Quando comparada à atual força de trabalho, a nova geração de profissionais desenvolverá um conjunto de habilidades bem diferente. E o ChatGPT é só uma prévia do que veremos no mercado como um todo. Precisaremos nos adaptar com a produção automática de textos assim como nos adaptamos com tantas outras inovações no passado.
Na educação, já vi professores preocupados com o uso dessa tecnologia no dever de casa dos estudantes. Por outro lado, também vi muitos falarem: “Caramba, isso é uma espécie de instrutor particular para cada aluno!”. É bem provável que o ChatGPT ensine coisas às crianças – com precisão e rapidez jamais vistas – sem que elas precisem abrir um só livro didático. É um mundo novo, sim. E o mundo exterior é sempre mais avançado do que as crenças e verdades existentes no interior das organizações.
Apesar do ChatGPT ser recente, é interessante observar que a primeira reação de muita gente é temer as inovações e jogar na defensiva diante delas, como se isso fosse pará-las. Nesse tipo de situação, em que algo é capaz de mudar as “regras do jogo” e criar uma fronteira de novas possibilidades, o melhor questionamento não é sobre parar ou não, mas como administrar o fato de que o seu uso é inevitável.
Desde o início do ano, centenas de escolas proibiram o ChatGPT em suas dependências. E é fácil entender o porquê. Afinal, trata-se de um serviço poderoso, que apareceu sem aviso prévio, com desempenho satisfatório para resolver inúmeras tarefas acadêmicas. Porém, com a abordagem certa, ele pode ser um instrumento de ensino extremamente eficaz. A professora do ensino médio americano Cherie Shields, por exemplo, pediu que seus alunos criassem rascunhos com o ChatGPT para comparar dois contos do século 19. Após fazerem isso, eles guardaram os laptops e escreveram uma redação à mão. O processo não só aprofundou a compreensão dos alunos sobre as histórias, mas também os ensinou a interagir com a inteligência artificial para obter respostas úteis e aplicáveis ao que precisavam.
O que toda nova tecnologia faz é desafiar práticas obsoletas e ultrapassadas que seguem convivendo insistentemente entre nós, não importa a indústria. Os jovens de hoje vão se graduar em um mundo repleto de recursos inimagináveis anos atrás, sendo a inteligência artificial generativa um deles. Conhecer essas ferramentas e saber trabalhar com elas não será nada menos do que uma vantagem competitiva enorme.