Quando assumiu a Microsoft em 2014, Satya Nadella encontrou uma organização desacreditada, que não só havia perdido a onda dos buscadores, redes sociais e mobile, mas também estava atrasada na corrida pela tecnologia de nuvem.
Mesmo tendo sido pioneira na computação pessoal, muita gente já não via mais a Microsoft como uma empresa inovadora. No entanto, 10 anos depois de virar CEO, Nadella deu um reset na companhia e tornou-a bem diferente.
Em contraste com o estilo empresarial anterior, muitas vezes visto como pouco colaborativo, ele implantou uma cultura mais aberta e empática, promovendo a abordagem do learn-it-all em vez do know-it-all, incentivando o aprendizado contínuo, fazendo “listening tours” com funcionários e ajustando a gestão a partir de feedbacks.
Ao lançar produtos em outras plataformas, incluindo em rivais como iOS e Android, ele quebrou uma tradição do passado de priorizar exclusivamente o sistema Windows. Sob sua liderança, passou a ser ok construir soluções para outros ambientes usados pelas pessoas.
Além disso, aquisições estratégicas atraíram novos públicos à Microsoft e ajudaram a expandir sua presença de mercado: GitHub trouxe a comunidade de desenvolvimento de código aberto, LinkedIn trouxe as redes sociais, Mojang (criadora do Minecraft) trouxe os gamers. Foram mais de 100 aquisições nos últimos 10 anos, contra 128 no total das duas décadas anteriores.
Nadella também reposicionou a empresa em direção aos serviços em nuvem, transformando o Azure em um dos negócios mais lucrativos da companhia e um dos principais players de cloud do mundo. Em 2014, o Azure tinha 10% de participação de mercado. Hoje, tem 25% e está bem próximo da líder AWS que tem 31%.
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Por fim, ele ainda fez uma aposta antecipada ao investir U$ 1 bilhão na OpenAI em 2019, possivelmente prevendo que um dia poderia integrar inteligência artificial (IA) a aplicativos, como de fato aconteceu com o Copilot anos depois.
Essas e outras iniciativas aumentaram em 10 vezes o valor de mercado da Microsoft, de U$ 300 bilhões em 2014 para mais de U$ 3 trilhões atualmente. Embora Nadella não pudesse alcançar esses números sem as bases estabelecidas por Bill Gates e Steve Ballmer, a recente transformação da empresa tem sido notável: de uma gigante desacreditada a uma potência inovadora outra vez. E os sinais dessa mudança foram dados ainda em sua posse: “Nossa indústria não respeita a tradição, ela só respeita a inovação”, disse Nadella em um memorando inaugural há 10 anos.