Investimento para healthtechs seca após euforia na pandemia


Startups de saúde precisaram rever projeções e demitir funcionários diante da mudança de perspectiva de crescimento; momento é oportuno para consolidação do setor, dizem especialistas

Por Lucas Agrela
Atualização:

Os aportes de fundos de investimento em startups do setor de saúde — chamadas healthtechs — secaram após a euforia no período da pandemia, quando a digitalização do atendimento médico se impôs como necessidade básica.

De acordo com dados do relatório da consultoria Sling Hub em parceria com o Itaú BBA, os aportes em healthtechs caíram 81% no período entre novembro e março, acima da média de 31% entre todas as startups no País. No primeiro trimestre, o total investido foi de US$ 31,3 milhões.

O relatório mostra que a queda nos investimentos em startups não afetou apenas o setor de saúde, mas todos os nichos de mercado. O primeiro trimestre deste ano teve o menor valor captado por startups desde 2020 e o menor número de negócios, considerando o primeiro trimestre dos últimos cinco anos. Os grandes aportes foram os mais afetados pela queda. Os cheques de até US$ 10 milhões caíram 30% em relação ao mesmo período em 2022, enquanto as rodadas acima de US$ 10 milhões despencaram 70%. Nenhum dos grandes aportes foi para negócios de saúde.

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Diante da virada do cenário macroeconômico mundial, com inflação e juros altos tirando a liquidez do mercado, mesmo as healthtechs capitalizadas precisaram rever suas projeções de crescimento e fazer ajustes na operação, resultando em demissões de funcionários. Entre as startups de saúde que cortaram efetivo estão nomes como Memed, Mevo, Alice e Sami.

A freada brusca dos investimentos de fundos de venture capital não se refletiu proporcionalmente no número de fusões e aquisições, apesar de também ter caído. De janeiro a março, foram fechados 73 negócios, queda de 21% no período.

Igor Batista, sócio da JK Capital, afirma que a procura por aquisições é uma forma de melhorar a eficiência da operação de uma startup ou grande empresa no setor de saúde. “A inflação médica foi alta nos últimos anos. Por isso, há movimentos de consolidação no setor de healthtechs, especialmente visando reduções de custos. Alguns acordos podem ser por expansão de frentes de negócios, mas a eficiência operacional é o principal motivo da busca por fusões e aquisições”, diz Batista.

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Caminhos

O movimento de consolidação do setor de saúde já começou. Neste mês, a Alice, de planos de saúde, comprou a carteira de 16 mil clientes da QSaúde, operadora de José Serepieri Junior, o fundador da Qualicorp.

A aquisição fará a empresa mais do que dobrar os atuais 11 mil clientes a partir de junho, quando a carteira será incorporada pela Alice. O capital usado na transação, de valor não revelado, veio de três aportes que a healthtech captou desde 2020, somando um total de US$ 175 milhões. O maior cheque veio em dezembro de 2021, quando recebeu a bolada de US$ 127 milhões. O investimento fez a Alice aparecer entre os 10 maiores aportes em startups da América Latina no último trimestre de 2021, segundo dados da consultoria CBInsights.

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Além da teleconsulta, que ganhou protagonismo na pandemia diante do aval do Conselho Federal de Medicina para a prática, as startups de saúde buscam digitalizar outras partes dessa cadeia, como prontuários digitais, receitas para medicamentos ou tratamentos específicos para mulheres. “O setor de saúde ainda tem muito espaço para digitalização. O mercado de venture capital passa por um momento de menor liquidez, com maior percepção de risco por parte dos investidores. O momento é uma oportunidade para as empresas fazerem aquisições porque há expectativas de avaliações mais realistas nas startups. Isso permite a aposta em inovação e novos negócios”, afirma Marcus Mazetto, sócio da área de investment banking do Banco Fator.

Diante da desaceleração dos investimentos de fundos, as grandes empresas continuam a investir em programas de corporate venture capital (CVC) para comprar parte das startups que estejam ligadas aos seus negócios. Desde 2021, o Instituto Israelita Albert Einstein já investiu em 10 startups por meio de um fundo de R$ 100 milhões, criado com a Vox Capital. Nesta semana, o grupo de educação em saúde Afya anunciou a criação do seu programa de CVC para investir no setor. Sem valor revelado, o primeiro aporte foi destinado à startup Lean Saúde, que fornece uma plataforma de inteligência de dados para o mercado de saúde.

Nicho de oportunidades

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Por outro lado, os negócios de nicho têm crescido no setor de saúde. Esse é o caso da Liti, voltada ao emagrecimento e bem-estar. A startup vende planos individuais com acompanhamento por especialistas, como médicos e nutricionistas.

“O capital que captamos tem sido usado em tecnologia e produto. O método tradicional funciona, mas não teria uma redução de custos”, afirma Fernando Vilela, cofundador da Liti. Em novembro do ano passado, a startup captou R$ 21 milhões em uma rodada que teve participação dos fundos Monashees, Canary, Grão, Norte, Eclipseon, Newtopia, The Fund e Latitud.

Já a Oya Care, fundada em 2020, se dedica ao atendimento de mulheres que querem ter maior conhecimento e controle sobre a fertilidade. De acordo com a fundadora Stephanie von Staa Toledo, o crescimento do negócio foi de 20% ao mês em 2022 e, até o momento, de 43% ao mês em 2023.

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Stephanie von Staa Toledo lidera startup focada em fertilidade feminina Foto: Nathalie Artaxo/Oya Care/Divulgação

A startup oferece serviços online de atendimento de emergência ginecológica, descoberta de fertilidade e contracepção. As consultas têm posterior acompanhamento via WhatsApp. A empresa captou US$ 3,8 milhões em investimentos até hoje e, neste mês, abriu sua primeira clínica, no Itaim Bibi, para oferecer atendimento médico presencial e procedimentos ligados à fertilidade e contracepção.

Os aportes de fundos de investimento em startups do setor de saúde — chamadas healthtechs — secaram após a euforia no período da pandemia, quando a digitalização do atendimento médico se impôs como necessidade básica.

De acordo com dados do relatório da consultoria Sling Hub em parceria com o Itaú BBA, os aportes em healthtechs caíram 81% no período entre novembro e março, acima da média de 31% entre todas as startups no País. No primeiro trimestre, o total investido foi de US$ 31,3 milhões.

O relatório mostra que a queda nos investimentos em startups não afetou apenas o setor de saúde, mas todos os nichos de mercado. O primeiro trimestre deste ano teve o menor valor captado por startups desde 2020 e o menor número de negócios, considerando o primeiro trimestre dos últimos cinco anos. Os grandes aportes foram os mais afetados pela queda. Os cheques de até US$ 10 milhões caíram 30% em relação ao mesmo período em 2022, enquanto as rodadas acima de US$ 10 milhões despencaram 70%. Nenhum dos grandes aportes foi para negócios de saúde.

Diante da virada do cenário macroeconômico mundial, com inflação e juros altos tirando a liquidez do mercado, mesmo as healthtechs capitalizadas precisaram rever suas projeções de crescimento e fazer ajustes na operação, resultando em demissões de funcionários. Entre as startups de saúde que cortaram efetivo estão nomes como Memed, Mevo, Alice e Sami.

A freada brusca dos investimentos de fundos de venture capital não se refletiu proporcionalmente no número de fusões e aquisições, apesar de também ter caído. De janeiro a março, foram fechados 73 negócios, queda de 21% no período.

Igor Batista, sócio da JK Capital, afirma que a procura por aquisições é uma forma de melhorar a eficiência da operação de uma startup ou grande empresa no setor de saúde. “A inflação médica foi alta nos últimos anos. Por isso, há movimentos de consolidação no setor de healthtechs, especialmente visando reduções de custos. Alguns acordos podem ser por expansão de frentes de negócios, mas a eficiência operacional é o principal motivo da busca por fusões e aquisições”, diz Batista.

Caminhos

O movimento de consolidação do setor de saúde já começou. Neste mês, a Alice, de planos de saúde, comprou a carteira de 16 mil clientes da QSaúde, operadora de José Serepieri Junior, o fundador da Qualicorp.

A aquisição fará a empresa mais do que dobrar os atuais 11 mil clientes a partir de junho, quando a carteira será incorporada pela Alice. O capital usado na transação, de valor não revelado, veio de três aportes que a healthtech captou desde 2020, somando um total de US$ 175 milhões. O maior cheque veio em dezembro de 2021, quando recebeu a bolada de US$ 127 milhões. O investimento fez a Alice aparecer entre os 10 maiores aportes em startups da América Latina no último trimestre de 2021, segundo dados da consultoria CBInsights.

Além da teleconsulta, que ganhou protagonismo na pandemia diante do aval do Conselho Federal de Medicina para a prática, as startups de saúde buscam digitalizar outras partes dessa cadeia, como prontuários digitais, receitas para medicamentos ou tratamentos específicos para mulheres. “O setor de saúde ainda tem muito espaço para digitalização. O mercado de venture capital passa por um momento de menor liquidez, com maior percepção de risco por parte dos investidores. O momento é uma oportunidade para as empresas fazerem aquisições porque há expectativas de avaliações mais realistas nas startups. Isso permite a aposta em inovação e novos negócios”, afirma Marcus Mazetto, sócio da área de investment banking do Banco Fator.

Diante da desaceleração dos investimentos de fundos, as grandes empresas continuam a investir em programas de corporate venture capital (CVC) para comprar parte das startups que estejam ligadas aos seus negócios. Desde 2021, o Instituto Israelita Albert Einstein já investiu em 10 startups por meio de um fundo de R$ 100 milhões, criado com a Vox Capital. Nesta semana, o grupo de educação em saúde Afya anunciou a criação do seu programa de CVC para investir no setor. Sem valor revelado, o primeiro aporte foi destinado à startup Lean Saúde, que fornece uma plataforma de inteligência de dados para o mercado de saúde.

Nicho de oportunidades

Por outro lado, os negócios de nicho têm crescido no setor de saúde. Esse é o caso da Liti, voltada ao emagrecimento e bem-estar. A startup vende planos individuais com acompanhamento por especialistas, como médicos e nutricionistas.

“O capital que captamos tem sido usado em tecnologia e produto. O método tradicional funciona, mas não teria uma redução de custos”, afirma Fernando Vilela, cofundador da Liti. Em novembro do ano passado, a startup captou R$ 21 milhões em uma rodada que teve participação dos fundos Monashees, Canary, Grão, Norte, Eclipseon, Newtopia, The Fund e Latitud.

Já a Oya Care, fundada em 2020, se dedica ao atendimento de mulheres que querem ter maior conhecimento e controle sobre a fertilidade. De acordo com a fundadora Stephanie von Staa Toledo, o crescimento do negócio foi de 20% ao mês em 2022 e, até o momento, de 43% ao mês em 2023.

Stephanie von Staa Toledo lidera startup focada em fertilidade feminina Foto: Nathalie Artaxo/Oya Care/Divulgação

A startup oferece serviços online de atendimento de emergência ginecológica, descoberta de fertilidade e contracepção. As consultas têm posterior acompanhamento via WhatsApp. A empresa captou US$ 3,8 milhões em investimentos até hoje e, neste mês, abriu sua primeira clínica, no Itaim Bibi, para oferecer atendimento médico presencial e procedimentos ligados à fertilidade e contracepção.

Os aportes de fundos de investimento em startups do setor de saúde — chamadas healthtechs — secaram após a euforia no período da pandemia, quando a digitalização do atendimento médico se impôs como necessidade básica.

De acordo com dados do relatório da consultoria Sling Hub em parceria com o Itaú BBA, os aportes em healthtechs caíram 81% no período entre novembro e março, acima da média de 31% entre todas as startups no País. No primeiro trimestre, o total investido foi de US$ 31,3 milhões.

O relatório mostra que a queda nos investimentos em startups não afetou apenas o setor de saúde, mas todos os nichos de mercado. O primeiro trimestre deste ano teve o menor valor captado por startups desde 2020 e o menor número de negócios, considerando o primeiro trimestre dos últimos cinco anos. Os grandes aportes foram os mais afetados pela queda. Os cheques de até US$ 10 milhões caíram 30% em relação ao mesmo período em 2022, enquanto as rodadas acima de US$ 10 milhões despencaram 70%. Nenhum dos grandes aportes foi para negócios de saúde.

Diante da virada do cenário macroeconômico mundial, com inflação e juros altos tirando a liquidez do mercado, mesmo as healthtechs capitalizadas precisaram rever suas projeções de crescimento e fazer ajustes na operação, resultando em demissões de funcionários. Entre as startups de saúde que cortaram efetivo estão nomes como Memed, Mevo, Alice e Sami.

A freada brusca dos investimentos de fundos de venture capital não se refletiu proporcionalmente no número de fusões e aquisições, apesar de também ter caído. De janeiro a março, foram fechados 73 negócios, queda de 21% no período.

Igor Batista, sócio da JK Capital, afirma que a procura por aquisições é uma forma de melhorar a eficiência da operação de uma startup ou grande empresa no setor de saúde. “A inflação médica foi alta nos últimos anos. Por isso, há movimentos de consolidação no setor de healthtechs, especialmente visando reduções de custos. Alguns acordos podem ser por expansão de frentes de negócios, mas a eficiência operacional é o principal motivo da busca por fusões e aquisições”, diz Batista.

Caminhos

O movimento de consolidação do setor de saúde já começou. Neste mês, a Alice, de planos de saúde, comprou a carteira de 16 mil clientes da QSaúde, operadora de José Serepieri Junior, o fundador da Qualicorp.

A aquisição fará a empresa mais do que dobrar os atuais 11 mil clientes a partir de junho, quando a carteira será incorporada pela Alice. O capital usado na transação, de valor não revelado, veio de três aportes que a healthtech captou desde 2020, somando um total de US$ 175 milhões. O maior cheque veio em dezembro de 2021, quando recebeu a bolada de US$ 127 milhões. O investimento fez a Alice aparecer entre os 10 maiores aportes em startups da América Latina no último trimestre de 2021, segundo dados da consultoria CBInsights.

Além da teleconsulta, que ganhou protagonismo na pandemia diante do aval do Conselho Federal de Medicina para a prática, as startups de saúde buscam digitalizar outras partes dessa cadeia, como prontuários digitais, receitas para medicamentos ou tratamentos específicos para mulheres. “O setor de saúde ainda tem muito espaço para digitalização. O mercado de venture capital passa por um momento de menor liquidez, com maior percepção de risco por parte dos investidores. O momento é uma oportunidade para as empresas fazerem aquisições porque há expectativas de avaliações mais realistas nas startups. Isso permite a aposta em inovação e novos negócios”, afirma Marcus Mazetto, sócio da área de investment banking do Banco Fator.

Diante da desaceleração dos investimentos de fundos, as grandes empresas continuam a investir em programas de corporate venture capital (CVC) para comprar parte das startups que estejam ligadas aos seus negócios. Desde 2021, o Instituto Israelita Albert Einstein já investiu em 10 startups por meio de um fundo de R$ 100 milhões, criado com a Vox Capital. Nesta semana, o grupo de educação em saúde Afya anunciou a criação do seu programa de CVC para investir no setor. Sem valor revelado, o primeiro aporte foi destinado à startup Lean Saúde, que fornece uma plataforma de inteligência de dados para o mercado de saúde.

Nicho de oportunidades

Por outro lado, os negócios de nicho têm crescido no setor de saúde. Esse é o caso da Liti, voltada ao emagrecimento e bem-estar. A startup vende planos individuais com acompanhamento por especialistas, como médicos e nutricionistas.

“O capital que captamos tem sido usado em tecnologia e produto. O método tradicional funciona, mas não teria uma redução de custos”, afirma Fernando Vilela, cofundador da Liti. Em novembro do ano passado, a startup captou R$ 21 milhões em uma rodada que teve participação dos fundos Monashees, Canary, Grão, Norte, Eclipseon, Newtopia, The Fund e Latitud.

Já a Oya Care, fundada em 2020, se dedica ao atendimento de mulheres que querem ter maior conhecimento e controle sobre a fertilidade. De acordo com a fundadora Stephanie von Staa Toledo, o crescimento do negócio foi de 20% ao mês em 2022 e, até o momento, de 43% ao mês em 2023.

Stephanie von Staa Toledo lidera startup focada em fertilidade feminina Foto: Nathalie Artaxo/Oya Care/Divulgação

A startup oferece serviços online de atendimento de emergência ginecológica, descoberta de fertilidade e contracepção. As consultas têm posterior acompanhamento via WhatsApp. A empresa captou US$ 3,8 milhões em investimentos até hoje e, neste mês, abriu sua primeira clínica, no Itaim Bibi, para oferecer atendimento médico presencial e procedimentos ligados à fertilidade e contracepção.

Os aportes de fundos de investimento em startups do setor de saúde — chamadas healthtechs — secaram após a euforia no período da pandemia, quando a digitalização do atendimento médico se impôs como necessidade básica.

De acordo com dados do relatório da consultoria Sling Hub em parceria com o Itaú BBA, os aportes em healthtechs caíram 81% no período entre novembro e março, acima da média de 31% entre todas as startups no País. No primeiro trimestre, o total investido foi de US$ 31,3 milhões.

O relatório mostra que a queda nos investimentos em startups não afetou apenas o setor de saúde, mas todos os nichos de mercado. O primeiro trimestre deste ano teve o menor valor captado por startups desde 2020 e o menor número de negócios, considerando o primeiro trimestre dos últimos cinco anos. Os grandes aportes foram os mais afetados pela queda. Os cheques de até US$ 10 milhões caíram 30% em relação ao mesmo período em 2022, enquanto as rodadas acima de US$ 10 milhões despencaram 70%. Nenhum dos grandes aportes foi para negócios de saúde.

Diante da virada do cenário macroeconômico mundial, com inflação e juros altos tirando a liquidez do mercado, mesmo as healthtechs capitalizadas precisaram rever suas projeções de crescimento e fazer ajustes na operação, resultando em demissões de funcionários. Entre as startups de saúde que cortaram efetivo estão nomes como Memed, Mevo, Alice e Sami.

A freada brusca dos investimentos de fundos de venture capital não se refletiu proporcionalmente no número de fusões e aquisições, apesar de também ter caído. De janeiro a março, foram fechados 73 negócios, queda de 21% no período.

Igor Batista, sócio da JK Capital, afirma que a procura por aquisições é uma forma de melhorar a eficiência da operação de uma startup ou grande empresa no setor de saúde. “A inflação médica foi alta nos últimos anos. Por isso, há movimentos de consolidação no setor de healthtechs, especialmente visando reduções de custos. Alguns acordos podem ser por expansão de frentes de negócios, mas a eficiência operacional é o principal motivo da busca por fusões e aquisições”, diz Batista.

Caminhos

O movimento de consolidação do setor de saúde já começou. Neste mês, a Alice, de planos de saúde, comprou a carteira de 16 mil clientes da QSaúde, operadora de José Serepieri Junior, o fundador da Qualicorp.

A aquisição fará a empresa mais do que dobrar os atuais 11 mil clientes a partir de junho, quando a carteira será incorporada pela Alice. O capital usado na transação, de valor não revelado, veio de três aportes que a healthtech captou desde 2020, somando um total de US$ 175 milhões. O maior cheque veio em dezembro de 2021, quando recebeu a bolada de US$ 127 milhões. O investimento fez a Alice aparecer entre os 10 maiores aportes em startups da América Latina no último trimestre de 2021, segundo dados da consultoria CBInsights.

Além da teleconsulta, que ganhou protagonismo na pandemia diante do aval do Conselho Federal de Medicina para a prática, as startups de saúde buscam digitalizar outras partes dessa cadeia, como prontuários digitais, receitas para medicamentos ou tratamentos específicos para mulheres. “O setor de saúde ainda tem muito espaço para digitalização. O mercado de venture capital passa por um momento de menor liquidez, com maior percepção de risco por parte dos investidores. O momento é uma oportunidade para as empresas fazerem aquisições porque há expectativas de avaliações mais realistas nas startups. Isso permite a aposta em inovação e novos negócios”, afirma Marcus Mazetto, sócio da área de investment banking do Banco Fator.

Diante da desaceleração dos investimentos de fundos, as grandes empresas continuam a investir em programas de corporate venture capital (CVC) para comprar parte das startups que estejam ligadas aos seus negócios. Desde 2021, o Instituto Israelita Albert Einstein já investiu em 10 startups por meio de um fundo de R$ 100 milhões, criado com a Vox Capital. Nesta semana, o grupo de educação em saúde Afya anunciou a criação do seu programa de CVC para investir no setor. Sem valor revelado, o primeiro aporte foi destinado à startup Lean Saúde, que fornece uma plataforma de inteligência de dados para o mercado de saúde.

Nicho de oportunidades

Por outro lado, os negócios de nicho têm crescido no setor de saúde. Esse é o caso da Liti, voltada ao emagrecimento e bem-estar. A startup vende planos individuais com acompanhamento por especialistas, como médicos e nutricionistas.

“O capital que captamos tem sido usado em tecnologia e produto. O método tradicional funciona, mas não teria uma redução de custos”, afirma Fernando Vilela, cofundador da Liti. Em novembro do ano passado, a startup captou R$ 21 milhões em uma rodada que teve participação dos fundos Monashees, Canary, Grão, Norte, Eclipseon, Newtopia, The Fund e Latitud.

Já a Oya Care, fundada em 2020, se dedica ao atendimento de mulheres que querem ter maior conhecimento e controle sobre a fertilidade. De acordo com a fundadora Stephanie von Staa Toledo, o crescimento do negócio foi de 20% ao mês em 2022 e, até o momento, de 43% ao mês em 2023.

Stephanie von Staa Toledo lidera startup focada em fertilidade feminina Foto: Nathalie Artaxo/Oya Care/Divulgação

A startup oferece serviços online de atendimento de emergência ginecológica, descoberta de fertilidade e contracepção. As consultas têm posterior acompanhamento via WhatsApp. A empresa captou US$ 3,8 milhões em investimentos até hoje e, neste mês, abriu sua primeira clínica, no Itaim Bibi, para oferecer atendimento médico presencial e procedimentos ligados à fertilidade e contracepção.

Os aportes de fundos de investimento em startups do setor de saúde — chamadas healthtechs — secaram após a euforia no período da pandemia, quando a digitalização do atendimento médico se impôs como necessidade básica.

De acordo com dados do relatório da consultoria Sling Hub em parceria com o Itaú BBA, os aportes em healthtechs caíram 81% no período entre novembro e março, acima da média de 31% entre todas as startups no País. No primeiro trimestre, o total investido foi de US$ 31,3 milhões.

O relatório mostra que a queda nos investimentos em startups não afetou apenas o setor de saúde, mas todos os nichos de mercado. O primeiro trimestre deste ano teve o menor valor captado por startups desde 2020 e o menor número de negócios, considerando o primeiro trimestre dos últimos cinco anos. Os grandes aportes foram os mais afetados pela queda. Os cheques de até US$ 10 milhões caíram 30% em relação ao mesmo período em 2022, enquanto as rodadas acima de US$ 10 milhões despencaram 70%. Nenhum dos grandes aportes foi para negócios de saúde.

Diante da virada do cenário macroeconômico mundial, com inflação e juros altos tirando a liquidez do mercado, mesmo as healthtechs capitalizadas precisaram rever suas projeções de crescimento e fazer ajustes na operação, resultando em demissões de funcionários. Entre as startups de saúde que cortaram efetivo estão nomes como Memed, Mevo, Alice e Sami.

A freada brusca dos investimentos de fundos de venture capital não se refletiu proporcionalmente no número de fusões e aquisições, apesar de também ter caído. De janeiro a março, foram fechados 73 negócios, queda de 21% no período.

Igor Batista, sócio da JK Capital, afirma que a procura por aquisições é uma forma de melhorar a eficiência da operação de uma startup ou grande empresa no setor de saúde. “A inflação médica foi alta nos últimos anos. Por isso, há movimentos de consolidação no setor de healthtechs, especialmente visando reduções de custos. Alguns acordos podem ser por expansão de frentes de negócios, mas a eficiência operacional é o principal motivo da busca por fusões e aquisições”, diz Batista.

Caminhos

O movimento de consolidação do setor de saúde já começou. Neste mês, a Alice, de planos de saúde, comprou a carteira de 16 mil clientes da QSaúde, operadora de José Serepieri Junior, o fundador da Qualicorp.

A aquisição fará a empresa mais do que dobrar os atuais 11 mil clientes a partir de junho, quando a carteira será incorporada pela Alice. O capital usado na transação, de valor não revelado, veio de três aportes que a healthtech captou desde 2020, somando um total de US$ 175 milhões. O maior cheque veio em dezembro de 2021, quando recebeu a bolada de US$ 127 milhões. O investimento fez a Alice aparecer entre os 10 maiores aportes em startups da América Latina no último trimestre de 2021, segundo dados da consultoria CBInsights.

Além da teleconsulta, que ganhou protagonismo na pandemia diante do aval do Conselho Federal de Medicina para a prática, as startups de saúde buscam digitalizar outras partes dessa cadeia, como prontuários digitais, receitas para medicamentos ou tratamentos específicos para mulheres. “O setor de saúde ainda tem muito espaço para digitalização. O mercado de venture capital passa por um momento de menor liquidez, com maior percepção de risco por parte dos investidores. O momento é uma oportunidade para as empresas fazerem aquisições porque há expectativas de avaliações mais realistas nas startups. Isso permite a aposta em inovação e novos negócios”, afirma Marcus Mazetto, sócio da área de investment banking do Banco Fator.

Diante da desaceleração dos investimentos de fundos, as grandes empresas continuam a investir em programas de corporate venture capital (CVC) para comprar parte das startups que estejam ligadas aos seus negócios. Desde 2021, o Instituto Israelita Albert Einstein já investiu em 10 startups por meio de um fundo de R$ 100 milhões, criado com a Vox Capital. Nesta semana, o grupo de educação em saúde Afya anunciou a criação do seu programa de CVC para investir no setor. Sem valor revelado, o primeiro aporte foi destinado à startup Lean Saúde, que fornece uma plataforma de inteligência de dados para o mercado de saúde.

Nicho de oportunidades

Por outro lado, os negócios de nicho têm crescido no setor de saúde. Esse é o caso da Liti, voltada ao emagrecimento e bem-estar. A startup vende planos individuais com acompanhamento por especialistas, como médicos e nutricionistas.

“O capital que captamos tem sido usado em tecnologia e produto. O método tradicional funciona, mas não teria uma redução de custos”, afirma Fernando Vilela, cofundador da Liti. Em novembro do ano passado, a startup captou R$ 21 milhões em uma rodada que teve participação dos fundos Monashees, Canary, Grão, Norte, Eclipseon, Newtopia, The Fund e Latitud.

Já a Oya Care, fundada em 2020, se dedica ao atendimento de mulheres que querem ter maior conhecimento e controle sobre a fertilidade. De acordo com a fundadora Stephanie von Staa Toledo, o crescimento do negócio foi de 20% ao mês em 2022 e, até o momento, de 43% ao mês em 2023.

Stephanie von Staa Toledo lidera startup focada em fertilidade feminina Foto: Nathalie Artaxo/Oya Care/Divulgação

A startup oferece serviços online de atendimento de emergência ginecológica, descoberta de fertilidade e contracepção. As consultas têm posterior acompanhamento via WhatsApp. A empresa captou US$ 3,8 milhões em investimentos até hoje e, neste mês, abriu sua primeira clínica, no Itaim Bibi, para oferecer atendimento médico presencial e procedimentos ligados à fertilidade e contracepção.

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