Não são os suspeitos habituais que realmente influenciam os evangélicos do Brasil pelas redes. Mesmo que tenham uma quantidade imensa de seguidores, quando se vê as interligações de perto salta aos olhos: Silas Malafaia, Marco Feliciano ou o deputado Nikolas Ferreira não são nem de perto os influenciadores mais relevantes dessa comunidade. Muita gente é mais importante. Vai além: os nomes mais importantes são mulheres. Esta é a descoberta do estudo Radar Evangélico tornado público ontem pela consultoria Nosotros, chefiada pelo antropólogo Juliano Spyer.
O número de seguidores pode ser uma métrica que atrai publicidade e enche os olhos, mas não indica de fato poder de influência. Ter muito seguidor não quer dizer nem que todos estejam recebendo aquele conteúdo e nem, principalmente, que os outros influenciadores grandes estejam sendo impactados. Numa rede, influenciadores que estão conectados a muitos outros influenciadores se tornam vozes mais respeitadas, por exemplo, e portanto mais amplificadas.
Alcântara: o desastre espacial brasileiro
O Radar separa em quatro grupos as pessoas com perfis muito grandes nas redes. O primeiro é o dos megainfluenciadores — justamente aqueles que têm maior impacto sobre outros influenciadores evangélicos. Uma das características dessa turma é de que são mais diplomáticos, evitam conflitos com os outros. Eyshila Santos encabeça esta lista. Ela é pastora e cantora, como pastores e cantores são os números dois e três — Anderson Freire e Midiam Lima.
O segundo grupo tem uma característica distinta, quase oposta. São os megaisolados. São contestadores, têm opiniões fortes. Podem não alcançar tanta gente, mas formam nichos que os seguem com muita atenção. A cantora Priscilla Alcântara, o bispo Bruno Leonardo e o pastor Antonio Junior estão neste pódio.
Aí há os fura-bolhas, aqueles que conseguem chegar a muitos nichos simultaneamente. O campeão desse grupo se destaca de uma forma diferente, também. É que, diferentemente dos outros grupos, o primeiro tem larga vantagem sobre os números dois e três. Deive Leonardo, um youtubber popular, é talvez quem toque em mais conjuntos distintos de evangélicos como nenhum outro. O pastor André Valadão e o deputado federal Nikolas Ferreira são distantes segundo e terceiro.
Por fim estão os que os pesquisadores caracterizam como líderes de turma — afinal, são mesmo os nomes principais de conjuntos extensos e sólidos de influenciadores e seguidores que se conectam uns aos outros. O pastor Antonio Junior, os cantores Kemilly Santos e Fernandinho são os principais nomes.
Nomes que, fora do mundo evangélico, em sua maioria são desconhecidos. E, no entanto, nomes não apenas célebres como capazes de mover opiniões e ter impacto na vida de dezenas de milhões de brasileiros.