcoin, avaliado em US$ 2,1 bilhões, anunciou em 1º de junho a demissão de aproximadamente 90 pessoas de um quadro de 750 funcionários. A empresa afirmou em um comunicado que a decisão tinha relação com a mudança do cenário financeiro global, além da perda de valor das criptomoedas nos últimos seis meses.

A empresa alcançou um valor alto de mercado após receber um aporte do SoftBank, um dos maiores investidores de startups no Brasil, de US$ 200 milhões em julho de 2021, mas não deixou de sentir as oscilações do mercado.

No dia 1º de setembro, outra onda de demissões atingiu o Mercado Bitcoin, que demitiu mais 100 funcionários, que, segundo a própria empresa, representou 15% da equipe total de empregados. Em nota, a startup explicou o motivo dos novos cortes: “Os desafios impostos pela economia global vêm afetando os segmentos de inovação em todo o mundo. A adversidade na economia prossegue, e o ambiente competitivo continua deteriorado e desleal, sem a aprovação do Marco Legal dos Criptoativos, com os players que seguem as leis penalizados frente às empresas que ignoram as regras locais.”

Ao todo, em 2022, 190 pessoas foram demitidas do Mercado Bitcoin.

Sanar

Em junho, foi a vez da plataforma de estudos baiana para profissionais da área de saúde se juntar à série de demissões no setor das startups.

Com 13% do quadro de funcionários demitido, a empresa realizou cortes nas áreas de branding, design, vídeos, marketing, recrutamento e comunicação. Segundo fontes ouvidas pela reportagem do Estadão, a startup sempre seguiu uma política de transparência com os colaboradores, que foram pegos de surpresa pelo anúncio.

Kavak

A empresa mexicana Kavak, focada em simplificar a compra e venda de automóveis seminovos, demitiu, desde março, cerca de 300 funcionários, como foi publicado pelo Estadão entre 08 e 14 de junho.

A startup foi procurada pelo Estadão, mas preferiu não dar detalhes sobre o corte. Segundo ex-funcionários, a justificativa das demissões foi a de que a empresa não tinha mais demanda de trabalho para todos.

As operações da Kavak acabaram encontrando cenários adversos no Brasil. De acordo com dados da Federação Nacional Distribuição Veículos Automotores (Fenabrave), a crise global de investimentos em startups somou-se ao encolhimento na venda de automóveis no país em 2022.

Com operações no México, na Argentina e no Brasil, a empresa atingiu avaliação de US$ 8,7 bilhões, cifra que a transformou na maior startup de capital fechado na América Latina. O “unicórnio” mexicano chegou ao Brasil com a intenção de investir R$ 2,5 bilhões no País.

Sami

Em meados de junho, a startup de planos de saúde digitais Sami anunciou o desligamento de 75 pessoas, o que equivale a 15% do quadro total de funcionários. Ao Estadão/Broadcast, fontes afirmaram que demissões foram motivadas pelo “crescimento desordenado” do time, que contratou 300 novos colaboradores entre janeiro e maio. Na semana anterior às demissões, a Sami afirmou ao Estadão que tinha aumentado o quadro de funcionários de forma saudável de 15 para 566 pessoas em dois anos.

Frubana

A startup colombiana Frubana, de atacado de produtos para restaurantes e bares, demitiu 26 funcionários envolvidos com a operação da empresa no Brasil em 14 de junho - a companhia confirmou a informação ao Estadão em comunicado. Os cortes atingiram as áreas de Recursos Humanos e operações — cerca de 2% da startup, que tem 1,8 mil funcionários contratados no Brasil.

A companhia aponta que “a decisão faz parte de um ajuste pontual na estratégia de crescimento da marca, que segue investindo fortemente em sua operação no País e tem a ambição de dobrar de tamanho nos próximos 12 meses”, afirma em nota à reportagem.

Antes das demissões, a startup já havia cortado benefícios de funcionários, como Gympass (plano de mensalidade de academias), bem como foram revistos os planos para o Brasil no ano de 2022. de acordo com ex-funcionários, a Frubana seguia um ritmo de contratação acelerado até maio de 2022.

Ebanx

O Ebanx foi mais um unicórnio a fazer cortes no meio de 2022. A startup de sistemas de pagamentos internacionais demitiu 340 funcionários no dia 21 de junho — o equivalente a 20% do quadro de 1,7 mil pessoas. A informação foi confirmada pela companhia ao Estadão.

Segundo o Ebanx, os demitidos receberão um pacote de benefícios que inclui valores adicionais e extensão do plano de saúde, além do computador de trabalho. Segundo os ex-funcionários, foram prometidas a extensão de até 1 mês do vale-alimentação e de até 3 meses do plano de saúde.

O corte profundo no Ebanx é um dos mais duros golpes no ambiente de inovação do País — além do número alto, o Ebanx é o “unicórnio” (startup avaliada em US$ 1 bilhão) nacional com a maior pegada internacionacional entre os afetados. A empresa processa pagamentos internacionais em 15 países da América Latina. Entre os parceiros estão Spotify, AliExpress, Shein, Shopee e Wish.

Zenklub

Acompanhando o momento de apreensão entre as startups brasileiras, no dia 28 de junho, o Zenklub, startup de serviços de bem-estar e saúde emocional, demitiu cerca de 40 pessoas, segundo ex-funcionários. A informação dos cortes foi confirmada pela empresa ao Estadão em nota: “O Zenklub realizou o desligamento de um grupo de colaboradores que ocupavam posições específicas. A decisão faz parte de um ajuste na estratégia da empresa visando a sustentabilidade e o crescimento do negócio”. A startup, porém, não confirmou o número de pessoas afetadas.

Entre os ex-funcionários ouvidos pela reportagem, comenta-se que o corte atingiu áreas como produto, experiência do cliente, vendas e Recursos Humanos. As informações, porém, não são confirmadas pela empresa, que diz ter feito o desligamento de “um grupo de colaboradores que ocupavam posições específicas”.

iFood

No final de junho, o iFood dispensou parte da equipe de recrutamento de talentos após desacelerar o preenchimento de vagas em tecnologia. Segundo apurou o Estadão, ao menos 20 pessoas foram demitidas, em um movimento que indica que a companhia pisou no freio.

O iFood confirmou os desligamentos em nota para a reportagem: “O iFood está reestruturando algumas áreas, em busca de maior eficiência e foco para o seu negócio. Infelizmente o processo de priorização e de revisão levou ao desligamento de algumas pessoas e à desaceleração de novas contratações. Se antes o nosso time de recrutamento trazia mais de 200 pessoas por mês para a empresa, hoje esse número caiu pela metade".

Em 1º de março de 2023, a empresa promoveu uma nova onda de demissões, cortando do quadro de funcionários 355 pessoas, de acordo com a apuração do Estadão. Para a reportagem, a startup explicou, em nota, que o motivo para as demissões teria sido o momento econômico: “[...] O atual cenário econômico mundial tem exigido das empresas ações imediatas na busca por novas rotas para enfrentar essas adversidades”.

Shopee

A Shopee, plataforma de compras, ao final de junho, demitiu cerca de 50 pessoas. A startup é originária de Singapura e tem funcionários em vários países, e os cortes, apesar de terem sido em escala global, de acordo com a empresa, não atingiram o Brasil, apenas os países vizinhos Chile, México e Colômbia.

Recentemente, a empresa já havia restringido o frete grátis no Brasil e, segundo apurou o Estadão, com as demissões internas acontecendo, a Shopee também teria realizado cortes de aproximadamente 100 prestadores de serviço temporários que trabalhavam em um centro de distribuição de Barueri, porém a startup negou essa informação e explicou: “A Shopee contratou 180 profissionais como colaboradores diretos, anteriormente terceirizados, para seu centro de distribuição em Barueri nos últimos dois meses”.

Daki

A Daki, de entregas de mercado em 15 minutos, é mais um dos “unicórnios” que demitiu funcionários este ano. A startup confirmou ao Estadão, no dia 7 de julho, que demitiu 119 pessoas desde janeiro e afirmou ter a mesma quantidade de colaboradores que tinha antes de dar início aos cortes: 800. De acordo com a empresa, as demissões são parte de um movimento de substituição e não de redução de equipe.

No dia 1º de julho, 16 pessoas foram demitidas. Ex-funcionários, em entrevista para o Estadão, contaram que a Daki justificou a eles que as demissões foram por questões financeiras e que as vagas foram fechadas. As áreas afetadas, segundo a apuração da reportagem, foram as de finanças, marketing, experiência do consumidor, Recursos Humanos e operações.

Alice

Em dezembro de 2021, a startup de saúde Alice recebeu um aporte de US$ 127 milhões liderado pelo SoftBank, e, sete meses depois, em 8 de julho de 2022, demitiu 63 funcionários, segundo a apuração do Estadão. Para a reportagem, a startup explicou que as demissões fazem parte de um “redimensionamento” da área de vendas e disse também ter realocado 20 pessoas dentro da empresa.

Em outubro, a startup anunciou a inauguração de um novo escritório em São Paulo, e em dezembro a Alice confirmou ao Estadão mais cortes na empresa, dessa vez, de 113 pessoas, o que corresponde a 16% da healthtech. A decisão pelo corte, segundo a startup, seria a saída para enfrentar o cenário econômico mundial e aumentar a eficiência da empresa.

Provi

No dia 27 de julho, a startup de financiamento estudantil, Provi, divulgou que demitiu 23% dos cerca de 300 funcionários da empresa, que, segundo apurou o Estadão, representa entre 65 e 70 pessoas. O motivo das demissões, de acordo com a Provi, seria o cenário complicado para a inovação, com alta na inflação.

Ainda em julho, a Provi contratou o ex-BBB Viny para ser o garoto-propaganda da sua primeira grande campanha publicitária, afastando a ideia de uma possível crise interna e, além disso, Estadão apurou que, aproximadamente um mês e meio antes dos cortes, a startup descartou aos funcionários a possibilidade de realizar demissões e disse que havia somente reduzido as contratações e que revisaria metas internas.

Nomad

A Nomad, startup de operações financeiras nos EUA, foi mais uma empresa que realizou demissões este ano. No dia 3 de agosto, a Nomad demitiu cerca de 70 funcionários, o que corresponde a aproximadamente de 20% a 30% da startup, segundo o Estadão apurou.

Quando procurada, a empresa não confirmou o número, mas explicou que as demissões foram para garantir “a alta performance da empresa nos próximos anos”. Diversas áreas foram afetadas, dentre elas a área de investimentos, jurídico e departamento pessoal.

Em maio, a fintech brasileira recebeu um aporte de US$ 32 milhões liderado pelo fundo americano Stripes para a expansão do modelo de negócio. Além disso, a startup tinha a entrega, prevista para novembro, de uma sala de espera no Aeroporto Internacional de Guarulhos, com alimentação e descanso para passageiros.

Loggi

Um dos maiores cortes de funcionários em startups veio em 8 de agosto, quando o “unicórnio” de transporte Loggi anunciou a demissão de 15% de seus 3,6 mil colaboradores. Toda a companhia foi afetada pelo corte, incluindo as áreas operacional, administrativa e de tecnologia — as informações foram reveladas ao Estadão por Fabien Mendez, CEO e cofundador da companhia.

De acordo com Mendez, o corte aconteceu devido ao momento da startup frente à estagnação do comércio eletrônico, por conta da alta da inflação — a empresa já havia demitido cerca de 120 funcionários no início da pandemia. Junto com os cortes, a Loggi também anunciou a troca na liderança da empresa: Mendez está de saída e quem vai assumir o cargo de presidente será o francês Thibaud Lecuyer, até então diretor financeiro da startup.

Em uma nova rodada de cortes, no dia 6 de fevereiro de 2023 a startup confirmou ao Estadão que planeja demitir 7% do quadro de funcionários. O motivo seria a perspectiva econômica global para no 2023. “A gente esperava que 2023 seria difícil e janeiro já confirmou isso. A expectativa é de inflação alta, o que reduz o poder de compra das pessoas e o consumo”, explicou o CEO Thibaud Lecuyer à reportagem.

MadeiraMadeira

O “unicórnio” MadeiraMadeira, especializado em venda de móveis, demitiu cerca de 60 funcionários no dia 9 de agosto, o que representa aproximadamente 3% da equipe total da empresa, que antes dos cortes, contava com mais de 2 mil pessoas.

De acordo com a apuração do Estadão, as áreas afetadas foram as de produtos, design, T.I e de desenvolvedores, mas a startup não confirmou essas informações. Em comunicado, a empresa explicou: “A decisão faz parte de um movimento da empresa de revisar as estruturas com foco em ganho de eficiência e repriorização de projetos, continuando sua estratégia de crescimento e ganho de escala”.

Warren

A Warren, startup gaúcha, demitiu cerca de 7% dos 700 funcionários da empresa no dia 17 de agosto, segundo apurou o Estadão. A fintech confirmou as demissões mas não confirmou os números. Em abril, a startup havia levantado um aporte de R$ 300 milhões liderado pelo GIC, fundo soberano de Singapura.

Em nota, a companhia explicou: “Após 6 M&As realizados, incorporando a totalidade dos colaboradores das empresas, a Warren fez uma série de revisões de processos e projetos, além de inúmeras avaliações, o que resultou na reestruturação das áreas, na priorização de iniciativas e na readequação do quadro de colaboradores”.

Uma planilha, preenchida por 46 ex-funcionários, mostra que algumas das áreas afetadas foram a de gerente de produto, desenvolvimento, pesquisa, análise de dados e previdência privada e, além disso, essas pessoas afirmaram, para a reportagem, que o número de cortes deve ter sido maior do que o que a planilha contabiliza.

Nomah/Casai

No dia 18 de agosto, a startup brasileira Nomah e a mexicana Casai anunciaram que iriam se juntar e se tornar uma única empresa. Com isso, o objetivo seria se tornar a maior startup de hospedagens curtas da América Latina - setor atuante de ambas empresas.

Aproximadamente duas semanas antes do anúncio, a Nomah demitiu cerca de 28 funcionários, de acordo com uma planilha que circulou na internet. Em comunicado ao Estadão, a empresa explicou: “A reestruturação foi realizada de forma transparente e respeitosa. Todos os colaboradores receberam um pacote especial de benefícios e apoio na transição”.

Além da Nomah, a Casai demitiu 80 pessoas das 200 que trabalhavam em escritórios no Brasil e no México, segundo informações de uma reportagem do veículo Bloomberg Línea.

99

A empresa de transporte por aplicativo 99 realizou a demissão de cerca de 100 pessoas ao final de setembro. A startup confirmou os cortes, mas não divulgou o número de demitidos. Ex-funcionários da empresa informaram o número 100 para o Estadão. De acordo com a própria 99, apenas a área de relacionamento com o cliente foi afetada e alguns dos demitidos disseram ao Estadão que a empresa planeja terceirizar o atendimento ao cliente.

Em nota, sobre as demissões, a empresa explicou: “Para atender às necessidades dos nossos usuários e do nosso negócio, que evoluem rapidamente, tivemos que tomar algumas decisões difíceis sobre o modelo operacional e a estrutura do nosso departamento de relacionamento com o cliente, com foco em maior escala e maior flexibilidade. Isso envolveu uma readequação do nosso time interno, ao passo em que ampliamos nosso escopo com os atuais parceiros”.

Hotmart

Outra startup que fez demissões, foi a Hotmart, de cursos para profissionais da economia criativa. Em setembro, a empresa realizou o evento Fire Festival, que contou com a presença de 6 mil pessoas, mas, no dia 20 de outubro, aproximadamente um mês depois do evento, demitiu 227 funcionários, que representa 12% da startup, segundo apurou o Estadão.

Em 2021, a Hotmart recebeu um aporte de R$ 735 milhões, liderada pelo fundo americano TCV, e disse, depois, que havia atingido o status de “unicórnio“.

Unico

A Unico, startup de identidade digital, anunciou no dia 24 de outubro a demissão de 50 funcionários da área de vendas, o que representa cerca de 4,4% da empresa. A startup oferece serviços antifraude para várias empresas e quer expandir para o mercado internacional, começando por México e Colômbia.

A startup se tornou um unicórnio em abril de 2021, e afirma que as demissões foram para “garantir maior eficiência e clareza de atuação” no mercado. Em nota, o CEO da Unico, Diego Martins, declarou: “Estamos continuamente direcionando nossos investimentos e esforços para sermos a maior empresa de tecnologia brasileira, focando em tecnologia, segurança e privacidade”.

Em 17 de janeiro, a companhia promoveu nova rodada de demissões: o corte de 10,5% da força de trabalho, número representa cerca de 105 pessoas da companhia. Os cortes atingiram as áreas de design, produto, engenharia e marketing, segundo apurou a reportagem.

Dock

Em maio de 2022, o ‘unicórnio’ brasileiro, Dock, de infraestrutura para pagamentos, foi avaliada em US$ 1,5 bilhão, mas, no início de novembro, demitiu 12% dos funcionários da empresa. As demissões afetaram as áreas de produto, design e desenvolvimento, de acordo com uma planilha compartilhada nas redes sociais, e, segundo apurou o Estadão, afetaram também as áreas de compliance, experiência do consumidor e RH.

Foram demitidos 160 funcionários no Brasil e 30 pessoas no México. Em nota, a Dock explicou que: “Após uma revisão completa das estruturas da empresa, (a Dock) decidiu reorganizar áreas e equipes, primordialmente de suporte e fora do core business, o que resultou na decisão de reduzir o quadro de colaboradores, diminuindo sobreposições, a fim de gerar eficiência”.

Wildlife

Ao final de novembro de 2022, no dia 28, a WildLife, “unicórnio“ especializada em games, demitiu entre 150 - 200 funcionários, que seria correspondente à 20% da empresa, segundo apurou o Estadão. No perfil oficial da startup no LinkedIn, a empresa afirmava ter 1.123 contratados, enquanto o site oficial dizia ter somente 800 pessoas.

Todas as áreas da startup foram afetadas com demissões, além de funcionários da Argentina, mas a Wildlife não confirmou o número de demitidos para a reportagem. Em 2019, a startup ganhou o título de 10.º ‘unicórnio’ do Brasil.

Buser

No dia 8 de dezembro, a startup de viagens rodoviárias com ônibus fretados, Buser, anunciou a demissão de 30% dos funcionários da empresa, que representa cerca de 165 pessoas, de acordo com a apuração realizada pelo Estadão. Em junho de 2021, a startup recebeu aporte de R$700 milhões com a retomada das viagens, liderado por vários investidores tradicionais do mercado de tecnologia.

Para a Buser, os cortes são reflexo da falta de capital de investidores, mas a expectativa é recuperar o número de empregados no próximo semestre. Em nota, Marcelo Abritta, o presidente e fundador da empresa disse: “É uma medida dura e difícil, mas necessária para continuarmos crescendo de forma sólida e segura”.

Frete.com

Já em 2023, no dia 11 de janeiro, o ”unicórnio” Frete.com, de digitalização no setor de transportes rodoviários, demitiu 15% de seu quadro de funcionários, que corresponde à 150 trabalhadores, segundo apurou o Estadão.

O motivo das demissões, de acordo com a empresa, teria sido a alta mundial dos juros e a desaceleração da economia. Em nota, a startup explicou: “Este rearranjo interno da empresa não impacta em absolutamente nada as atividades desenvolvidas, uma vez que houve captação de investimentos de R$1,2 bilhão”.

Pier

Junto com o “unicórnio” Frete.com, a startup Pier, de seguros, confirmou que também realizou cortes na equipe de funcionários no dia 12 de janeiro de 2023. Ao todo 111 pessoas foram demitidas no primeiro corte em massa da empresa.

Como justificativa, a Pier disse, em nota ao Estadão, que as demissões são “com o objetivo de manter o expressivo avanço dos seus negócios e sua eficiência operacional”.

PagSeguro

A fintech de pagamentos PagSeguro cortou 7% dos funcionários em 16 de janeiro de 2023, totalizando 500 pessoas afetadas entre 7 mil trabalhadores. Em comunicado, o unicórnio afirma que está se ajustando ao mercado mundial, assim como outras startups do ramo.

Ainda segundo a nota, a reestruturação acontece para “melhorar a eficiência da companhia”, que passou por uma queda de 70% no valor dos papeis da startup na Bolsa.

Nubank

O banco digital Nubank foi mais uma das empresas que entrou na onda de demissões em massa. Em nota, publicada no dia 7 de junho de 2023, a companhia afirma que demitiu 296 pessoas durante um processo de “reestruturação” da empresa, que, em março, registrou 7,8 mil funcionários.

O banco afirmou que os cortes afetaram a área de operações, tendo em vista a necessidade de passar por uma “centralização” para manter o ritmo de crescimento da empresa, diz a nota. “Algumas funções e posições se tornaram redundantes”, diz o documento.

“Neste momento, nenhuma outra reestruturação é contemplada. Em outras áreas de negócios, o Nubank continua a seguir o ritmo normal de contratações baseadas nas necessidades do negócio e da performance dos empregados”, diz o comunicado.

Gupy

A empresa de recrutamento de pessoas e de soluções digitais para RH é outra que realizou demissões em meio a essa onda. Os cortes aconteceram no dia 2 de agosto de 2023 e, ao todo, 58 pessoas foram demitidas, representando 8,5% dos funcionários da empresa, declarou a companhia ao Estadão. Esse é o primeiro corte de funcionários na história da startup, fundada em 2015.

A Gupy justificou as demissões dizendo que elas fazem parte de uma “reorganização” para otimizar os negócios da empresa. Mariana Dias, cofundadora e presidente executiva da empresa, disse ao Estadão, que, “da forma como estávamos estruturados, não conseguíamos fazer um atendimento fluido e conectado. Queremos ter as soluções sob um único guarda-chuva”.

A empresa informou que vai continuar realizando contratações, em especial no seu time de tecnologia.

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