Jornalista, escritor e palestrante. Escreve às quintas

Opinião|Redes sociais passam por transformações que devem mudar nossa relação com a internet


É impossível dizer como devem ser as plataformas do futuro, mas é certo dizer que não vão ser como as de antes

Por Pedro Doria

Uma série de transformações podem vir a mudar por completo nossa relação com as redes sociais. Por um lado, há um movimento coletivo do Vale do Silício de se distanciar do jornalismo. Em paralelo, há outro movimento silencioso — o das pessoas se retraindo mais. Se mostrando menos. Some-se à proliferação de novas redes, uma fragmentação generalizada de plataformas. Há algo novo no ar.

A proposta inicial era de aproximar a todos: quem juntasse a maior quantidade de pessoas tenderia a vencer o jogo. Ou seja, a rede ideal seria aquela onde amigos do tempo da escola ou faculdade, colegas de trabalho, conhecidos do clube, torcedores de um mesmo time, todos se encontrariam. De alguma forma houve uma vencedora desta corrida. O Facebook.

Mas a busca por um modelo de negócios que sustentasse a estrutura terminou por derrubar o conceito inicial. Afinal, a ideia de um lugar onde todos se encontram teve de ceder espaço à de promoção artificial de engajamento para vender publicidade. Foi em 2012 — é quando algoritmos de inteligência artificial assumiram as rédeas de Facebook e Twitter. Esse editor digital tem o trabalho de descobrir o que deixa a todos ligados, aquilo que gera ansiedade de voltar e, em essência, manipula emocionalmente para expor publicidade.

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Com o tempo, o ambiente se tornou desagradável. Ao distribuir para milhões conteúdos inflamáveis e esconder tanto aquilo que não desperta emoções fortes, o convívio cotidiano nas redes ficou desagradável para mais e mais pessoas.

As redes são cada vez menos sociais, cada vez mais de entretenimento

Não foi só por causa do algoritmo. Conversar o tempo todo com o mundo não é natural. Nunca na história estivemos em assembleia permanente, convocados a opinar sobre assuntos de toda sorte. A soma de tudo trouxe dois resultados. O primeiro é um grupo de usuários que publica disciplinadamente, com o intuito de transformar a presença digital em renda. O segundo é o de que todo o resto está cada vez mais tímido, mais ausente. Perfis fechados tornam-se comuns. As redes são cada vez menos sociais, cada vez mais de entretenimento.

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Estresse nas plataformas levou a uma onda de concorrência. Primeiro, de TikTok e Kwai. Depois, nas redes de texto, de BlueSky, Mastodon e finalmente Threads. A proliferação está lentamente gerando redes parecidas frequentadas por públicos diferentes. Há fragmentação do espaço.

Legislação que obriga plataformas digitais a pagarem pelo jornalismo que publicam foi o incentivo final para que o Vale do Silício tomasse a decisão de se afastar do ramo das notícias. Entre os executivos, parte da esperança é de que o ambiente desestresse. Mas será preciso convencer as pessoas a conversarem sobre temas não relacionados ao que ocorre no dia a dia.

Ainda é impossível dizer que ambiente ficará. Mas as redes como ficarão não são como as do tempo da sua avó.

Uma série de transformações podem vir a mudar por completo nossa relação com as redes sociais. Por um lado, há um movimento coletivo do Vale do Silício de se distanciar do jornalismo. Em paralelo, há outro movimento silencioso — o das pessoas se retraindo mais. Se mostrando menos. Some-se à proliferação de novas redes, uma fragmentação generalizada de plataformas. Há algo novo no ar.

A proposta inicial era de aproximar a todos: quem juntasse a maior quantidade de pessoas tenderia a vencer o jogo. Ou seja, a rede ideal seria aquela onde amigos do tempo da escola ou faculdade, colegas de trabalho, conhecidos do clube, torcedores de um mesmo time, todos se encontrariam. De alguma forma houve uma vencedora desta corrida. O Facebook.

Mas a busca por um modelo de negócios que sustentasse a estrutura terminou por derrubar o conceito inicial. Afinal, a ideia de um lugar onde todos se encontram teve de ceder espaço à de promoção artificial de engajamento para vender publicidade. Foi em 2012 — é quando algoritmos de inteligência artificial assumiram as rédeas de Facebook e Twitter. Esse editor digital tem o trabalho de descobrir o que deixa a todos ligados, aquilo que gera ansiedade de voltar e, em essência, manipula emocionalmente para expor publicidade.

Com o tempo, o ambiente se tornou desagradável. Ao distribuir para milhões conteúdos inflamáveis e esconder tanto aquilo que não desperta emoções fortes, o convívio cotidiano nas redes ficou desagradável para mais e mais pessoas.

As redes são cada vez menos sociais, cada vez mais de entretenimento

Não foi só por causa do algoritmo. Conversar o tempo todo com o mundo não é natural. Nunca na história estivemos em assembleia permanente, convocados a opinar sobre assuntos de toda sorte. A soma de tudo trouxe dois resultados. O primeiro é um grupo de usuários que publica disciplinadamente, com o intuito de transformar a presença digital em renda. O segundo é o de que todo o resto está cada vez mais tímido, mais ausente. Perfis fechados tornam-se comuns. As redes são cada vez menos sociais, cada vez mais de entretenimento.

Estresse nas plataformas levou a uma onda de concorrência. Primeiro, de TikTok e Kwai. Depois, nas redes de texto, de BlueSky, Mastodon e finalmente Threads. A proliferação está lentamente gerando redes parecidas frequentadas por públicos diferentes. Há fragmentação do espaço.

Legislação que obriga plataformas digitais a pagarem pelo jornalismo que publicam foi o incentivo final para que o Vale do Silício tomasse a decisão de se afastar do ramo das notícias. Entre os executivos, parte da esperança é de que o ambiente desestresse. Mas será preciso convencer as pessoas a conversarem sobre temas não relacionados ao que ocorre no dia a dia.

Ainda é impossível dizer que ambiente ficará. Mas as redes como ficarão não são como as do tempo da sua avó.

Uma série de transformações podem vir a mudar por completo nossa relação com as redes sociais. Por um lado, há um movimento coletivo do Vale do Silício de se distanciar do jornalismo. Em paralelo, há outro movimento silencioso — o das pessoas se retraindo mais. Se mostrando menos. Some-se à proliferação de novas redes, uma fragmentação generalizada de plataformas. Há algo novo no ar.

A proposta inicial era de aproximar a todos: quem juntasse a maior quantidade de pessoas tenderia a vencer o jogo. Ou seja, a rede ideal seria aquela onde amigos do tempo da escola ou faculdade, colegas de trabalho, conhecidos do clube, torcedores de um mesmo time, todos se encontrariam. De alguma forma houve uma vencedora desta corrida. O Facebook.

Mas a busca por um modelo de negócios que sustentasse a estrutura terminou por derrubar o conceito inicial. Afinal, a ideia de um lugar onde todos se encontram teve de ceder espaço à de promoção artificial de engajamento para vender publicidade. Foi em 2012 — é quando algoritmos de inteligência artificial assumiram as rédeas de Facebook e Twitter. Esse editor digital tem o trabalho de descobrir o que deixa a todos ligados, aquilo que gera ansiedade de voltar e, em essência, manipula emocionalmente para expor publicidade.

Com o tempo, o ambiente se tornou desagradável. Ao distribuir para milhões conteúdos inflamáveis e esconder tanto aquilo que não desperta emoções fortes, o convívio cotidiano nas redes ficou desagradável para mais e mais pessoas.

As redes são cada vez menos sociais, cada vez mais de entretenimento

Não foi só por causa do algoritmo. Conversar o tempo todo com o mundo não é natural. Nunca na história estivemos em assembleia permanente, convocados a opinar sobre assuntos de toda sorte. A soma de tudo trouxe dois resultados. O primeiro é um grupo de usuários que publica disciplinadamente, com o intuito de transformar a presença digital em renda. O segundo é o de que todo o resto está cada vez mais tímido, mais ausente. Perfis fechados tornam-se comuns. As redes são cada vez menos sociais, cada vez mais de entretenimento.

Estresse nas plataformas levou a uma onda de concorrência. Primeiro, de TikTok e Kwai. Depois, nas redes de texto, de BlueSky, Mastodon e finalmente Threads. A proliferação está lentamente gerando redes parecidas frequentadas por públicos diferentes. Há fragmentação do espaço.

Legislação que obriga plataformas digitais a pagarem pelo jornalismo que publicam foi o incentivo final para que o Vale do Silício tomasse a decisão de se afastar do ramo das notícias. Entre os executivos, parte da esperança é de que o ambiente desestresse. Mas será preciso convencer as pessoas a conversarem sobre temas não relacionados ao que ocorre no dia a dia.

Ainda é impossível dizer que ambiente ficará. Mas as redes como ficarão não são como as do tempo da sua avó.

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