Jornalista, escritor e palestrante. Escreve às quintas

Opinião|Caos na OpenAI mostra que decisões de vida e morte da Humanidade estão nas mãos de bilionários


O conselho da startup tem a missão de garantir que a tecnologia não ameace a nossa existência, mas essa visão parece ter entrado em conflito com o braço de negócios da empresa

Por Pedro Doria

O Vale do Silício tem uma religião muito particular, uma espécie de cientificismo apocalíptico que movimenta a imaginação de muitos milionários e bilionários. Elon Musk é um prepper. Sam Altman, o CEO demitido e recontratado em cinco dias da OpenAI, é outro. Prepper é o apelido de quem metodicamente se prepara para o fim do mundo. Um dos cenários com os quais trabalham é uma superinteligência artificial que atacará a humanidade. A OpenAI é a companhia que cresceu mais rápido na história do capitalismo. Está algo entre seis meses e um ano à frente do desenvolvimento da IA em relação ao Google. Nesta última semana, tudo isso quase ruiu por causa do quase misticismo apocalíptico do Vale.

Estar entre seis meses e um ano à frente da principal concorrente quer dizer que o Google precisa deixar seu modelo rodando em todo seu poder computacional por este tempo para chegar no ponto em que o GPT está. Pouca gente tem computadores assim — Google, Amazon, Microsoft, Meta. Talvez mais um ou dois. Quando Sam Altman foi demitido pelo Conselho de Administração da OpenAI, o alerta vermelho tocou na sede da Microsoft. Se o GPT para de ser desenvolvido por alguns meses por confusão na empresa parceira, a vantagem sai pelo ralo.

A OpenAI foi criada como instituto sem fins lucrativos por preppers milionários. Gente que tinha convicção de que, se eles não desenvolvessem primeiro a melhor IA, o risco de fim do mundo era grande. Em geral, conselhos de administração de empresas novas são formados por investidores que prezam pelo futuro da companhia. O conselho da OpenAI tinha outra missão — garantir que a tecnologia não ameaçaria a humanidade. Ao que tudo indica, em um determinado momento chegaram à conclusão de que, sob o comando de Altman, o desenvolvimento estava indo rápido demais e sem precauções. Demitiram-no.

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Visão de Sam Altman pode ter entrado em conflito com a missão da OpenAI  Foto: Kirill Kudryavtsev/ AFP

Ou se desenvolve primeiro ou se discute a filosofia das possibilidades de risco futuro e outro ganhará a corrida. E, sem muito computador, não se ganha esta corrida. Por isso a parceria com a Microsoft foi fundamental. Isto quer dizer que o instituto sem fins lucrativos teve de criar, sob seu comando, uma empresa com fins lucrativos para receber o dinheiro do acordo. De cara, US$ 13 bilhões.

Ainda assim, quem sentava-se no conselho achou que podia desmontar tudo. Descobriram que algumas centenas de engenheiros que trabalhavam na OpenAI poderiam processá-los porque os contratos que assinaram incluíam bônus em ações no valor estimado de alguns bilhões. Que a Microsoft, igualmente, poderia processá-los por quebra de contrato. Tudo sugere que foi quando os advogados mostraram o tamanho do problema que os conselheiros amadores de presto abriram mão de seus assentos.

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Mas há outro ponto sobre o qual ninguém está falando. Se estiverem certos, quem disse que são meia dúzia de preppers que têm o direito de tomar as decisões de vida e morte da humanidade?

O Vale do Silício tem uma religião muito particular, uma espécie de cientificismo apocalíptico que movimenta a imaginação de muitos milionários e bilionários. Elon Musk é um prepper. Sam Altman, o CEO demitido e recontratado em cinco dias da OpenAI, é outro. Prepper é o apelido de quem metodicamente se prepara para o fim do mundo. Um dos cenários com os quais trabalham é uma superinteligência artificial que atacará a humanidade. A OpenAI é a companhia que cresceu mais rápido na história do capitalismo. Está algo entre seis meses e um ano à frente do desenvolvimento da IA em relação ao Google. Nesta última semana, tudo isso quase ruiu por causa do quase misticismo apocalíptico do Vale.

Estar entre seis meses e um ano à frente da principal concorrente quer dizer que o Google precisa deixar seu modelo rodando em todo seu poder computacional por este tempo para chegar no ponto em que o GPT está. Pouca gente tem computadores assim — Google, Amazon, Microsoft, Meta. Talvez mais um ou dois. Quando Sam Altman foi demitido pelo Conselho de Administração da OpenAI, o alerta vermelho tocou na sede da Microsoft. Se o GPT para de ser desenvolvido por alguns meses por confusão na empresa parceira, a vantagem sai pelo ralo.

A OpenAI foi criada como instituto sem fins lucrativos por preppers milionários. Gente que tinha convicção de que, se eles não desenvolvessem primeiro a melhor IA, o risco de fim do mundo era grande. Em geral, conselhos de administração de empresas novas são formados por investidores que prezam pelo futuro da companhia. O conselho da OpenAI tinha outra missão — garantir que a tecnologia não ameaçaria a humanidade. Ao que tudo indica, em um determinado momento chegaram à conclusão de que, sob o comando de Altman, o desenvolvimento estava indo rápido demais e sem precauções. Demitiram-no.

Visão de Sam Altman pode ter entrado em conflito com a missão da OpenAI  Foto: Kirill Kudryavtsev/ AFP

Ou se desenvolve primeiro ou se discute a filosofia das possibilidades de risco futuro e outro ganhará a corrida. E, sem muito computador, não se ganha esta corrida. Por isso a parceria com a Microsoft foi fundamental. Isto quer dizer que o instituto sem fins lucrativos teve de criar, sob seu comando, uma empresa com fins lucrativos para receber o dinheiro do acordo. De cara, US$ 13 bilhões.

Ainda assim, quem sentava-se no conselho achou que podia desmontar tudo. Descobriram que algumas centenas de engenheiros que trabalhavam na OpenAI poderiam processá-los porque os contratos que assinaram incluíam bônus em ações no valor estimado de alguns bilhões. Que a Microsoft, igualmente, poderia processá-los por quebra de contrato. Tudo sugere que foi quando os advogados mostraram o tamanho do problema que os conselheiros amadores de presto abriram mão de seus assentos.

Mas há outro ponto sobre o qual ninguém está falando. Se estiverem certos, quem disse que são meia dúzia de preppers que têm o direito de tomar as decisões de vida e morte da humanidade?

O Vale do Silício tem uma religião muito particular, uma espécie de cientificismo apocalíptico que movimenta a imaginação de muitos milionários e bilionários. Elon Musk é um prepper. Sam Altman, o CEO demitido e recontratado em cinco dias da OpenAI, é outro. Prepper é o apelido de quem metodicamente se prepara para o fim do mundo. Um dos cenários com os quais trabalham é uma superinteligência artificial que atacará a humanidade. A OpenAI é a companhia que cresceu mais rápido na história do capitalismo. Está algo entre seis meses e um ano à frente do desenvolvimento da IA em relação ao Google. Nesta última semana, tudo isso quase ruiu por causa do quase misticismo apocalíptico do Vale.

Estar entre seis meses e um ano à frente da principal concorrente quer dizer que o Google precisa deixar seu modelo rodando em todo seu poder computacional por este tempo para chegar no ponto em que o GPT está. Pouca gente tem computadores assim — Google, Amazon, Microsoft, Meta. Talvez mais um ou dois. Quando Sam Altman foi demitido pelo Conselho de Administração da OpenAI, o alerta vermelho tocou na sede da Microsoft. Se o GPT para de ser desenvolvido por alguns meses por confusão na empresa parceira, a vantagem sai pelo ralo.

A OpenAI foi criada como instituto sem fins lucrativos por preppers milionários. Gente que tinha convicção de que, se eles não desenvolvessem primeiro a melhor IA, o risco de fim do mundo era grande. Em geral, conselhos de administração de empresas novas são formados por investidores que prezam pelo futuro da companhia. O conselho da OpenAI tinha outra missão — garantir que a tecnologia não ameaçaria a humanidade. Ao que tudo indica, em um determinado momento chegaram à conclusão de que, sob o comando de Altman, o desenvolvimento estava indo rápido demais e sem precauções. Demitiram-no.

Visão de Sam Altman pode ter entrado em conflito com a missão da OpenAI  Foto: Kirill Kudryavtsev/ AFP

Ou se desenvolve primeiro ou se discute a filosofia das possibilidades de risco futuro e outro ganhará a corrida. E, sem muito computador, não se ganha esta corrida. Por isso a parceria com a Microsoft foi fundamental. Isto quer dizer que o instituto sem fins lucrativos teve de criar, sob seu comando, uma empresa com fins lucrativos para receber o dinheiro do acordo. De cara, US$ 13 bilhões.

Ainda assim, quem sentava-se no conselho achou que podia desmontar tudo. Descobriram que algumas centenas de engenheiros que trabalhavam na OpenAI poderiam processá-los porque os contratos que assinaram incluíam bônus em ações no valor estimado de alguns bilhões. Que a Microsoft, igualmente, poderia processá-los por quebra de contrato. Tudo sugere que foi quando os advogados mostraram o tamanho do problema que os conselheiros amadores de presto abriram mão de seus assentos.

Mas há outro ponto sobre o qual ninguém está falando. Se estiverem certos, quem disse que são meia dúzia de preppers que têm o direito de tomar as decisões de vida e morte da humanidade?

Opinião por Pedro Doria

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