Jornalista, escritor e palestrante. Escreve às quintas

Opinião|Sora, da OpenAI, vai mudar o cinema e Hollywood para sempre


Gerador de vídeos realistas vai mudar como obras no audiovisual podem ser feitas; criatividade, no entanto, vai continuar vindo de humanos

Por Pedro Doria

Há coisa de dez dias, a OpenAI anunciou Sora, uma inteligência artificial (IA) para gerar vídeos. Veja exemplos aqui.

A ferramenta ainda não foi aberta ao público, os engenheiros estão trabalhando para fazer o “alinhamento”. É o termo usado no mundo da IA para a colocação dos diversos filtros para que os sistemas se comportem dentro de certos parâmetros. É para que não saia sendo racista, não gere pornografia ou seja lá que limites eles compreendam ser necessários. Coisa de meses para a nova ferramenta estar à disposição de todo mundo. E ainda não caiu a ficha para muita gente: o audiovisual nunca mais será o mesmo.

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Sora funciona com prompts. Ou seja, a gente imagina uma cena, descreve em um parágrafo, manda para o computador. A resposta é um vídeo. Se ninguém avisar que aquilo é 100% sintético, engana. Parecem atores, parece cidade, floresta, mar, não importa o cenário. Tudo que pode ser descrito numa frase poderá ser vídeo realista.

Sora nasce com alguns usos diferentes. Um deles é este inicial — da frase para o vídeo. Mas não só. Quem quiser pode enviar uma fotografia, descrever a cena que deseja, e aquela fotografia vira o quadro inicial do vídeo produzido. Quem preferir pode enviar um vídeo e pedir à IA que o estenda por mais um minuto. “Depois que meu filho chuta a bola, por favor leve a bola ao gol do Maracanã.” O algoritmo pode, inclusive, interferir num vídeo. “Substitua o cabo de vassoura por um sabre de luz vermelho, no estilo Darth Vader.”

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Não faz um ano que se abriu, em Hollywood, a greve de roteiristas e atores, querendo um aumento e garantias de que seu trabalho não será substituído por IAs. Talvez não seja até o final de 2024, mas é difícil imaginar que a década chegue à segunda metade sem que assistamos a um filme inteiramente produzido por inteligência artificial. Porque efeitos especiais, grandes cenários, tomadas complexas que exijam trilhos, gruas, drones ou o que for, tudo isso se tornou desnecessário.

O primeiro filme realizado com IA dificilmente vai dispensar atores e um bom roteirista. A história por contar, e como conta-la, ainda exigirá por um bom tempo a criatividade humana. Qualidade de interpretação também não vai vir de software. Não tão cedo. Mas alguém com uma história na cabeça, uns amigos estudantes de intepretação e um smartphone na mão poderá filmar com qualidade suficiente para que Sora, ou ferramenta similar, dê o acabamento que for desejado.

O problema de chamar essas ferramentas de ‘inteligência’ é que isto dá a ilusão de que pode vir criatividade dali. Não virá

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IAs são alimentadas com a produção da humanidade. Elas copiam, copiam magistralmente, copiam com uma sofisticação que sequer poderíamos imaginar ver apenas cinco anos atrás. Mas copiam, apenas copiam, não criam. O problema de chama-las “inteligência” é que isto dá a ilusão de que pode vir criatividade dali. Não virá. Ao construir uma história inteira, produzirá sempre pastiches, entregará clichês.

A capacidade de criar ainda será por um tempo o último bastião da humanidade.

Há coisa de dez dias, a OpenAI anunciou Sora, uma inteligência artificial (IA) para gerar vídeos. Veja exemplos aqui.

A ferramenta ainda não foi aberta ao público, os engenheiros estão trabalhando para fazer o “alinhamento”. É o termo usado no mundo da IA para a colocação dos diversos filtros para que os sistemas se comportem dentro de certos parâmetros. É para que não saia sendo racista, não gere pornografia ou seja lá que limites eles compreendam ser necessários. Coisa de meses para a nova ferramenta estar à disposição de todo mundo. E ainda não caiu a ficha para muita gente: o audiovisual nunca mais será o mesmo.

Sora funciona com prompts. Ou seja, a gente imagina uma cena, descreve em um parágrafo, manda para o computador. A resposta é um vídeo. Se ninguém avisar que aquilo é 100% sintético, engana. Parecem atores, parece cidade, floresta, mar, não importa o cenário. Tudo que pode ser descrito numa frase poderá ser vídeo realista.

Sora nasce com alguns usos diferentes. Um deles é este inicial — da frase para o vídeo. Mas não só. Quem quiser pode enviar uma fotografia, descrever a cena que deseja, e aquela fotografia vira o quadro inicial do vídeo produzido. Quem preferir pode enviar um vídeo e pedir à IA que o estenda por mais um minuto. “Depois que meu filho chuta a bola, por favor leve a bola ao gol do Maracanã.” O algoritmo pode, inclusive, interferir num vídeo. “Substitua o cabo de vassoura por um sabre de luz vermelho, no estilo Darth Vader.”

Não faz um ano que se abriu, em Hollywood, a greve de roteiristas e atores, querendo um aumento e garantias de que seu trabalho não será substituído por IAs. Talvez não seja até o final de 2024, mas é difícil imaginar que a década chegue à segunda metade sem que assistamos a um filme inteiramente produzido por inteligência artificial. Porque efeitos especiais, grandes cenários, tomadas complexas que exijam trilhos, gruas, drones ou o que for, tudo isso se tornou desnecessário.

O primeiro filme realizado com IA dificilmente vai dispensar atores e um bom roteirista. A história por contar, e como conta-la, ainda exigirá por um bom tempo a criatividade humana. Qualidade de interpretação também não vai vir de software. Não tão cedo. Mas alguém com uma história na cabeça, uns amigos estudantes de intepretação e um smartphone na mão poderá filmar com qualidade suficiente para que Sora, ou ferramenta similar, dê o acabamento que for desejado.

O problema de chamar essas ferramentas de ‘inteligência’ é que isto dá a ilusão de que pode vir criatividade dali. Não virá

IAs são alimentadas com a produção da humanidade. Elas copiam, copiam magistralmente, copiam com uma sofisticação que sequer poderíamos imaginar ver apenas cinco anos atrás. Mas copiam, apenas copiam, não criam. O problema de chama-las “inteligência” é que isto dá a ilusão de que pode vir criatividade dali. Não virá. Ao construir uma história inteira, produzirá sempre pastiches, entregará clichês.

A capacidade de criar ainda será por um tempo o último bastião da humanidade.

Há coisa de dez dias, a OpenAI anunciou Sora, uma inteligência artificial (IA) para gerar vídeos. Veja exemplos aqui.

A ferramenta ainda não foi aberta ao público, os engenheiros estão trabalhando para fazer o “alinhamento”. É o termo usado no mundo da IA para a colocação dos diversos filtros para que os sistemas se comportem dentro de certos parâmetros. É para que não saia sendo racista, não gere pornografia ou seja lá que limites eles compreendam ser necessários. Coisa de meses para a nova ferramenta estar à disposição de todo mundo. E ainda não caiu a ficha para muita gente: o audiovisual nunca mais será o mesmo.

Sora funciona com prompts. Ou seja, a gente imagina uma cena, descreve em um parágrafo, manda para o computador. A resposta é um vídeo. Se ninguém avisar que aquilo é 100% sintético, engana. Parecem atores, parece cidade, floresta, mar, não importa o cenário. Tudo que pode ser descrito numa frase poderá ser vídeo realista.

Sora nasce com alguns usos diferentes. Um deles é este inicial — da frase para o vídeo. Mas não só. Quem quiser pode enviar uma fotografia, descrever a cena que deseja, e aquela fotografia vira o quadro inicial do vídeo produzido. Quem preferir pode enviar um vídeo e pedir à IA que o estenda por mais um minuto. “Depois que meu filho chuta a bola, por favor leve a bola ao gol do Maracanã.” O algoritmo pode, inclusive, interferir num vídeo. “Substitua o cabo de vassoura por um sabre de luz vermelho, no estilo Darth Vader.”

Não faz um ano que se abriu, em Hollywood, a greve de roteiristas e atores, querendo um aumento e garantias de que seu trabalho não será substituído por IAs. Talvez não seja até o final de 2024, mas é difícil imaginar que a década chegue à segunda metade sem que assistamos a um filme inteiramente produzido por inteligência artificial. Porque efeitos especiais, grandes cenários, tomadas complexas que exijam trilhos, gruas, drones ou o que for, tudo isso se tornou desnecessário.

O primeiro filme realizado com IA dificilmente vai dispensar atores e um bom roteirista. A história por contar, e como conta-la, ainda exigirá por um bom tempo a criatividade humana. Qualidade de interpretação também não vai vir de software. Não tão cedo. Mas alguém com uma história na cabeça, uns amigos estudantes de intepretação e um smartphone na mão poderá filmar com qualidade suficiente para que Sora, ou ferramenta similar, dê o acabamento que for desejado.

O problema de chamar essas ferramentas de ‘inteligência’ é que isto dá a ilusão de que pode vir criatividade dali. Não virá

IAs são alimentadas com a produção da humanidade. Elas copiam, copiam magistralmente, copiam com uma sofisticação que sequer poderíamos imaginar ver apenas cinco anos atrás. Mas copiam, apenas copiam, não criam. O problema de chama-las “inteligência” é que isto dá a ilusão de que pode vir criatividade dali. Não virá. Ao construir uma história inteira, produzirá sempre pastiches, entregará clichês.

A capacidade de criar ainda será por um tempo o último bastião da humanidade.

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