Jornalista, escritor e palestrante. Escreve às quintas

Opinião|Tribunais das redes sociais condenaram os alunos de medicina da Unisa


Foi a indignação pós-viralização nas plataformas que castigou a nudez do grupo de rapazes

Por Pedro Doria

Em abril deste ano, após uma partida de vôlei feminino de estudantes de Medicina da Universidade Santo Amaro e do Centro Universitário São Camilo, um grupo de rapazes atravessou a quadra com as bermudas abaixadas desengonçadamente lhes travando o movimento das pernas. Foi capturado um vídeo deste momento. Publicado nas redes sociais no último domingo, com a denúncia de que seria o flagrante de um ato de masturbação coletiva, provocou ação imediata da reitoria da Unisa e a expulsão, até agora, de sete alunos.

Dois pontos são importantes demarcarmos de saída. Não foi a corrida desengonçada, um quê ridícula, com as bermudas pelas pernas que provocou a expulsão. Foi a indignação pós-viralização nas redes. Seja lá o que ocorreu em abril, no ginásio da universidade, em evento público, não houve no campus qualquer comoção que fizesse levantar sequer a possibilidade de punição — quanto mais a pior delas. Expulsão. O segundo ponto é talvez até mais importante. As redes denunciavam masturbação coletiva. Não há evidência clara disso. E nenhuma testemunha ouvida desde domingo corroborou que tenha havido qualquer ato sexual.

Resta lidar com o que significa uns dez rapazes atravessarem nus uma quadra após um evento esportivo feminino. O ato, por si, parece gratuito. Pode perfeitamente ser lido como de agressão, de importunação sexual, de homens que impõe seus corpos a mulheres. E o vídeo visto solitário, sem qualquer contexto, poderia sustentar mesmo esta leitura.

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Jogo entre Unisa x São Camilo pelo CaloMed, em São Carlos Foto: Reprodução

Desde então pelo menos outros dois vídeos do dia apareceram. Em um deles, rapazes e moças aparecem virando as costas e abaixando suas bermudas. No outro, rapazes e moças estão deitados na quadra enquanto uma moça, sua bermuda devidamente abaixada, vai ficando de cócoras em cima do rosto de um a um. Alguém faz escorrer por suas costas e bunda um líquido que as pessoas deitadas bebem.

Entre os depoimentos colhidos, alguns saltam aos olhos. De acordo com alguns dos estudantes, esses momentos de nudez fazem parte do ritual de diversas escolas de Medicina em São Paulo. Segundo outro, faz parte do trote da Atlética de Medicina fazer com que os alunos atravessem nus e em público a quadra. Sem este ritual, não podem pertencer à organização.

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Se isto for verdade, a situação se inverte por completo. Eles foram coagidos.

O ambiente universitário, entre centros acadêmicos e organizações atléticas, é frequentemente misógino. Canções misóginas foram cantadas naquele dia de abril. Ainda assim, houve um julgamento sumário nas redes que levou uma instituição acadêmica a um instante de pânico moral que terminou com a expulsão de sete estudantes. É o tipo da punição não apenas extrema como que pode definir por completo a vida de alguém com 18, 19 anos.

É assim que queremos estabelecer o balanço moral da sociedade?

Em abril deste ano, após uma partida de vôlei feminino de estudantes de Medicina da Universidade Santo Amaro e do Centro Universitário São Camilo, um grupo de rapazes atravessou a quadra com as bermudas abaixadas desengonçadamente lhes travando o movimento das pernas. Foi capturado um vídeo deste momento. Publicado nas redes sociais no último domingo, com a denúncia de que seria o flagrante de um ato de masturbação coletiva, provocou ação imediata da reitoria da Unisa e a expulsão, até agora, de sete alunos.

Dois pontos são importantes demarcarmos de saída. Não foi a corrida desengonçada, um quê ridícula, com as bermudas pelas pernas que provocou a expulsão. Foi a indignação pós-viralização nas redes. Seja lá o que ocorreu em abril, no ginásio da universidade, em evento público, não houve no campus qualquer comoção que fizesse levantar sequer a possibilidade de punição — quanto mais a pior delas. Expulsão. O segundo ponto é talvez até mais importante. As redes denunciavam masturbação coletiva. Não há evidência clara disso. E nenhuma testemunha ouvida desde domingo corroborou que tenha havido qualquer ato sexual.

Resta lidar com o que significa uns dez rapazes atravessarem nus uma quadra após um evento esportivo feminino. O ato, por si, parece gratuito. Pode perfeitamente ser lido como de agressão, de importunação sexual, de homens que impõe seus corpos a mulheres. E o vídeo visto solitário, sem qualquer contexto, poderia sustentar mesmo esta leitura.

Jogo entre Unisa x São Camilo pelo CaloMed, em São Carlos Foto: Reprodução

Desde então pelo menos outros dois vídeos do dia apareceram. Em um deles, rapazes e moças aparecem virando as costas e abaixando suas bermudas. No outro, rapazes e moças estão deitados na quadra enquanto uma moça, sua bermuda devidamente abaixada, vai ficando de cócoras em cima do rosto de um a um. Alguém faz escorrer por suas costas e bunda um líquido que as pessoas deitadas bebem.

Entre os depoimentos colhidos, alguns saltam aos olhos. De acordo com alguns dos estudantes, esses momentos de nudez fazem parte do ritual de diversas escolas de Medicina em São Paulo. Segundo outro, faz parte do trote da Atlética de Medicina fazer com que os alunos atravessem nus e em público a quadra. Sem este ritual, não podem pertencer à organização.

Se isto for verdade, a situação se inverte por completo. Eles foram coagidos.

O ambiente universitário, entre centros acadêmicos e organizações atléticas, é frequentemente misógino. Canções misóginas foram cantadas naquele dia de abril. Ainda assim, houve um julgamento sumário nas redes que levou uma instituição acadêmica a um instante de pânico moral que terminou com a expulsão de sete estudantes. É o tipo da punição não apenas extrema como que pode definir por completo a vida de alguém com 18, 19 anos.

É assim que queremos estabelecer o balanço moral da sociedade?

Em abril deste ano, após uma partida de vôlei feminino de estudantes de Medicina da Universidade Santo Amaro e do Centro Universitário São Camilo, um grupo de rapazes atravessou a quadra com as bermudas abaixadas desengonçadamente lhes travando o movimento das pernas. Foi capturado um vídeo deste momento. Publicado nas redes sociais no último domingo, com a denúncia de que seria o flagrante de um ato de masturbação coletiva, provocou ação imediata da reitoria da Unisa e a expulsão, até agora, de sete alunos.

Dois pontos são importantes demarcarmos de saída. Não foi a corrida desengonçada, um quê ridícula, com as bermudas pelas pernas que provocou a expulsão. Foi a indignação pós-viralização nas redes. Seja lá o que ocorreu em abril, no ginásio da universidade, em evento público, não houve no campus qualquer comoção que fizesse levantar sequer a possibilidade de punição — quanto mais a pior delas. Expulsão. O segundo ponto é talvez até mais importante. As redes denunciavam masturbação coletiva. Não há evidência clara disso. E nenhuma testemunha ouvida desde domingo corroborou que tenha havido qualquer ato sexual.

Resta lidar com o que significa uns dez rapazes atravessarem nus uma quadra após um evento esportivo feminino. O ato, por si, parece gratuito. Pode perfeitamente ser lido como de agressão, de importunação sexual, de homens que impõe seus corpos a mulheres. E o vídeo visto solitário, sem qualquer contexto, poderia sustentar mesmo esta leitura.

Jogo entre Unisa x São Camilo pelo CaloMed, em São Carlos Foto: Reprodução

Desde então pelo menos outros dois vídeos do dia apareceram. Em um deles, rapazes e moças aparecem virando as costas e abaixando suas bermudas. No outro, rapazes e moças estão deitados na quadra enquanto uma moça, sua bermuda devidamente abaixada, vai ficando de cócoras em cima do rosto de um a um. Alguém faz escorrer por suas costas e bunda um líquido que as pessoas deitadas bebem.

Entre os depoimentos colhidos, alguns saltam aos olhos. De acordo com alguns dos estudantes, esses momentos de nudez fazem parte do ritual de diversas escolas de Medicina em São Paulo. Segundo outro, faz parte do trote da Atlética de Medicina fazer com que os alunos atravessem nus e em público a quadra. Sem este ritual, não podem pertencer à organização.

Se isto for verdade, a situação se inverte por completo. Eles foram coagidos.

O ambiente universitário, entre centros acadêmicos e organizações atléticas, é frequentemente misógino. Canções misóginas foram cantadas naquele dia de abril. Ainda assim, houve um julgamento sumário nas redes que levou uma instituição acadêmica a um instante de pânico moral que terminou com a expulsão de sete estudantes. É o tipo da punição não apenas extrema como que pode definir por completo a vida de alguém com 18, 19 anos.

É assim que queremos estabelecer o balanço moral da sociedade?

Em abril deste ano, após uma partida de vôlei feminino de estudantes de Medicina da Universidade Santo Amaro e do Centro Universitário São Camilo, um grupo de rapazes atravessou a quadra com as bermudas abaixadas desengonçadamente lhes travando o movimento das pernas. Foi capturado um vídeo deste momento. Publicado nas redes sociais no último domingo, com a denúncia de que seria o flagrante de um ato de masturbação coletiva, provocou ação imediata da reitoria da Unisa e a expulsão, até agora, de sete alunos.

Dois pontos são importantes demarcarmos de saída. Não foi a corrida desengonçada, um quê ridícula, com as bermudas pelas pernas que provocou a expulsão. Foi a indignação pós-viralização nas redes. Seja lá o que ocorreu em abril, no ginásio da universidade, em evento público, não houve no campus qualquer comoção que fizesse levantar sequer a possibilidade de punição — quanto mais a pior delas. Expulsão. O segundo ponto é talvez até mais importante. As redes denunciavam masturbação coletiva. Não há evidência clara disso. E nenhuma testemunha ouvida desde domingo corroborou que tenha havido qualquer ato sexual.

Resta lidar com o que significa uns dez rapazes atravessarem nus uma quadra após um evento esportivo feminino. O ato, por si, parece gratuito. Pode perfeitamente ser lido como de agressão, de importunação sexual, de homens que impõe seus corpos a mulheres. E o vídeo visto solitário, sem qualquer contexto, poderia sustentar mesmo esta leitura.

Jogo entre Unisa x São Camilo pelo CaloMed, em São Carlos Foto: Reprodução

Desde então pelo menos outros dois vídeos do dia apareceram. Em um deles, rapazes e moças aparecem virando as costas e abaixando suas bermudas. No outro, rapazes e moças estão deitados na quadra enquanto uma moça, sua bermuda devidamente abaixada, vai ficando de cócoras em cima do rosto de um a um. Alguém faz escorrer por suas costas e bunda um líquido que as pessoas deitadas bebem.

Entre os depoimentos colhidos, alguns saltam aos olhos. De acordo com alguns dos estudantes, esses momentos de nudez fazem parte do ritual de diversas escolas de Medicina em São Paulo. Segundo outro, faz parte do trote da Atlética de Medicina fazer com que os alunos atravessem nus e em público a quadra. Sem este ritual, não podem pertencer à organização.

Se isto for verdade, a situação se inverte por completo. Eles foram coagidos.

O ambiente universitário, entre centros acadêmicos e organizações atléticas, é frequentemente misógino. Canções misóginas foram cantadas naquele dia de abril. Ainda assim, houve um julgamento sumário nas redes que levou uma instituição acadêmica a um instante de pânico moral que terminou com a expulsão de sete estudantes. É o tipo da punição não apenas extrema como que pode definir por completo a vida de alguém com 18, 19 anos.

É assim que queremos estabelecer o balanço moral da sociedade?

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