Jornalista, escritor e palestrante. Escreve às quintas

Opinião|Lula não entendeu que não lembrar do golpe de 64 permite que ele aconteça de novo


Ao não tratar com clareza sobre o tema, presidente abre as portas para novas tentativas de ruptura da democracia

Por Pedro Doria

O golpe de 1964 não é passado. Não é um ponto distante na história que olhamos com enfado escolar. A ditadura está ainda e viva e pulsando, hoje, no Brasil. Está nas ruas. Não faz nem dois anos, quatro generais de Exército e um almirante de Esquadra se sentiram confortáveis o suficiente para planejar um novo golpe militar. Um golpe que impedisse que o candidato eleito se tornasse presidente. Pois aquele presidente, o nosso atual presidente, inacreditavelmente decidiu que o governo não deve lembrar do golpe.

Lula não entendeu nada.

Golpe de 1964 ressoa ainda hoje no Brasil, evidenciando a necessidade urgente de recordação histórica diante da negação oficial Foto: Wilton Junior/Estadão
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No auge da crise argentina, não se viu movimentação nas Forças Armadas do país. Os militares tampouco se mexeram quando o Chile encheu de gente nas ruas em protestos violentos. Não é por acidente. O general Jorge Rafael Videla morreu com diarreia, no vaso sanitário de sua cela e não há general argentino que não saiba disso. Os chilenos viram o general Augusto Pinochet passar seus últimos anos fugindo dum mandado de prisão. Nós escolhemos, ativamente, não lembrar. Vivemos hoje as consequências disso.

O que argentinos e chilenos fizeram foi um exercício ativo de lembrança. Da Praça de Maio sempre com suas mães, hoje já bisavós, com o lenço branco. Do Museu da Memória que toda criança chilena visita em Santiago. A lembrança do que foi a ditadura é um esforço cívico e um dever do Estado.

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Aqui, todo 31 de março é a mesma coisa. Passamos semanas discutindo se os quartéis vão celebrar a instauração da ditadura. Ainda hoje as Forças Armadas não tratam o que fizeram pelo que foi: golpe. A ruptura da Constituição. A interrupção da Democracia e a instauração de uma ditadura.

Se um general pode elogiar um golpe, se pode discutir a interpretação da história, é porque o Estado concorda que há debate. As Forças são do Estado. E chegamos ao ponto em que o presidente da República que foi vítima duma nova tentativa de golpe escolhe não lembrar.

A escolha de não lembrar, a escolha de não tratar com clareza a coisa pelos seu nome, é o que faz acontecer de novo. Como aconteceu.

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Esta é minha última coluna. Por ora. Não é a primeira vez que encerro um ciclo nas páginas do jornal, torço para que não seja a última. Calhou de acontecer justamente nos 60 anos do golpe. Este jornal, O Estado de S. Paulo, tem uma história heroica de resistência a ditaduras. Não só a última, dos atos institucionais e seus generais, mas também a do Estado Novo. Também a de Floriano. Este jornal nunca teve medo de acusar presidentes autoritários nos períodos democráticos, como Artur Bernardes ou Jair Bolsonaro. Quase um século e meio passado de sua fundação, este é um jornal que consistentemente pode dizer que trabalhou pela Democracia Liberal. Não é pouco. Ter o nome escrito com regularidade em suas páginas é motivo de orgulho para qualquer jornalista. Então, a meus colegas, e a vocês leitores, fica não um adeus. Só um até logo ;-)

O golpe de 1964 não é passado. Não é um ponto distante na história que olhamos com enfado escolar. A ditadura está ainda e viva e pulsando, hoje, no Brasil. Está nas ruas. Não faz nem dois anos, quatro generais de Exército e um almirante de Esquadra se sentiram confortáveis o suficiente para planejar um novo golpe militar. Um golpe que impedisse que o candidato eleito se tornasse presidente. Pois aquele presidente, o nosso atual presidente, inacreditavelmente decidiu que o governo não deve lembrar do golpe.

Lula não entendeu nada.

Golpe de 1964 ressoa ainda hoje no Brasil, evidenciando a necessidade urgente de recordação histórica diante da negação oficial Foto: Wilton Junior/Estadão

No auge da crise argentina, não se viu movimentação nas Forças Armadas do país. Os militares tampouco se mexeram quando o Chile encheu de gente nas ruas em protestos violentos. Não é por acidente. O general Jorge Rafael Videla morreu com diarreia, no vaso sanitário de sua cela e não há general argentino que não saiba disso. Os chilenos viram o general Augusto Pinochet passar seus últimos anos fugindo dum mandado de prisão. Nós escolhemos, ativamente, não lembrar. Vivemos hoje as consequências disso.

O que argentinos e chilenos fizeram foi um exercício ativo de lembrança. Da Praça de Maio sempre com suas mães, hoje já bisavós, com o lenço branco. Do Museu da Memória que toda criança chilena visita em Santiago. A lembrança do que foi a ditadura é um esforço cívico e um dever do Estado.

Aqui, todo 31 de março é a mesma coisa. Passamos semanas discutindo se os quartéis vão celebrar a instauração da ditadura. Ainda hoje as Forças Armadas não tratam o que fizeram pelo que foi: golpe. A ruptura da Constituição. A interrupção da Democracia e a instauração de uma ditadura.

Se um general pode elogiar um golpe, se pode discutir a interpretação da história, é porque o Estado concorda que há debate. As Forças são do Estado. E chegamos ao ponto em que o presidente da República que foi vítima duma nova tentativa de golpe escolhe não lembrar.

A escolha de não lembrar, a escolha de não tratar com clareza a coisa pelos seu nome, é o que faz acontecer de novo. Como aconteceu.

Esta é minha última coluna. Por ora. Não é a primeira vez que encerro um ciclo nas páginas do jornal, torço para que não seja a última. Calhou de acontecer justamente nos 60 anos do golpe. Este jornal, O Estado de S. Paulo, tem uma história heroica de resistência a ditaduras. Não só a última, dos atos institucionais e seus generais, mas também a do Estado Novo. Também a de Floriano. Este jornal nunca teve medo de acusar presidentes autoritários nos períodos democráticos, como Artur Bernardes ou Jair Bolsonaro. Quase um século e meio passado de sua fundação, este é um jornal que consistentemente pode dizer que trabalhou pela Democracia Liberal. Não é pouco. Ter o nome escrito com regularidade em suas páginas é motivo de orgulho para qualquer jornalista. Então, a meus colegas, e a vocês leitores, fica não um adeus. Só um até logo ;-)

O golpe de 1964 não é passado. Não é um ponto distante na história que olhamos com enfado escolar. A ditadura está ainda e viva e pulsando, hoje, no Brasil. Está nas ruas. Não faz nem dois anos, quatro generais de Exército e um almirante de Esquadra se sentiram confortáveis o suficiente para planejar um novo golpe militar. Um golpe que impedisse que o candidato eleito se tornasse presidente. Pois aquele presidente, o nosso atual presidente, inacreditavelmente decidiu que o governo não deve lembrar do golpe.

Lula não entendeu nada.

Golpe de 1964 ressoa ainda hoje no Brasil, evidenciando a necessidade urgente de recordação histórica diante da negação oficial Foto: Wilton Junior/Estadão

No auge da crise argentina, não se viu movimentação nas Forças Armadas do país. Os militares tampouco se mexeram quando o Chile encheu de gente nas ruas em protestos violentos. Não é por acidente. O general Jorge Rafael Videla morreu com diarreia, no vaso sanitário de sua cela e não há general argentino que não saiba disso. Os chilenos viram o general Augusto Pinochet passar seus últimos anos fugindo dum mandado de prisão. Nós escolhemos, ativamente, não lembrar. Vivemos hoje as consequências disso.

O que argentinos e chilenos fizeram foi um exercício ativo de lembrança. Da Praça de Maio sempre com suas mães, hoje já bisavós, com o lenço branco. Do Museu da Memória que toda criança chilena visita em Santiago. A lembrança do que foi a ditadura é um esforço cívico e um dever do Estado.

Aqui, todo 31 de março é a mesma coisa. Passamos semanas discutindo se os quartéis vão celebrar a instauração da ditadura. Ainda hoje as Forças Armadas não tratam o que fizeram pelo que foi: golpe. A ruptura da Constituição. A interrupção da Democracia e a instauração de uma ditadura.

Se um general pode elogiar um golpe, se pode discutir a interpretação da história, é porque o Estado concorda que há debate. As Forças são do Estado. E chegamos ao ponto em que o presidente da República que foi vítima duma nova tentativa de golpe escolhe não lembrar.

A escolha de não lembrar, a escolha de não tratar com clareza a coisa pelos seu nome, é o que faz acontecer de novo. Como aconteceu.

Esta é minha última coluna. Por ora. Não é a primeira vez que encerro um ciclo nas páginas do jornal, torço para que não seja a última. Calhou de acontecer justamente nos 60 anos do golpe. Este jornal, O Estado de S. Paulo, tem uma história heroica de resistência a ditaduras. Não só a última, dos atos institucionais e seus generais, mas também a do Estado Novo. Também a de Floriano. Este jornal nunca teve medo de acusar presidentes autoritários nos períodos democráticos, como Artur Bernardes ou Jair Bolsonaro. Quase um século e meio passado de sua fundação, este é um jornal que consistentemente pode dizer que trabalhou pela Democracia Liberal. Não é pouco. Ter o nome escrito com regularidade em suas páginas é motivo de orgulho para qualquer jornalista. Então, a meus colegas, e a vocês leitores, fica não um adeus. Só um até logo ;-)

O golpe de 1964 não é passado. Não é um ponto distante na história que olhamos com enfado escolar. A ditadura está ainda e viva e pulsando, hoje, no Brasil. Está nas ruas. Não faz nem dois anos, quatro generais de Exército e um almirante de Esquadra se sentiram confortáveis o suficiente para planejar um novo golpe militar. Um golpe que impedisse que o candidato eleito se tornasse presidente. Pois aquele presidente, o nosso atual presidente, inacreditavelmente decidiu que o governo não deve lembrar do golpe.

Lula não entendeu nada.

Golpe de 1964 ressoa ainda hoje no Brasil, evidenciando a necessidade urgente de recordação histórica diante da negação oficial Foto: Wilton Junior/Estadão

No auge da crise argentina, não se viu movimentação nas Forças Armadas do país. Os militares tampouco se mexeram quando o Chile encheu de gente nas ruas em protestos violentos. Não é por acidente. O general Jorge Rafael Videla morreu com diarreia, no vaso sanitário de sua cela e não há general argentino que não saiba disso. Os chilenos viram o general Augusto Pinochet passar seus últimos anos fugindo dum mandado de prisão. Nós escolhemos, ativamente, não lembrar. Vivemos hoje as consequências disso.

O que argentinos e chilenos fizeram foi um exercício ativo de lembrança. Da Praça de Maio sempre com suas mães, hoje já bisavós, com o lenço branco. Do Museu da Memória que toda criança chilena visita em Santiago. A lembrança do que foi a ditadura é um esforço cívico e um dever do Estado.

Aqui, todo 31 de março é a mesma coisa. Passamos semanas discutindo se os quartéis vão celebrar a instauração da ditadura. Ainda hoje as Forças Armadas não tratam o que fizeram pelo que foi: golpe. A ruptura da Constituição. A interrupção da Democracia e a instauração de uma ditadura.

Se um general pode elogiar um golpe, se pode discutir a interpretação da história, é porque o Estado concorda que há debate. As Forças são do Estado. E chegamos ao ponto em que o presidente da República que foi vítima duma nova tentativa de golpe escolhe não lembrar.

A escolha de não lembrar, a escolha de não tratar com clareza a coisa pelos seu nome, é o que faz acontecer de novo. Como aconteceu.

Esta é minha última coluna. Por ora. Não é a primeira vez que encerro um ciclo nas páginas do jornal, torço para que não seja a última. Calhou de acontecer justamente nos 60 anos do golpe. Este jornal, O Estado de S. Paulo, tem uma história heroica de resistência a ditaduras. Não só a última, dos atos institucionais e seus generais, mas também a do Estado Novo. Também a de Floriano. Este jornal nunca teve medo de acusar presidentes autoritários nos períodos democráticos, como Artur Bernardes ou Jair Bolsonaro. Quase um século e meio passado de sua fundação, este é um jornal que consistentemente pode dizer que trabalhou pela Democracia Liberal. Não é pouco. Ter o nome escrito com regularidade em suas páginas é motivo de orgulho para qualquer jornalista. Então, a meus colegas, e a vocês leitores, fica não um adeus. Só um até logo ;-)

O golpe de 1964 não é passado. Não é um ponto distante na história que olhamos com enfado escolar. A ditadura está ainda e viva e pulsando, hoje, no Brasil. Está nas ruas. Não faz nem dois anos, quatro generais de Exército e um almirante de Esquadra se sentiram confortáveis o suficiente para planejar um novo golpe militar. Um golpe que impedisse que o candidato eleito se tornasse presidente. Pois aquele presidente, o nosso atual presidente, inacreditavelmente decidiu que o governo não deve lembrar do golpe.

Lula não entendeu nada.

Golpe de 1964 ressoa ainda hoje no Brasil, evidenciando a necessidade urgente de recordação histórica diante da negação oficial Foto: Wilton Junior/Estadão

No auge da crise argentina, não se viu movimentação nas Forças Armadas do país. Os militares tampouco se mexeram quando o Chile encheu de gente nas ruas em protestos violentos. Não é por acidente. O general Jorge Rafael Videla morreu com diarreia, no vaso sanitário de sua cela e não há general argentino que não saiba disso. Os chilenos viram o general Augusto Pinochet passar seus últimos anos fugindo dum mandado de prisão. Nós escolhemos, ativamente, não lembrar. Vivemos hoje as consequências disso.

O que argentinos e chilenos fizeram foi um exercício ativo de lembrança. Da Praça de Maio sempre com suas mães, hoje já bisavós, com o lenço branco. Do Museu da Memória que toda criança chilena visita em Santiago. A lembrança do que foi a ditadura é um esforço cívico e um dever do Estado.

Aqui, todo 31 de março é a mesma coisa. Passamos semanas discutindo se os quartéis vão celebrar a instauração da ditadura. Ainda hoje as Forças Armadas não tratam o que fizeram pelo que foi: golpe. A ruptura da Constituição. A interrupção da Democracia e a instauração de uma ditadura.

Se um general pode elogiar um golpe, se pode discutir a interpretação da história, é porque o Estado concorda que há debate. As Forças são do Estado. E chegamos ao ponto em que o presidente da República que foi vítima duma nova tentativa de golpe escolhe não lembrar.

A escolha de não lembrar, a escolha de não tratar com clareza a coisa pelos seu nome, é o que faz acontecer de novo. Como aconteceu.

Esta é minha última coluna. Por ora. Não é a primeira vez que encerro um ciclo nas páginas do jornal, torço para que não seja a última. Calhou de acontecer justamente nos 60 anos do golpe. Este jornal, O Estado de S. Paulo, tem uma história heroica de resistência a ditaduras. Não só a última, dos atos institucionais e seus generais, mas também a do Estado Novo. Também a de Floriano. Este jornal nunca teve medo de acusar presidentes autoritários nos períodos democráticos, como Artur Bernardes ou Jair Bolsonaro. Quase um século e meio passado de sua fundação, este é um jornal que consistentemente pode dizer que trabalhou pela Democracia Liberal. Não é pouco. Ter o nome escrito com regularidade em suas páginas é motivo de orgulho para qualquer jornalista. Então, a meus colegas, e a vocês leitores, fica não um adeus. Só um até logo ;-)

Opinião por Pedro Doria

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