VA ou VR? startup Flash recebe US$ 100 mi para tornar flexíveis os ‘benefícios da firma’


Menos de oito meses após receber um investimento de US$ 22 milhões, empresa leva um dos maiores aportes do ano e foca em crescimento

Por Bruna Arimathea

Vale alimentação, vale transporte e benefícios de saúde são alguns dos itens que mais atraem um funcionário para uma empresa, segundo uma pesquisa da consultoria Bain & Company. Por outro lado, as companhias costumam ter pouca flexibilidade em relação à forma com que seus trabalhadores podem fazer uso deles — a troca de vale refeição por vale alimentação, por exemplo, pode ser uma dor de cabeça para o RH. 

É algo, porém, que a startup Flash quer mudar. E para isso, ela está com o caixa reforçado: a empresa anuncia nesta quarta, 9, que levantou um investimento de US$ 100 milhões, em rodada liderada por Battery Ventures e WhaleRock. O cheque chega pouco mais de oito meses do último aporte da companhia, de US$ 22 milhões. 

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Ricardo Salem (de óculos), Pedro Lane (mais alto) e Guilherme Lane são os fundadores da Flash Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Fundada em 2019 por Ricardo Salem, Guilherme Lane e Pedro Lane, a Flash surgiu querendo resolver um quebra-cabeças complexo: diferentes pessoas têm necessidades variadas em relação aos benefícios de seus empregadores — e quase nunca há flexibilidade para usá-los. 

A startup conseguiu criar um sistema para transformar o cartão de refeição em um voucher flexível para restaurantes e supermercados, por exemplo. Geralmente, se um funcionário prefere a tradicional ‘marmita’ trazida de casa a almoçar em um restaurante próximo a empresa, o vale refeição dele não funciona para comprar alimentos em supermercados — e, muitas vezes, a solução no caso era recorrer aos ‘ticketeiros’, estabelecimentos que compram os créditos do cartão, descontando uma porcentagem do valor total.

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“Nosso primeiro produto foi um cartão de benefícios multicategorias. Ao longo de 2020 criamos produtos transacionais, como um auxílio home office e um produto de prêmios e incentivos. Em 2021, fomos além e criamos um software de controle onde o cliente pode criar políticas de benefícios que vão além dos nossos produtos”, afirma ao Estadão Ricardo Salem, cofundador e presidente da Flash.

A aposta da Flash para crescer é oferecer uma troca sem custos para as empresas que utilizam o serviço. Como uma emissora de cartão, a plataforma monetiza em cima das transações feitas no seu cartão próprio ou nos de parceiros. Assim, a receita entra sem precisar repassar custos para os clientes — Salem acredita que esse é um dos principais pontos de atração.

A opção de software de gerenciamento — chamada Flash Point — é a única que requer uma assinatura paga por cliente, e oferece diversos módulos da plataforma para acompanhar e adicionar serviços aos funcionários como a ativação de depósito de prêmios ou de incentivos, por exemplo, que são bonificações que não necessariamente fazem parte do rol de benefícios gerais da companhia.

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Setor aquecido

O segmento de benefícios corporativos está quente. Nos últimos anos, as chamadas hrtechs, startups de serviços de recursos humanos, têm visto cheques robustos entrarem no bolso. Entre 2020 e 2021, o setor captou cerca de US$ 1,69 bilhão, de acordo com dados da empresa de inovação Distrito. Uma das gigantes da área, a Gympass, que oferece benefícios de bem estar, como academias, recebeu US$ 220 milhões no ano passado e é dona do status de primeiro unicórnio (startup avaliada em mais de US$ 1 bilhão) do setor, conquistado em 2019.

Até o momento, o caminho da Flash tem tido bons frutos. Com o aporte, a empresa cravou um dos maiores investimentos recebidos por startups brasileiras em 2022, figurando no top-5 do cenário de inovação. O ambiente das startups bilionárias parece ser um nicho pelo qual a Flash transita com naturalidade. Entre os seus clientes estão VTEX, Neon, Loggi e MadeiraMadeira.

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Para Gilberto Sarfati, professor da Fundação Getúlio Vargas, o investimento não só revela a força do setor, mas evidencia uma nova dinâmica de operação das empresas em um cenário no qual o trabalho híbrido e remoto ganham cada vez mais lugar na vida dos funcionários — o resultado é uma oferta mais ampla e complexa de benefícios.

“É um aporte muito significativo, compatível com o momento de pós-pandemia. Benefícios significam que a empresa está investindo em retenção do funcionário”, afirma Sarfati.

Expansão

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Apesar do crescimento em seu serviço no Brasil, a Flash acredita que ainda não é hora para focar em uma internacionalização. Rota quase unânime das startups brasileiras, a América Latina faz parte dos planos de expansão, mas a startup ainda encontra uma barreira latente no setor corporativo: a regulamentação.

Para produtos financeiros, o caminho para entrar em novos países passa por se adequar às leis e ao funcionamento do mercado exterior, com diferença nas formas de transação, moeda e mesmo de aceitação na operação do país por órgãos federais. No caso da Flash, o muro que separa a empresa do restante da América ainda encontra mais uma camada, que é entender e se adaptar à forma na qual as empresas estrangeiras operam sistemas de benefícios. 

“A gente sempre discutiu sobre a hora de internacionalizar. Continuamos olhando como é a forma de benefícios em outros países, mas priorizamos resolver coisas no Brasil”, explica Salem.

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Com os pés no Brasil, a Flash tem sido consistente no plano de fazer a marca se tornar mais conhecida, ao mesmo tempo em que desenha novos produtos de software e de serviço — tudo isso deve gerar contratações para o time que já conta com 320 funcionários.

“Descobrimos que a gente consegue transformar a relação entre empregado e empregador. Dentro disso, a gente quer criar mais softwares para continuar auxiliando o RH, e criar novos produtos para oferecer serviços com mais tecnologia para fortalecer a relação da empresa. Crescer o time de produto, tecnologia e marketing, investir na marca e lançar novas divisões de produtos são as nossas prioridades”, pontua Salem. 

Vale alimentação, vale transporte e benefícios de saúde são alguns dos itens que mais atraem um funcionário para uma empresa, segundo uma pesquisa da consultoria Bain & Company. Por outro lado, as companhias costumam ter pouca flexibilidade em relação à forma com que seus trabalhadores podem fazer uso deles — a troca de vale refeição por vale alimentação, por exemplo, pode ser uma dor de cabeça para o RH. 

É algo, porém, que a startup Flash quer mudar. E para isso, ela está com o caixa reforçado: a empresa anuncia nesta quarta, 9, que levantou um investimento de US$ 100 milhões, em rodada liderada por Battery Ventures e WhaleRock. O cheque chega pouco mais de oito meses do último aporte da companhia, de US$ 22 milhões. 

Ricardo Salem (de óculos), Pedro Lane (mais alto) e Guilherme Lane são os fundadores da Flash Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Fundada em 2019 por Ricardo Salem, Guilherme Lane e Pedro Lane, a Flash surgiu querendo resolver um quebra-cabeças complexo: diferentes pessoas têm necessidades variadas em relação aos benefícios de seus empregadores — e quase nunca há flexibilidade para usá-los. 

A startup conseguiu criar um sistema para transformar o cartão de refeição em um voucher flexível para restaurantes e supermercados, por exemplo. Geralmente, se um funcionário prefere a tradicional ‘marmita’ trazida de casa a almoçar em um restaurante próximo a empresa, o vale refeição dele não funciona para comprar alimentos em supermercados — e, muitas vezes, a solução no caso era recorrer aos ‘ticketeiros’, estabelecimentos que compram os créditos do cartão, descontando uma porcentagem do valor total.

“Nosso primeiro produto foi um cartão de benefícios multicategorias. Ao longo de 2020 criamos produtos transacionais, como um auxílio home office e um produto de prêmios e incentivos. Em 2021, fomos além e criamos um software de controle onde o cliente pode criar políticas de benefícios que vão além dos nossos produtos”, afirma ao Estadão Ricardo Salem, cofundador e presidente da Flash.

A aposta da Flash para crescer é oferecer uma troca sem custos para as empresas que utilizam o serviço. Como uma emissora de cartão, a plataforma monetiza em cima das transações feitas no seu cartão próprio ou nos de parceiros. Assim, a receita entra sem precisar repassar custos para os clientes — Salem acredita que esse é um dos principais pontos de atração.

A opção de software de gerenciamento — chamada Flash Point — é a única que requer uma assinatura paga por cliente, e oferece diversos módulos da plataforma para acompanhar e adicionar serviços aos funcionários como a ativação de depósito de prêmios ou de incentivos, por exemplo, que são bonificações que não necessariamente fazem parte do rol de benefícios gerais da companhia.

Setor aquecido

O segmento de benefícios corporativos está quente. Nos últimos anos, as chamadas hrtechs, startups de serviços de recursos humanos, têm visto cheques robustos entrarem no bolso. Entre 2020 e 2021, o setor captou cerca de US$ 1,69 bilhão, de acordo com dados da empresa de inovação Distrito. Uma das gigantes da área, a Gympass, que oferece benefícios de bem estar, como academias, recebeu US$ 220 milhões no ano passado e é dona do status de primeiro unicórnio (startup avaliada em mais de US$ 1 bilhão) do setor, conquistado em 2019.

Até o momento, o caminho da Flash tem tido bons frutos. Com o aporte, a empresa cravou um dos maiores investimentos recebidos por startups brasileiras em 2022, figurando no top-5 do cenário de inovação. O ambiente das startups bilionárias parece ser um nicho pelo qual a Flash transita com naturalidade. Entre os seus clientes estão VTEX, Neon, Loggi e MadeiraMadeira.

Para Gilberto Sarfati, professor da Fundação Getúlio Vargas, o investimento não só revela a força do setor, mas evidencia uma nova dinâmica de operação das empresas em um cenário no qual o trabalho híbrido e remoto ganham cada vez mais lugar na vida dos funcionários — o resultado é uma oferta mais ampla e complexa de benefícios.

“É um aporte muito significativo, compatível com o momento de pós-pandemia. Benefícios significam que a empresa está investindo em retenção do funcionário”, afirma Sarfati.

Expansão

Apesar do crescimento em seu serviço no Brasil, a Flash acredita que ainda não é hora para focar em uma internacionalização. Rota quase unânime das startups brasileiras, a América Latina faz parte dos planos de expansão, mas a startup ainda encontra uma barreira latente no setor corporativo: a regulamentação.

Para produtos financeiros, o caminho para entrar em novos países passa por se adequar às leis e ao funcionamento do mercado exterior, com diferença nas formas de transação, moeda e mesmo de aceitação na operação do país por órgãos federais. No caso da Flash, o muro que separa a empresa do restante da América ainda encontra mais uma camada, que é entender e se adaptar à forma na qual as empresas estrangeiras operam sistemas de benefícios. 

“A gente sempre discutiu sobre a hora de internacionalizar. Continuamos olhando como é a forma de benefícios em outros países, mas priorizamos resolver coisas no Brasil”, explica Salem.

Com os pés no Brasil, a Flash tem sido consistente no plano de fazer a marca se tornar mais conhecida, ao mesmo tempo em que desenha novos produtos de software e de serviço — tudo isso deve gerar contratações para o time que já conta com 320 funcionários.

“Descobrimos que a gente consegue transformar a relação entre empregado e empregador. Dentro disso, a gente quer criar mais softwares para continuar auxiliando o RH, e criar novos produtos para oferecer serviços com mais tecnologia para fortalecer a relação da empresa. Crescer o time de produto, tecnologia e marketing, investir na marca e lançar novas divisões de produtos são as nossas prioridades”, pontua Salem. 

Vale alimentação, vale transporte e benefícios de saúde são alguns dos itens que mais atraem um funcionário para uma empresa, segundo uma pesquisa da consultoria Bain & Company. Por outro lado, as companhias costumam ter pouca flexibilidade em relação à forma com que seus trabalhadores podem fazer uso deles — a troca de vale refeição por vale alimentação, por exemplo, pode ser uma dor de cabeça para o RH. 

É algo, porém, que a startup Flash quer mudar. E para isso, ela está com o caixa reforçado: a empresa anuncia nesta quarta, 9, que levantou um investimento de US$ 100 milhões, em rodada liderada por Battery Ventures e WhaleRock. O cheque chega pouco mais de oito meses do último aporte da companhia, de US$ 22 milhões. 

Ricardo Salem (de óculos), Pedro Lane (mais alto) e Guilherme Lane são os fundadores da Flash Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Fundada em 2019 por Ricardo Salem, Guilherme Lane e Pedro Lane, a Flash surgiu querendo resolver um quebra-cabeças complexo: diferentes pessoas têm necessidades variadas em relação aos benefícios de seus empregadores — e quase nunca há flexibilidade para usá-los. 

A startup conseguiu criar um sistema para transformar o cartão de refeição em um voucher flexível para restaurantes e supermercados, por exemplo. Geralmente, se um funcionário prefere a tradicional ‘marmita’ trazida de casa a almoçar em um restaurante próximo a empresa, o vale refeição dele não funciona para comprar alimentos em supermercados — e, muitas vezes, a solução no caso era recorrer aos ‘ticketeiros’, estabelecimentos que compram os créditos do cartão, descontando uma porcentagem do valor total.

“Nosso primeiro produto foi um cartão de benefícios multicategorias. Ao longo de 2020 criamos produtos transacionais, como um auxílio home office e um produto de prêmios e incentivos. Em 2021, fomos além e criamos um software de controle onde o cliente pode criar políticas de benefícios que vão além dos nossos produtos”, afirma ao Estadão Ricardo Salem, cofundador e presidente da Flash.

A aposta da Flash para crescer é oferecer uma troca sem custos para as empresas que utilizam o serviço. Como uma emissora de cartão, a plataforma monetiza em cima das transações feitas no seu cartão próprio ou nos de parceiros. Assim, a receita entra sem precisar repassar custos para os clientes — Salem acredita que esse é um dos principais pontos de atração.

A opção de software de gerenciamento — chamada Flash Point — é a única que requer uma assinatura paga por cliente, e oferece diversos módulos da plataforma para acompanhar e adicionar serviços aos funcionários como a ativação de depósito de prêmios ou de incentivos, por exemplo, que são bonificações que não necessariamente fazem parte do rol de benefícios gerais da companhia.

Setor aquecido

O segmento de benefícios corporativos está quente. Nos últimos anos, as chamadas hrtechs, startups de serviços de recursos humanos, têm visto cheques robustos entrarem no bolso. Entre 2020 e 2021, o setor captou cerca de US$ 1,69 bilhão, de acordo com dados da empresa de inovação Distrito. Uma das gigantes da área, a Gympass, que oferece benefícios de bem estar, como academias, recebeu US$ 220 milhões no ano passado e é dona do status de primeiro unicórnio (startup avaliada em mais de US$ 1 bilhão) do setor, conquistado em 2019.

Até o momento, o caminho da Flash tem tido bons frutos. Com o aporte, a empresa cravou um dos maiores investimentos recebidos por startups brasileiras em 2022, figurando no top-5 do cenário de inovação. O ambiente das startups bilionárias parece ser um nicho pelo qual a Flash transita com naturalidade. Entre os seus clientes estão VTEX, Neon, Loggi e MadeiraMadeira.

Para Gilberto Sarfati, professor da Fundação Getúlio Vargas, o investimento não só revela a força do setor, mas evidencia uma nova dinâmica de operação das empresas em um cenário no qual o trabalho híbrido e remoto ganham cada vez mais lugar na vida dos funcionários — o resultado é uma oferta mais ampla e complexa de benefícios.

“É um aporte muito significativo, compatível com o momento de pós-pandemia. Benefícios significam que a empresa está investindo em retenção do funcionário”, afirma Sarfati.

Expansão

Apesar do crescimento em seu serviço no Brasil, a Flash acredita que ainda não é hora para focar em uma internacionalização. Rota quase unânime das startups brasileiras, a América Latina faz parte dos planos de expansão, mas a startup ainda encontra uma barreira latente no setor corporativo: a regulamentação.

Para produtos financeiros, o caminho para entrar em novos países passa por se adequar às leis e ao funcionamento do mercado exterior, com diferença nas formas de transação, moeda e mesmo de aceitação na operação do país por órgãos federais. No caso da Flash, o muro que separa a empresa do restante da América ainda encontra mais uma camada, que é entender e se adaptar à forma na qual as empresas estrangeiras operam sistemas de benefícios. 

“A gente sempre discutiu sobre a hora de internacionalizar. Continuamos olhando como é a forma de benefícios em outros países, mas priorizamos resolver coisas no Brasil”, explica Salem.

Com os pés no Brasil, a Flash tem sido consistente no plano de fazer a marca se tornar mais conhecida, ao mesmo tempo em que desenha novos produtos de software e de serviço — tudo isso deve gerar contratações para o time que já conta com 320 funcionários.

“Descobrimos que a gente consegue transformar a relação entre empregado e empregador. Dentro disso, a gente quer criar mais softwares para continuar auxiliando o RH, e criar novos produtos para oferecer serviços com mais tecnologia para fortalecer a relação da empresa. Crescer o time de produto, tecnologia e marketing, investir na marca e lançar novas divisões de produtos são as nossas prioridades”, pontua Salem. 

Vale alimentação, vale transporte e benefícios de saúde são alguns dos itens que mais atraem um funcionário para uma empresa, segundo uma pesquisa da consultoria Bain & Company. Por outro lado, as companhias costumam ter pouca flexibilidade em relação à forma com que seus trabalhadores podem fazer uso deles — a troca de vale refeição por vale alimentação, por exemplo, pode ser uma dor de cabeça para o RH. 

É algo, porém, que a startup Flash quer mudar. E para isso, ela está com o caixa reforçado: a empresa anuncia nesta quarta, 9, que levantou um investimento de US$ 100 milhões, em rodada liderada por Battery Ventures e WhaleRock. O cheque chega pouco mais de oito meses do último aporte da companhia, de US$ 22 milhões. 

Ricardo Salem (de óculos), Pedro Lane (mais alto) e Guilherme Lane são os fundadores da Flash Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Fundada em 2019 por Ricardo Salem, Guilherme Lane e Pedro Lane, a Flash surgiu querendo resolver um quebra-cabeças complexo: diferentes pessoas têm necessidades variadas em relação aos benefícios de seus empregadores — e quase nunca há flexibilidade para usá-los. 

A startup conseguiu criar um sistema para transformar o cartão de refeição em um voucher flexível para restaurantes e supermercados, por exemplo. Geralmente, se um funcionário prefere a tradicional ‘marmita’ trazida de casa a almoçar em um restaurante próximo a empresa, o vale refeição dele não funciona para comprar alimentos em supermercados — e, muitas vezes, a solução no caso era recorrer aos ‘ticketeiros’, estabelecimentos que compram os créditos do cartão, descontando uma porcentagem do valor total.

“Nosso primeiro produto foi um cartão de benefícios multicategorias. Ao longo de 2020 criamos produtos transacionais, como um auxílio home office e um produto de prêmios e incentivos. Em 2021, fomos além e criamos um software de controle onde o cliente pode criar políticas de benefícios que vão além dos nossos produtos”, afirma ao Estadão Ricardo Salem, cofundador e presidente da Flash.

A aposta da Flash para crescer é oferecer uma troca sem custos para as empresas que utilizam o serviço. Como uma emissora de cartão, a plataforma monetiza em cima das transações feitas no seu cartão próprio ou nos de parceiros. Assim, a receita entra sem precisar repassar custos para os clientes — Salem acredita que esse é um dos principais pontos de atração.

A opção de software de gerenciamento — chamada Flash Point — é a única que requer uma assinatura paga por cliente, e oferece diversos módulos da plataforma para acompanhar e adicionar serviços aos funcionários como a ativação de depósito de prêmios ou de incentivos, por exemplo, que são bonificações que não necessariamente fazem parte do rol de benefícios gerais da companhia.

Setor aquecido

O segmento de benefícios corporativos está quente. Nos últimos anos, as chamadas hrtechs, startups de serviços de recursos humanos, têm visto cheques robustos entrarem no bolso. Entre 2020 e 2021, o setor captou cerca de US$ 1,69 bilhão, de acordo com dados da empresa de inovação Distrito. Uma das gigantes da área, a Gympass, que oferece benefícios de bem estar, como academias, recebeu US$ 220 milhões no ano passado e é dona do status de primeiro unicórnio (startup avaliada em mais de US$ 1 bilhão) do setor, conquistado em 2019.

Até o momento, o caminho da Flash tem tido bons frutos. Com o aporte, a empresa cravou um dos maiores investimentos recebidos por startups brasileiras em 2022, figurando no top-5 do cenário de inovação. O ambiente das startups bilionárias parece ser um nicho pelo qual a Flash transita com naturalidade. Entre os seus clientes estão VTEX, Neon, Loggi e MadeiraMadeira.

Para Gilberto Sarfati, professor da Fundação Getúlio Vargas, o investimento não só revela a força do setor, mas evidencia uma nova dinâmica de operação das empresas em um cenário no qual o trabalho híbrido e remoto ganham cada vez mais lugar na vida dos funcionários — o resultado é uma oferta mais ampla e complexa de benefícios.

“É um aporte muito significativo, compatível com o momento de pós-pandemia. Benefícios significam que a empresa está investindo em retenção do funcionário”, afirma Sarfati.

Expansão

Apesar do crescimento em seu serviço no Brasil, a Flash acredita que ainda não é hora para focar em uma internacionalização. Rota quase unânime das startups brasileiras, a América Latina faz parte dos planos de expansão, mas a startup ainda encontra uma barreira latente no setor corporativo: a regulamentação.

Para produtos financeiros, o caminho para entrar em novos países passa por se adequar às leis e ao funcionamento do mercado exterior, com diferença nas formas de transação, moeda e mesmo de aceitação na operação do país por órgãos federais. No caso da Flash, o muro que separa a empresa do restante da América ainda encontra mais uma camada, que é entender e se adaptar à forma na qual as empresas estrangeiras operam sistemas de benefícios. 

“A gente sempre discutiu sobre a hora de internacionalizar. Continuamos olhando como é a forma de benefícios em outros países, mas priorizamos resolver coisas no Brasil”, explica Salem.

Com os pés no Brasil, a Flash tem sido consistente no plano de fazer a marca se tornar mais conhecida, ao mesmo tempo em que desenha novos produtos de software e de serviço — tudo isso deve gerar contratações para o time que já conta com 320 funcionários.

“Descobrimos que a gente consegue transformar a relação entre empregado e empregador. Dentro disso, a gente quer criar mais softwares para continuar auxiliando o RH, e criar novos produtos para oferecer serviços com mais tecnologia para fortalecer a relação da empresa. Crescer o time de produto, tecnologia e marketing, investir na marca e lançar novas divisões de produtos são as nossas prioridades”, pontua Salem. 

Vale alimentação, vale transporte e benefícios de saúde são alguns dos itens que mais atraem um funcionário para uma empresa, segundo uma pesquisa da consultoria Bain & Company. Por outro lado, as companhias costumam ter pouca flexibilidade em relação à forma com que seus trabalhadores podem fazer uso deles — a troca de vale refeição por vale alimentação, por exemplo, pode ser uma dor de cabeça para o RH. 

É algo, porém, que a startup Flash quer mudar. E para isso, ela está com o caixa reforçado: a empresa anuncia nesta quarta, 9, que levantou um investimento de US$ 100 milhões, em rodada liderada por Battery Ventures e WhaleRock. O cheque chega pouco mais de oito meses do último aporte da companhia, de US$ 22 milhões. 

Ricardo Salem (de óculos), Pedro Lane (mais alto) e Guilherme Lane são os fundadores da Flash Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Fundada em 2019 por Ricardo Salem, Guilherme Lane e Pedro Lane, a Flash surgiu querendo resolver um quebra-cabeças complexo: diferentes pessoas têm necessidades variadas em relação aos benefícios de seus empregadores — e quase nunca há flexibilidade para usá-los. 

A startup conseguiu criar um sistema para transformar o cartão de refeição em um voucher flexível para restaurantes e supermercados, por exemplo. Geralmente, se um funcionário prefere a tradicional ‘marmita’ trazida de casa a almoçar em um restaurante próximo a empresa, o vale refeição dele não funciona para comprar alimentos em supermercados — e, muitas vezes, a solução no caso era recorrer aos ‘ticketeiros’, estabelecimentos que compram os créditos do cartão, descontando uma porcentagem do valor total.

“Nosso primeiro produto foi um cartão de benefícios multicategorias. Ao longo de 2020 criamos produtos transacionais, como um auxílio home office e um produto de prêmios e incentivos. Em 2021, fomos além e criamos um software de controle onde o cliente pode criar políticas de benefícios que vão além dos nossos produtos”, afirma ao Estadão Ricardo Salem, cofundador e presidente da Flash.

A aposta da Flash para crescer é oferecer uma troca sem custos para as empresas que utilizam o serviço. Como uma emissora de cartão, a plataforma monetiza em cima das transações feitas no seu cartão próprio ou nos de parceiros. Assim, a receita entra sem precisar repassar custos para os clientes — Salem acredita que esse é um dos principais pontos de atração.

A opção de software de gerenciamento — chamada Flash Point — é a única que requer uma assinatura paga por cliente, e oferece diversos módulos da plataforma para acompanhar e adicionar serviços aos funcionários como a ativação de depósito de prêmios ou de incentivos, por exemplo, que são bonificações que não necessariamente fazem parte do rol de benefícios gerais da companhia.

Setor aquecido

O segmento de benefícios corporativos está quente. Nos últimos anos, as chamadas hrtechs, startups de serviços de recursos humanos, têm visto cheques robustos entrarem no bolso. Entre 2020 e 2021, o setor captou cerca de US$ 1,69 bilhão, de acordo com dados da empresa de inovação Distrito. Uma das gigantes da área, a Gympass, que oferece benefícios de bem estar, como academias, recebeu US$ 220 milhões no ano passado e é dona do status de primeiro unicórnio (startup avaliada em mais de US$ 1 bilhão) do setor, conquistado em 2019.

Até o momento, o caminho da Flash tem tido bons frutos. Com o aporte, a empresa cravou um dos maiores investimentos recebidos por startups brasileiras em 2022, figurando no top-5 do cenário de inovação. O ambiente das startups bilionárias parece ser um nicho pelo qual a Flash transita com naturalidade. Entre os seus clientes estão VTEX, Neon, Loggi e MadeiraMadeira.

Para Gilberto Sarfati, professor da Fundação Getúlio Vargas, o investimento não só revela a força do setor, mas evidencia uma nova dinâmica de operação das empresas em um cenário no qual o trabalho híbrido e remoto ganham cada vez mais lugar na vida dos funcionários — o resultado é uma oferta mais ampla e complexa de benefícios.

“É um aporte muito significativo, compatível com o momento de pós-pandemia. Benefícios significam que a empresa está investindo em retenção do funcionário”, afirma Sarfati.

Expansão

Apesar do crescimento em seu serviço no Brasil, a Flash acredita que ainda não é hora para focar em uma internacionalização. Rota quase unânime das startups brasileiras, a América Latina faz parte dos planos de expansão, mas a startup ainda encontra uma barreira latente no setor corporativo: a regulamentação.

Para produtos financeiros, o caminho para entrar em novos países passa por se adequar às leis e ao funcionamento do mercado exterior, com diferença nas formas de transação, moeda e mesmo de aceitação na operação do país por órgãos federais. No caso da Flash, o muro que separa a empresa do restante da América ainda encontra mais uma camada, que é entender e se adaptar à forma na qual as empresas estrangeiras operam sistemas de benefícios. 

“A gente sempre discutiu sobre a hora de internacionalizar. Continuamos olhando como é a forma de benefícios em outros países, mas priorizamos resolver coisas no Brasil”, explica Salem.

Com os pés no Brasil, a Flash tem sido consistente no plano de fazer a marca se tornar mais conhecida, ao mesmo tempo em que desenha novos produtos de software e de serviço — tudo isso deve gerar contratações para o time que já conta com 320 funcionários.

“Descobrimos que a gente consegue transformar a relação entre empregado e empregador. Dentro disso, a gente quer criar mais softwares para continuar auxiliando o RH, e criar novos produtos para oferecer serviços com mais tecnologia para fortalecer a relação da empresa. Crescer o time de produto, tecnologia e marketing, investir na marca e lançar novas divisões de produtos são as nossas prioridades”, pontua Salem. 

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