De demissões a verificação paga: veja os principais acontecimentos desde que Musk adquiriu o Twitter


Comprada pelo bilionário em outubro de 2022, a empresa viveu altos e baixos ao longo dos últimos meses

Por Rachel Lerman

O bilionário Elon Musk tem deixado sua marca como “Chief Twit” (chefe idiota), apelido dado por ele mesmo, durante os primeiros meses no comando do Twitter. Depois de visitar a sede da empresa carregando uma pia, ele demitiu funcionários, revogou a suspensão de contas polêmicas, lançou novos produtos e políticas e orquestrou uma reformulação no quadro de executivos de toda a empresa – tudo isso em apenas algumas semanas. E ele tem tentado cumprir as promessas feitas antes de comprar a plataforma para que ela seja uma “arena inclusiva para a liberdade de expressão”.

Musk publicou uma enquete no Twitter perguntando aos usuários se deveria deixar o cargo de CEO da plataforma e prometeu respeitar o resultado. Os usuários votaram majoritariamente que, sim, Musk deveria encontrar um sucessor.

Enquanto a liderança de longo prazo da empresa por ele permanece incerta, aqui está uma retrospectiva dos principais momentos do reinado breve e caótico de Musk.

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Elon Musk chegou ao Twitter com uma pia ("sink"), em um trocadilho em inglês que significa "deixe a ficha cair ("let that sink in")  Foto: AFP

1. Musk enxuga quadro de funcionários do Twitter e divulga decreto ‘hardcore’

Uma das primeiras medidas de Musk depois de adquirir a empresa por US$ 44 bilhões no final de outubro foi dar início a uma rodada de demissões. Ele tem encarado uma enorme pressão para reduzir despesas, tanto para cumprir promessas feitas aos investidores como para pagar cerca de US$ 1 bilhão em taxas de juros anuais.

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A enorme rodada de demissões cortou pela metade o quadro de funcionários de aproximadamente 7.500 pessoas do Twitter. Menos de duas semanas depois, ele deu um ultimato aos profissionais remanescentes: comprometer-se com um novo Twitter de forma “hardcore” ou receber uma indenização e deixar a empresa. Centenas de funcionários se recusaram a aceitar a proposta, deixando o Twitter com uma equipe quase insuficiente para operar e levando Musk a chamar os engenheiros restantes para uma reunião de última hora para avaliar suas habilidades.

Musk disse que o Twitter tinha um número muito grande de trabalhadores e focava demais na moderação de conteúdo, na segurança da plataforma, no desenvolvimento de produtos e no marketing. Ele também encurtou os cronogramas de projetos e acabou com o “dia do descanso”, uma folga remunerada a qual os funcionários tinham direito mensalmente.

2. Musk reativa conta de Trump e outras que haviam sido suspensas

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Em seu primeiro expediente completo como CEO do Twitter, Musk prometeu criar um conselho de orientação diversificado para tomar decisões sobre quais contas excluir e reativar.

“O Twitter obviamente não pode se tornar um cenário infernal onde vale tudo, qualquer coisa pode ser dita sem qualquer consequência!”, ele escreveu em uma carta aos anunciantes.

Em seguida, o Twitter suspendeu os usuários que mudaram seus nomes para fazer piadas com Musk, incluindo a da comediante Kathy Griffin. A conta dela foi reativada depois, assim como a do jornal satírico Babylon Bee e outra que havia sido suspensa anteriormente por violar as regras de “misgendering” (referir-se a alguém usando o gênero com o qual a pessoa não se identifica). Musk declarou que a nova política do Twitter dava “liberdade de expressão, mas não liberdade de alcance”.

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No mesmo dia, ele publicou uma enquete para saber se reativava ou não a conta do ex-presidente Donald Trump. Uma segunda enquete oferecia “anistia geral” a inúmeras outras contas suspensas.

“O povo decidiu”, escreveu Musk em um tuíte a respeito da enquete sobre Trump.

Os defensores da promessa de Musk de tornar o Twitter um espaço para a “liberdade de expressão” aplaudiram as decisões, mas grupos de direitos civis manifestaram a preocupação de que Musk estivesse reativando contas suspensas por incitar violência ou espalhar desinformação.

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3. Musk discute com a Apple e anunciantes

Após as demissões em massa e um incidente controverso no qual Musk compartilhou – e depois excluiu – uma publicação que apresentava informação equivocada a respeito do ataque violento ao marido da presidente da Câmara dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, grupos de direitos civis começaram a expressar preocupações com sua liderança.

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Dezenas dos principais anunciantes do Twitter interromperam suas publicidades no site durante as primeiras semanas após a aquisição de Musk. Uma análise do jornal americano Washington Post dos dados de marketing mostrou que um terço dos cem principais anunciantes do Twitter não havia divulgado anúncios na rede social nas duas semanas que terminaram em 22 de novembro.

“Nada mudou com a moderação de conteúdo e fizemos tudo o que podíamos para tranquilizar os ativistas”, tuitou Musk no início de novembro. “Extremamente confusos! Estão tentando destruir a liberdade de expressão nos EUA.”

Desde então, o Twitter dissolveu seu conselho de confiança e segurança, que orientava o site em como manter a plataforma segura. Funcionários disseram ao Post que as decisões de Musk mudaram consideravelmente a confiança interna e o trabalho de segurança.

Musk também entrou em conflito por um breve período com a Apple no final de novembro, dizendo que a empresa ameaçou bloquear a rede social de sua loja de aplicativos sem explicação e quase parou de anunciar no Twitter. Dois dias depois, Musk se reuniu com o CEO da Apple, Tim Cook, e disse que sua alegação de que a Apple havia ameaçado remover o Twitter da App Store era um equívoco.

4. Musk muda regras sobre informações de localização e suspende contas de jornalistas

O bilionário provocou uma reação negativa de veículos de imprensa e de defensores da liberdade de imprensa em dezembro, quando o Twitter suspendeu, do nada, as contas de vários jornalistas, inclusive alguns da CNN, do Post, do New York Times e de outros meios de comunicação, que cobriam ou tuitavam a respeito do CEO.

Isso aconteceu depois da suspensão da conta @ElonJet, que rastreava os voos do jato particular de Musk. O Twitter mudou repentinamente sua política para proibir o compartilhamento de “informações de localização em tempo real”, incluindo links para outros sites que registravam rotas de viagem ou outras informações. Musk citou preocupações com questões de segurança.

Ele havia dito anteriormente que não iria fazer nada em relação a conta de rastreamento de jatos, administrada por um universitário a partir de informações públicas, no Twitter. Musk publicou outra enquete no Twitter perguntando por quanto tempo deveria suspender as contas – embora alguns usuários sejam obrigados a excluir um tuíte antes de poder voltar a tuitar.

5. Musk divulga os ‘Twitter Files’

Musk promoveu com entusiasmo uma série de divulgações de documentos apelidados por ele de “Twitter Files”, que foram publicados no Twitter por um grupo de pessoas escolhidas a dedo.

Os documentos, compartilhados por meio de uma série de fios no Twitter, incluíam capturas de tela de e-mails e mensagens internas da empresa, mostravam ex-executivos do Twitter lutando contra as regras da empresa enquanto tomavam decisões relacionadas com suspensões de contas, monitoramento de conteúdo sobre covid-19, desinformação eleitoral e outros temas.

O material foi aclamado pelos apoiadores da agenda de “liberdade de expressão” de Musk e é considerado por alguns conservadores como prova de que o Twitter estava agindo de forma injusta. Mas as revelações, que foram anunciadas como uma bomba, não mostram novas pistas de que o governo dos EUA ou o Partido Democrata interferiram para censurar tuítes no período que antecedeu a eleição de 2020. Na verdade, as capturas de tela mostram funcionários do Twitter tentando interpretar novidades durante mudanças de cenários, às vezes revertendo suas decisões.

Musk foi criticado em outros incidentes por criticar publicamente funcionários do Twitter. Yoel Roth, ex-chefe de confiança e segurança da rede social, e a família foram obrigados a fugir de casa no início de dezembro depois que tuítes de Musk deturparam artigos acadêmicos de Roth sobre atividade sexual e crianças.

6. Musk lança assinatura para ter selinho azul no Twitter

Uma das primeiras ações do bilionário como CEO da plataforma foi promover o lançamento de um recurso do Twitter disponível por assinatura que permitiria aos usuários ter aquele selinho azul no perfil.

Os selos de verificação azuis eram dados anteriormente apenas às contas verificadas depois de o Twitter determinar que as identidades dos titulares das contas eram reais. Mas o novo serviço oferecido por Musk, o Twitter Blue, permitiria que qualquer pessoa pagasse US$ 8 e recebesse o selo azul.

O recurso foi interrompido um dia após ter sido lançado, depois do site ficar repleto de desinformação e de contas falsas. Foram criadas contas fingindo ser políticos, inclusive o presidente dos Estados Unidos Joe Biden e celebridades, assim como marcas anunciando notícias falsas.

Depois de várias semanas de desenvolvimento, a empresa lançou mais uma vez o recurso em dezembro, com algumas mudanças.

Cat Zakrzewski, Faiz Siddiqui, Jacob Bogage, Drew Harwell, Will Oremus, Taylor Lorenz, Naomi Nix e Jeremy Merrill contribuíram com esta reportagem./TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA

O bilionário Elon Musk tem deixado sua marca como “Chief Twit” (chefe idiota), apelido dado por ele mesmo, durante os primeiros meses no comando do Twitter. Depois de visitar a sede da empresa carregando uma pia, ele demitiu funcionários, revogou a suspensão de contas polêmicas, lançou novos produtos e políticas e orquestrou uma reformulação no quadro de executivos de toda a empresa – tudo isso em apenas algumas semanas. E ele tem tentado cumprir as promessas feitas antes de comprar a plataforma para que ela seja uma “arena inclusiva para a liberdade de expressão”.

Musk publicou uma enquete no Twitter perguntando aos usuários se deveria deixar o cargo de CEO da plataforma e prometeu respeitar o resultado. Os usuários votaram majoritariamente que, sim, Musk deveria encontrar um sucessor.

Enquanto a liderança de longo prazo da empresa por ele permanece incerta, aqui está uma retrospectiva dos principais momentos do reinado breve e caótico de Musk.

Elon Musk chegou ao Twitter com uma pia ("sink"), em um trocadilho em inglês que significa "deixe a ficha cair ("let that sink in")  Foto: AFP

1. Musk enxuga quadro de funcionários do Twitter e divulga decreto ‘hardcore’

Uma das primeiras medidas de Musk depois de adquirir a empresa por US$ 44 bilhões no final de outubro foi dar início a uma rodada de demissões. Ele tem encarado uma enorme pressão para reduzir despesas, tanto para cumprir promessas feitas aos investidores como para pagar cerca de US$ 1 bilhão em taxas de juros anuais.

A enorme rodada de demissões cortou pela metade o quadro de funcionários de aproximadamente 7.500 pessoas do Twitter. Menos de duas semanas depois, ele deu um ultimato aos profissionais remanescentes: comprometer-se com um novo Twitter de forma “hardcore” ou receber uma indenização e deixar a empresa. Centenas de funcionários se recusaram a aceitar a proposta, deixando o Twitter com uma equipe quase insuficiente para operar e levando Musk a chamar os engenheiros restantes para uma reunião de última hora para avaliar suas habilidades.

Musk disse que o Twitter tinha um número muito grande de trabalhadores e focava demais na moderação de conteúdo, na segurança da plataforma, no desenvolvimento de produtos e no marketing. Ele também encurtou os cronogramas de projetos e acabou com o “dia do descanso”, uma folga remunerada a qual os funcionários tinham direito mensalmente.

2. Musk reativa conta de Trump e outras que haviam sido suspensas

Em seu primeiro expediente completo como CEO do Twitter, Musk prometeu criar um conselho de orientação diversificado para tomar decisões sobre quais contas excluir e reativar.

“O Twitter obviamente não pode se tornar um cenário infernal onde vale tudo, qualquer coisa pode ser dita sem qualquer consequência!”, ele escreveu em uma carta aos anunciantes.

Em seguida, o Twitter suspendeu os usuários que mudaram seus nomes para fazer piadas com Musk, incluindo a da comediante Kathy Griffin. A conta dela foi reativada depois, assim como a do jornal satírico Babylon Bee e outra que havia sido suspensa anteriormente por violar as regras de “misgendering” (referir-se a alguém usando o gênero com o qual a pessoa não se identifica). Musk declarou que a nova política do Twitter dava “liberdade de expressão, mas não liberdade de alcance”.

No mesmo dia, ele publicou uma enquete para saber se reativava ou não a conta do ex-presidente Donald Trump. Uma segunda enquete oferecia “anistia geral” a inúmeras outras contas suspensas.

“O povo decidiu”, escreveu Musk em um tuíte a respeito da enquete sobre Trump.

Os defensores da promessa de Musk de tornar o Twitter um espaço para a “liberdade de expressão” aplaudiram as decisões, mas grupos de direitos civis manifestaram a preocupação de que Musk estivesse reativando contas suspensas por incitar violência ou espalhar desinformação.

3. Musk discute com a Apple e anunciantes

Após as demissões em massa e um incidente controverso no qual Musk compartilhou – e depois excluiu – uma publicação que apresentava informação equivocada a respeito do ataque violento ao marido da presidente da Câmara dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, grupos de direitos civis começaram a expressar preocupações com sua liderança.

Dezenas dos principais anunciantes do Twitter interromperam suas publicidades no site durante as primeiras semanas após a aquisição de Musk. Uma análise do jornal americano Washington Post dos dados de marketing mostrou que um terço dos cem principais anunciantes do Twitter não havia divulgado anúncios na rede social nas duas semanas que terminaram em 22 de novembro.

“Nada mudou com a moderação de conteúdo e fizemos tudo o que podíamos para tranquilizar os ativistas”, tuitou Musk no início de novembro. “Extremamente confusos! Estão tentando destruir a liberdade de expressão nos EUA.”

Desde então, o Twitter dissolveu seu conselho de confiança e segurança, que orientava o site em como manter a plataforma segura. Funcionários disseram ao Post que as decisões de Musk mudaram consideravelmente a confiança interna e o trabalho de segurança.

Musk também entrou em conflito por um breve período com a Apple no final de novembro, dizendo que a empresa ameaçou bloquear a rede social de sua loja de aplicativos sem explicação e quase parou de anunciar no Twitter. Dois dias depois, Musk se reuniu com o CEO da Apple, Tim Cook, e disse que sua alegação de que a Apple havia ameaçado remover o Twitter da App Store era um equívoco.

4. Musk muda regras sobre informações de localização e suspende contas de jornalistas

O bilionário provocou uma reação negativa de veículos de imprensa e de defensores da liberdade de imprensa em dezembro, quando o Twitter suspendeu, do nada, as contas de vários jornalistas, inclusive alguns da CNN, do Post, do New York Times e de outros meios de comunicação, que cobriam ou tuitavam a respeito do CEO.

Isso aconteceu depois da suspensão da conta @ElonJet, que rastreava os voos do jato particular de Musk. O Twitter mudou repentinamente sua política para proibir o compartilhamento de “informações de localização em tempo real”, incluindo links para outros sites que registravam rotas de viagem ou outras informações. Musk citou preocupações com questões de segurança.

Ele havia dito anteriormente que não iria fazer nada em relação a conta de rastreamento de jatos, administrada por um universitário a partir de informações públicas, no Twitter. Musk publicou outra enquete no Twitter perguntando por quanto tempo deveria suspender as contas – embora alguns usuários sejam obrigados a excluir um tuíte antes de poder voltar a tuitar.

5. Musk divulga os ‘Twitter Files’

Musk promoveu com entusiasmo uma série de divulgações de documentos apelidados por ele de “Twitter Files”, que foram publicados no Twitter por um grupo de pessoas escolhidas a dedo.

Os documentos, compartilhados por meio de uma série de fios no Twitter, incluíam capturas de tela de e-mails e mensagens internas da empresa, mostravam ex-executivos do Twitter lutando contra as regras da empresa enquanto tomavam decisões relacionadas com suspensões de contas, monitoramento de conteúdo sobre covid-19, desinformação eleitoral e outros temas.

O material foi aclamado pelos apoiadores da agenda de “liberdade de expressão” de Musk e é considerado por alguns conservadores como prova de que o Twitter estava agindo de forma injusta. Mas as revelações, que foram anunciadas como uma bomba, não mostram novas pistas de que o governo dos EUA ou o Partido Democrata interferiram para censurar tuítes no período que antecedeu a eleição de 2020. Na verdade, as capturas de tela mostram funcionários do Twitter tentando interpretar novidades durante mudanças de cenários, às vezes revertendo suas decisões.

Musk foi criticado em outros incidentes por criticar publicamente funcionários do Twitter. Yoel Roth, ex-chefe de confiança e segurança da rede social, e a família foram obrigados a fugir de casa no início de dezembro depois que tuítes de Musk deturparam artigos acadêmicos de Roth sobre atividade sexual e crianças.

6. Musk lança assinatura para ter selinho azul no Twitter

Uma das primeiras ações do bilionário como CEO da plataforma foi promover o lançamento de um recurso do Twitter disponível por assinatura que permitiria aos usuários ter aquele selinho azul no perfil.

Os selos de verificação azuis eram dados anteriormente apenas às contas verificadas depois de o Twitter determinar que as identidades dos titulares das contas eram reais. Mas o novo serviço oferecido por Musk, o Twitter Blue, permitiria que qualquer pessoa pagasse US$ 8 e recebesse o selo azul.

O recurso foi interrompido um dia após ter sido lançado, depois do site ficar repleto de desinformação e de contas falsas. Foram criadas contas fingindo ser políticos, inclusive o presidente dos Estados Unidos Joe Biden e celebridades, assim como marcas anunciando notícias falsas.

Depois de várias semanas de desenvolvimento, a empresa lançou mais uma vez o recurso em dezembro, com algumas mudanças.

Cat Zakrzewski, Faiz Siddiqui, Jacob Bogage, Drew Harwell, Will Oremus, Taylor Lorenz, Naomi Nix e Jeremy Merrill contribuíram com esta reportagem./TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA

O bilionário Elon Musk tem deixado sua marca como “Chief Twit” (chefe idiota), apelido dado por ele mesmo, durante os primeiros meses no comando do Twitter. Depois de visitar a sede da empresa carregando uma pia, ele demitiu funcionários, revogou a suspensão de contas polêmicas, lançou novos produtos e políticas e orquestrou uma reformulação no quadro de executivos de toda a empresa – tudo isso em apenas algumas semanas. E ele tem tentado cumprir as promessas feitas antes de comprar a plataforma para que ela seja uma “arena inclusiva para a liberdade de expressão”.

Musk publicou uma enquete no Twitter perguntando aos usuários se deveria deixar o cargo de CEO da plataforma e prometeu respeitar o resultado. Os usuários votaram majoritariamente que, sim, Musk deveria encontrar um sucessor.

Enquanto a liderança de longo prazo da empresa por ele permanece incerta, aqui está uma retrospectiva dos principais momentos do reinado breve e caótico de Musk.

Elon Musk chegou ao Twitter com uma pia ("sink"), em um trocadilho em inglês que significa "deixe a ficha cair ("let that sink in")  Foto: AFP

1. Musk enxuga quadro de funcionários do Twitter e divulga decreto ‘hardcore’

Uma das primeiras medidas de Musk depois de adquirir a empresa por US$ 44 bilhões no final de outubro foi dar início a uma rodada de demissões. Ele tem encarado uma enorme pressão para reduzir despesas, tanto para cumprir promessas feitas aos investidores como para pagar cerca de US$ 1 bilhão em taxas de juros anuais.

A enorme rodada de demissões cortou pela metade o quadro de funcionários de aproximadamente 7.500 pessoas do Twitter. Menos de duas semanas depois, ele deu um ultimato aos profissionais remanescentes: comprometer-se com um novo Twitter de forma “hardcore” ou receber uma indenização e deixar a empresa. Centenas de funcionários se recusaram a aceitar a proposta, deixando o Twitter com uma equipe quase insuficiente para operar e levando Musk a chamar os engenheiros restantes para uma reunião de última hora para avaliar suas habilidades.

Musk disse que o Twitter tinha um número muito grande de trabalhadores e focava demais na moderação de conteúdo, na segurança da plataforma, no desenvolvimento de produtos e no marketing. Ele também encurtou os cronogramas de projetos e acabou com o “dia do descanso”, uma folga remunerada a qual os funcionários tinham direito mensalmente.

2. Musk reativa conta de Trump e outras que haviam sido suspensas

Em seu primeiro expediente completo como CEO do Twitter, Musk prometeu criar um conselho de orientação diversificado para tomar decisões sobre quais contas excluir e reativar.

“O Twitter obviamente não pode se tornar um cenário infernal onde vale tudo, qualquer coisa pode ser dita sem qualquer consequência!”, ele escreveu em uma carta aos anunciantes.

Em seguida, o Twitter suspendeu os usuários que mudaram seus nomes para fazer piadas com Musk, incluindo a da comediante Kathy Griffin. A conta dela foi reativada depois, assim como a do jornal satírico Babylon Bee e outra que havia sido suspensa anteriormente por violar as regras de “misgendering” (referir-se a alguém usando o gênero com o qual a pessoa não se identifica). Musk declarou que a nova política do Twitter dava “liberdade de expressão, mas não liberdade de alcance”.

No mesmo dia, ele publicou uma enquete para saber se reativava ou não a conta do ex-presidente Donald Trump. Uma segunda enquete oferecia “anistia geral” a inúmeras outras contas suspensas.

“O povo decidiu”, escreveu Musk em um tuíte a respeito da enquete sobre Trump.

Os defensores da promessa de Musk de tornar o Twitter um espaço para a “liberdade de expressão” aplaudiram as decisões, mas grupos de direitos civis manifestaram a preocupação de que Musk estivesse reativando contas suspensas por incitar violência ou espalhar desinformação.

3. Musk discute com a Apple e anunciantes

Após as demissões em massa e um incidente controverso no qual Musk compartilhou – e depois excluiu – uma publicação que apresentava informação equivocada a respeito do ataque violento ao marido da presidente da Câmara dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, grupos de direitos civis começaram a expressar preocupações com sua liderança.

Dezenas dos principais anunciantes do Twitter interromperam suas publicidades no site durante as primeiras semanas após a aquisição de Musk. Uma análise do jornal americano Washington Post dos dados de marketing mostrou que um terço dos cem principais anunciantes do Twitter não havia divulgado anúncios na rede social nas duas semanas que terminaram em 22 de novembro.

“Nada mudou com a moderação de conteúdo e fizemos tudo o que podíamos para tranquilizar os ativistas”, tuitou Musk no início de novembro. “Extremamente confusos! Estão tentando destruir a liberdade de expressão nos EUA.”

Desde então, o Twitter dissolveu seu conselho de confiança e segurança, que orientava o site em como manter a plataforma segura. Funcionários disseram ao Post que as decisões de Musk mudaram consideravelmente a confiança interna e o trabalho de segurança.

Musk também entrou em conflito por um breve período com a Apple no final de novembro, dizendo que a empresa ameaçou bloquear a rede social de sua loja de aplicativos sem explicação e quase parou de anunciar no Twitter. Dois dias depois, Musk se reuniu com o CEO da Apple, Tim Cook, e disse que sua alegação de que a Apple havia ameaçado remover o Twitter da App Store era um equívoco.

4. Musk muda regras sobre informações de localização e suspende contas de jornalistas

O bilionário provocou uma reação negativa de veículos de imprensa e de defensores da liberdade de imprensa em dezembro, quando o Twitter suspendeu, do nada, as contas de vários jornalistas, inclusive alguns da CNN, do Post, do New York Times e de outros meios de comunicação, que cobriam ou tuitavam a respeito do CEO.

Isso aconteceu depois da suspensão da conta @ElonJet, que rastreava os voos do jato particular de Musk. O Twitter mudou repentinamente sua política para proibir o compartilhamento de “informações de localização em tempo real”, incluindo links para outros sites que registravam rotas de viagem ou outras informações. Musk citou preocupações com questões de segurança.

Ele havia dito anteriormente que não iria fazer nada em relação a conta de rastreamento de jatos, administrada por um universitário a partir de informações públicas, no Twitter. Musk publicou outra enquete no Twitter perguntando por quanto tempo deveria suspender as contas – embora alguns usuários sejam obrigados a excluir um tuíte antes de poder voltar a tuitar.

5. Musk divulga os ‘Twitter Files’

Musk promoveu com entusiasmo uma série de divulgações de documentos apelidados por ele de “Twitter Files”, que foram publicados no Twitter por um grupo de pessoas escolhidas a dedo.

Os documentos, compartilhados por meio de uma série de fios no Twitter, incluíam capturas de tela de e-mails e mensagens internas da empresa, mostravam ex-executivos do Twitter lutando contra as regras da empresa enquanto tomavam decisões relacionadas com suspensões de contas, monitoramento de conteúdo sobre covid-19, desinformação eleitoral e outros temas.

O material foi aclamado pelos apoiadores da agenda de “liberdade de expressão” de Musk e é considerado por alguns conservadores como prova de que o Twitter estava agindo de forma injusta. Mas as revelações, que foram anunciadas como uma bomba, não mostram novas pistas de que o governo dos EUA ou o Partido Democrata interferiram para censurar tuítes no período que antecedeu a eleição de 2020. Na verdade, as capturas de tela mostram funcionários do Twitter tentando interpretar novidades durante mudanças de cenários, às vezes revertendo suas decisões.

Musk foi criticado em outros incidentes por criticar publicamente funcionários do Twitter. Yoel Roth, ex-chefe de confiança e segurança da rede social, e a família foram obrigados a fugir de casa no início de dezembro depois que tuítes de Musk deturparam artigos acadêmicos de Roth sobre atividade sexual e crianças.

6. Musk lança assinatura para ter selinho azul no Twitter

Uma das primeiras ações do bilionário como CEO da plataforma foi promover o lançamento de um recurso do Twitter disponível por assinatura que permitiria aos usuários ter aquele selinho azul no perfil.

Os selos de verificação azuis eram dados anteriormente apenas às contas verificadas depois de o Twitter determinar que as identidades dos titulares das contas eram reais. Mas o novo serviço oferecido por Musk, o Twitter Blue, permitiria que qualquer pessoa pagasse US$ 8 e recebesse o selo azul.

O recurso foi interrompido um dia após ter sido lançado, depois do site ficar repleto de desinformação e de contas falsas. Foram criadas contas fingindo ser políticos, inclusive o presidente dos Estados Unidos Joe Biden e celebridades, assim como marcas anunciando notícias falsas.

Depois de várias semanas de desenvolvimento, a empresa lançou mais uma vez o recurso em dezembro, com algumas mudanças.

Cat Zakrzewski, Faiz Siddiqui, Jacob Bogage, Drew Harwell, Will Oremus, Taylor Lorenz, Naomi Nix e Jeremy Merrill contribuíram com esta reportagem./TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA

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