Jornalista, escritor e palestrante. Escreve às quintas

Opinião|Apple reinventa o computador de novo com seus óculos de realidade virtual


Vision Pro indica que computador do futuro estará onde pousa o olhar.

O Apple Vision Pro, óculos de realidade mista que o CEO Tim Cook anunciou na segunda-feira, 5, a uma plateia na sede da empresa, não é novo. A Microsoft tem já há vários anos seu HoloLens, a Meta também já cumpriu alguns ciclos com os Oculus Quest. É mais um. Só que não. O novo aparelho da Apple é algo completamente distinto do que oferece a concorrência. Ele reinventa radicalmente como usamos, como pensamos computador. Ele mostra que, mais de dez anos após sua morte, o espírito de Steve Jobs segue presente na companhia de Cupertino.

Porque é isto que a Apple faz. A Xerox já tinha computadores com ícones e mouse — eram um fracasso comercial. Jobs visitou os laboratórios da empresa, reempacotou tudo no Macintosh, lançado em 1984. Era caro, mas foi um sucesso imediato. Poucos anos depois, ninguém mais usava computadores escrevendo códigos na tela. Já existiam players de música digital — mas quando o iPod saiu, todo mundo entendeu que queria um. Explodiram. Nokias e Blackberries já se insinuavam como celulares capazes de usar a internet, mas foi o iPhone que mostrou como é um smartphone — reinventando o computador como um aparelho de mão.

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O método Apple é este. Na empresa, não inventam nada novo. Fazem algo bastante mais difícil: dão sentido ao que ainda é novo. A Microsoft sugeriu que seu HoloLens poderia servir para videogames. Terminou encontrando mercado em técnicos que consertam maquinário delicado em grandes plataformas de petróleo e estruturas do tipo. É útil ter informação sobre o que estão fazendo na tela enquanto as duas mãos seguem ocupadas. Na Meta, Mark Zuckerberg ainda tenta convencer alguém a entrar no metaverso. Fora dos departamentos de marketing endinheirados, ninguém comprou a ideia.

Os óculos da Apple têm ambições muito mais simples e, ao mesmo tempo, transformadoras. Filmar as crianças em 3D e depois assistir num ambiente de realidade virtual a cena que capturamos. Poder trabalhar com a tela do tamanho que quisermos, não importa onde. Uma tela pequena e central para bater textos, uma ampla e detalhada para editar imagens. Bote os óculos e crie à sua frente, na sala mesmo, a tela que deseja. E, claro, cinema. Cinema de verdade em casa, cinema imersivo, o Cinemascope de volta, abraçando a gente para rever Lawrence da Arábia ou 2001 ou até mesmo Avatar. Deslumbres visuais.

Apple costuma dar sentido ao que ainda é novo Foto: Jeff Chiu / AP
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A Apple batizou sua nova ideia de “computação espacial”. Termos como realidade virtual ou aumentada são pouco práticos. A capacidade de usar o espaço em que estamos para que toda a área possa ser tela, em que mexemos os dedos no ar qual maestros enquanto manipulamos objetos digitais, tudo faz sentido. Após o computador se tornar portátil, daí ir para a palma da mão, o caminho natural estava dado. O computador estará onde pousa o olhar.

Os óculos podem ser, tecnicamente, a mesma tecnologia que os de Microsoft e Meta. Mas a Apple entendeu para que servem.

O Apple Vision Pro, óculos de realidade mista que o CEO Tim Cook anunciou na segunda-feira, 5, a uma plateia na sede da empresa, não é novo. A Microsoft tem já há vários anos seu HoloLens, a Meta também já cumpriu alguns ciclos com os Oculus Quest. É mais um. Só que não. O novo aparelho da Apple é algo completamente distinto do que oferece a concorrência. Ele reinventa radicalmente como usamos, como pensamos computador. Ele mostra que, mais de dez anos após sua morte, o espírito de Steve Jobs segue presente na companhia de Cupertino.

Porque é isto que a Apple faz. A Xerox já tinha computadores com ícones e mouse — eram um fracasso comercial. Jobs visitou os laboratórios da empresa, reempacotou tudo no Macintosh, lançado em 1984. Era caro, mas foi um sucesso imediato. Poucos anos depois, ninguém mais usava computadores escrevendo códigos na tela. Já existiam players de música digital — mas quando o iPod saiu, todo mundo entendeu que queria um. Explodiram. Nokias e Blackberries já se insinuavam como celulares capazes de usar a internet, mas foi o iPhone que mostrou como é um smartphone — reinventando o computador como um aparelho de mão.

O método Apple é este. Na empresa, não inventam nada novo. Fazem algo bastante mais difícil: dão sentido ao que ainda é novo. A Microsoft sugeriu que seu HoloLens poderia servir para videogames. Terminou encontrando mercado em técnicos que consertam maquinário delicado em grandes plataformas de petróleo e estruturas do tipo. É útil ter informação sobre o que estão fazendo na tela enquanto as duas mãos seguem ocupadas. Na Meta, Mark Zuckerberg ainda tenta convencer alguém a entrar no metaverso. Fora dos departamentos de marketing endinheirados, ninguém comprou a ideia.

Os óculos da Apple têm ambições muito mais simples e, ao mesmo tempo, transformadoras. Filmar as crianças em 3D e depois assistir num ambiente de realidade virtual a cena que capturamos. Poder trabalhar com a tela do tamanho que quisermos, não importa onde. Uma tela pequena e central para bater textos, uma ampla e detalhada para editar imagens. Bote os óculos e crie à sua frente, na sala mesmo, a tela que deseja. E, claro, cinema. Cinema de verdade em casa, cinema imersivo, o Cinemascope de volta, abraçando a gente para rever Lawrence da Arábia ou 2001 ou até mesmo Avatar. Deslumbres visuais.

Apple costuma dar sentido ao que ainda é novo Foto: Jeff Chiu / AP

A Apple batizou sua nova ideia de “computação espacial”. Termos como realidade virtual ou aumentada são pouco práticos. A capacidade de usar o espaço em que estamos para que toda a área possa ser tela, em que mexemos os dedos no ar qual maestros enquanto manipulamos objetos digitais, tudo faz sentido. Após o computador se tornar portátil, daí ir para a palma da mão, o caminho natural estava dado. O computador estará onde pousa o olhar.

Os óculos podem ser, tecnicamente, a mesma tecnologia que os de Microsoft e Meta. Mas a Apple entendeu para que servem.

O Apple Vision Pro, óculos de realidade mista que o CEO Tim Cook anunciou na segunda-feira, 5, a uma plateia na sede da empresa, não é novo. A Microsoft tem já há vários anos seu HoloLens, a Meta também já cumpriu alguns ciclos com os Oculus Quest. É mais um. Só que não. O novo aparelho da Apple é algo completamente distinto do que oferece a concorrência. Ele reinventa radicalmente como usamos, como pensamos computador. Ele mostra que, mais de dez anos após sua morte, o espírito de Steve Jobs segue presente na companhia de Cupertino.

Porque é isto que a Apple faz. A Xerox já tinha computadores com ícones e mouse — eram um fracasso comercial. Jobs visitou os laboratórios da empresa, reempacotou tudo no Macintosh, lançado em 1984. Era caro, mas foi um sucesso imediato. Poucos anos depois, ninguém mais usava computadores escrevendo códigos na tela. Já existiam players de música digital — mas quando o iPod saiu, todo mundo entendeu que queria um. Explodiram. Nokias e Blackberries já se insinuavam como celulares capazes de usar a internet, mas foi o iPhone que mostrou como é um smartphone — reinventando o computador como um aparelho de mão.

O método Apple é este. Na empresa, não inventam nada novo. Fazem algo bastante mais difícil: dão sentido ao que ainda é novo. A Microsoft sugeriu que seu HoloLens poderia servir para videogames. Terminou encontrando mercado em técnicos que consertam maquinário delicado em grandes plataformas de petróleo e estruturas do tipo. É útil ter informação sobre o que estão fazendo na tela enquanto as duas mãos seguem ocupadas. Na Meta, Mark Zuckerberg ainda tenta convencer alguém a entrar no metaverso. Fora dos departamentos de marketing endinheirados, ninguém comprou a ideia.

Os óculos da Apple têm ambições muito mais simples e, ao mesmo tempo, transformadoras. Filmar as crianças em 3D e depois assistir num ambiente de realidade virtual a cena que capturamos. Poder trabalhar com a tela do tamanho que quisermos, não importa onde. Uma tela pequena e central para bater textos, uma ampla e detalhada para editar imagens. Bote os óculos e crie à sua frente, na sala mesmo, a tela que deseja. E, claro, cinema. Cinema de verdade em casa, cinema imersivo, o Cinemascope de volta, abraçando a gente para rever Lawrence da Arábia ou 2001 ou até mesmo Avatar. Deslumbres visuais.

Apple costuma dar sentido ao que ainda é novo Foto: Jeff Chiu / AP

A Apple batizou sua nova ideia de “computação espacial”. Termos como realidade virtual ou aumentada são pouco práticos. A capacidade de usar o espaço em que estamos para que toda a área possa ser tela, em que mexemos os dedos no ar qual maestros enquanto manipulamos objetos digitais, tudo faz sentido. Após o computador se tornar portátil, daí ir para a palma da mão, o caminho natural estava dado. O computador estará onde pousa o olhar.

Os óculos podem ser, tecnicamente, a mesma tecnologia que os de Microsoft e Meta. Mas a Apple entendeu para que servem.

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