A Tembici, startup de bicicletas compartilhadas por aplicativo, anuncia nesta quinta-feira, 21, a renovação do contrato com o banco Itaú, cuja parceria vem desde 2012 - o novo contrato deve tem duração de mais uma década. Para o público, isso significa que as bikes da marca vistas nas capitais do Brasil, Argentina e Chile devem continuar “laranjinhas”.
A renovação do contrato prevê que o Itaú continue como patrocinador do modal de compartilhamento, bancando a manutenção das bicicletas e das estações físicas. Segundo a Tembici, o modelo ajuda a dar estabilidade para a companhia continuar a expansão pelo Brasil e pela América Latina - em 30 de setembro, a companhia deve estrear na Colômbia.
“Ter uma parceria de 10 anos mostra perenidade para o nosso modelo de negócio. Isso nos dá muito mais fôlego para aumentar o investimento e melhorar e ampliar o serviço como um todo”, afirma Tomás Martins, presidente executivo e cofundador da Tembici, ao Estadão.
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Segundo o CEO, a meta é aumentar em 50% a frota disponível nas ruas, totalizando 20 mil veículos estacionados. Parte disso será de bicicletas elétricas (e-bikes), umas das grandes apostas da Tembici para o futuro da operação da companhia em diversas capitais brasileiras, como Rio de Janeiro, Salvador e Porto Alegre.
“Em São Paulo, com o incremento da bicicleta elétrica, esse modal pode ser utilizado para distâncias maiores, como também em locais de relevos diferentes ou em entregas de aplicativos”, prevê Martins, citando a capital paulista como estratégica para eletrificação da rede.
Para o Itaú, a parceria de uma década atende aos objetivos do banco na promoção de modais mais verdes nas cidades, com menor pegada de carbono.
“Queríamos um parceiro de longo prazo e que estivesse conosco com um propósito para fazer diferença na mobilidade”, diz Luciana Nicola, diretora de relações institucionais e sustentabilidade do Itaú Unibanco. “Essa é uma forma de trazer uma solução mais sustentável para os problemas dos grandes centros urbanos.”
A executiva frisa que a parceria com a Tembici é um “patrocínio completo”, sem obrigatoriedade com a presença da startup em cidades específicas. “Não queremos engessar a parceria, porque cada cidade tem um uso diferente desses modais. Juntos, vamos estudar e entender como o sistema vai prosseguindo.”
Modelo de compartilhamento
Fundada em 2012 por Martins e Maurício Villar, a Tembici provou conseguir resistir à moda das startups de micromobilidade no Brasil — anos atrás, rivais como as brasileiras Yellow e Scoo, a mexicana Grin, a americana Lime e o Uber reduziram ou encerraram por completo operações de patinetes ou bicicletas compartilhados.
No caso da Grow, joint venture entre Yellow e Grin, o negócio foi à falência em 2020, pouco após o início da pandemia, com demissões de equipes e pedido de recuperação judicial junto à Justiça. Até então, o grupo era o maior nome em patinetes e bikes compartilhadas da América Latina.
Segundo especialistas, o modelo de compartilhamento proposto por essas startups é caro: o alto custo de manutenção (os modais podem ser facilmente danificados por usuários, com difícil responsabilização) e a dificuldade importação desses veículos são desafios para o negócio. Assim, a conta do modelo não fecha: as startups acabam queimando com muita velocidade o capital de investidores, enquanto o preço para o usuário precisa ser baixo para garantir o crescimento da base de usuários.
Dessas companhias, apenas a Tembici optou pelo modelo de patrocínio, no qual os veículos são outdoors móveis — a alternativa é vista como mais viável para sustentar a operação, já que se trata de uma fonte de receita recorrente para a empresa. Além disso, por operar com estações fixas pela cidade, a manutenção das bicicletas da startup (incluindo transporte e reparos) fica mais em conta.
No exterior, esse modelo tem sido uma das grandes apostas para a retomada pós-pandemia, com a mudança de hábito do cidadão por micromobilidade. Nos EUA, o mercado conta com as gigantes Lime e Bird, enquanto a Europa possui a alemã Tier e a holandesa Dott.