O fim do futuro


A desaceleração do ritmo de inovação e a estagnação econômica indicam que tudo parece estar dado errado. Como reverter o cenário: primeiro, assumindo que vivemos num deserto

Por Redação Link
Atualização:

A desaceleração do ritmo de inovação e a estagnação econômica indicam que tudo parece estar dado errado. Como reverter o cenário: em primeiro lugar, assumindo que vivemos num deserto

Por Peter Thiel, da National Review*

Um. A civilização ocidental moderna se sustenta sobre os pedestais gêmeos da ciência e da tecnologia. Juntos, esses dois campos nos asseguram que a história de progresso ininterrupto do século 19 segue intacta. Sem eles, os argumentos de que vivemos uma decadência cultural – desde o colapso da arte e da literatura após 1945 ao totalitarismo do politicamente correto e aos mundos sórdidos dos reality shows – ganhariam muito mais força.

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Os liberais afirmam que ciência e tecnologia continuam saudáveis. Os conservadores às vezes dizem que elas são falsas utopias; mas os dois lados concordam que o firme desenvolvimento e aplicação das ciências naturais deve continuar.

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No entanto, durante a Grande Recessão, que começou em 2008 e ainda não terminou, essas grandes expectativas foram suplementadas por uma necessidade desesperada. Precisamos de empregos bem pagos para nem pensar em competir com China e Índia por empregos mal remunerados. Precisamos de crescimento para preencher as expectativas ilusórias de nossas aposentadorias e nossos fugidios Estados de bem-estar social. Precisamos de ciência e tecnologia para nos tirar do profundo buraco econômico e financeiro, embora a maioria de nós não possa separar ciência de superstição ou tecnologia de mágica.

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Sabemos que o otimismo desesperado não vai nos salvar. O progresso não é automático nem mecânico; é raro. Aliás, a história única do Ocidente é a exceção da regra de que a maioria dos seres humanos existiu num estado brutal, imutável e empobrecido por milênios. Mas não há uma lei garantindo que a ascensão do Ocidente vai continuar.

Portanto, faríamos bem em analisar a opinião amplamente aceita de que os Estados Unidos estão no caminho errado (e já há algum tempo). Seria bom também perguntar se o progresso não está se saindo tão bem como alardeiam e, talvez, tomar medidas excepcionais para conter e reverter um possível declínio.

O estado atual da verdadeira ciência é a chave para saber se há realmente algo de podre nos EUA. Mas qualquer avaliação tropeça em um desafio quase intransponível. Quem poderá avaliar a saúde do universo do conhecimento humano uma vez que muitos campos científicos ficaram complexos, esotéricos e especializados demais?

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Quando qualquer campo exige metade de uma vida de estudos para que seja dominado, quem poderá comparar adequadamente a taxa de progresso em nanotecnologia, criptografia, teoria das super cordas e 610 outras disciplinas? Aliás, como saber se os chamados cientistas não são legisladores e políticos disfarçados, como alguns conservadores suspeitam em campos tão díspares como mudanças climáticas e biologia evolutiva, como eu vim a suspeitar em quase todos os campos?

Por enquanto, vamos reconhecer esse problema de medição, mas não permitir que ele paralise a investigação sobre a modernidade antes de ela começar.

O deserto da inovação no século 21. “Para haver um futuro, seria bom que começássemos a refletir mais sobre ele”, escreve o fundador do PayPal. FOTO: REUTERS

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Dois. Confrontado às grandiosas esperanças dos anos 1950 e 1960, o progresso tecnológico ficou devendo. O exemplo mais literal da não aceleração é: não estamos nos locomovendo mais depressa. O aumento da velocidade de locomoção ao longo dos séculos – veleiros cada vez mais rápidos nos séculos 16 a 18, trens cada vez mais velozes no século 19 a carros e aviões no século 20 – foi revertido pela desativação do Concorde em 2003, sem falar dos atrasos em aeroportos.

Os atuais defensores de jatos espaciais, férias lunares e exploração tripulada do Sistema Solar parecem vir de outro planeta. Uma desbotada capa de Popular Science de 1964 – “Quem o levará para voar a 3.200 km/h?” – recorda vagamente os sonhos de uma era passada. A explicação oficial para a desaceleração nas viagens gira em torno do alto custo do combustível, o que aponta para o fracasso ainda maior na inovação energética.

Os preços reais do petróleo excedem hoje os da catástrofe de Jimmy Carter de 1979-80. O apelo de 1974 de Nixon para uma plena independência energética até 1980 deu lugar ao apelo de 2011 de Obama por um terço de independência de petróleo até 2020.

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A indústria nuclear e sua promessa de 1954 de “energia elétrica barata demais para se medir” foi derrotada há muito tempo pelo ambientalismo e a preocupações com a proliferação nuclear.

Não se pode, em boa consciência, encorajar um estudante universitário em 2011 a estudar energia nuclear como carreira. A “tecnologia limpa” virou um eufemismo para “energia cara demais” e, no Vale do Silício, virou também um termo cada vez mais tóxico para maneiras quase garantidas de perder dinheiro.

Sem inovações drásticas, a alternativa ao petróleo mais caro poderá acabar sendo não as energias mais limpas e muito mais caras – extraídas de vento e do sol – mas a do menos caro e mais sujo carvão. Para fins atuais, basta notar que 40% da carga ferroviária envolve o transporte de carvão.

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No caso da agricultura, a fome tecnológica pode levar a uma fome real ao velho estilo. O esmorecimento da verdadeira Revolução Verde – que aumentou em 126% a produção de grãos de 1950 a 1980, mas progrediu apenas 47% depois disso, mal conseguindo acompanhar o ritmo do crescimento da população global – encorajou outra “revolução verde”, esta mais intensamente divulgada e de um caráter mais político e mais incerto.

Podemos embelezar a Primavera Árabe de 2011 como um alvissareiro subproduto da era da informação, mas não deveríamos desconsiderar o papel principal da disparada dos preços dos alimentos e das muitas pessoas desesperadas que ficaram mais famintas que temerosas.

Apesar de a inovação em medicina e biotecnologia não ter estagnado completamente, também há muita redução das expectativas. Em 1970, o Congresso prometeu a vitória sobre o câncer em seis anos. Quatro décadas depois, podemos estar 41 anos mais perto, mas a vitória parece muito mais distante.

Os políticos de hoje achariam muito mais difícil persuadir um público mais cético a começar uma guerra comparável contra o mal de Alzheimer – apesar de quase um terço dos americanos com 85 anos ou mais sofrerem de alguma forma de demência. A medida mais crua, que é a expectativa de vida americana, continua aumentando, mas com certa desaceleração – de 67,1 anos para homens em 1970 para 71,8 em 1990 e 75,6 em 2010.

Olhando para o futuro, vemos muito menos drogas revolucionárias sendo desenvolvidas – talvez por causa da intransigência da FDA (agência que controla alimentos e remédios nos Estados Unidos), talvez pela inépcia dos pesquisadores de hoje e pela incrível complexidade da biologia humana.

Nos próximos três anos, as grandes companhias farmacêuticas perderão cerca de um terço de seu fluxo de receita corrente com a expiração de patentes, de modo que, numa resposta perversa, mas compreensível, elas começaram a liquidação dos departamentos de pesquisa que deram tão poucos frutos na última década e meia.

Três. Por exclusão, os computadores viraram a única grande esperança para o futuro tecnológico. A aceleração na informática contrasta dramaticamente com a desaceleração em todo o resto.

A Lei de Moore, que prevê a duplicação do número de transistores que pode ser empacotado em um chip a cada 18 a 24 meses, permaneceu verdadeira por mais tempo do que todos (inclusive Moore) teriam imaginado em 1965. Um celular em 2011 tem mais poder de computação do que todo o programa espacial Apollo em 1969.

Da perspectiva de Palo Alto, um retorno ao ano festivo de 1999 parece quase dentro do alcance. Tudo que reluz parece ouro. Milhares de novas empresas de internet são lançadas a cada ano, e as valorizações das empresas web 2.0 aumentaram; e não inteiramente sem razão, talvez duas a seis dessas empresas recém-criadas cruzarão a linha de valorização de US$ 1 bilhão cinco anos depois de sua criação.

Afinado com essa nova vida para a nova economia, o Google comandou um movimento paralelo que quase dobrou os salários dos engenheiros de computadores mais talentosos nos últimos três anos. Além dos dólares, basta assistir A Rede Social para ver como o Facebook e seus 800 milhões de usuários captaram o novo espírito da época.

A dissociação econômica dos computadores de tudo o mais gera mais perguntas do que respostas, e apenas sugere o estranho futuro para o qual as tendências de hoje caminham. Os supercomputadores se tornariam motores poderosos para a criação milagrosa de formas inteiramente novas de valor econômico, ou apenas virariam armas poderosas para reformar estruturas existentes e, por natureza, implacáveis? Como se mede a diferença entre progresso e mera mudança? Quanto há de cada um desses?

Quatro. Se ocorre um progresso científico e tecnológico significativo, seria razoável esperar maior prosperidade econômica (embora essa possa ser contrabalançada por outros fatores). E também o inverso: se os ganhos econômicos, medidos por indicadores chaves, foram limitados ou inexistentes, talvez o mesmo tenha ocorrido com o progresso científico e tecnológico.

Portanto, na medida em que o crescimento econômico é mais fácil de quantificar que o progresso científico ou tecnológico, os números econômicos conterão pistas indiretas, mas importantes.

O desenvolvimento econômico isolado mais importante dos últimos tempos foi a estagnação geral de salários e rendas desde 1973, o ano em que os preços do petróleo quadruplicaram.

Para uma primeira aproximação, o progresso em computadores e o fracasso em energia parecem ter quase se anulado mutuamente. Como Alice na corrida da Rainha de Copas, nós (e nossos computadores) fomos obrigados a correr cada vez mais para ficar no mesmo lugar.

Tomados pelo valor nominal, os números econômicos sugerem que a noção de um progresso vertiginoso e em todos os âmbitos errou feio o alvo. Quem acreditar nos dados econômicos, terá de rejeitar o otimismo do establishment científico.

O futuro econômico parecia muito diferente nos anos 1960. Em seu best-seller de 1967, O Desafio Americano, Jean-Jacques Servan-Schreiber argumentou que a aceleração do progresso tecnológico alargaria a distância entre os EUA e o resto do mundo. Segundo o autor, a diferença entre EUA e a Europa (exceto Suécia) cresceria de uma diferença de grau para uma diferença de tipo, comparável à diferença entre Europa e Egito ou Nigéria.

Com isso, os americanos enfrentariam menos pressão para competir: “Em 30 anos, os EUA serão uma sociedade pós-industrial. Serão só quatro dias de trabalho por semana e sete horas de trabalho por dia. O ano terá 39 semanas de trabalho e 13 semanas de férias. Somando os fins de semana e feriados, isso resultará em 147 dias de trabalho e 218 dias livres por ano. Tudo isso dentro de uma única geração.”

Precisamos resistir à tentação de descartar o otimismo da era espacial de Servan-Schreiber para compreender como o consenso que ele representava poderia ter estado tão terrivelmente equivocado – e como, em vez disso, para muitos americanos, o Quarto Mandamento (“Lembra do dia de descanso, para o santificar”) foi esquecido.

Cinco. A desaceleração da tecnologia ameaça toda a ordem política moderna, que se apoia no crescimento fácil e contínuo.

O toma lá dá cá das democracias ocidentais depende da ideia de que podemos criar soluções políticas que capacitem a maioria das pessoas a ganhar durante a maior parte do tempo. Mas em um mundo sem crescimento, podemos esperar um perdedor para cada ganhador.

Muitos suspeitarão que os vencedores estão envolvidos em alguma maracutaia, de modo que podemos esperar uma rudeza cada vez mais deplorável em nossa política. Podemos testemunhar os princípios de um sistema de soma zero em política nos EUA e na Europa ocidental, na medida em que os riscos mudam de ganhar menos para perder mais, e que nossos líderes procuram desesperadamente soluções macroeconômicas para problemas que não foram primariamente de economia por muito tempo.

O nome mais comum para uma ênfase mal colocada em política macroeconômica é “keynesianismo”. A despeito de seu brilhantismo, John Maynard Keynes sempre foi uma fraude, e sempre houve um pouco de tapeação no estímulo fiscal em massa e na correlata impressão de papel-moeda. Mas temos que reconhecer que essa fraude curiosamente pareceu funcionar por muitas décadas.

O forte vento de popa científico e tecnológico do século 20 potencializou muitas ideias economicamente ilusórias. Mesmo durante a Grande Depressão dos anos 30, a inovação levou a avanços em campos como rádio, cinema, aeronáutica, eletrodomésticos, química de polímeros e recuperação secundária de petróleo. Apesar de seus muitos erros, os agentes do New Deal impeliram fortemente a inovação. Os déficits do New Deal foram facilmente quitados pelo crescimento das décadas seguintes.

Durante a Grande Recessão dos anos 2010, ao contrário, nossos líderes políticos debatem estreitamente questões fiscais e monetárias com muito mais erudição, mas adotaram uma mentalidade de “Culto à Carga” com respeito à inovação futura.

À medida que os anos passam e a carga não chega, nós acabamos duvidando se ela algum dia voltará. A era das bolhas monetárias terminará naturalmente em austeridade real.

Uma pessoa perversa poderia até perguntar se “economias do lado da oferta” realmente foram o tipo de senha para “keynesianismo”. Por enquanto, basta reconhecer que alíquotas fiscais marginalmente mais baixas podem não ocorrer e não substituiriam a muito necessária construção de centenas de novos reatores nucleares.

Seis. Responder à questão de se houve ou não uma desaceleração tecnológica está longe de ser uma tarefa tranquila. A questão crítica de por que tal desaceleração parece ter ocorrido é ainda mais difícil, e não há espaço para tratá-la por completo aqui. Encerremos com a questão correlata de o que pode ser feito agora.

Mais sucintamente, será que nosso governo pode religar o motor parado da inovação? O Estado pode impulsionar com sucesso a ciência; não há por que negá-lo. O Projeto Manhattan e o programa Apollo nos lembram dessa possibilidade.

Mercados livres podem não financiar tanta pesquisa básica quanto necessário. Um dia após Hiroshima, o New York Times pôde, com alguma razão, pontificar sobre a superioridade do planejamento centralizado em matérias científicas: “Resultado final: uma invenção (a bomba nuclear) que foi dada ao mundo em três anos teria tomado talvez meio século para se desenvolver se tivéssemos que depender de pesquisadores ‘primmas donnas’ que trabalham sozinhos”.

Mas isso era outra época. A maioria de nossos líderes políticos não é formada por engenheiros ou cientistas e não ouve engenheiros ou cientistas. Hoje, uma carta de Einstein ficaria perdida na sala de correio da Casa Branca, e o Projeto Manhattan nem seria começado; ele com certeza não poderia ser concluído em três anos. Não conheço um único líder político nos EUA, seja ele democrata ou republicano, que cortaria gastos com saúde para liberar dinheiro para pesquisa em biotecnologia – ou, mais geralmente, que faria cortes sérios no sistema de previdência para liberar dinheiro sério para grandes projetos de engenharia. Robert Moses, o grande construtor da cidade de Nova York dos anos 1950 e 1960, ou Oscar Niemeyer, o grande arquiteto de Brasília, pertencem a um passado em que as pessoas ainda tinham ideias concretas sobre o futuro.

Os eleitores hoje preferem casas vitorianas. A ficção científica ruiu como gênero literário. Homens chegaram à Lua em julho de 1969 e Woodstock começou três semanas depois. Com o benefício do olhar retrospectivo, podemos ver que foi aí que os hippies se apoderaram do país e que a verdadeira guerra cultural sobre o progresso foi perdida.

Os hippies envelhecidos de hoje não compreendem mais que existe uma grande diferença entre a eleição de um presidente negro e a criação de energia solar barata; em suas mentes, o movimento pelos direitos civis caminha em paralelo ao progresso geral em todos os lugares.

Por causa dessas confusões, a esquerda progressista dos anos 1960 não consegue perguntar se as coisas realmente não poderiam ficar piores. Eu me pergunto se as intermináveis falsas guerras culturais em torno das políticas de identidade não serão a principal razão de termos ignorado a desaceleração tecnológica por tanto tempo.

Seja como for, após 40 anos à deriva, não é fácil encontrar o caminho de volta para o futuro. Para haver um futuro, seria bom que começássemos a refletir mais sobre ele.

O primeiro passo – e o mais difícil – é perceber que estamos em um deserto, e não em uma floresta encantada.

 

* O NOME MAIS IMPORTANTE DO VALE, por Alexandre Matias

Mestre de xadrez aos 13 anos e aluno número 1 de sua turma até o fim do segundo grau, Peter Thiel talvez seja o nome mais importante no Vale do Silício hoje, ainda mais após a morte de Steve Jobs. Mas ao contrário do fundador da Apple, Thiel não é muito afeito aos holofotes, preferindo agir nos bastidores e como arauto de novas tendências, em longos artigos como o desta página.

Nascido em 1967 em Frankfurt, na Alemanha, a carreira de Thiel começou a deslanchar ainda na faculdade. Estudante de filosofia na Universidade Stanford, na região de São Francisco, ficou irritado com a onda do politicamente correto que tomava conta do câmpus no final dos anos 80 e resolveu criar a Stanford Review em 1987, publicação que existe até hoje. Foi ali que recrutou alguns nomes que o acompanhariam em seu principal feito, quando resolveu bancar a ideia de um recém-conhecido que apareceu em uma de suas palestras, Max Levchin. Ele queria criar uma forma prática de conexão entre computadores portáteis, mas a conversa entre os dois evoluiu para outro rumo e, em 1998, os dois fundaram o PayPal.

Foi a partir da criação do site de pagamentos online que a carreira de Thiel decolou. Sua fama de visionário começaria a crescer logo em seguida, quando vendeu o serviço para o eBay e, com os US$ 50 milhões que levantou com a transação, começou a fase atual de sua carreira, a de investidor.

Começou a colocar dinheiro em empresas de ex-funcionários do PayPal, startups que, graças a seus investimentos, saíram do papel e se transformaram em titãs do mundo online, como o YouTube, o LinkedIn e o Yelp. Passou a ser conhecido como “o chefão da máfia PayPal” e logo abriu seu próprio fundo de investimentos, o Clarium Capital. Foi por meio dele que Thiel investiu meio milhão de dólares no Facebook em 2004, o mesmo ano em que ele foi criado.

Mas os negócios digitais são apenas parte dos interesses de Thiel. Ele também aposta pesado no desenvolvimento científico e abriu o Breakout Labs, um fundo de investimento apenas para financiar pesquisas de acadêmicos independentes, de preferência os que tenham ideias mais radicais.

Mas talvez o passo mais ousado do investidor tenha sido ao bancar um sonho de um ex-funcionário do Google, Patri Friedman, neto do ganhador do prêmio Nobel de economia Milton Friedman – um país startup. “Grandes ideias começam como ideias esquisitas”, disse Friedman, ao explicar o conceito por trás do Instituto Seastanding: criar plataformas móveis em alto-mar que funcionem como países, com sua própria legislação, governo e soberania. É isso mesmo: Peter Thiel, agora, quer fundar novos países.

—-Leia mais: • Link no papel – 21/11/2011

A desaceleração do ritmo de inovação e a estagnação econômica indicam que tudo parece estar dado errado. Como reverter o cenário: em primeiro lugar, assumindo que vivemos num deserto

Por Peter Thiel, da National Review*

Um. A civilização ocidental moderna se sustenta sobre os pedestais gêmeos da ciência e da tecnologia. Juntos, esses dois campos nos asseguram que a história de progresso ininterrupto do século 19 segue intacta. Sem eles, os argumentos de que vivemos uma decadência cultural – desde o colapso da arte e da literatura após 1945 ao totalitarismo do politicamente correto e aos mundos sórdidos dos reality shows – ganhariam muito mais força.

Os liberais afirmam que ciência e tecnologia continuam saudáveis. Os conservadores às vezes dizem que elas são falsas utopias; mas os dois lados concordam que o firme desenvolvimento e aplicação das ciências naturais deve continuar.

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No entanto, durante a Grande Recessão, que começou em 2008 e ainda não terminou, essas grandes expectativas foram suplementadas por uma necessidade desesperada. Precisamos de empregos bem pagos para nem pensar em competir com China e Índia por empregos mal remunerados. Precisamos de crescimento para preencher as expectativas ilusórias de nossas aposentadorias e nossos fugidios Estados de bem-estar social. Precisamos de ciência e tecnologia para nos tirar do profundo buraco econômico e financeiro, embora a maioria de nós não possa separar ciência de superstição ou tecnologia de mágica.

Sabemos que o otimismo desesperado não vai nos salvar. O progresso não é automático nem mecânico; é raro. Aliás, a história única do Ocidente é a exceção da regra de que a maioria dos seres humanos existiu num estado brutal, imutável e empobrecido por milênios. Mas não há uma lei garantindo que a ascensão do Ocidente vai continuar.

Portanto, faríamos bem em analisar a opinião amplamente aceita de que os Estados Unidos estão no caminho errado (e já há algum tempo). Seria bom também perguntar se o progresso não está se saindo tão bem como alardeiam e, talvez, tomar medidas excepcionais para conter e reverter um possível declínio.

O estado atual da verdadeira ciência é a chave para saber se há realmente algo de podre nos EUA. Mas qualquer avaliação tropeça em um desafio quase intransponível. Quem poderá avaliar a saúde do universo do conhecimento humano uma vez que muitos campos científicos ficaram complexos, esotéricos e especializados demais?

Quando qualquer campo exige metade de uma vida de estudos para que seja dominado, quem poderá comparar adequadamente a taxa de progresso em nanotecnologia, criptografia, teoria das super cordas e 610 outras disciplinas? Aliás, como saber se os chamados cientistas não são legisladores e políticos disfarçados, como alguns conservadores suspeitam em campos tão díspares como mudanças climáticas e biologia evolutiva, como eu vim a suspeitar em quase todos os campos?

Por enquanto, vamos reconhecer esse problema de medição, mas não permitir que ele paralise a investigação sobre a modernidade antes de ela começar.

O deserto da inovação no século 21. “Para haver um futuro, seria bom que começássemos a refletir mais sobre ele”, escreve o fundador do PayPal. FOTO: REUTERS

Dois. Confrontado às grandiosas esperanças dos anos 1950 e 1960, o progresso tecnológico ficou devendo. O exemplo mais literal da não aceleração é: não estamos nos locomovendo mais depressa. O aumento da velocidade de locomoção ao longo dos séculos – veleiros cada vez mais rápidos nos séculos 16 a 18, trens cada vez mais velozes no século 19 a carros e aviões no século 20 – foi revertido pela desativação do Concorde em 2003, sem falar dos atrasos em aeroportos.

Os atuais defensores de jatos espaciais, férias lunares e exploração tripulada do Sistema Solar parecem vir de outro planeta. Uma desbotada capa de Popular Science de 1964 – “Quem o levará para voar a 3.200 km/h?” – recorda vagamente os sonhos de uma era passada. A explicação oficial para a desaceleração nas viagens gira em torno do alto custo do combustível, o que aponta para o fracasso ainda maior na inovação energética.

Os preços reais do petróleo excedem hoje os da catástrofe de Jimmy Carter de 1979-80. O apelo de 1974 de Nixon para uma plena independência energética até 1980 deu lugar ao apelo de 2011 de Obama por um terço de independência de petróleo até 2020.

A indústria nuclear e sua promessa de 1954 de “energia elétrica barata demais para se medir” foi derrotada há muito tempo pelo ambientalismo e a preocupações com a proliferação nuclear.

Não se pode, em boa consciência, encorajar um estudante universitário em 2011 a estudar energia nuclear como carreira. A “tecnologia limpa” virou um eufemismo para “energia cara demais” e, no Vale do Silício, virou também um termo cada vez mais tóxico para maneiras quase garantidas de perder dinheiro.

Sem inovações drásticas, a alternativa ao petróleo mais caro poderá acabar sendo não as energias mais limpas e muito mais caras – extraídas de vento e do sol – mas a do menos caro e mais sujo carvão. Para fins atuais, basta notar que 40% da carga ferroviária envolve o transporte de carvão.

No caso da agricultura, a fome tecnológica pode levar a uma fome real ao velho estilo. O esmorecimento da verdadeira Revolução Verde – que aumentou em 126% a produção de grãos de 1950 a 1980, mas progrediu apenas 47% depois disso, mal conseguindo acompanhar o ritmo do crescimento da população global – encorajou outra “revolução verde”, esta mais intensamente divulgada e de um caráter mais político e mais incerto.

Podemos embelezar a Primavera Árabe de 2011 como um alvissareiro subproduto da era da informação, mas não deveríamos desconsiderar o papel principal da disparada dos preços dos alimentos e das muitas pessoas desesperadas que ficaram mais famintas que temerosas.

Apesar de a inovação em medicina e biotecnologia não ter estagnado completamente, também há muita redução das expectativas. Em 1970, o Congresso prometeu a vitória sobre o câncer em seis anos. Quatro décadas depois, podemos estar 41 anos mais perto, mas a vitória parece muito mais distante.

Os políticos de hoje achariam muito mais difícil persuadir um público mais cético a começar uma guerra comparável contra o mal de Alzheimer – apesar de quase um terço dos americanos com 85 anos ou mais sofrerem de alguma forma de demência. A medida mais crua, que é a expectativa de vida americana, continua aumentando, mas com certa desaceleração – de 67,1 anos para homens em 1970 para 71,8 em 1990 e 75,6 em 2010.

Olhando para o futuro, vemos muito menos drogas revolucionárias sendo desenvolvidas – talvez por causa da intransigência da FDA (agência que controla alimentos e remédios nos Estados Unidos), talvez pela inépcia dos pesquisadores de hoje e pela incrível complexidade da biologia humana.

Nos próximos três anos, as grandes companhias farmacêuticas perderão cerca de um terço de seu fluxo de receita corrente com a expiração de patentes, de modo que, numa resposta perversa, mas compreensível, elas começaram a liquidação dos departamentos de pesquisa que deram tão poucos frutos na última década e meia.

Três. Por exclusão, os computadores viraram a única grande esperança para o futuro tecnológico. A aceleração na informática contrasta dramaticamente com a desaceleração em todo o resto.

A Lei de Moore, que prevê a duplicação do número de transistores que pode ser empacotado em um chip a cada 18 a 24 meses, permaneceu verdadeira por mais tempo do que todos (inclusive Moore) teriam imaginado em 1965. Um celular em 2011 tem mais poder de computação do que todo o programa espacial Apollo em 1969.

Da perspectiva de Palo Alto, um retorno ao ano festivo de 1999 parece quase dentro do alcance. Tudo que reluz parece ouro. Milhares de novas empresas de internet são lançadas a cada ano, e as valorizações das empresas web 2.0 aumentaram; e não inteiramente sem razão, talvez duas a seis dessas empresas recém-criadas cruzarão a linha de valorização de US$ 1 bilhão cinco anos depois de sua criação.

Afinado com essa nova vida para a nova economia, o Google comandou um movimento paralelo que quase dobrou os salários dos engenheiros de computadores mais talentosos nos últimos três anos. Além dos dólares, basta assistir A Rede Social para ver como o Facebook e seus 800 milhões de usuários captaram o novo espírito da época.

A dissociação econômica dos computadores de tudo o mais gera mais perguntas do que respostas, e apenas sugere o estranho futuro para o qual as tendências de hoje caminham. Os supercomputadores se tornariam motores poderosos para a criação milagrosa de formas inteiramente novas de valor econômico, ou apenas virariam armas poderosas para reformar estruturas existentes e, por natureza, implacáveis? Como se mede a diferença entre progresso e mera mudança? Quanto há de cada um desses?

Quatro. Se ocorre um progresso científico e tecnológico significativo, seria razoável esperar maior prosperidade econômica (embora essa possa ser contrabalançada por outros fatores). E também o inverso: se os ganhos econômicos, medidos por indicadores chaves, foram limitados ou inexistentes, talvez o mesmo tenha ocorrido com o progresso científico e tecnológico.

Portanto, na medida em que o crescimento econômico é mais fácil de quantificar que o progresso científico ou tecnológico, os números econômicos conterão pistas indiretas, mas importantes.

O desenvolvimento econômico isolado mais importante dos últimos tempos foi a estagnação geral de salários e rendas desde 1973, o ano em que os preços do petróleo quadruplicaram.

Para uma primeira aproximação, o progresso em computadores e o fracasso em energia parecem ter quase se anulado mutuamente. Como Alice na corrida da Rainha de Copas, nós (e nossos computadores) fomos obrigados a correr cada vez mais para ficar no mesmo lugar.

Tomados pelo valor nominal, os números econômicos sugerem que a noção de um progresso vertiginoso e em todos os âmbitos errou feio o alvo. Quem acreditar nos dados econômicos, terá de rejeitar o otimismo do establishment científico.

O futuro econômico parecia muito diferente nos anos 1960. Em seu best-seller de 1967, O Desafio Americano, Jean-Jacques Servan-Schreiber argumentou que a aceleração do progresso tecnológico alargaria a distância entre os EUA e o resto do mundo. Segundo o autor, a diferença entre EUA e a Europa (exceto Suécia) cresceria de uma diferença de grau para uma diferença de tipo, comparável à diferença entre Europa e Egito ou Nigéria.

Com isso, os americanos enfrentariam menos pressão para competir: “Em 30 anos, os EUA serão uma sociedade pós-industrial. Serão só quatro dias de trabalho por semana e sete horas de trabalho por dia. O ano terá 39 semanas de trabalho e 13 semanas de férias. Somando os fins de semana e feriados, isso resultará em 147 dias de trabalho e 218 dias livres por ano. Tudo isso dentro de uma única geração.”

Precisamos resistir à tentação de descartar o otimismo da era espacial de Servan-Schreiber para compreender como o consenso que ele representava poderia ter estado tão terrivelmente equivocado – e como, em vez disso, para muitos americanos, o Quarto Mandamento (“Lembra do dia de descanso, para o santificar”) foi esquecido.

Cinco. A desaceleração da tecnologia ameaça toda a ordem política moderna, que se apoia no crescimento fácil e contínuo.

O toma lá dá cá das democracias ocidentais depende da ideia de que podemos criar soluções políticas que capacitem a maioria das pessoas a ganhar durante a maior parte do tempo. Mas em um mundo sem crescimento, podemos esperar um perdedor para cada ganhador.

Muitos suspeitarão que os vencedores estão envolvidos em alguma maracutaia, de modo que podemos esperar uma rudeza cada vez mais deplorável em nossa política. Podemos testemunhar os princípios de um sistema de soma zero em política nos EUA e na Europa ocidental, na medida em que os riscos mudam de ganhar menos para perder mais, e que nossos líderes procuram desesperadamente soluções macroeconômicas para problemas que não foram primariamente de economia por muito tempo.

O nome mais comum para uma ênfase mal colocada em política macroeconômica é “keynesianismo”. A despeito de seu brilhantismo, John Maynard Keynes sempre foi uma fraude, e sempre houve um pouco de tapeação no estímulo fiscal em massa e na correlata impressão de papel-moeda. Mas temos que reconhecer que essa fraude curiosamente pareceu funcionar por muitas décadas.

O forte vento de popa científico e tecnológico do século 20 potencializou muitas ideias economicamente ilusórias. Mesmo durante a Grande Depressão dos anos 30, a inovação levou a avanços em campos como rádio, cinema, aeronáutica, eletrodomésticos, química de polímeros e recuperação secundária de petróleo. Apesar de seus muitos erros, os agentes do New Deal impeliram fortemente a inovação. Os déficits do New Deal foram facilmente quitados pelo crescimento das décadas seguintes.

Durante a Grande Recessão dos anos 2010, ao contrário, nossos líderes políticos debatem estreitamente questões fiscais e monetárias com muito mais erudição, mas adotaram uma mentalidade de “Culto à Carga” com respeito à inovação futura.

À medida que os anos passam e a carga não chega, nós acabamos duvidando se ela algum dia voltará. A era das bolhas monetárias terminará naturalmente em austeridade real.

Uma pessoa perversa poderia até perguntar se “economias do lado da oferta” realmente foram o tipo de senha para “keynesianismo”. Por enquanto, basta reconhecer que alíquotas fiscais marginalmente mais baixas podem não ocorrer e não substituiriam a muito necessária construção de centenas de novos reatores nucleares.

Seis. Responder à questão de se houve ou não uma desaceleração tecnológica está longe de ser uma tarefa tranquila. A questão crítica de por que tal desaceleração parece ter ocorrido é ainda mais difícil, e não há espaço para tratá-la por completo aqui. Encerremos com a questão correlata de o que pode ser feito agora.

Mais sucintamente, será que nosso governo pode religar o motor parado da inovação? O Estado pode impulsionar com sucesso a ciência; não há por que negá-lo. O Projeto Manhattan e o programa Apollo nos lembram dessa possibilidade.

Mercados livres podem não financiar tanta pesquisa básica quanto necessário. Um dia após Hiroshima, o New York Times pôde, com alguma razão, pontificar sobre a superioridade do planejamento centralizado em matérias científicas: “Resultado final: uma invenção (a bomba nuclear) que foi dada ao mundo em três anos teria tomado talvez meio século para se desenvolver se tivéssemos que depender de pesquisadores ‘primmas donnas’ que trabalham sozinhos”.

Mas isso era outra época. A maioria de nossos líderes políticos não é formada por engenheiros ou cientistas e não ouve engenheiros ou cientistas. Hoje, uma carta de Einstein ficaria perdida na sala de correio da Casa Branca, e o Projeto Manhattan nem seria começado; ele com certeza não poderia ser concluído em três anos. Não conheço um único líder político nos EUA, seja ele democrata ou republicano, que cortaria gastos com saúde para liberar dinheiro para pesquisa em biotecnologia – ou, mais geralmente, que faria cortes sérios no sistema de previdência para liberar dinheiro sério para grandes projetos de engenharia. Robert Moses, o grande construtor da cidade de Nova York dos anos 1950 e 1960, ou Oscar Niemeyer, o grande arquiteto de Brasília, pertencem a um passado em que as pessoas ainda tinham ideias concretas sobre o futuro.

Os eleitores hoje preferem casas vitorianas. A ficção científica ruiu como gênero literário. Homens chegaram à Lua em julho de 1969 e Woodstock começou três semanas depois. Com o benefício do olhar retrospectivo, podemos ver que foi aí que os hippies se apoderaram do país e que a verdadeira guerra cultural sobre o progresso foi perdida.

Os hippies envelhecidos de hoje não compreendem mais que existe uma grande diferença entre a eleição de um presidente negro e a criação de energia solar barata; em suas mentes, o movimento pelos direitos civis caminha em paralelo ao progresso geral em todos os lugares.

Por causa dessas confusões, a esquerda progressista dos anos 1960 não consegue perguntar se as coisas realmente não poderiam ficar piores. Eu me pergunto se as intermináveis falsas guerras culturais em torno das políticas de identidade não serão a principal razão de termos ignorado a desaceleração tecnológica por tanto tempo.

Seja como for, após 40 anos à deriva, não é fácil encontrar o caminho de volta para o futuro. Para haver um futuro, seria bom que começássemos a refletir mais sobre ele.

O primeiro passo – e o mais difícil – é perceber que estamos em um deserto, e não em uma floresta encantada.

 

* O NOME MAIS IMPORTANTE DO VALE, por Alexandre Matias

Mestre de xadrez aos 13 anos e aluno número 1 de sua turma até o fim do segundo grau, Peter Thiel talvez seja o nome mais importante no Vale do Silício hoje, ainda mais após a morte de Steve Jobs. Mas ao contrário do fundador da Apple, Thiel não é muito afeito aos holofotes, preferindo agir nos bastidores e como arauto de novas tendências, em longos artigos como o desta página.

Nascido em 1967 em Frankfurt, na Alemanha, a carreira de Thiel começou a deslanchar ainda na faculdade. Estudante de filosofia na Universidade Stanford, na região de São Francisco, ficou irritado com a onda do politicamente correto que tomava conta do câmpus no final dos anos 80 e resolveu criar a Stanford Review em 1987, publicação que existe até hoje. Foi ali que recrutou alguns nomes que o acompanhariam em seu principal feito, quando resolveu bancar a ideia de um recém-conhecido que apareceu em uma de suas palestras, Max Levchin. Ele queria criar uma forma prática de conexão entre computadores portáteis, mas a conversa entre os dois evoluiu para outro rumo e, em 1998, os dois fundaram o PayPal.

Foi a partir da criação do site de pagamentos online que a carreira de Thiel decolou. Sua fama de visionário começaria a crescer logo em seguida, quando vendeu o serviço para o eBay e, com os US$ 50 milhões que levantou com a transação, começou a fase atual de sua carreira, a de investidor.

Começou a colocar dinheiro em empresas de ex-funcionários do PayPal, startups que, graças a seus investimentos, saíram do papel e se transformaram em titãs do mundo online, como o YouTube, o LinkedIn e o Yelp. Passou a ser conhecido como “o chefão da máfia PayPal” e logo abriu seu próprio fundo de investimentos, o Clarium Capital. Foi por meio dele que Thiel investiu meio milhão de dólares no Facebook em 2004, o mesmo ano em que ele foi criado.

Mas os negócios digitais são apenas parte dos interesses de Thiel. Ele também aposta pesado no desenvolvimento científico e abriu o Breakout Labs, um fundo de investimento apenas para financiar pesquisas de acadêmicos independentes, de preferência os que tenham ideias mais radicais.

Mas talvez o passo mais ousado do investidor tenha sido ao bancar um sonho de um ex-funcionário do Google, Patri Friedman, neto do ganhador do prêmio Nobel de economia Milton Friedman – um país startup. “Grandes ideias começam como ideias esquisitas”, disse Friedman, ao explicar o conceito por trás do Instituto Seastanding: criar plataformas móveis em alto-mar que funcionem como países, com sua própria legislação, governo e soberania. É isso mesmo: Peter Thiel, agora, quer fundar novos países.

—-Leia mais: • Link no papel – 21/11/2011

A desaceleração do ritmo de inovação e a estagnação econômica indicam que tudo parece estar dado errado. Como reverter o cenário: em primeiro lugar, assumindo que vivemos num deserto

Por Peter Thiel, da National Review*

Um. A civilização ocidental moderna se sustenta sobre os pedestais gêmeos da ciência e da tecnologia. Juntos, esses dois campos nos asseguram que a história de progresso ininterrupto do século 19 segue intacta. Sem eles, os argumentos de que vivemos uma decadência cultural – desde o colapso da arte e da literatura após 1945 ao totalitarismo do politicamente correto e aos mundos sórdidos dos reality shows – ganhariam muito mais força.

Os liberais afirmam que ciência e tecnologia continuam saudáveis. Os conservadores às vezes dizem que elas são falsas utopias; mas os dois lados concordam que o firme desenvolvimento e aplicação das ciências naturais deve continuar.

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No entanto, durante a Grande Recessão, que começou em 2008 e ainda não terminou, essas grandes expectativas foram suplementadas por uma necessidade desesperada. Precisamos de empregos bem pagos para nem pensar em competir com China e Índia por empregos mal remunerados. Precisamos de crescimento para preencher as expectativas ilusórias de nossas aposentadorias e nossos fugidios Estados de bem-estar social. Precisamos de ciência e tecnologia para nos tirar do profundo buraco econômico e financeiro, embora a maioria de nós não possa separar ciência de superstição ou tecnologia de mágica.

Sabemos que o otimismo desesperado não vai nos salvar. O progresso não é automático nem mecânico; é raro. Aliás, a história única do Ocidente é a exceção da regra de que a maioria dos seres humanos existiu num estado brutal, imutável e empobrecido por milênios. Mas não há uma lei garantindo que a ascensão do Ocidente vai continuar.

Portanto, faríamos bem em analisar a opinião amplamente aceita de que os Estados Unidos estão no caminho errado (e já há algum tempo). Seria bom também perguntar se o progresso não está se saindo tão bem como alardeiam e, talvez, tomar medidas excepcionais para conter e reverter um possível declínio.

O estado atual da verdadeira ciência é a chave para saber se há realmente algo de podre nos EUA. Mas qualquer avaliação tropeça em um desafio quase intransponível. Quem poderá avaliar a saúde do universo do conhecimento humano uma vez que muitos campos científicos ficaram complexos, esotéricos e especializados demais?

Quando qualquer campo exige metade de uma vida de estudos para que seja dominado, quem poderá comparar adequadamente a taxa de progresso em nanotecnologia, criptografia, teoria das super cordas e 610 outras disciplinas? Aliás, como saber se os chamados cientistas não são legisladores e políticos disfarçados, como alguns conservadores suspeitam em campos tão díspares como mudanças climáticas e biologia evolutiva, como eu vim a suspeitar em quase todos os campos?

Por enquanto, vamos reconhecer esse problema de medição, mas não permitir que ele paralise a investigação sobre a modernidade antes de ela começar.

O deserto da inovação no século 21. “Para haver um futuro, seria bom que começássemos a refletir mais sobre ele”, escreve o fundador do PayPal. FOTO: REUTERS

Dois. Confrontado às grandiosas esperanças dos anos 1950 e 1960, o progresso tecnológico ficou devendo. O exemplo mais literal da não aceleração é: não estamos nos locomovendo mais depressa. O aumento da velocidade de locomoção ao longo dos séculos – veleiros cada vez mais rápidos nos séculos 16 a 18, trens cada vez mais velozes no século 19 a carros e aviões no século 20 – foi revertido pela desativação do Concorde em 2003, sem falar dos atrasos em aeroportos.

Os atuais defensores de jatos espaciais, férias lunares e exploração tripulada do Sistema Solar parecem vir de outro planeta. Uma desbotada capa de Popular Science de 1964 – “Quem o levará para voar a 3.200 km/h?” – recorda vagamente os sonhos de uma era passada. A explicação oficial para a desaceleração nas viagens gira em torno do alto custo do combustível, o que aponta para o fracasso ainda maior na inovação energética.

Os preços reais do petróleo excedem hoje os da catástrofe de Jimmy Carter de 1979-80. O apelo de 1974 de Nixon para uma plena independência energética até 1980 deu lugar ao apelo de 2011 de Obama por um terço de independência de petróleo até 2020.

A indústria nuclear e sua promessa de 1954 de “energia elétrica barata demais para se medir” foi derrotada há muito tempo pelo ambientalismo e a preocupações com a proliferação nuclear.

Não se pode, em boa consciência, encorajar um estudante universitário em 2011 a estudar energia nuclear como carreira. A “tecnologia limpa” virou um eufemismo para “energia cara demais” e, no Vale do Silício, virou também um termo cada vez mais tóxico para maneiras quase garantidas de perder dinheiro.

Sem inovações drásticas, a alternativa ao petróleo mais caro poderá acabar sendo não as energias mais limpas e muito mais caras – extraídas de vento e do sol – mas a do menos caro e mais sujo carvão. Para fins atuais, basta notar que 40% da carga ferroviária envolve o transporte de carvão.

No caso da agricultura, a fome tecnológica pode levar a uma fome real ao velho estilo. O esmorecimento da verdadeira Revolução Verde – que aumentou em 126% a produção de grãos de 1950 a 1980, mas progrediu apenas 47% depois disso, mal conseguindo acompanhar o ritmo do crescimento da população global – encorajou outra “revolução verde”, esta mais intensamente divulgada e de um caráter mais político e mais incerto.

Podemos embelezar a Primavera Árabe de 2011 como um alvissareiro subproduto da era da informação, mas não deveríamos desconsiderar o papel principal da disparada dos preços dos alimentos e das muitas pessoas desesperadas que ficaram mais famintas que temerosas.

Apesar de a inovação em medicina e biotecnologia não ter estagnado completamente, também há muita redução das expectativas. Em 1970, o Congresso prometeu a vitória sobre o câncer em seis anos. Quatro décadas depois, podemos estar 41 anos mais perto, mas a vitória parece muito mais distante.

Os políticos de hoje achariam muito mais difícil persuadir um público mais cético a começar uma guerra comparável contra o mal de Alzheimer – apesar de quase um terço dos americanos com 85 anos ou mais sofrerem de alguma forma de demência. A medida mais crua, que é a expectativa de vida americana, continua aumentando, mas com certa desaceleração – de 67,1 anos para homens em 1970 para 71,8 em 1990 e 75,6 em 2010.

Olhando para o futuro, vemos muito menos drogas revolucionárias sendo desenvolvidas – talvez por causa da intransigência da FDA (agência que controla alimentos e remédios nos Estados Unidos), talvez pela inépcia dos pesquisadores de hoje e pela incrível complexidade da biologia humana.

Nos próximos três anos, as grandes companhias farmacêuticas perderão cerca de um terço de seu fluxo de receita corrente com a expiração de patentes, de modo que, numa resposta perversa, mas compreensível, elas começaram a liquidação dos departamentos de pesquisa que deram tão poucos frutos na última década e meia.

Três. Por exclusão, os computadores viraram a única grande esperança para o futuro tecnológico. A aceleração na informática contrasta dramaticamente com a desaceleração em todo o resto.

A Lei de Moore, que prevê a duplicação do número de transistores que pode ser empacotado em um chip a cada 18 a 24 meses, permaneceu verdadeira por mais tempo do que todos (inclusive Moore) teriam imaginado em 1965. Um celular em 2011 tem mais poder de computação do que todo o programa espacial Apollo em 1969.

Da perspectiva de Palo Alto, um retorno ao ano festivo de 1999 parece quase dentro do alcance. Tudo que reluz parece ouro. Milhares de novas empresas de internet são lançadas a cada ano, e as valorizações das empresas web 2.0 aumentaram; e não inteiramente sem razão, talvez duas a seis dessas empresas recém-criadas cruzarão a linha de valorização de US$ 1 bilhão cinco anos depois de sua criação.

Afinado com essa nova vida para a nova economia, o Google comandou um movimento paralelo que quase dobrou os salários dos engenheiros de computadores mais talentosos nos últimos três anos. Além dos dólares, basta assistir A Rede Social para ver como o Facebook e seus 800 milhões de usuários captaram o novo espírito da época.

A dissociação econômica dos computadores de tudo o mais gera mais perguntas do que respostas, e apenas sugere o estranho futuro para o qual as tendências de hoje caminham. Os supercomputadores se tornariam motores poderosos para a criação milagrosa de formas inteiramente novas de valor econômico, ou apenas virariam armas poderosas para reformar estruturas existentes e, por natureza, implacáveis? Como se mede a diferença entre progresso e mera mudança? Quanto há de cada um desses?

Quatro. Se ocorre um progresso científico e tecnológico significativo, seria razoável esperar maior prosperidade econômica (embora essa possa ser contrabalançada por outros fatores). E também o inverso: se os ganhos econômicos, medidos por indicadores chaves, foram limitados ou inexistentes, talvez o mesmo tenha ocorrido com o progresso científico e tecnológico.

Portanto, na medida em que o crescimento econômico é mais fácil de quantificar que o progresso científico ou tecnológico, os números econômicos conterão pistas indiretas, mas importantes.

O desenvolvimento econômico isolado mais importante dos últimos tempos foi a estagnação geral de salários e rendas desde 1973, o ano em que os preços do petróleo quadruplicaram.

Para uma primeira aproximação, o progresso em computadores e o fracasso em energia parecem ter quase se anulado mutuamente. Como Alice na corrida da Rainha de Copas, nós (e nossos computadores) fomos obrigados a correr cada vez mais para ficar no mesmo lugar.

Tomados pelo valor nominal, os números econômicos sugerem que a noção de um progresso vertiginoso e em todos os âmbitos errou feio o alvo. Quem acreditar nos dados econômicos, terá de rejeitar o otimismo do establishment científico.

O futuro econômico parecia muito diferente nos anos 1960. Em seu best-seller de 1967, O Desafio Americano, Jean-Jacques Servan-Schreiber argumentou que a aceleração do progresso tecnológico alargaria a distância entre os EUA e o resto do mundo. Segundo o autor, a diferença entre EUA e a Europa (exceto Suécia) cresceria de uma diferença de grau para uma diferença de tipo, comparável à diferença entre Europa e Egito ou Nigéria.

Com isso, os americanos enfrentariam menos pressão para competir: “Em 30 anos, os EUA serão uma sociedade pós-industrial. Serão só quatro dias de trabalho por semana e sete horas de trabalho por dia. O ano terá 39 semanas de trabalho e 13 semanas de férias. Somando os fins de semana e feriados, isso resultará em 147 dias de trabalho e 218 dias livres por ano. Tudo isso dentro de uma única geração.”

Precisamos resistir à tentação de descartar o otimismo da era espacial de Servan-Schreiber para compreender como o consenso que ele representava poderia ter estado tão terrivelmente equivocado – e como, em vez disso, para muitos americanos, o Quarto Mandamento (“Lembra do dia de descanso, para o santificar”) foi esquecido.

Cinco. A desaceleração da tecnologia ameaça toda a ordem política moderna, que se apoia no crescimento fácil e contínuo.

O toma lá dá cá das democracias ocidentais depende da ideia de que podemos criar soluções políticas que capacitem a maioria das pessoas a ganhar durante a maior parte do tempo. Mas em um mundo sem crescimento, podemos esperar um perdedor para cada ganhador.

Muitos suspeitarão que os vencedores estão envolvidos em alguma maracutaia, de modo que podemos esperar uma rudeza cada vez mais deplorável em nossa política. Podemos testemunhar os princípios de um sistema de soma zero em política nos EUA e na Europa ocidental, na medida em que os riscos mudam de ganhar menos para perder mais, e que nossos líderes procuram desesperadamente soluções macroeconômicas para problemas que não foram primariamente de economia por muito tempo.

O nome mais comum para uma ênfase mal colocada em política macroeconômica é “keynesianismo”. A despeito de seu brilhantismo, John Maynard Keynes sempre foi uma fraude, e sempre houve um pouco de tapeação no estímulo fiscal em massa e na correlata impressão de papel-moeda. Mas temos que reconhecer que essa fraude curiosamente pareceu funcionar por muitas décadas.

O forte vento de popa científico e tecnológico do século 20 potencializou muitas ideias economicamente ilusórias. Mesmo durante a Grande Depressão dos anos 30, a inovação levou a avanços em campos como rádio, cinema, aeronáutica, eletrodomésticos, química de polímeros e recuperação secundária de petróleo. Apesar de seus muitos erros, os agentes do New Deal impeliram fortemente a inovação. Os déficits do New Deal foram facilmente quitados pelo crescimento das décadas seguintes.

Durante a Grande Recessão dos anos 2010, ao contrário, nossos líderes políticos debatem estreitamente questões fiscais e monetárias com muito mais erudição, mas adotaram uma mentalidade de “Culto à Carga” com respeito à inovação futura.

À medida que os anos passam e a carga não chega, nós acabamos duvidando se ela algum dia voltará. A era das bolhas monetárias terminará naturalmente em austeridade real.

Uma pessoa perversa poderia até perguntar se “economias do lado da oferta” realmente foram o tipo de senha para “keynesianismo”. Por enquanto, basta reconhecer que alíquotas fiscais marginalmente mais baixas podem não ocorrer e não substituiriam a muito necessária construção de centenas de novos reatores nucleares.

Seis. Responder à questão de se houve ou não uma desaceleração tecnológica está longe de ser uma tarefa tranquila. A questão crítica de por que tal desaceleração parece ter ocorrido é ainda mais difícil, e não há espaço para tratá-la por completo aqui. Encerremos com a questão correlata de o que pode ser feito agora.

Mais sucintamente, será que nosso governo pode religar o motor parado da inovação? O Estado pode impulsionar com sucesso a ciência; não há por que negá-lo. O Projeto Manhattan e o programa Apollo nos lembram dessa possibilidade.

Mercados livres podem não financiar tanta pesquisa básica quanto necessário. Um dia após Hiroshima, o New York Times pôde, com alguma razão, pontificar sobre a superioridade do planejamento centralizado em matérias científicas: “Resultado final: uma invenção (a bomba nuclear) que foi dada ao mundo em três anos teria tomado talvez meio século para se desenvolver se tivéssemos que depender de pesquisadores ‘primmas donnas’ que trabalham sozinhos”.

Mas isso era outra época. A maioria de nossos líderes políticos não é formada por engenheiros ou cientistas e não ouve engenheiros ou cientistas. Hoje, uma carta de Einstein ficaria perdida na sala de correio da Casa Branca, e o Projeto Manhattan nem seria começado; ele com certeza não poderia ser concluído em três anos. Não conheço um único líder político nos EUA, seja ele democrata ou republicano, que cortaria gastos com saúde para liberar dinheiro para pesquisa em biotecnologia – ou, mais geralmente, que faria cortes sérios no sistema de previdência para liberar dinheiro sério para grandes projetos de engenharia. Robert Moses, o grande construtor da cidade de Nova York dos anos 1950 e 1960, ou Oscar Niemeyer, o grande arquiteto de Brasília, pertencem a um passado em que as pessoas ainda tinham ideias concretas sobre o futuro.

Os eleitores hoje preferem casas vitorianas. A ficção científica ruiu como gênero literário. Homens chegaram à Lua em julho de 1969 e Woodstock começou três semanas depois. Com o benefício do olhar retrospectivo, podemos ver que foi aí que os hippies se apoderaram do país e que a verdadeira guerra cultural sobre o progresso foi perdida.

Os hippies envelhecidos de hoje não compreendem mais que existe uma grande diferença entre a eleição de um presidente negro e a criação de energia solar barata; em suas mentes, o movimento pelos direitos civis caminha em paralelo ao progresso geral em todos os lugares.

Por causa dessas confusões, a esquerda progressista dos anos 1960 não consegue perguntar se as coisas realmente não poderiam ficar piores. Eu me pergunto se as intermináveis falsas guerras culturais em torno das políticas de identidade não serão a principal razão de termos ignorado a desaceleração tecnológica por tanto tempo.

Seja como for, após 40 anos à deriva, não é fácil encontrar o caminho de volta para o futuro. Para haver um futuro, seria bom que começássemos a refletir mais sobre ele.

O primeiro passo – e o mais difícil – é perceber que estamos em um deserto, e não em uma floresta encantada.

 

* O NOME MAIS IMPORTANTE DO VALE, por Alexandre Matias

Mestre de xadrez aos 13 anos e aluno número 1 de sua turma até o fim do segundo grau, Peter Thiel talvez seja o nome mais importante no Vale do Silício hoje, ainda mais após a morte de Steve Jobs. Mas ao contrário do fundador da Apple, Thiel não é muito afeito aos holofotes, preferindo agir nos bastidores e como arauto de novas tendências, em longos artigos como o desta página.

Nascido em 1967 em Frankfurt, na Alemanha, a carreira de Thiel começou a deslanchar ainda na faculdade. Estudante de filosofia na Universidade Stanford, na região de São Francisco, ficou irritado com a onda do politicamente correto que tomava conta do câmpus no final dos anos 80 e resolveu criar a Stanford Review em 1987, publicação que existe até hoje. Foi ali que recrutou alguns nomes que o acompanhariam em seu principal feito, quando resolveu bancar a ideia de um recém-conhecido que apareceu em uma de suas palestras, Max Levchin. Ele queria criar uma forma prática de conexão entre computadores portáteis, mas a conversa entre os dois evoluiu para outro rumo e, em 1998, os dois fundaram o PayPal.

Foi a partir da criação do site de pagamentos online que a carreira de Thiel decolou. Sua fama de visionário começaria a crescer logo em seguida, quando vendeu o serviço para o eBay e, com os US$ 50 milhões que levantou com a transação, começou a fase atual de sua carreira, a de investidor.

Começou a colocar dinheiro em empresas de ex-funcionários do PayPal, startups que, graças a seus investimentos, saíram do papel e se transformaram em titãs do mundo online, como o YouTube, o LinkedIn e o Yelp. Passou a ser conhecido como “o chefão da máfia PayPal” e logo abriu seu próprio fundo de investimentos, o Clarium Capital. Foi por meio dele que Thiel investiu meio milhão de dólares no Facebook em 2004, o mesmo ano em que ele foi criado.

Mas os negócios digitais são apenas parte dos interesses de Thiel. Ele também aposta pesado no desenvolvimento científico e abriu o Breakout Labs, um fundo de investimento apenas para financiar pesquisas de acadêmicos independentes, de preferência os que tenham ideias mais radicais.

Mas talvez o passo mais ousado do investidor tenha sido ao bancar um sonho de um ex-funcionário do Google, Patri Friedman, neto do ganhador do prêmio Nobel de economia Milton Friedman – um país startup. “Grandes ideias começam como ideias esquisitas”, disse Friedman, ao explicar o conceito por trás do Instituto Seastanding: criar plataformas móveis em alto-mar que funcionem como países, com sua própria legislação, governo e soberania. É isso mesmo: Peter Thiel, agora, quer fundar novos países.

—-Leia mais: • Link no papel – 21/11/2011

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