Sympla: startup dos ingressos ressurge da pandemia com negócio diversificado


Companhia ‘irmã’ do iFood passou a investir em entradas para eventos digitais e em plataforma de conteúdo sob demanda; CEO prevê ano positivo

Por Guilherme Guerra

Entre as diversas startups e plataformas de ingressos digitais que atuam no Brasil, poucas se tornaram tão conhecidas quanto a Sympla. Depois de dois anos de pandemia, porém, a companhia “irmã do iFood” (ambas pertencem ao grupo Movile) está diferente: embora a volta dos shows, festas e peças de teatro anime a empresa, o seu modelos de negócios evoluiu e mira além dos eventos presenciais. 

Fundada em Belo Horizonte há 10 anos, a Sympla sempre focou na venda de ingressos digitais para eventos presenciais: tornou-se comum apresentar o smartphone com o código QR na tela. Com a paralisação da indústria do entretenimento, a companhia sabia que era preciso se adaptar e passou a investir no desenvolvimento de novas ferramentas digitais. Ou seja, até uma startup precisou aprender a ser mais digital por causa do isolamento social.

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“Entramos na pandemia com uma linha de negócio. Hoje, estamos saindo com três: ingressos em eventos presenciais, ingressos para eventos digitais e eventos sob demanda, que possibilitam cursos e ensino à distância”, conta ao Estadão Tereza Santos, presidente executiva da Sympla. 

Startup de ingressos Sympla aposta nos formatos presencial, digital e híbrido no pós-pandemia Foto: Divulgação/Sympla

Com isso, a companhia tem também uma plataforma de streaming de peças de teatro e shows, que podem ser transmitidos ao vivo ou em gravação prévia. Além disso, a companhia desenvolveu soluções específicas para o momento de retomada dos eventos presenciais, como um sistema automático para determinar o distanciamento em assentos marcados.

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As adaptações eram necessárias, já que a disputa pelo setor no Brasil é intensa, com nomes tradicionais do setor, como Time for Fun. Segundo a Associação Brasileira de Startups (ABStartups), existem cerca de 240 empresas de tecnologia na área de eventos e turismo no País, fatia que cresce ano a ano. Há também startups de relevância mundial por aqui, como a alemã Eventim e a francesa Shotgun. Por fim, nomes nacionais em ascensão, como Ingresse, Eventbrite e Even3, aquecem a disputa.

Para Gilberto Sarfati, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a entrada em novos modelos de negócio durante a pandemia teve efeito não só de gerar caixa para atravessar o período de turbulência, mas também de ampliar frentes de atuação para eventual retomada. 

“Hoje, são várias as experiências possíveis em eventos depois da pandemia. É um mercado imensamente maior do que era antes”, observa ele, ressaltando que a atuação da Movile pode ajudar a catapultar a startup mineira. “A Sympla acabou criando um modelo de negócio imenso nessas três frentes.”

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Comandada por Tereza Silva, a Sympla viu crescer a área de negócios em meio à pandemia ao unir formatos presencial, digital e híbrido Foto: Alex Silva/Estadão - 8/4/2022

Presencial também é bom

Apesar das transformações, Tereza confessa: “Cá entre nós, o formato presencial é uma coisa e o formato digital é outra. É claro que o presencial ainda é nosso carro-chefe”. Com três anos de casa e oito anos de experiência na área de eventos, ela tem motivos para ser otimista. 

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Desde setembro de 2021, quando começou a reabertura no Brasil com o avanço da vacinação, a Sympla diz que tem batido recordes mês a mês. No Réveillon 2022, por exemplo, superou em 80% as vendas em relação à mesma festa de 2019 para 2020, pouco antes de a covid-19 chegar. No verão deste ano, foram emitidos mais de 8 milhões de ingressos — em fevereiro, durante o “Carnaval longe das ruas”, era muito comum encontrar eventos fechados na plataforma. 

Hoje, a startup soma 130 mil clientes, ante 100 mil de novembro de 2020 — ela, porém, não dá detalhes da operação financeira. Não é possível saber, por exemplo, o tamanho dos investimentos que a Movile faz na companhia. Nas palavras de Tereza, há expectativa por crescimento nos números. 

Além do sucesso da vacinação contra a covid, o ano de 2022 traz diversas datas tidas como positivas para o calendário de eventos: Carnavais fora de época, festivais de música e turnês retomando atividades, feriados prolongados e, é claro, Copa do Mundo. “Isso é muito favorável para nós”, diz a executiva. 

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Futuro

Com um pé no digital e outro no mundo físico, a Sympla caminha para um modelo de flexibilidade, em que organizadores de eventos podem escolher diferentes formatos conforme suas necessidades.

Hoje, um mesmo show pode ser presencial, com ingressos digitais apresentados na porta, e ser transmitido ao vivo para usuários de casa. Por uma taxa adicional, o público de casa pode assistir aos bastidores da apresentação. “São experiências complementares. Podemos oferecer conteúdos inéditos em relação ao presencial”, diz Tereza. 

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Agora, a companhia trabalha para aprimorar o algoritmo de recomendação de eventos da plataforma - o objetivo é transformá-la na agenda do final de semana. Além disso, a companhia fala em redesenhar o aplicativo, melhorando a experiência de navegação do consumidor, e implementar novas formas de pagamentos a partir do Pix.

Como ocorre com outras startups, a Sympla cogita entrar em territórios internacionais, graças ao empurrãozinho dos formatos digitais. Esse movimento, porém, deve acontecer só depois da consolidação no Brasil, “onde ainda existe muita oportunidade”, diz a CEO.

Por fim, ela também sonha em ver a companhia atingir status de “unicórnio” (avaliação de mercado superior a US$ 1 bilhão), assim como o “irmão” iFood. Mas segundo Tereza, isso deve ser consequência dos feitos da empresa, e não uma meta. “Precisamos de foco.”

Leandro Reinaux é o fundador e CEO da Even3, startup de eventos científicos e corporativos Foto: Divulgação/Even3

Mais ‘cabeça’, startup Even3 mira eventos científicos

Não é só de eventos de entretenimento que vivem as startups do ramo no Brasil. A recifense Even3, nascida em 2016, aposta nos setores corporativo e científico, como congressos acadêmicos. O segmento também foi afetado pela pandemia de covid-19, que forçou a digitalização já em 2020.

“Tivemos de nos adaptar muito rapidamente, com novas alternativas e suporte ao cliente”, explica Leandro Reinaux, fundador e CEO da Even3. No período, a plataforma da empresa adaptou soluções do “mundo real” ao digital, como banca de avaliadores e gravação de palestras.

Com a adaptação, expandiu a equipe de 20 para 60 pessoas e, principalmente, viu crescer a carteira de clientes para outras regiões do Brasil: “O online quebra todas as barreiras.”

Entre as diversas startups e plataformas de ingressos digitais que atuam no Brasil, poucas se tornaram tão conhecidas quanto a Sympla. Depois de dois anos de pandemia, porém, a companhia “irmã do iFood” (ambas pertencem ao grupo Movile) está diferente: embora a volta dos shows, festas e peças de teatro anime a empresa, o seu modelos de negócios evoluiu e mira além dos eventos presenciais. 

Fundada em Belo Horizonte há 10 anos, a Sympla sempre focou na venda de ingressos digitais para eventos presenciais: tornou-se comum apresentar o smartphone com o código QR na tela. Com a paralisação da indústria do entretenimento, a companhia sabia que era preciso se adaptar e passou a investir no desenvolvimento de novas ferramentas digitais. Ou seja, até uma startup precisou aprender a ser mais digital por causa do isolamento social.

“Entramos na pandemia com uma linha de negócio. Hoje, estamos saindo com três: ingressos em eventos presenciais, ingressos para eventos digitais e eventos sob demanda, que possibilitam cursos e ensino à distância”, conta ao Estadão Tereza Santos, presidente executiva da Sympla. 

Startup de ingressos Sympla aposta nos formatos presencial, digital e híbrido no pós-pandemia Foto: Divulgação/Sympla

Com isso, a companhia tem também uma plataforma de streaming de peças de teatro e shows, que podem ser transmitidos ao vivo ou em gravação prévia. Além disso, a companhia desenvolveu soluções específicas para o momento de retomada dos eventos presenciais, como um sistema automático para determinar o distanciamento em assentos marcados.

As adaptações eram necessárias, já que a disputa pelo setor no Brasil é intensa, com nomes tradicionais do setor, como Time for Fun. Segundo a Associação Brasileira de Startups (ABStartups), existem cerca de 240 empresas de tecnologia na área de eventos e turismo no País, fatia que cresce ano a ano. Há também startups de relevância mundial por aqui, como a alemã Eventim e a francesa Shotgun. Por fim, nomes nacionais em ascensão, como Ingresse, Eventbrite e Even3, aquecem a disputa.

Para Gilberto Sarfati, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a entrada em novos modelos de negócio durante a pandemia teve efeito não só de gerar caixa para atravessar o período de turbulência, mas também de ampliar frentes de atuação para eventual retomada. 

“Hoje, são várias as experiências possíveis em eventos depois da pandemia. É um mercado imensamente maior do que era antes”, observa ele, ressaltando que a atuação da Movile pode ajudar a catapultar a startup mineira. “A Sympla acabou criando um modelo de negócio imenso nessas três frentes.”

Comandada por Tereza Silva, a Sympla viu crescer a área de negócios em meio à pandemia ao unir formatos presencial, digital e híbrido Foto: Alex Silva/Estadão - 8/4/2022

Presencial também é bom

Apesar das transformações, Tereza confessa: “Cá entre nós, o formato presencial é uma coisa e o formato digital é outra. É claro que o presencial ainda é nosso carro-chefe”. Com três anos de casa e oito anos de experiência na área de eventos, ela tem motivos para ser otimista. 

Desde setembro de 2021, quando começou a reabertura no Brasil com o avanço da vacinação, a Sympla diz que tem batido recordes mês a mês. No Réveillon 2022, por exemplo, superou em 80% as vendas em relação à mesma festa de 2019 para 2020, pouco antes de a covid-19 chegar. No verão deste ano, foram emitidos mais de 8 milhões de ingressos — em fevereiro, durante o “Carnaval longe das ruas”, era muito comum encontrar eventos fechados na plataforma. 

Hoje, a startup soma 130 mil clientes, ante 100 mil de novembro de 2020 — ela, porém, não dá detalhes da operação financeira. Não é possível saber, por exemplo, o tamanho dos investimentos que a Movile faz na companhia. Nas palavras de Tereza, há expectativa por crescimento nos números. 

Além do sucesso da vacinação contra a covid, o ano de 2022 traz diversas datas tidas como positivas para o calendário de eventos: Carnavais fora de época, festivais de música e turnês retomando atividades, feriados prolongados e, é claro, Copa do Mundo. “Isso é muito favorável para nós”, diz a executiva. 

Futuro

Com um pé no digital e outro no mundo físico, a Sympla caminha para um modelo de flexibilidade, em que organizadores de eventos podem escolher diferentes formatos conforme suas necessidades.

Hoje, um mesmo show pode ser presencial, com ingressos digitais apresentados na porta, e ser transmitido ao vivo para usuários de casa. Por uma taxa adicional, o público de casa pode assistir aos bastidores da apresentação. “São experiências complementares. Podemos oferecer conteúdos inéditos em relação ao presencial”, diz Tereza. 

Agora, a companhia trabalha para aprimorar o algoritmo de recomendação de eventos da plataforma - o objetivo é transformá-la na agenda do final de semana. Além disso, a companhia fala em redesenhar o aplicativo, melhorando a experiência de navegação do consumidor, e implementar novas formas de pagamentos a partir do Pix.

Como ocorre com outras startups, a Sympla cogita entrar em territórios internacionais, graças ao empurrãozinho dos formatos digitais. Esse movimento, porém, deve acontecer só depois da consolidação no Brasil, “onde ainda existe muita oportunidade”, diz a CEO.

Por fim, ela também sonha em ver a companhia atingir status de “unicórnio” (avaliação de mercado superior a US$ 1 bilhão), assim como o “irmão” iFood. Mas segundo Tereza, isso deve ser consequência dos feitos da empresa, e não uma meta. “Precisamos de foco.”

Leandro Reinaux é o fundador e CEO da Even3, startup de eventos científicos e corporativos Foto: Divulgação/Even3

Mais ‘cabeça’, startup Even3 mira eventos científicos

Não é só de eventos de entretenimento que vivem as startups do ramo no Brasil. A recifense Even3, nascida em 2016, aposta nos setores corporativo e científico, como congressos acadêmicos. O segmento também foi afetado pela pandemia de covid-19, que forçou a digitalização já em 2020.

“Tivemos de nos adaptar muito rapidamente, com novas alternativas e suporte ao cliente”, explica Leandro Reinaux, fundador e CEO da Even3. No período, a plataforma da empresa adaptou soluções do “mundo real” ao digital, como banca de avaliadores e gravação de palestras.

Com a adaptação, expandiu a equipe de 20 para 60 pessoas e, principalmente, viu crescer a carteira de clientes para outras regiões do Brasil: “O online quebra todas as barreiras.”

Entre as diversas startups e plataformas de ingressos digitais que atuam no Brasil, poucas se tornaram tão conhecidas quanto a Sympla. Depois de dois anos de pandemia, porém, a companhia “irmã do iFood” (ambas pertencem ao grupo Movile) está diferente: embora a volta dos shows, festas e peças de teatro anime a empresa, o seu modelos de negócios evoluiu e mira além dos eventos presenciais. 

Fundada em Belo Horizonte há 10 anos, a Sympla sempre focou na venda de ingressos digitais para eventos presenciais: tornou-se comum apresentar o smartphone com o código QR na tela. Com a paralisação da indústria do entretenimento, a companhia sabia que era preciso se adaptar e passou a investir no desenvolvimento de novas ferramentas digitais. Ou seja, até uma startup precisou aprender a ser mais digital por causa do isolamento social.

“Entramos na pandemia com uma linha de negócio. Hoje, estamos saindo com três: ingressos em eventos presenciais, ingressos para eventos digitais e eventos sob demanda, que possibilitam cursos e ensino à distância”, conta ao Estadão Tereza Santos, presidente executiva da Sympla. 

Startup de ingressos Sympla aposta nos formatos presencial, digital e híbrido no pós-pandemia Foto: Divulgação/Sympla

Com isso, a companhia tem também uma plataforma de streaming de peças de teatro e shows, que podem ser transmitidos ao vivo ou em gravação prévia. Além disso, a companhia desenvolveu soluções específicas para o momento de retomada dos eventos presenciais, como um sistema automático para determinar o distanciamento em assentos marcados.

As adaptações eram necessárias, já que a disputa pelo setor no Brasil é intensa, com nomes tradicionais do setor, como Time for Fun. Segundo a Associação Brasileira de Startups (ABStartups), existem cerca de 240 empresas de tecnologia na área de eventos e turismo no País, fatia que cresce ano a ano. Há também startups de relevância mundial por aqui, como a alemã Eventim e a francesa Shotgun. Por fim, nomes nacionais em ascensão, como Ingresse, Eventbrite e Even3, aquecem a disputa.

Para Gilberto Sarfati, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a entrada em novos modelos de negócio durante a pandemia teve efeito não só de gerar caixa para atravessar o período de turbulência, mas também de ampliar frentes de atuação para eventual retomada. 

“Hoje, são várias as experiências possíveis em eventos depois da pandemia. É um mercado imensamente maior do que era antes”, observa ele, ressaltando que a atuação da Movile pode ajudar a catapultar a startup mineira. “A Sympla acabou criando um modelo de negócio imenso nessas três frentes.”

Comandada por Tereza Silva, a Sympla viu crescer a área de negócios em meio à pandemia ao unir formatos presencial, digital e híbrido Foto: Alex Silva/Estadão - 8/4/2022

Presencial também é bom

Apesar das transformações, Tereza confessa: “Cá entre nós, o formato presencial é uma coisa e o formato digital é outra. É claro que o presencial ainda é nosso carro-chefe”. Com três anos de casa e oito anos de experiência na área de eventos, ela tem motivos para ser otimista. 

Desde setembro de 2021, quando começou a reabertura no Brasil com o avanço da vacinação, a Sympla diz que tem batido recordes mês a mês. No Réveillon 2022, por exemplo, superou em 80% as vendas em relação à mesma festa de 2019 para 2020, pouco antes de a covid-19 chegar. No verão deste ano, foram emitidos mais de 8 milhões de ingressos — em fevereiro, durante o “Carnaval longe das ruas”, era muito comum encontrar eventos fechados na plataforma. 

Hoje, a startup soma 130 mil clientes, ante 100 mil de novembro de 2020 — ela, porém, não dá detalhes da operação financeira. Não é possível saber, por exemplo, o tamanho dos investimentos que a Movile faz na companhia. Nas palavras de Tereza, há expectativa por crescimento nos números. 

Além do sucesso da vacinação contra a covid, o ano de 2022 traz diversas datas tidas como positivas para o calendário de eventos: Carnavais fora de época, festivais de música e turnês retomando atividades, feriados prolongados e, é claro, Copa do Mundo. “Isso é muito favorável para nós”, diz a executiva. 

Futuro

Com um pé no digital e outro no mundo físico, a Sympla caminha para um modelo de flexibilidade, em que organizadores de eventos podem escolher diferentes formatos conforme suas necessidades.

Hoje, um mesmo show pode ser presencial, com ingressos digitais apresentados na porta, e ser transmitido ao vivo para usuários de casa. Por uma taxa adicional, o público de casa pode assistir aos bastidores da apresentação. “São experiências complementares. Podemos oferecer conteúdos inéditos em relação ao presencial”, diz Tereza. 

Agora, a companhia trabalha para aprimorar o algoritmo de recomendação de eventos da plataforma - o objetivo é transformá-la na agenda do final de semana. Além disso, a companhia fala em redesenhar o aplicativo, melhorando a experiência de navegação do consumidor, e implementar novas formas de pagamentos a partir do Pix.

Como ocorre com outras startups, a Sympla cogita entrar em territórios internacionais, graças ao empurrãozinho dos formatos digitais. Esse movimento, porém, deve acontecer só depois da consolidação no Brasil, “onde ainda existe muita oportunidade”, diz a CEO.

Por fim, ela também sonha em ver a companhia atingir status de “unicórnio” (avaliação de mercado superior a US$ 1 bilhão), assim como o “irmão” iFood. Mas segundo Tereza, isso deve ser consequência dos feitos da empresa, e não uma meta. “Precisamos de foco.”

Leandro Reinaux é o fundador e CEO da Even3, startup de eventos científicos e corporativos Foto: Divulgação/Even3

Mais ‘cabeça’, startup Even3 mira eventos científicos

Não é só de eventos de entretenimento que vivem as startups do ramo no Brasil. A recifense Even3, nascida em 2016, aposta nos setores corporativo e científico, como congressos acadêmicos. O segmento também foi afetado pela pandemia de covid-19, que forçou a digitalização já em 2020.

“Tivemos de nos adaptar muito rapidamente, com novas alternativas e suporte ao cliente”, explica Leandro Reinaux, fundador e CEO da Even3. No período, a plataforma da empresa adaptou soluções do “mundo real” ao digital, como banca de avaliadores e gravação de palestras.

Com a adaptação, expandiu a equipe de 20 para 60 pessoas e, principalmente, viu crescer a carteira de clientes para outras regiões do Brasil: “O online quebra todas as barreiras.”

Entre as diversas startups e plataformas de ingressos digitais que atuam no Brasil, poucas se tornaram tão conhecidas quanto a Sympla. Depois de dois anos de pandemia, porém, a companhia “irmã do iFood” (ambas pertencem ao grupo Movile) está diferente: embora a volta dos shows, festas e peças de teatro anime a empresa, o seu modelos de negócios evoluiu e mira além dos eventos presenciais. 

Fundada em Belo Horizonte há 10 anos, a Sympla sempre focou na venda de ingressos digitais para eventos presenciais: tornou-se comum apresentar o smartphone com o código QR na tela. Com a paralisação da indústria do entretenimento, a companhia sabia que era preciso se adaptar e passou a investir no desenvolvimento de novas ferramentas digitais. Ou seja, até uma startup precisou aprender a ser mais digital por causa do isolamento social.

“Entramos na pandemia com uma linha de negócio. Hoje, estamos saindo com três: ingressos em eventos presenciais, ingressos para eventos digitais e eventos sob demanda, que possibilitam cursos e ensino à distância”, conta ao Estadão Tereza Santos, presidente executiva da Sympla. 

Startup de ingressos Sympla aposta nos formatos presencial, digital e híbrido no pós-pandemia Foto: Divulgação/Sympla

Com isso, a companhia tem também uma plataforma de streaming de peças de teatro e shows, que podem ser transmitidos ao vivo ou em gravação prévia. Além disso, a companhia desenvolveu soluções específicas para o momento de retomada dos eventos presenciais, como um sistema automático para determinar o distanciamento em assentos marcados.

As adaptações eram necessárias, já que a disputa pelo setor no Brasil é intensa, com nomes tradicionais do setor, como Time for Fun. Segundo a Associação Brasileira de Startups (ABStartups), existem cerca de 240 empresas de tecnologia na área de eventos e turismo no País, fatia que cresce ano a ano. Há também startups de relevância mundial por aqui, como a alemã Eventim e a francesa Shotgun. Por fim, nomes nacionais em ascensão, como Ingresse, Eventbrite e Even3, aquecem a disputa.

Para Gilberto Sarfati, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a entrada em novos modelos de negócio durante a pandemia teve efeito não só de gerar caixa para atravessar o período de turbulência, mas também de ampliar frentes de atuação para eventual retomada. 

“Hoje, são várias as experiências possíveis em eventos depois da pandemia. É um mercado imensamente maior do que era antes”, observa ele, ressaltando que a atuação da Movile pode ajudar a catapultar a startup mineira. “A Sympla acabou criando um modelo de negócio imenso nessas três frentes.”

Comandada por Tereza Silva, a Sympla viu crescer a área de negócios em meio à pandemia ao unir formatos presencial, digital e híbrido Foto: Alex Silva/Estadão - 8/4/2022

Presencial também é bom

Apesar das transformações, Tereza confessa: “Cá entre nós, o formato presencial é uma coisa e o formato digital é outra. É claro que o presencial ainda é nosso carro-chefe”. Com três anos de casa e oito anos de experiência na área de eventos, ela tem motivos para ser otimista. 

Desde setembro de 2021, quando começou a reabertura no Brasil com o avanço da vacinação, a Sympla diz que tem batido recordes mês a mês. No Réveillon 2022, por exemplo, superou em 80% as vendas em relação à mesma festa de 2019 para 2020, pouco antes de a covid-19 chegar. No verão deste ano, foram emitidos mais de 8 milhões de ingressos — em fevereiro, durante o “Carnaval longe das ruas”, era muito comum encontrar eventos fechados na plataforma. 

Hoje, a startup soma 130 mil clientes, ante 100 mil de novembro de 2020 — ela, porém, não dá detalhes da operação financeira. Não é possível saber, por exemplo, o tamanho dos investimentos que a Movile faz na companhia. Nas palavras de Tereza, há expectativa por crescimento nos números. 

Além do sucesso da vacinação contra a covid, o ano de 2022 traz diversas datas tidas como positivas para o calendário de eventos: Carnavais fora de época, festivais de música e turnês retomando atividades, feriados prolongados e, é claro, Copa do Mundo. “Isso é muito favorável para nós”, diz a executiva. 

Futuro

Com um pé no digital e outro no mundo físico, a Sympla caminha para um modelo de flexibilidade, em que organizadores de eventos podem escolher diferentes formatos conforme suas necessidades.

Hoje, um mesmo show pode ser presencial, com ingressos digitais apresentados na porta, e ser transmitido ao vivo para usuários de casa. Por uma taxa adicional, o público de casa pode assistir aos bastidores da apresentação. “São experiências complementares. Podemos oferecer conteúdos inéditos em relação ao presencial”, diz Tereza. 

Agora, a companhia trabalha para aprimorar o algoritmo de recomendação de eventos da plataforma - o objetivo é transformá-la na agenda do final de semana. Além disso, a companhia fala em redesenhar o aplicativo, melhorando a experiência de navegação do consumidor, e implementar novas formas de pagamentos a partir do Pix.

Como ocorre com outras startups, a Sympla cogita entrar em territórios internacionais, graças ao empurrãozinho dos formatos digitais. Esse movimento, porém, deve acontecer só depois da consolidação no Brasil, “onde ainda existe muita oportunidade”, diz a CEO.

Por fim, ela também sonha em ver a companhia atingir status de “unicórnio” (avaliação de mercado superior a US$ 1 bilhão), assim como o “irmão” iFood. Mas segundo Tereza, isso deve ser consequência dos feitos da empresa, e não uma meta. “Precisamos de foco.”

Leandro Reinaux é o fundador e CEO da Even3, startup de eventos científicos e corporativos Foto: Divulgação/Even3

Mais ‘cabeça’, startup Even3 mira eventos científicos

Não é só de eventos de entretenimento que vivem as startups do ramo no Brasil. A recifense Even3, nascida em 2016, aposta nos setores corporativo e científico, como congressos acadêmicos. O segmento também foi afetado pela pandemia de covid-19, que forçou a digitalização já em 2020.

“Tivemos de nos adaptar muito rapidamente, com novas alternativas e suporte ao cliente”, explica Leandro Reinaux, fundador e CEO da Even3. No período, a plataforma da empresa adaptou soluções do “mundo real” ao digital, como banca de avaliadores e gravação de palestras.

Com a adaptação, expandiu a equipe de 20 para 60 pessoas e, principalmente, viu crescer a carteira de clientes para outras regiões do Brasil: “O online quebra todas as barreiras.”

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