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Opinião|Primeira versão do Vision Pro não será um sucesso. E a Apple sabe disso


Preço alto é uma estratégia de longo prazo da companhia

Por Mauricio Benvenutti
Atualização:

Normalmente, leva tempo para a população não apenas entender, mas também aceitar algo novo. Dos computadores pessoais ao Uber, da inteligência artificial (IA) ao iPhone. A maioria das inovações é cercada de desconfiança em seus primeiros dias. Até os automóveis foram vistos com ceticismo no início do século 20, com muitos motoristas da época – os early adopters do produto – ouvindo “arrume um cavalo” ao dirigirem seus carros nas ruas.

Com o Vision Pro, não é diferente. Enquanto há a descrença, há também indivíduos usando a novidade como se ela existisse há anos. E numa realidade onde a vida imita a arte, os óculos da Apple parecem ser um daqueles produtos em que a nossa imaginação está bem à frente e só agora a tecnologia começa a nos alcançar. Não é à toa que Black Mirror é frequentemente creditado por sua incrível capacidade de prever o futuro.

Preço alto do Vision Pro assusta, mas pode fazer sentido no futuro Foto: Pau Barrena / AFP
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Fato é que o Vision Pro foi lançado, a Apple investiu milhões em anúncios e vídeos de indivíduos supostamente comuns usando os óculos viralizaram por aí. Mas quando as pessoas veem isso, muitas decidem pesquisar sobre o produto, descobrem que ele custa US$ 3.500, constatam que definitivamente ele é caro, que não podem pagar e seguem as suas vidas.

Ao gerar essa reação, Tim Cook está inserindo na cabeça de indivíduos mundo afora a ideia de que a sua empresa fabrica óculos de realidade mista de altíssima qualidade, super sofisticados, caros e exclusivos, que pouca gente pode ter. E daqui alguns anos, quando o custo de produção cair e uma versão melhor e mais barata do Vision Pro puder ser lançada, o potencial discurso da Apple talvez seja: “Sabe aqueles óculos de U$ 3.500 que quase ninguém podia pagar, mas quase todo mundo queria? Bem, agora há um novo modelo, com muito mais tecnologia, custando bem menos.”

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Sei que você deve estar pensando que a Apple não reduz preços. Mas quando o iPhone chegou em 2007, havia apenas um modelo a U$ 499 – cerca de US$ 749 atualmente, ajustado pela inflação. E apesar do iPhone 15 Pro custar hoje bem mais do que isso, a Apple vende agora vários tipos de iPhones com diferentes faixas de preços. O valor de US$ 429 do iPhone SE, por exemplo, é US$ 320 menor do que o primeiro iPhone.

Por isso, voltando ao Vision Pro, é provável que a própria Apple não esteja esperando que essa versão do produto seja um sucesso, pois na sua estratégia, ela pode estar querendo apenas mostrar às pessoas o que é capaz de fazer para voltar em alguns anos e conquistar o mercado.

Normalmente, leva tempo para a população não apenas entender, mas também aceitar algo novo. Dos computadores pessoais ao Uber, da inteligência artificial (IA) ao iPhone. A maioria das inovações é cercada de desconfiança em seus primeiros dias. Até os automóveis foram vistos com ceticismo no início do século 20, com muitos motoristas da época – os early adopters do produto – ouvindo “arrume um cavalo” ao dirigirem seus carros nas ruas.

Com o Vision Pro, não é diferente. Enquanto há a descrença, há também indivíduos usando a novidade como se ela existisse há anos. E numa realidade onde a vida imita a arte, os óculos da Apple parecem ser um daqueles produtos em que a nossa imaginação está bem à frente e só agora a tecnologia começa a nos alcançar. Não é à toa que Black Mirror é frequentemente creditado por sua incrível capacidade de prever o futuro.

Preço alto do Vision Pro assusta, mas pode fazer sentido no futuro Foto: Pau Barrena / AFP

Fato é que o Vision Pro foi lançado, a Apple investiu milhões em anúncios e vídeos de indivíduos supostamente comuns usando os óculos viralizaram por aí. Mas quando as pessoas veem isso, muitas decidem pesquisar sobre o produto, descobrem que ele custa US$ 3.500, constatam que definitivamente ele é caro, que não podem pagar e seguem as suas vidas.

Ao gerar essa reação, Tim Cook está inserindo na cabeça de indivíduos mundo afora a ideia de que a sua empresa fabrica óculos de realidade mista de altíssima qualidade, super sofisticados, caros e exclusivos, que pouca gente pode ter. E daqui alguns anos, quando o custo de produção cair e uma versão melhor e mais barata do Vision Pro puder ser lançada, o potencial discurso da Apple talvez seja: “Sabe aqueles óculos de U$ 3.500 que quase ninguém podia pagar, mas quase todo mundo queria? Bem, agora há um novo modelo, com muito mais tecnologia, custando bem menos.”

Sei que você deve estar pensando que a Apple não reduz preços. Mas quando o iPhone chegou em 2007, havia apenas um modelo a U$ 499 – cerca de US$ 749 atualmente, ajustado pela inflação. E apesar do iPhone 15 Pro custar hoje bem mais do que isso, a Apple vende agora vários tipos de iPhones com diferentes faixas de preços. O valor de US$ 429 do iPhone SE, por exemplo, é US$ 320 menor do que o primeiro iPhone.

Por isso, voltando ao Vision Pro, é provável que a própria Apple não esteja esperando que essa versão do produto seja um sucesso, pois na sua estratégia, ela pode estar querendo apenas mostrar às pessoas o que é capaz de fazer para voltar em alguns anos e conquistar o mercado.

Normalmente, leva tempo para a população não apenas entender, mas também aceitar algo novo. Dos computadores pessoais ao Uber, da inteligência artificial (IA) ao iPhone. A maioria das inovações é cercada de desconfiança em seus primeiros dias. Até os automóveis foram vistos com ceticismo no início do século 20, com muitos motoristas da época – os early adopters do produto – ouvindo “arrume um cavalo” ao dirigirem seus carros nas ruas.

Com o Vision Pro, não é diferente. Enquanto há a descrença, há também indivíduos usando a novidade como se ela existisse há anos. E numa realidade onde a vida imita a arte, os óculos da Apple parecem ser um daqueles produtos em que a nossa imaginação está bem à frente e só agora a tecnologia começa a nos alcançar. Não é à toa que Black Mirror é frequentemente creditado por sua incrível capacidade de prever o futuro.

Preço alto do Vision Pro assusta, mas pode fazer sentido no futuro Foto: Pau Barrena / AFP

Fato é que o Vision Pro foi lançado, a Apple investiu milhões em anúncios e vídeos de indivíduos supostamente comuns usando os óculos viralizaram por aí. Mas quando as pessoas veem isso, muitas decidem pesquisar sobre o produto, descobrem que ele custa US$ 3.500, constatam que definitivamente ele é caro, que não podem pagar e seguem as suas vidas.

Ao gerar essa reação, Tim Cook está inserindo na cabeça de indivíduos mundo afora a ideia de que a sua empresa fabrica óculos de realidade mista de altíssima qualidade, super sofisticados, caros e exclusivos, que pouca gente pode ter. E daqui alguns anos, quando o custo de produção cair e uma versão melhor e mais barata do Vision Pro puder ser lançada, o potencial discurso da Apple talvez seja: “Sabe aqueles óculos de U$ 3.500 que quase ninguém podia pagar, mas quase todo mundo queria? Bem, agora há um novo modelo, com muito mais tecnologia, custando bem menos.”

Sei que você deve estar pensando que a Apple não reduz preços. Mas quando o iPhone chegou em 2007, havia apenas um modelo a U$ 499 – cerca de US$ 749 atualmente, ajustado pela inflação. E apesar do iPhone 15 Pro custar hoje bem mais do que isso, a Apple vende agora vários tipos de iPhones com diferentes faixas de preços. O valor de US$ 429 do iPhone SE, por exemplo, é US$ 320 menor do que o primeiro iPhone.

Por isso, voltando ao Vision Pro, é provável que a própria Apple não esteja esperando que essa versão do produto seja um sucesso, pois na sua estratégia, ela pode estar querendo apenas mostrar às pessoas o que é capaz de fazer para voltar em alguns anos e conquistar o mercado.

Opinião por Mauricio Benvenutti

Sócio da plataforma para startups Startse

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