Jornalista, escritor e palestrante. Escreve às quintas

Opinião|Casos recentes de suicídio mostram os perigos de algoritmos de redes sociais; leia análise


Páginas como a Choquei! precisam ter responsabilidade em relação ao que postam

Por Pedro Doria
Atualização:

“A gente nunca produz o conteúdo”, afirmou no Barbacast Raphael Sousa, administrador do perfil Choquei!, que acumula mais de 20 milhões de seguidores nas diversas redes. “O que a gente posta é conteúdo replicado. Isso aí é papel de jornalista.” De acordo com sua filosofia, o trabalho de confirmar se a informação que divulga está correta não é seu. É dos outros. Na última sexta-feira, dia 22, Jéssica Vitória Canedo, de 22 anos, cometeu suicídio. O Choquei! Havia publicado capturas de tela de conversas suas com o youtuber Whindersson Nunes que sugeriam um namoro. Whindersson nunca havia ouvido falar da moça. As telas eram falsas. E uma porção dos seguidores do Choquei! viram sentido em atacar Jéssica de forma cruel. No meio de uma depressão, ela não segurou a onda.

Cancelamentos doem. Quem envia um ataque na rede pode muito bem pensar que é apenas um anônimo. O comentário cruel custa só cinco minutos de tempo e serve para extravasar uma energia. Gastar uma raiva. O que o destinatário recebe não é uma única descarga de mau humor. É uma quantidade tão grande que o dedo rola pela tela do celular sem fim. Nós humanos não somos bichos preparados para lidar com tanta gente atacando. Jéssica, que nunca havia passado por uma experiência do tipo e sofria de depressão, chegou ao ponto em que só viu um jeito de parar a dor.

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Casos de suicídio se misturam com a importância dos algoritmos de redes sociais Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Nesta quinta, este foi o destino também do primeiro youtuber estrela brasileiro, PC Siqueira. Foi cancelado brutalmente por uma acusação de pedofilia, em 2020. Era pura histeria das redes. Policiais levaram todos os computadores e discos de sua casa — não encontraram traço de nada. PC nunca se recuperou.

O Choquei! sempre fez jornalismo por mais que seu dono cultivasse a ilusão de que não fazia. Ele trazia informação sobre o que ocorre na sociedade. Por conta de seu alcance, desde a eleição foi tratado como veículo pela primeira-dama Janja Lula da Silva, que tem imenso peso sobre a estratégia de comunicação do Planalto. O fato de com frequência trazer informação exclusiva do governo fez com que sua relevância aumentasse.

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O Choquei! não é responsável sozinho. Ele depende de plataformas digitais gigantes para alcançar milhões de pessoas. Foi o veículo que levantou a bola para ataques da pequena crueldade de muitos, mas eles se deram porque os algoritmos das plataformas os incentivam. Dá status social nas redes atacar junto. O linchamento digital rende likes e engajamento.

As redes mobilizam a vida de pessoas e afetam os destinos de sociedades. Todo influenciador com grande alcance precisa compreender que uma audiência assim impõe responsabilidade. Traz dinheiro, mas impõe obrigações éticas perante a comunidade. Não dá para fugir com um “não sou jornalista”.

Bolsonaro passou e paramos de discutir os efeitos dos algoritmos. A nova geração de inteligência artificial vai turbina-los. O problema não acabou e ficará pior.

“A gente nunca produz o conteúdo”, afirmou no Barbacast Raphael Sousa, administrador do perfil Choquei!, que acumula mais de 20 milhões de seguidores nas diversas redes. “O que a gente posta é conteúdo replicado. Isso aí é papel de jornalista.” De acordo com sua filosofia, o trabalho de confirmar se a informação que divulga está correta não é seu. É dos outros. Na última sexta-feira, dia 22, Jéssica Vitória Canedo, de 22 anos, cometeu suicídio. O Choquei! Havia publicado capturas de tela de conversas suas com o youtuber Whindersson Nunes que sugeriam um namoro. Whindersson nunca havia ouvido falar da moça. As telas eram falsas. E uma porção dos seguidores do Choquei! viram sentido em atacar Jéssica de forma cruel. No meio de uma depressão, ela não segurou a onda.

Cancelamentos doem. Quem envia um ataque na rede pode muito bem pensar que é apenas um anônimo. O comentário cruel custa só cinco minutos de tempo e serve para extravasar uma energia. Gastar uma raiva. O que o destinatário recebe não é uma única descarga de mau humor. É uma quantidade tão grande que o dedo rola pela tela do celular sem fim. Nós humanos não somos bichos preparados para lidar com tanta gente atacando. Jéssica, que nunca havia passado por uma experiência do tipo e sofria de depressão, chegou ao ponto em que só viu um jeito de parar a dor.

Casos de suicídio se misturam com a importância dos algoritmos de redes sociais Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Nesta quinta, este foi o destino também do primeiro youtuber estrela brasileiro, PC Siqueira. Foi cancelado brutalmente por uma acusação de pedofilia, em 2020. Era pura histeria das redes. Policiais levaram todos os computadores e discos de sua casa — não encontraram traço de nada. PC nunca se recuperou.

O Choquei! sempre fez jornalismo por mais que seu dono cultivasse a ilusão de que não fazia. Ele trazia informação sobre o que ocorre na sociedade. Por conta de seu alcance, desde a eleição foi tratado como veículo pela primeira-dama Janja Lula da Silva, que tem imenso peso sobre a estratégia de comunicação do Planalto. O fato de com frequência trazer informação exclusiva do governo fez com que sua relevância aumentasse.

O Choquei! não é responsável sozinho. Ele depende de plataformas digitais gigantes para alcançar milhões de pessoas. Foi o veículo que levantou a bola para ataques da pequena crueldade de muitos, mas eles se deram porque os algoritmos das plataformas os incentivam. Dá status social nas redes atacar junto. O linchamento digital rende likes e engajamento.

As redes mobilizam a vida de pessoas e afetam os destinos de sociedades. Todo influenciador com grande alcance precisa compreender que uma audiência assim impõe responsabilidade. Traz dinheiro, mas impõe obrigações éticas perante a comunidade. Não dá para fugir com um “não sou jornalista”.

Bolsonaro passou e paramos de discutir os efeitos dos algoritmos. A nova geração de inteligência artificial vai turbina-los. O problema não acabou e ficará pior.

“A gente nunca produz o conteúdo”, afirmou no Barbacast Raphael Sousa, administrador do perfil Choquei!, que acumula mais de 20 milhões de seguidores nas diversas redes. “O que a gente posta é conteúdo replicado. Isso aí é papel de jornalista.” De acordo com sua filosofia, o trabalho de confirmar se a informação que divulga está correta não é seu. É dos outros. Na última sexta-feira, dia 22, Jéssica Vitória Canedo, de 22 anos, cometeu suicídio. O Choquei! Havia publicado capturas de tela de conversas suas com o youtuber Whindersson Nunes que sugeriam um namoro. Whindersson nunca havia ouvido falar da moça. As telas eram falsas. E uma porção dos seguidores do Choquei! viram sentido em atacar Jéssica de forma cruel. No meio de uma depressão, ela não segurou a onda.

Cancelamentos doem. Quem envia um ataque na rede pode muito bem pensar que é apenas um anônimo. O comentário cruel custa só cinco minutos de tempo e serve para extravasar uma energia. Gastar uma raiva. O que o destinatário recebe não é uma única descarga de mau humor. É uma quantidade tão grande que o dedo rola pela tela do celular sem fim. Nós humanos não somos bichos preparados para lidar com tanta gente atacando. Jéssica, que nunca havia passado por uma experiência do tipo e sofria de depressão, chegou ao ponto em que só viu um jeito de parar a dor.

Casos de suicídio se misturam com a importância dos algoritmos de redes sociais Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Nesta quinta, este foi o destino também do primeiro youtuber estrela brasileiro, PC Siqueira. Foi cancelado brutalmente por uma acusação de pedofilia, em 2020. Era pura histeria das redes. Policiais levaram todos os computadores e discos de sua casa — não encontraram traço de nada. PC nunca se recuperou.

O Choquei! sempre fez jornalismo por mais que seu dono cultivasse a ilusão de que não fazia. Ele trazia informação sobre o que ocorre na sociedade. Por conta de seu alcance, desde a eleição foi tratado como veículo pela primeira-dama Janja Lula da Silva, que tem imenso peso sobre a estratégia de comunicação do Planalto. O fato de com frequência trazer informação exclusiva do governo fez com que sua relevância aumentasse.

O Choquei! não é responsável sozinho. Ele depende de plataformas digitais gigantes para alcançar milhões de pessoas. Foi o veículo que levantou a bola para ataques da pequena crueldade de muitos, mas eles se deram porque os algoritmos das plataformas os incentivam. Dá status social nas redes atacar junto. O linchamento digital rende likes e engajamento.

As redes mobilizam a vida de pessoas e afetam os destinos de sociedades. Todo influenciador com grande alcance precisa compreender que uma audiência assim impõe responsabilidade. Traz dinheiro, mas impõe obrigações éticas perante a comunidade. Não dá para fugir com um “não sou jornalista”.

Bolsonaro passou e paramos de discutir os efeitos dos algoritmos. A nova geração de inteligência artificial vai turbina-los. O problema não acabou e ficará pior.

“A gente nunca produz o conteúdo”, afirmou no Barbacast Raphael Sousa, administrador do perfil Choquei!, que acumula mais de 20 milhões de seguidores nas diversas redes. “O que a gente posta é conteúdo replicado. Isso aí é papel de jornalista.” De acordo com sua filosofia, o trabalho de confirmar se a informação que divulga está correta não é seu. É dos outros. Na última sexta-feira, dia 22, Jéssica Vitória Canedo, de 22 anos, cometeu suicídio. O Choquei! Havia publicado capturas de tela de conversas suas com o youtuber Whindersson Nunes que sugeriam um namoro. Whindersson nunca havia ouvido falar da moça. As telas eram falsas. E uma porção dos seguidores do Choquei! viram sentido em atacar Jéssica de forma cruel. No meio de uma depressão, ela não segurou a onda.

Cancelamentos doem. Quem envia um ataque na rede pode muito bem pensar que é apenas um anônimo. O comentário cruel custa só cinco minutos de tempo e serve para extravasar uma energia. Gastar uma raiva. O que o destinatário recebe não é uma única descarga de mau humor. É uma quantidade tão grande que o dedo rola pela tela do celular sem fim. Nós humanos não somos bichos preparados para lidar com tanta gente atacando. Jéssica, que nunca havia passado por uma experiência do tipo e sofria de depressão, chegou ao ponto em que só viu um jeito de parar a dor.

Casos de suicídio se misturam com a importância dos algoritmos de redes sociais Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Nesta quinta, este foi o destino também do primeiro youtuber estrela brasileiro, PC Siqueira. Foi cancelado brutalmente por uma acusação de pedofilia, em 2020. Era pura histeria das redes. Policiais levaram todos os computadores e discos de sua casa — não encontraram traço de nada. PC nunca se recuperou.

O Choquei! sempre fez jornalismo por mais que seu dono cultivasse a ilusão de que não fazia. Ele trazia informação sobre o que ocorre na sociedade. Por conta de seu alcance, desde a eleição foi tratado como veículo pela primeira-dama Janja Lula da Silva, que tem imenso peso sobre a estratégia de comunicação do Planalto. O fato de com frequência trazer informação exclusiva do governo fez com que sua relevância aumentasse.

O Choquei! não é responsável sozinho. Ele depende de plataformas digitais gigantes para alcançar milhões de pessoas. Foi o veículo que levantou a bola para ataques da pequena crueldade de muitos, mas eles se deram porque os algoritmos das plataformas os incentivam. Dá status social nas redes atacar junto. O linchamento digital rende likes e engajamento.

As redes mobilizam a vida de pessoas e afetam os destinos de sociedades. Todo influenciador com grande alcance precisa compreender que uma audiência assim impõe responsabilidade. Traz dinheiro, mas impõe obrigações éticas perante a comunidade. Não dá para fugir com um “não sou jornalista”.

Bolsonaro passou e paramos de discutir os efeitos dos algoritmos. A nova geração de inteligência artificial vai turbina-los. O problema não acabou e ficará pior.

Opinião por Pedro Doria

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