Vaca feliz, raios cósmicos e macaúbas: Veja 10 startups que ajudam na transição energética


Greentchs e climatetechs atuam na agropecuária, mineração e biocombustíveis, entre outras áreas, para descarbonizar a economia do Brasil

Por Guilherme Guerra
Atualização:

A startups entraram na luta para combater as mudanças climáticas, em esforço que une tecnologia, inovação e preocupação ambiental com o Planeta. No Brasil, essas greentechs e climatetechs, como são chamadas as empresas de tecnologia do ramo verde, estão em diversas áreas econômicas, de pecuária e agricultura a combustíveis e mercado de carbono.

Responsável por 25% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, a agropecuária é um dos focos das startups brasileiras: esse setor corresponde, sozinho, à maior parte das emissões de gases de efeito estufa, com quase 75%, segundo o Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Seeg). Por isso, negócios focados em tornar o pasto e o cultivo da vegetação mais eficientes, com redução de desperdícios, surgiram em nomes como JetBov (de digitalização dos negócios no pasto) ou a Cowmed (que trabalha para deixar as “vacas felizes”).

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Já a busca por substitutos dos combustíveis fósseis, por exemplo, é onde as startups brasileiras podem também sair na frente. Os biocombustíveis são uma das principais apostas, principalmente por conta do mercado de etanol no País. Mas, para as startups S.Oleum e Acros, a palmeira macaúba, nativa das Américas Central e do Sul, é o foco, por causa do alto valor energético e de reaproveitamento da árvore.

Outros setores estão na mira, como hidrogênio verde, onde usos na indústria e transportes, e mineração, reduzindo ineficiências do processo.

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Abaixo, veja as principais dez startups que promovendo a transição energética no Brasil.

Vacas felizes

A startup Cowmed, fundada em 2010 em Santa Maria (RS), criou o selo “vaca feliz” para designar as ruminantes que seguem um padrão de qualidade de vida nas fazendas brasileiras. Similar ao selo “galinha feliz” na avicultura, a ideia da empresa é promover o bem-estar desses animais da indústria leiteira.

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Para cravar se uma vaca é “feliz”, a Cowmed monitora hábitos do animal, como alimentação, banho de sol, movimentação. Essa observação é feita por meio de uma coleira inteligente, que é inserida nos pescoços das ruminantes – a peça, desenvolvida pela própria startup, é similar a um smartwatch vestido por humanos.

Startup Cowmed criou o selo ‘vaca feliz’ para atestar o bem-estar desses animais, monitorados com coleira inteligente desenvolvida pela empresa Foto: Yuri Weber/Estadao

Raios cósmicos na mineração

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A startup Konker utiliza a física para tornar a mineração mais sustentável. Nascida em 2021, a empresa utiliza raios cósmicos vindos do espaço para calcular tridimensionalmente a pilha de minérios de ferro sob a terra, diminuindo a necessidade de escavação e com alta eficácia no cálculo.

O feito acontece por meio da muografia, que, grosso modo, é como um raio-x de múons, partículas subatômicas que caem sobre a Terra e são inofensivas para humanos e a natureza. Em 2016, a técnica foi utilizada para encontrar túneis subterrâneos inéditos nas Pirâmides do Egito. Agora, tem serventia para uma mineração mais verde.

Startup Konker utiliza a muografia, que capta raios cósmicos caindo na Terra, para calcular o volume de minérios de ferro sob o solo Foto: Ricardo Lima/Estadao
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Mercado de carbono

Na área do mercado de carbono, além da captação desse gás por meio de florestas erguidas, startups apostam em medições, com softwares de ponta para calcular a “pegada” de cada firma, e de compensação, propondo soluções para reduzir as emissões de gases de efeito estufa na cadeia.

É o caso da startup Compensa, criada em 2021 para medir o impacto ambiental de cada empresa. A empresa utiliza tecnologia de dados e a literatura científica para calcular o quanto de CO2 (o gás carbônico) foi emitido por uma empresa. Com isso, empresas podem começar a traçar planos de redução da “pegada” de carbono, cumprindo metas nacionais e internacionais.

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Macaúba, a planta do futuro

A alta eficiência energética da palmeira macaúba, nativa das Américas Central e do Sul, promete tornar essa planta uma das principais matérias-primas de biocombustíveis, com alta produção de óleo e fácil adaptação ao clima brasileiro.

No País, algumas startups começam a focar nessa palmeira, como a S.Oleum e a Acros. Ambas apostam na domesticação da planta, com expectativa de plantio em larga escala a partir de 2027 e colheita a partir da próxima década.

Palmeira macaúba pode ser a planta-chave para a produção de biocombustíveis no Brasil Foto: Marcos Ribeiro/Estadão

Carcaça de animais

O descarte de resíduos animais de abatedouros e frigoríficos, que inclui também sangue, gorduras e lodo, pode virar matéria-prima para o diesel verde. É esse o negócio da Haka Bioprocessos, nascida em 2021.

A startup pretende aproveitar a estrutura de frigoríficos do Brasil para reduzir o desperdício dessa indústria. Com o diesel verde produzido, é possível vender o combustível para as empresas dessa mesma cadeia, promovendo a circularidade na economia sustentável e, com isso, reduzindo custos e aumentando reaproveitamentos.

‘Made in Brazil’

A startup Hitech Electric, nascida em 2017, criou um veículo elétrico “made in Brazil” – mais especificamente, feito em Campo Largo, no Paraná.

Por preços que partem de R$ 124,4 mil, a empresa vende veículos para empresas de “última milha”, ramo da logística que vai da loja até a casa do consumidor, isto é, a etapa final da entrega. Segundo a startup, diferentemente de veículos pesados ou automóveis, o carro foi criado para circular em grandes cidades, com mercadorias leves e com frequência diária.

Startup Hitech Electric desenvolve um veículo elétrico ‘made in Brazil’, com foco em entregas de última milha Foto: Werther Santana/Estadão

Hidrogênio verde

O hidrogênio verde (H2V) é considerado uma das fontes de energia principais para a descarbonização da economia mundial. Porque a matriz energética brasileira é limpa, a produção desse combustível para exportação, além do consumo interno, torna-se um dos pontos fortes do País na corrida mundial.

Startups estão de olho nisso e querem entrar nesse mercado. A Xield, que surgiu em 2019, desenvolve um reformador que converte etanol em hidrogênio verde, solução ainda mais limpa que a cana de açúcar. A Protium Dynamics, de 2018, criou um torque para veículos pesados que converte água em hidrogênio verde, reduzindo a dependência de diesel. Já a Eidee utiliza um eletrolisador portátil, que pode ser aplicado em qualquer lugar, como condomínios ou fazendas.

Lixo vira energia

No ramo de biocombustíveis, o lixo em aterros sanitários pode ser matéria-prima da Zeg Biogás, fundada em 2018. No processo, os gases metano e carbônico emitido dos materiais orgânicos não queimados pelos aterros, mas sim transformados em biogás e biometano, oriundos de fontes limpas.

A startup brasileira também trabalha com a vinhaça, resíduo da cana de açúcar. No processo, o chorume não é descartado e pode ser transformado em biogás ou em um rico fertilizante natural para o solo. Em média, para cada litro do álcool da cana de açúcar, são produzidos 12 litros de vinhaça – o que indica o alto potencial do País na produção desse biocombustível.

Startup Zeg Biogás, que tem Eduardo Acquaviva como CEO, atua com a transformação de lixo e vinhaça (da cana de açúcar) para em biogás e biometano Foto: Epitacio Pessoa/Estadao

Rastreabilidade

As cleantechs e greentechs também se dedicam a uma área importante da economia verde: rastreabilidade de itens, atestando a origem sustentável de produtos e matérias-primas em toda a cadeia produtiva.

É o que faz a Ecotrace, que surgiu em 2018 para monitorar a indústria de carne bovina. Se o animal veio de procedência legal e amiga do meio ambiente, pode-se dizer que se trata de “carne verde”. Projeto similar faz a startup Certimine, nascida no mesmo ano com o intuito de atestar a origem do ouro e de outros minérios.

Eletropostos da Ezvolt

A substituição dos veículos movidos a combustíveis fósseis por soluções elétricas tem sido uma das principais mudanças na indústria automativa em décadas. Mas, além dos automóveis e caminhões movendo-se a bateria elétrica, é preciso montar uma rede de infraestrutura de abastecimento, bem como fornecer equipamentos para o carregamento dos carros.

Esse é o trabalho da Ezvolt, fundada em 2019 no Rio de Janeiro, que possui uma rede própria de eletropostos em 600 pontos espalhados por 40 cidades do Brasil. A startup cobra pela recarga dos automóveis em estradas, ruas e condomínios residenciais, com preços que variam a depender da cidade e da voltagem escolhida pelo cliente.

Startup Ezvolt possui uma rede própria de eletropostos para veículos elétricos em mais de 40 cidades do Brasil Foto: Pedro Kirilos/Estadão

A startups entraram na luta para combater as mudanças climáticas, em esforço que une tecnologia, inovação e preocupação ambiental com o Planeta. No Brasil, essas greentechs e climatetechs, como são chamadas as empresas de tecnologia do ramo verde, estão em diversas áreas econômicas, de pecuária e agricultura a combustíveis e mercado de carbono.

Responsável por 25% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, a agropecuária é um dos focos das startups brasileiras: esse setor corresponde, sozinho, à maior parte das emissões de gases de efeito estufa, com quase 75%, segundo o Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Seeg). Por isso, negócios focados em tornar o pasto e o cultivo da vegetação mais eficientes, com redução de desperdícios, surgiram em nomes como JetBov (de digitalização dos negócios no pasto) ou a Cowmed (que trabalha para deixar as “vacas felizes”).

Já a busca por substitutos dos combustíveis fósseis, por exemplo, é onde as startups brasileiras podem também sair na frente. Os biocombustíveis são uma das principais apostas, principalmente por conta do mercado de etanol no País. Mas, para as startups S.Oleum e Acros, a palmeira macaúba, nativa das Américas Central e do Sul, é o foco, por causa do alto valor energético e de reaproveitamento da árvore.

Outros setores estão na mira, como hidrogênio verde, onde usos na indústria e transportes, e mineração, reduzindo ineficiências do processo.

Abaixo, veja as principais dez startups que promovendo a transição energética no Brasil.

Vacas felizes

A startup Cowmed, fundada em 2010 em Santa Maria (RS), criou o selo “vaca feliz” para designar as ruminantes que seguem um padrão de qualidade de vida nas fazendas brasileiras. Similar ao selo “galinha feliz” na avicultura, a ideia da empresa é promover o bem-estar desses animais da indústria leiteira.

Para cravar se uma vaca é “feliz”, a Cowmed monitora hábitos do animal, como alimentação, banho de sol, movimentação. Essa observação é feita por meio de uma coleira inteligente, que é inserida nos pescoços das ruminantes – a peça, desenvolvida pela própria startup, é similar a um smartwatch vestido por humanos.

Startup Cowmed criou o selo ‘vaca feliz’ para atestar o bem-estar desses animais, monitorados com coleira inteligente desenvolvida pela empresa Foto: Yuri Weber/Estadao

Raios cósmicos na mineração

A startup Konker utiliza a física para tornar a mineração mais sustentável. Nascida em 2021, a empresa utiliza raios cósmicos vindos do espaço para calcular tridimensionalmente a pilha de minérios de ferro sob a terra, diminuindo a necessidade de escavação e com alta eficácia no cálculo.

O feito acontece por meio da muografia, que, grosso modo, é como um raio-x de múons, partículas subatômicas que caem sobre a Terra e são inofensivas para humanos e a natureza. Em 2016, a técnica foi utilizada para encontrar túneis subterrâneos inéditos nas Pirâmides do Egito. Agora, tem serventia para uma mineração mais verde.

Startup Konker utiliza a muografia, que capta raios cósmicos caindo na Terra, para calcular o volume de minérios de ferro sob o solo Foto: Ricardo Lima/Estadao

Mercado de carbono

Na área do mercado de carbono, além da captação desse gás por meio de florestas erguidas, startups apostam em medições, com softwares de ponta para calcular a “pegada” de cada firma, e de compensação, propondo soluções para reduzir as emissões de gases de efeito estufa na cadeia.

É o caso da startup Compensa, criada em 2021 para medir o impacto ambiental de cada empresa. A empresa utiliza tecnologia de dados e a literatura científica para calcular o quanto de CO2 (o gás carbônico) foi emitido por uma empresa. Com isso, empresas podem começar a traçar planos de redução da “pegada” de carbono, cumprindo metas nacionais e internacionais.

Macaúba, a planta do futuro

A alta eficiência energética da palmeira macaúba, nativa das Américas Central e do Sul, promete tornar essa planta uma das principais matérias-primas de biocombustíveis, com alta produção de óleo e fácil adaptação ao clima brasileiro.

No País, algumas startups começam a focar nessa palmeira, como a S.Oleum e a Acros. Ambas apostam na domesticação da planta, com expectativa de plantio em larga escala a partir de 2027 e colheita a partir da próxima década.

Palmeira macaúba pode ser a planta-chave para a produção de biocombustíveis no Brasil Foto: Marcos Ribeiro/Estadão

Carcaça de animais

O descarte de resíduos animais de abatedouros e frigoríficos, que inclui também sangue, gorduras e lodo, pode virar matéria-prima para o diesel verde. É esse o negócio da Haka Bioprocessos, nascida em 2021.

A startup pretende aproveitar a estrutura de frigoríficos do Brasil para reduzir o desperdício dessa indústria. Com o diesel verde produzido, é possível vender o combustível para as empresas dessa mesma cadeia, promovendo a circularidade na economia sustentável e, com isso, reduzindo custos e aumentando reaproveitamentos.

‘Made in Brazil’

A startup Hitech Electric, nascida em 2017, criou um veículo elétrico “made in Brazil” – mais especificamente, feito em Campo Largo, no Paraná.

Por preços que partem de R$ 124,4 mil, a empresa vende veículos para empresas de “última milha”, ramo da logística que vai da loja até a casa do consumidor, isto é, a etapa final da entrega. Segundo a startup, diferentemente de veículos pesados ou automóveis, o carro foi criado para circular em grandes cidades, com mercadorias leves e com frequência diária.

Startup Hitech Electric desenvolve um veículo elétrico ‘made in Brazil’, com foco em entregas de última milha Foto: Werther Santana/Estadão

Hidrogênio verde

O hidrogênio verde (H2V) é considerado uma das fontes de energia principais para a descarbonização da economia mundial. Porque a matriz energética brasileira é limpa, a produção desse combustível para exportação, além do consumo interno, torna-se um dos pontos fortes do País na corrida mundial.

Startups estão de olho nisso e querem entrar nesse mercado. A Xield, que surgiu em 2019, desenvolve um reformador que converte etanol em hidrogênio verde, solução ainda mais limpa que a cana de açúcar. A Protium Dynamics, de 2018, criou um torque para veículos pesados que converte água em hidrogênio verde, reduzindo a dependência de diesel. Já a Eidee utiliza um eletrolisador portátil, que pode ser aplicado em qualquer lugar, como condomínios ou fazendas.

Lixo vira energia

No ramo de biocombustíveis, o lixo em aterros sanitários pode ser matéria-prima da Zeg Biogás, fundada em 2018. No processo, os gases metano e carbônico emitido dos materiais orgânicos não queimados pelos aterros, mas sim transformados em biogás e biometano, oriundos de fontes limpas.

A startup brasileira também trabalha com a vinhaça, resíduo da cana de açúcar. No processo, o chorume não é descartado e pode ser transformado em biogás ou em um rico fertilizante natural para o solo. Em média, para cada litro do álcool da cana de açúcar, são produzidos 12 litros de vinhaça – o que indica o alto potencial do País na produção desse biocombustível.

Startup Zeg Biogás, que tem Eduardo Acquaviva como CEO, atua com a transformação de lixo e vinhaça (da cana de açúcar) para em biogás e biometano Foto: Epitacio Pessoa/Estadao

Rastreabilidade

As cleantechs e greentechs também se dedicam a uma área importante da economia verde: rastreabilidade de itens, atestando a origem sustentável de produtos e matérias-primas em toda a cadeia produtiva.

É o que faz a Ecotrace, que surgiu em 2018 para monitorar a indústria de carne bovina. Se o animal veio de procedência legal e amiga do meio ambiente, pode-se dizer que se trata de “carne verde”. Projeto similar faz a startup Certimine, nascida no mesmo ano com o intuito de atestar a origem do ouro e de outros minérios.

Eletropostos da Ezvolt

A substituição dos veículos movidos a combustíveis fósseis por soluções elétricas tem sido uma das principais mudanças na indústria automativa em décadas. Mas, além dos automóveis e caminhões movendo-se a bateria elétrica, é preciso montar uma rede de infraestrutura de abastecimento, bem como fornecer equipamentos para o carregamento dos carros.

Esse é o trabalho da Ezvolt, fundada em 2019 no Rio de Janeiro, que possui uma rede própria de eletropostos em 600 pontos espalhados por 40 cidades do Brasil. A startup cobra pela recarga dos automóveis em estradas, ruas e condomínios residenciais, com preços que variam a depender da cidade e da voltagem escolhida pelo cliente.

Startup Ezvolt possui uma rede própria de eletropostos para veículos elétricos em mais de 40 cidades do Brasil Foto: Pedro Kirilos/Estadão

A startups entraram na luta para combater as mudanças climáticas, em esforço que une tecnologia, inovação e preocupação ambiental com o Planeta. No Brasil, essas greentechs e climatetechs, como são chamadas as empresas de tecnologia do ramo verde, estão em diversas áreas econômicas, de pecuária e agricultura a combustíveis e mercado de carbono.

Responsável por 25% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, a agropecuária é um dos focos das startups brasileiras: esse setor corresponde, sozinho, à maior parte das emissões de gases de efeito estufa, com quase 75%, segundo o Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Seeg). Por isso, negócios focados em tornar o pasto e o cultivo da vegetação mais eficientes, com redução de desperdícios, surgiram em nomes como JetBov (de digitalização dos negócios no pasto) ou a Cowmed (que trabalha para deixar as “vacas felizes”).

Já a busca por substitutos dos combustíveis fósseis, por exemplo, é onde as startups brasileiras podem também sair na frente. Os biocombustíveis são uma das principais apostas, principalmente por conta do mercado de etanol no País. Mas, para as startups S.Oleum e Acros, a palmeira macaúba, nativa das Américas Central e do Sul, é o foco, por causa do alto valor energético e de reaproveitamento da árvore.

Outros setores estão na mira, como hidrogênio verde, onde usos na indústria e transportes, e mineração, reduzindo ineficiências do processo.

Abaixo, veja as principais dez startups que promovendo a transição energética no Brasil.

Vacas felizes

A startup Cowmed, fundada em 2010 em Santa Maria (RS), criou o selo “vaca feliz” para designar as ruminantes que seguem um padrão de qualidade de vida nas fazendas brasileiras. Similar ao selo “galinha feliz” na avicultura, a ideia da empresa é promover o bem-estar desses animais da indústria leiteira.

Para cravar se uma vaca é “feliz”, a Cowmed monitora hábitos do animal, como alimentação, banho de sol, movimentação. Essa observação é feita por meio de uma coleira inteligente, que é inserida nos pescoços das ruminantes – a peça, desenvolvida pela própria startup, é similar a um smartwatch vestido por humanos.

Startup Cowmed criou o selo ‘vaca feliz’ para atestar o bem-estar desses animais, monitorados com coleira inteligente desenvolvida pela empresa Foto: Yuri Weber/Estadao

Raios cósmicos na mineração

A startup Konker utiliza a física para tornar a mineração mais sustentável. Nascida em 2021, a empresa utiliza raios cósmicos vindos do espaço para calcular tridimensionalmente a pilha de minérios de ferro sob a terra, diminuindo a necessidade de escavação e com alta eficácia no cálculo.

O feito acontece por meio da muografia, que, grosso modo, é como um raio-x de múons, partículas subatômicas que caem sobre a Terra e são inofensivas para humanos e a natureza. Em 2016, a técnica foi utilizada para encontrar túneis subterrâneos inéditos nas Pirâmides do Egito. Agora, tem serventia para uma mineração mais verde.

Startup Konker utiliza a muografia, que capta raios cósmicos caindo na Terra, para calcular o volume de minérios de ferro sob o solo Foto: Ricardo Lima/Estadao

Mercado de carbono

Na área do mercado de carbono, além da captação desse gás por meio de florestas erguidas, startups apostam em medições, com softwares de ponta para calcular a “pegada” de cada firma, e de compensação, propondo soluções para reduzir as emissões de gases de efeito estufa na cadeia.

É o caso da startup Compensa, criada em 2021 para medir o impacto ambiental de cada empresa. A empresa utiliza tecnologia de dados e a literatura científica para calcular o quanto de CO2 (o gás carbônico) foi emitido por uma empresa. Com isso, empresas podem começar a traçar planos de redução da “pegada” de carbono, cumprindo metas nacionais e internacionais.

Macaúba, a planta do futuro

A alta eficiência energética da palmeira macaúba, nativa das Américas Central e do Sul, promete tornar essa planta uma das principais matérias-primas de biocombustíveis, com alta produção de óleo e fácil adaptação ao clima brasileiro.

No País, algumas startups começam a focar nessa palmeira, como a S.Oleum e a Acros. Ambas apostam na domesticação da planta, com expectativa de plantio em larga escala a partir de 2027 e colheita a partir da próxima década.

Palmeira macaúba pode ser a planta-chave para a produção de biocombustíveis no Brasil Foto: Marcos Ribeiro/Estadão

Carcaça de animais

O descarte de resíduos animais de abatedouros e frigoríficos, que inclui também sangue, gorduras e lodo, pode virar matéria-prima para o diesel verde. É esse o negócio da Haka Bioprocessos, nascida em 2021.

A startup pretende aproveitar a estrutura de frigoríficos do Brasil para reduzir o desperdício dessa indústria. Com o diesel verde produzido, é possível vender o combustível para as empresas dessa mesma cadeia, promovendo a circularidade na economia sustentável e, com isso, reduzindo custos e aumentando reaproveitamentos.

‘Made in Brazil’

A startup Hitech Electric, nascida em 2017, criou um veículo elétrico “made in Brazil” – mais especificamente, feito em Campo Largo, no Paraná.

Por preços que partem de R$ 124,4 mil, a empresa vende veículos para empresas de “última milha”, ramo da logística que vai da loja até a casa do consumidor, isto é, a etapa final da entrega. Segundo a startup, diferentemente de veículos pesados ou automóveis, o carro foi criado para circular em grandes cidades, com mercadorias leves e com frequência diária.

Startup Hitech Electric desenvolve um veículo elétrico ‘made in Brazil’, com foco em entregas de última milha Foto: Werther Santana/Estadão

Hidrogênio verde

O hidrogênio verde (H2V) é considerado uma das fontes de energia principais para a descarbonização da economia mundial. Porque a matriz energética brasileira é limpa, a produção desse combustível para exportação, além do consumo interno, torna-se um dos pontos fortes do País na corrida mundial.

Startups estão de olho nisso e querem entrar nesse mercado. A Xield, que surgiu em 2019, desenvolve um reformador que converte etanol em hidrogênio verde, solução ainda mais limpa que a cana de açúcar. A Protium Dynamics, de 2018, criou um torque para veículos pesados que converte água em hidrogênio verde, reduzindo a dependência de diesel. Já a Eidee utiliza um eletrolisador portátil, que pode ser aplicado em qualquer lugar, como condomínios ou fazendas.

Lixo vira energia

No ramo de biocombustíveis, o lixo em aterros sanitários pode ser matéria-prima da Zeg Biogás, fundada em 2018. No processo, os gases metano e carbônico emitido dos materiais orgânicos não queimados pelos aterros, mas sim transformados em biogás e biometano, oriundos de fontes limpas.

A startup brasileira também trabalha com a vinhaça, resíduo da cana de açúcar. No processo, o chorume não é descartado e pode ser transformado em biogás ou em um rico fertilizante natural para o solo. Em média, para cada litro do álcool da cana de açúcar, são produzidos 12 litros de vinhaça – o que indica o alto potencial do País na produção desse biocombustível.

Startup Zeg Biogás, que tem Eduardo Acquaviva como CEO, atua com a transformação de lixo e vinhaça (da cana de açúcar) para em biogás e biometano Foto: Epitacio Pessoa/Estadao

Rastreabilidade

As cleantechs e greentechs também se dedicam a uma área importante da economia verde: rastreabilidade de itens, atestando a origem sustentável de produtos e matérias-primas em toda a cadeia produtiva.

É o que faz a Ecotrace, que surgiu em 2018 para monitorar a indústria de carne bovina. Se o animal veio de procedência legal e amiga do meio ambiente, pode-se dizer que se trata de “carne verde”. Projeto similar faz a startup Certimine, nascida no mesmo ano com o intuito de atestar a origem do ouro e de outros minérios.

Eletropostos da Ezvolt

A substituição dos veículos movidos a combustíveis fósseis por soluções elétricas tem sido uma das principais mudanças na indústria automativa em décadas. Mas, além dos automóveis e caminhões movendo-se a bateria elétrica, é preciso montar uma rede de infraestrutura de abastecimento, bem como fornecer equipamentos para o carregamento dos carros.

Esse é o trabalho da Ezvolt, fundada em 2019 no Rio de Janeiro, que possui uma rede própria de eletropostos em 600 pontos espalhados por 40 cidades do Brasil. A startup cobra pela recarga dos automóveis em estradas, ruas e condomínios residenciais, com preços que variam a depender da cidade e da voltagem escolhida pelo cliente.

Startup Ezvolt possui uma rede própria de eletropostos para veículos elétricos em mais de 40 cidades do Brasil Foto: Pedro Kirilos/Estadão

A startups entraram na luta para combater as mudanças climáticas, em esforço que une tecnologia, inovação e preocupação ambiental com o Planeta. No Brasil, essas greentechs e climatetechs, como são chamadas as empresas de tecnologia do ramo verde, estão em diversas áreas econômicas, de pecuária e agricultura a combustíveis e mercado de carbono.

Responsável por 25% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, a agropecuária é um dos focos das startups brasileiras: esse setor corresponde, sozinho, à maior parte das emissões de gases de efeito estufa, com quase 75%, segundo o Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Seeg). Por isso, negócios focados em tornar o pasto e o cultivo da vegetação mais eficientes, com redução de desperdícios, surgiram em nomes como JetBov (de digitalização dos negócios no pasto) ou a Cowmed (que trabalha para deixar as “vacas felizes”).

Já a busca por substitutos dos combustíveis fósseis, por exemplo, é onde as startups brasileiras podem também sair na frente. Os biocombustíveis são uma das principais apostas, principalmente por conta do mercado de etanol no País. Mas, para as startups S.Oleum e Acros, a palmeira macaúba, nativa das Américas Central e do Sul, é o foco, por causa do alto valor energético e de reaproveitamento da árvore.

Outros setores estão na mira, como hidrogênio verde, onde usos na indústria e transportes, e mineração, reduzindo ineficiências do processo.

Abaixo, veja as principais dez startups que promovendo a transição energética no Brasil.

Vacas felizes

A startup Cowmed, fundada em 2010 em Santa Maria (RS), criou o selo “vaca feliz” para designar as ruminantes que seguem um padrão de qualidade de vida nas fazendas brasileiras. Similar ao selo “galinha feliz” na avicultura, a ideia da empresa é promover o bem-estar desses animais da indústria leiteira.

Para cravar se uma vaca é “feliz”, a Cowmed monitora hábitos do animal, como alimentação, banho de sol, movimentação. Essa observação é feita por meio de uma coleira inteligente, que é inserida nos pescoços das ruminantes – a peça, desenvolvida pela própria startup, é similar a um smartwatch vestido por humanos.

Startup Cowmed criou o selo ‘vaca feliz’ para atestar o bem-estar desses animais, monitorados com coleira inteligente desenvolvida pela empresa Foto: Yuri Weber/Estadao

Raios cósmicos na mineração

A startup Konker utiliza a física para tornar a mineração mais sustentável. Nascida em 2021, a empresa utiliza raios cósmicos vindos do espaço para calcular tridimensionalmente a pilha de minérios de ferro sob a terra, diminuindo a necessidade de escavação e com alta eficácia no cálculo.

O feito acontece por meio da muografia, que, grosso modo, é como um raio-x de múons, partículas subatômicas que caem sobre a Terra e são inofensivas para humanos e a natureza. Em 2016, a técnica foi utilizada para encontrar túneis subterrâneos inéditos nas Pirâmides do Egito. Agora, tem serventia para uma mineração mais verde.

Startup Konker utiliza a muografia, que capta raios cósmicos caindo na Terra, para calcular o volume de minérios de ferro sob o solo Foto: Ricardo Lima/Estadao

Mercado de carbono

Na área do mercado de carbono, além da captação desse gás por meio de florestas erguidas, startups apostam em medições, com softwares de ponta para calcular a “pegada” de cada firma, e de compensação, propondo soluções para reduzir as emissões de gases de efeito estufa na cadeia.

É o caso da startup Compensa, criada em 2021 para medir o impacto ambiental de cada empresa. A empresa utiliza tecnologia de dados e a literatura científica para calcular o quanto de CO2 (o gás carbônico) foi emitido por uma empresa. Com isso, empresas podem começar a traçar planos de redução da “pegada” de carbono, cumprindo metas nacionais e internacionais.

Macaúba, a planta do futuro

A alta eficiência energética da palmeira macaúba, nativa das Américas Central e do Sul, promete tornar essa planta uma das principais matérias-primas de biocombustíveis, com alta produção de óleo e fácil adaptação ao clima brasileiro.

No País, algumas startups começam a focar nessa palmeira, como a S.Oleum e a Acros. Ambas apostam na domesticação da planta, com expectativa de plantio em larga escala a partir de 2027 e colheita a partir da próxima década.

Palmeira macaúba pode ser a planta-chave para a produção de biocombustíveis no Brasil Foto: Marcos Ribeiro/Estadão

Carcaça de animais

O descarte de resíduos animais de abatedouros e frigoríficos, que inclui também sangue, gorduras e lodo, pode virar matéria-prima para o diesel verde. É esse o negócio da Haka Bioprocessos, nascida em 2021.

A startup pretende aproveitar a estrutura de frigoríficos do Brasil para reduzir o desperdício dessa indústria. Com o diesel verde produzido, é possível vender o combustível para as empresas dessa mesma cadeia, promovendo a circularidade na economia sustentável e, com isso, reduzindo custos e aumentando reaproveitamentos.

‘Made in Brazil’

A startup Hitech Electric, nascida em 2017, criou um veículo elétrico “made in Brazil” – mais especificamente, feito em Campo Largo, no Paraná.

Por preços que partem de R$ 124,4 mil, a empresa vende veículos para empresas de “última milha”, ramo da logística que vai da loja até a casa do consumidor, isto é, a etapa final da entrega. Segundo a startup, diferentemente de veículos pesados ou automóveis, o carro foi criado para circular em grandes cidades, com mercadorias leves e com frequência diária.

Startup Hitech Electric desenvolve um veículo elétrico ‘made in Brazil’, com foco em entregas de última milha Foto: Werther Santana/Estadão

Hidrogênio verde

O hidrogênio verde (H2V) é considerado uma das fontes de energia principais para a descarbonização da economia mundial. Porque a matriz energética brasileira é limpa, a produção desse combustível para exportação, além do consumo interno, torna-se um dos pontos fortes do País na corrida mundial.

Startups estão de olho nisso e querem entrar nesse mercado. A Xield, que surgiu em 2019, desenvolve um reformador que converte etanol em hidrogênio verde, solução ainda mais limpa que a cana de açúcar. A Protium Dynamics, de 2018, criou um torque para veículos pesados que converte água em hidrogênio verde, reduzindo a dependência de diesel. Já a Eidee utiliza um eletrolisador portátil, que pode ser aplicado em qualquer lugar, como condomínios ou fazendas.

Lixo vira energia

No ramo de biocombustíveis, o lixo em aterros sanitários pode ser matéria-prima da Zeg Biogás, fundada em 2018. No processo, os gases metano e carbônico emitido dos materiais orgânicos não queimados pelos aterros, mas sim transformados em biogás e biometano, oriundos de fontes limpas.

A startup brasileira também trabalha com a vinhaça, resíduo da cana de açúcar. No processo, o chorume não é descartado e pode ser transformado em biogás ou em um rico fertilizante natural para o solo. Em média, para cada litro do álcool da cana de açúcar, são produzidos 12 litros de vinhaça – o que indica o alto potencial do País na produção desse biocombustível.

Startup Zeg Biogás, que tem Eduardo Acquaviva como CEO, atua com a transformação de lixo e vinhaça (da cana de açúcar) para em biogás e biometano Foto: Epitacio Pessoa/Estadao

Rastreabilidade

As cleantechs e greentechs também se dedicam a uma área importante da economia verde: rastreabilidade de itens, atestando a origem sustentável de produtos e matérias-primas em toda a cadeia produtiva.

É o que faz a Ecotrace, que surgiu em 2018 para monitorar a indústria de carne bovina. Se o animal veio de procedência legal e amiga do meio ambiente, pode-se dizer que se trata de “carne verde”. Projeto similar faz a startup Certimine, nascida no mesmo ano com o intuito de atestar a origem do ouro e de outros minérios.

Eletropostos da Ezvolt

A substituição dos veículos movidos a combustíveis fósseis por soluções elétricas tem sido uma das principais mudanças na indústria automativa em décadas. Mas, além dos automóveis e caminhões movendo-se a bateria elétrica, é preciso montar uma rede de infraestrutura de abastecimento, bem como fornecer equipamentos para o carregamento dos carros.

Esse é o trabalho da Ezvolt, fundada em 2019 no Rio de Janeiro, que possui uma rede própria de eletropostos em 600 pontos espalhados por 40 cidades do Brasil. A startup cobra pela recarga dos automóveis em estradas, ruas e condomínios residenciais, com preços que variam a depender da cidade e da voltagem escolhida pelo cliente.

Startup Ezvolt possui uma rede própria de eletropostos para veículos elétricos em mais de 40 cidades do Brasil Foto: Pedro Kirilos/Estadão

A startups entraram na luta para combater as mudanças climáticas, em esforço que une tecnologia, inovação e preocupação ambiental com o Planeta. No Brasil, essas greentechs e climatetechs, como são chamadas as empresas de tecnologia do ramo verde, estão em diversas áreas econômicas, de pecuária e agricultura a combustíveis e mercado de carbono.

Responsável por 25% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, a agropecuária é um dos focos das startups brasileiras: esse setor corresponde, sozinho, à maior parte das emissões de gases de efeito estufa, com quase 75%, segundo o Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Seeg). Por isso, negócios focados em tornar o pasto e o cultivo da vegetação mais eficientes, com redução de desperdícios, surgiram em nomes como JetBov (de digitalização dos negócios no pasto) ou a Cowmed (que trabalha para deixar as “vacas felizes”).

Já a busca por substitutos dos combustíveis fósseis, por exemplo, é onde as startups brasileiras podem também sair na frente. Os biocombustíveis são uma das principais apostas, principalmente por conta do mercado de etanol no País. Mas, para as startups S.Oleum e Acros, a palmeira macaúba, nativa das Américas Central e do Sul, é o foco, por causa do alto valor energético e de reaproveitamento da árvore.

Outros setores estão na mira, como hidrogênio verde, onde usos na indústria e transportes, e mineração, reduzindo ineficiências do processo.

Abaixo, veja as principais dez startups que promovendo a transição energética no Brasil.

Vacas felizes

A startup Cowmed, fundada em 2010 em Santa Maria (RS), criou o selo “vaca feliz” para designar as ruminantes que seguem um padrão de qualidade de vida nas fazendas brasileiras. Similar ao selo “galinha feliz” na avicultura, a ideia da empresa é promover o bem-estar desses animais da indústria leiteira.

Para cravar se uma vaca é “feliz”, a Cowmed monitora hábitos do animal, como alimentação, banho de sol, movimentação. Essa observação é feita por meio de uma coleira inteligente, que é inserida nos pescoços das ruminantes – a peça, desenvolvida pela própria startup, é similar a um smartwatch vestido por humanos.

Startup Cowmed criou o selo ‘vaca feliz’ para atestar o bem-estar desses animais, monitorados com coleira inteligente desenvolvida pela empresa Foto: Yuri Weber/Estadao

Raios cósmicos na mineração

A startup Konker utiliza a física para tornar a mineração mais sustentável. Nascida em 2021, a empresa utiliza raios cósmicos vindos do espaço para calcular tridimensionalmente a pilha de minérios de ferro sob a terra, diminuindo a necessidade de escavação e com alta eficácia no cálculo.

O feito acontece por meio da muografia, que, grosso modo, é como um raio-x de múons, partículas subatômicas que caem sobre a Terra e são inofensivas para humanos e a natureza. Em 2016, a técnica foi utilizada para encontrar túneis subterrâneos inéditos nas Pirâmides do Egito. Agora, tem serventia para uma mineração mais verde.

Startup Konker utiliza a muografia, que capta raios cósmicos caindo na Terra, para calcular o volume de minérios de ferro sob o solo Foto: Ricardo Lima/Estadao

Mercado de carbono

Na área do mercado de carbono, além da captação desse gás por meio de florestas erguidas, startups apostam em medições, com softwares de ponta para calcular a “pegada” de cada firma, e de compensação, propondo soluções para reduzir as emissões de gases de efeito estufa na cadeia.

É o caso da startup Compensa, criada em 2021 para medir o impacto ambiental de cada empresa. A empresa utiliza tecnologia de dados e a literatura científica para calcular o quanto de CO2 (o gás carbônico) foi emitido por uma empresa. Com isso, empresas podem começar a traçar planos de redução da “pegada” de carbono, cumprindo metas nacionais e internacionais.

Macaúba, a planta do futuro

A alta eficiência energética da palmeira macaúba, nativa das Américas Central e do Sul, promete tornar essa planta uma das principais matérias-primas de biocombustíveis, com alta produção de óleo e fácil adaptação ao clima brasileiro.

No País, algumas startups começam a focar nessa palmeira, como a S.Oleum e a Acros. Ambas apostam na domesticação da planta, com expectativa de plantio em larga escala a partir de 2027 e colheita a partir da próxima década.

Palmeira macaúba pode ser a planta-chave para a produção de biocombustíveis no Brasil Foto: Marcos Ribeiro/Estadão

Carcaça de animais

O descarte de resíduos animais de abatedouros e frigoríficos, que inclui também sangue, gorduras e lodo, pode virar matéria-prima para o diesel verde. É esse o negócio da Haka Bioprocessos, nascida em 2021.

A startup pretende aproveitar a estrutura de frigoríficos do Brasil para reduzir o desperdício dessa indústria. Com o diesel verde produzido, é possível vender o combustível para as empresas dessa mesma cadeia, promovendo a circularidade na economia sustentável e, com isso, reduzindo custos e aumentando reaproveitamentos.

‘Made in Brazil’

A startup Hitech Electric, nascida em 2017, criou um veículo elétrico “made in Brazil” – mais especificamente, feito em Campo Largo, no Paraná.

Por preços que partem de R$ 124,4 mil, a empresa vende veículos para empresas de “última milha”, ramo da logística que vai da loja até a casa do consumidor, isto é, a etapa final da entrega. Segundo a startup, diferentemente de veículos pesados ou automóveis, o carro foi criado para circular em grandes cidades, com mercadorias leves e com frequência diária.

Startup Hitech Electric desenvolve um veículo elétrico ‘made in Brazil’, com foco em entregas de última milha Foto: Werther Santana/Estadão

Hidrogênio verde

O hidrogênio verde (H2V) é considerado uma das fontes de energia principais para a descarbonização da economia mundial. Porque a matriz energética brasileira é limpa, a produção desse combustível para exportação, além do consumo interno, torna-se um dos pontos fortes do País na corrida mundial.

Startups estão de olho nisso e querem entrar nesse mercado. A Xield, que surgiu em 2019, desenvolve um reformador que converte etanol em hidrogênio verde, solução ainda mais limpa que a cana de açúcar. A Protium Dynamics, de 2018, criou um torque para veículos pesados que converte água em hidrogênio verde, reduzindo a dependência de diesel. Já a Eidee utiliza um eletrolisador portátil, que pode ser aplicado em qualquer lugar, como condomínios ou fazendas.

Lixo vira energia

No ramo de biocombustíveis, o lixo em aterros sanitários pode ser matéria-prima da Zeg Biogás, fundada em 2018. No processo, os gases metano e carbônico emitido dos materiais orgânicos não queimados pelos aterros, mas sim transformados em biogás e biometano, oriundos de fontes limpas.

A startup brasileira também trabalha com a vinhaça, resíduo da cana de açúcar. No processo, o chorume não é descartado e pode ser transformado em biogás ou em um rico fertilizante natural para o solo. Em média, para cada litro do álcool da cana de açúcar, são produzidos 12 litros de vinhaça – o que indica o alto potencial do País na produção desse biocombustível.

Startup Zeg Biogás, que tem Eduardo Acquaviva como CEO, atua com a transformação de lixo e vinhaça (da cana de açúcar) para em biogás e biometano Foto: Epitacio Pessoa/Estadao

Rastreabilidade

As cleantechs e greentechs também se dedicam a uma área importante da economia verde: rastreabilidade de itens, atestando a origem sustentável de produtos e matérias-primas em toda a cadeia produtiva.

É o que faz a Ecotrace, que surgiu em 2018 para monitorar a indústria de carne bovina. Se o animal veio de procedência legal e amiga do meio ambiente, pode-se dizer que se trata de “carne verde”. Projeto similar faz a startup Certimine, nascida no mesmo ano com o intuito de atestar a origem do ouro e de outros minérios.

Eletropostos da Ezvolt

A substituição dos veículos movidos a combustíveis fósseis por soluções elétricas tem sido uma das principais mudanças na indústria automativa em décadas. Mas, além dos automóveis e caminhões movendo-se a bateria elétrica, é preciso montar uma rede de infraestrutura de abastecimento, bem como fornecer equipamentos para o carregamento dos carros.

Esse é o trabalho da Ezvolt, fundada em 2019 no Rio de Janeiro, que possui uma rede própria de eletropostos em 600 pontos espalhados por 40 cidades do Brasil. A startup cobra pela recarga dos automóveis em estradas, ruas e condomínios residenciais, com preços que variam a depender da cidade e da voltagem escolhida pelo cliente.

Startup Ezvolt possui uma rede própria de eletropostos para veículos elétricos em mais de 40 cidades do Brasil Foto: Pedro Kirilos/Estadão

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