Startup da semana: ProDeaf


Estudante desenvolveu app que traduz palavras do português para a linguagem de sinais

Por Ligia Aguilhar

Estudante desenvolveu app que traduz palavras em português para Libras e ganhou bolsa para estudar na Singularity University

SÃO PAULO – Ainda faltam dois meses para o início da próxima turma do Graduate Studies Program (GSP) 2013 da Singularity University (SU), na Califórnia, mas João Paulo Oliveira já está cheio de planos para quando desembarcar nos Estados Unidos. Vencedor do concurso Call to Innovation da faculdade de tecnologia da Fiap, ele foi premiado com uma bolsa de estudos na Universidade que fica dentro da NASA e é patrocinada por gigantes como o Google e a Nokia, por ter desenvolvido e colocado no mercado o ProDeaf, aplicativo gratuito que traduz frases e palavras em português para a Língua Brasileira de Sinais (Libras).

—- • Siga o ‘Link’ no Twitter, no Facebook, no Google+ no Tumblr e também no Instagram

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Oliveira e os sócios Felipe Melo, Amirton Chagas e Flávio Almeida se dedicaram ao desenvolvimento da tecnologia para facilitara comunicação entre deficientes auditivos e ouvintes, após conhecerem o deficiente auditivo Marcelo Amorim na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), onde cursavam mestrado em computação. O sistema desenvolvido por eles como um projeto acadêmico foi premiado, em 2011,no Imagine Cup, evento da Microsoft para incentivar a inovação tecnológica. Depois, conquistou o apoio da Bradesco Seguros, que montou uma equipe com 40 deficientes auditivos para sugerir melhorias e ajudar no aprimoramento do programa.

O estalo para transformar a pesquisa em negócio veio em seguida, quando os sócios se deram conta de que estavam atuando em um mercado pouco explorado por outras empresas.

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Segundo Oliveira, dos 9,8 milhões de deficientes auditivos brasileiros, 2,5 milhões são surdos que possuem baixa ou nenhuma capacidade de leitura em língua portuguesa. A falta de audição somada com as limitações de acesso à língua portuguesa, leva os surdos a se comunicarem, exclusivamente, por meio da Libras. A dificuldade de comunicação limita o acesso destas pessoas a muitos serviços, passeios culturais, entretenimento e informações cotidianas de uma forma geral.

O aplicativo desenvolvido por ele e que está disponível para o sistema Android desde o início da semana passada tenta facilitar essa comunicação. Por meio de um sistema de reconhecimento de voz o sistema capta palavras e transforma em gestos executados pelo avatar do ProDeaf (veja abaixo). Caso o áudio não seja identificado, também é possível digitar as sentenças.

O lucro da ProDeaf, porém, não deve vir do aplicativo. Hoje o foco do negócio é vender ferramentas de acessibilidade para empresas.”Pensamos em um aplicativo pago no início, mas muitos deficientes auditivos têm baixa renda e não conseguiria ter um negócio em cima dessa população. Foi quando descobrimos que havia outras opções como vender sistemas para empresas”, diz Oliveira.

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Com o produto no mercado e o mestrado concluído, o empreendedor se prepara para deixar a vida acadêmica e viver na velocidade de uma startup. Ele tem pouco mais de 60 dias para adaptar o seu aplicativo para as plataformas iOS e Windows Mobile, implantar melhorias como a ampliação do vocabulário (o aplicativo traduz 1,2 mil sinais atualmente), fechar parcerias estratégicas com empresas e preparar os sócios para assumir a administração da ProDeaf durante as dez semanas em que ele estiver fora do País. “Outras pessoas que fizeram o curso da Singularity University já me disseram que mal conseguiam responder e-mails, porque são 13 horas de estudo por dia de segunda a sábado”, explica.

A correria pré-mudança vai servir como treino ao empreendedor, já que mesmo com a longa jornada de estudos pela frente, ele pretende achar espaço para conversar com potenciais investidores nos Estados Unidos e levar sua startup para fora do País.

 
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Em entrevista ao Link, o empreendedor conta como criou a startup e sua estratégia no mercado. Confira os principais trechos da conversa:

Como surgiu a ideia de criar o aplicativo?Começou dentro da UFPE, quando conhecemos o Marcelo Amorim, que fazia mestrado comigo. Nós pensamos como poderíamos criar um sistema que reconhecesse a linguagem de sinais e transformasse em voz. Fizemos vários experimentos e protótipos para desenvolver a tecnologia. Em 2011, participamos de uma competição da Microsoft e ganhamos o segundo lugar como melhor projeto. Isso nos ajudou a ter repercussão na mídia. Muitos surdos começaram a nos procurar para saber como poderiam usar a tecnologia. Isso nos fez perceber que era necessário amadurecer o projeto. Foi quando abrimos a empresa para conseguir financiamento pelo CNPq (o projeto recebeu investimento de R$ 130 mil pelo Programa de Formação de Recursos Humanos em Áreas Estratégicas - RHAE) e contratamos uma equipe de linguistas e acadêmicos. Depois tivemos contato com a Bradesco Seguros que se interessou pela tecnologia e nos colocou em contato com uma equipe de 40 deficientes auditivos. As primeiras versões do aplicativo não agradaram e eles nos ajudaram a aprimorar o sistema para melhor.

Que tipo de melhoria vocês implantaram?As primeiras versões do boneco estavam muito duras e robóticas. A expressão facial, que é muito importante na linguagem de Libras, não estava legal e nós modificamos.

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A ideia sempre foi criar um aplicativo?Sim, mas nunca pensamos em chegar onde chegamos. As coisas aconteceram sem pretensão porque eu não tinha a menor ideia de como ganhar dinheiro e viver disso. A primeira versão que desenvolvemos foi para Windows Phone porque ganhamos alguns aparelhos no concurso da Microsoft. Quando começamos a ver a possibilidade de negócio, pensamos em um programa pago, mas muitos deficientes auditivos têm baixa renda e não conseguiríamos ter um negócio em cima dessa população. Foi quando descobrimos que havia outras opções como vender o sistema para empresas. Hoje o ProDeaf é um negocio que vende tecnologia de acessibilidade para as empresas e, em paralelo, tem o aplicativo gratuito como um complemento.

Como foi o processo para tirar a ideia do papel?É um processo desgastante, enfrentamos dificuldades o tempo todo. Mas a coisa mais importante é ter um time forte, o que por sorte eu tinha. A segunda é começar pequeno, fazendo coisas aos poucos. Quando começamos o ProDeaf nossa primeira meta era encontrar alguém que fizesse o braço do boneco se mexer de forma natural. Algo muito simples diante de tudo que seria feito depois. Meu conselho para quem está começando é começar pequeno e pensar grande.

Abrir uma empresa dentro da Universidade durante o mestrado deu mais segurança para você empreender?Foi muito importante estar dentro da Universidade. Eu tinha bolsa e, mesmo sendo um valor pequeno, eu tinha dinheiro para sobreviver e me dedicar à pesquisa. Essa é uma dificuldade de quem quer abrir uma startup (ter dinheiro para se manter) que por estar na Universidade eu não tinha.

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Além do CNPq, vocês buscaram algum outro tipo de investimento?Conseguimos outros recursos. No ano passado recebemos aporte de R$ 100 mil da Wayra, da Telefônica  Depois tivemos um outro investimento pelo programaSebraetec Inova.

Agora que o aplicativo foi lançado vocês pretendem buscar financiamento no mercado?Estamos procurando mais recursos para ampliar o trabalho e ficamos muito empolgados com o concurso da Fiap, porque vamos conseguir produzir uma tecnologia que mude o mundo a medida que a gente conseguir evoluir. Minha expectativa como pesquisador é levar o projeto para outro grau e desenvolver a ferramenta até o ponto em que ela consiga reconhecer gestos (hoje o aplicativo apenas traduz palavras do português para a linguagem de sinais e não o contrário) , o que é um desafio técnico grande. Nós já temos uma ferramenta colaborativa no nosso site que, por meio do Kinect, permite que qualquer pessoa grave um sinal novo que ainda não esteja registrado no sistema.Também quero levar essa tecnologia para fora do País e conversar com investidores nos Estados Unidos.

A ProDeaf foi beneficiada por participar de alguns concurso. Focar nesse tipo de premiação é um bom caminho para empresas em busca de outras formas de financiamento?Esses concursos podem ajudar muito desde que você saiba o que está fazendo e buscando. Já conheci startups que ficam no mundo dos concursos e não conseguem transformar o produto em realidade. Sempre que for participar de algum concurso, é importante verificar antes qual vai ser o retorno para o projeto.

—-Leia mais:Startup da semana: Go Books Startup da semana: Emprego Ligado

Estudante desenvolveu app que traduz palavras em português para Libras e ganhou bolsa para estudar na Singularity University

SÃO PAULO – Ainda faltam dois meses para o início da próxima turma do Graduate Studies Program (GSP) 2013 da Singularity University (SU), na Califórnia, mas João Paulo Oliveira já está cheio de planos para quando desembarcar nos Estados Unidos. Vencedor do concurso Call to Innovation da faculdade de tecnologia da Fiap, ele foi premiado com uma bolsa de estudos na Universidade que fica dentro da NASA e é patrocinada por gigantes como o Google e a Nokia, por ter desenvolvido e colocado no mercado o ProDeaf, aplicativo gratuito que traduz frases e palavras em português para a Língua Brasileira de Sinais (Libras).

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Oliveira e os sócios Felipe Melo, Amirton Chagas e Flávio Almeida se dedicaram ao desenvolvimento da tecnologia para facilitara comunicação entre deficientes auditivos e ouvintes, após conhecerem o deficiente auditivo Marcelo Amorim na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), onde cursavam mestrado em computação. O sistema desenvolvido por eles como um projeto acadêmico foi premiado, em 2011,no Imagine Cup, evento da Microsoft para incentivar a inovação tecnológica. Depois, conquistou o apoio da Bradesco Seguros, que montou uma equipe com 40 deficientes auditivos para sugerir melhorias e ajudar no aprimoramento do programa.

O estalo para transformar a pesquisa em negócio veio em seguida, quando os sócios se deram conta de que estavam atuando em um mercado pouco explorado por outras empresas.

Segundo Oliveira, dos 9,8 milhões de deficientes auditivos brasileiros, 2,5 milhões são surdos que possuem baixa ou nenhuma capacidade de leitura em língua portuguesa. A falta de audição somada com as limitações de acesso à língua portuguesa, leva os surdos a se comunicarem, exclusivamente, por meio da Libras. A dificuldade de comunicação limita o acesso destas pessoas a muitos serviços, passeios culturais, entretenimento e informações cotidianas de uma forma geral.

O aplicativo desenvolvido por ele e que está disponível para o sistema Android desde o início da semana passada tenta facilitar essa comunicação. Por meio de um sistema de reconhecimento de voz o sistema capta palavras e transforma em gestos executados pelo avatar do ProDeaf (veja abaixo). Caso o áudio não seja identificado, também é possível digitar as sentenças.

O lucro da ProDeaf, porém, não deve vir do aplicativo. Hoje o foco do negócio é vender ferramentas de acessibilidade para empresas.”Pensamos em um aplicativo pago no início, mas muitos deficientes auditivos têm baixa renda e não conseguiria ter um negócio em cima dessa população. Foi quando descobrimos que havia outras opções como vender sistemas para empresas”, diz Oliveira.

Com o produto no mercado e o mestrado concluído, o empreendedor se prepara para deixar a vida acadêmica e viver na velocidade de uma startup. Ele tem pouco mais de 60 dias para adaptar o seu aplicativo para as plataformas iOS e Windows Mobile, implantar melhorias como a ampliação do vocabulário (o aplicativo traduz 1,2 mil sinais atualmente), fechar parcerias estratégicas com empresas e preparar os sócios para assumir a administração da ProDeaf durante as dez semanas em que ele estiver fora do País. “Outras pessoas que fizeram o curso da Singularity University já me disseram que mal conseguiam responder e-mails, porque são 13 horas de estudo por dia de segunda a sábado”, explica.

A correria pré-mudança vai servir como treino ao empreendedor, já que mesmo com a longa jornada de estudos pela frente, ele pretende achar espaço para conversar com potenciais investidores nos Estados Unidos e levar sua startup para fora do País.

 

Em entrevista ao Link, o empreendedor conta como criou a startup e sua estratégia no mercado. Confira os principais trechos da conversa:

Como surgiu a ideia de criar o aplicativo?Começou dentro da UFPE, quando conhecemos o Marcelo Amorim, que fazia mestrado comigo. Nós pensamos como poderíamos criar um sistema que reconhecesse a linguagem de sinais e transformasse em voz. Fizemos vários experimentos e protótipos para desenvolver a tecnologia. Em 2011, participamos de uma competição da Microsoft e ganhamos o segundo lugar como melhor projeto. Isso nos ajudou a ter repercussão na mídia. Muitos surdos começaram a nos procurar para saber como poderiam usar a tecnologia. Isso nos fez perceber que era necessário amadurecer o projeto. Foi quando abrimos a empresa para conseguir financiamento pelo CNPq (o projeto recebeu investimento de R$ 130 mil pelo Programa de Formação de Recursos Humanos em Áreas Estratégicas - RHAE) e contratamos uma equipe de linguistas e acadêmicos. Depois tivemos contato com a Bradesco Seguros que se interessou pela tecnologia e nos colocou em contato com uma equipe de 40 deficientes auditivos. As primeiras versões do aplicativo não agradaram e eles nos ajudaram a aprimorar o sistema para melhor.

Que tipo de melhoria vocês implantaram?As primeiras versões do boneco estavam muito duras e robóticas. A expressão facial, que é muito importante na linguagem de Libras, não estava legal e nós modificamos.

A ideia sempre foi criar um aplicativo?Sim, mas nunca pensamos em chegar onde chegamos. As coisas aconteceram sem pretensão porque eu não tinha a menor ideia de como ganhar dinheiro e viver disso. A primeira versão que desenvolvemos foi para Windows Phone porque ganhamos alguns aparelhos no concurso da Microsoft. Quando começamos a ver a possibilidade de negócio, pensamos em um programa pago, mas muitos deficientes auditivos têm baixa renda e não conseguiríamos ter um negócio em cima dessa população. Foi quando descobrimos que havia outras opções como vender o sistema para empresas. Hoje o ProDeaf é um negocio que vende tecnologia de acessibilidade para as empresas e, em paralelo, tem o aplicativo gratuito como um complemento.

Como foi o processo para tirar a ideia do papel?É um processo desgastante, enfrentamos dificuldades o tempo todo. Mas a coisa mais importante é ter um time forte, o que por sorte eu tinha. A segunda é começar pequeno, fazendo coisas aos poucos. Quando começamos o ProDeaf nossa primeira meta era encontrar alguém que fizesse o braço do boneco se mexer de forma natural. Algo muito simples diante de tudo que seria feito depois. Meu conselho para quem está começando é começar pequeno e pensar grande.

Abrir uma empresa dentro da Universidade durante o mestrado deu mais segurança para você empreender?Foi muito importante estar dentro da Universidade. Eu tinha bolsa e, mesmo sendo um valor pequeno, eu tinha dinheiro para sobreviver e me dedicar à pesquisa. Essa é uma dificuldade de quem quer abrir uma startup (ter dinheiro para se manter) que por estar na Universidade eu não tinha.

Além do CNPq, vocês buscaram algum outro tipo de investimento?Conseguimos outros recursos. No ano passado recebemos aporte de R$ 100 mil da Wayra, da Telefônica  Depois tivemos um outro investimento pelo programaSebraetec Inova.

Agora que o aplicativo foi lançado vocês pretendem buscar financiamento no mercado?Estamos procurando mais recursos para ampliar o trabalho e ficamos muito empolgados com o concurso da Fiap, porque vamos conseguir produzir uma tecnologia que mude o mundo a medida que a gente conseguir evoluir. Minha expectativa como pesquisador é levar o projeto para outro grau e desenvolver a ferramenta até o ponto em que ela consiga reconhecer gestos (hoje o aplicativo apenas traduz palavras do português para a linguagem de sinais e não o contrário) , o que é um desafio técnico grande. Nós já temos uma ferramenta colaborativa no nosso site que, por meio do Kinect, permite que qualquer pessoa grave um sinal novo que ainda não esteja registrado no sistema.Também quero levar essa tecnologia para fora do País e conversar com investidores nos Estados Unidos.

A ProDeaf foi beneficiada por participar de alguns concurso. Focar nesse tipo de premiação é um bom caminho para empresas em busca de outras formas de financiamento?Esses concursos podem ajudar muito desde que você saiba o que está fazendo e buscando. Já conheci startups que ficam no mundo dos concursos e não conseguem transformar o produto em realidade. Sempre que for participar de algum concurso, é importante verificar antes qual vai ser o retorno para o projeto.

—-Leia mais:Startup da semana: Go Books Startup da semana: Emprego Ligado

Estudante desenvolveu app que traduz palavras em português para Libras e ganhou bolsa para estudar na Singularity University

SÃO PAULO – Ainda faltam dois meses para o início da próxima turma do Graduate Studies Program (GSP) 2013 da Singularity University (SU), na Califórnia, mas João Paulo Oliveira já está cheio de planos para quando desembarcar nos Estados Unidos. Vencedor do concurso Call to Innovation da faculdade de tecnologia da Fiap, ele foi premiado com uma bolsa de estudos na Universidade que fica dentro da NASA e é patrocinada por gigantes como o Google e a Nokia, por ter desenvolvido e colocado no mercado o ProDeaf, aplicativo gratuito que traduz frases e palavras em português para a Língua Brasileira de Sinais (Libras).

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Oliveira e os sócios Felipe Melo, Amirton Chagas e Flávio Almeida se dedicaram ao desenvolvimento da tecnologia para facilitara comunicação entre deficientes auditivos e ouvintes, após conhecerem o deficiente auditivo Marcelo Amorim na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), onde cursavam mestrado em computação. O sistema desenvolvido por eles como um projeto acadêmico foi premiado, em 2011,no Imagine Cup, evento da Microsoft para incentivar a inovação tecnológica. Depois, conquistou o apoio da Bradesco Seguros, que montou uma equipe com 40 deficientes auditivos para sugerir melhorias e ajudar no aprimoramento do programa.

O estalo para transformar a pesquisa em negócio veio em seguida, quando os sócios se deram conta de que estavam atuando em um mercado pouco explorado por outras empresas.

Segundo Oliveira, dos 9,8 milhões de deficientes auditivos brasileiros, 2,5 milhões são surdos que possuem baixa ou nenhuma capacidade de leitura em língua portuguesa. A falta de audição somada com as limitações de acesso à língua portuguesa, leva os surdos a se comunicarem, exclusivamente, por meio da Libras. A dificuldade de comunicação limita o acesso destas pessoas a muitos serviços, passeios culturais, entretenimento e informações cotidianas de uma forma geral.

O aplicativo desenvolvido por ele e que está disponível para o sistema Android desde o início da semana passada tenta facilitar essa comunicação. Por meio de um sistema de reconhecimento de voz o sistema capta palavras e transforma em gestos executados pelo avatar do ProDeaf (veja abaixo). Caso o áudio não seja identificado, também é possível digitar as sentenças.

O lucro da ProDeaf, porém, não deve vir do aplicativo. Hoje o foco do negócio é vender ferramentas de acessibilidade para empresas.”Pensamos em um aplicativo pago no início, mas muitos deficientes auditivos têm baixa renda e não conseguiria ter um negócio em cima dessa população. Foi quando descobrimos que havia outras opções como vender sistemas para empresas”, diz Oliveira.

Com o produto no mercado e o mestrado concluído, o empreendedor se prepara para deixar a vida acadêmica e viver na velocidade de uma startup. Ele tem pouco mais de 60 dias para adaptar o seu aplicativo para as plataformas iOS e Windows Mobile, implantar melhorias como a ampliação do vocabulário (o aplicativo traduz 1,2 mil sinais atualmente), fechar parcerias estratégicas com empresas e preparar os sócios para assumir a administração da ProDeaf durante as dez semanas em que ele estiver fora do País. “Outras pessoas que fizeram o curso da Singularity University já me disseram que mal conseguiam responder e-mails, porque são 13 horas de estudo por dia de segunda a sábado”, explica.

A correria pré-mudança vai servir como treino ao empreendedor, já que mesmo com a longa jornada de estudos pela frente, ele pretende achar espaço para conversar com potenciais investidores nos Estados Unidos e levar sua startup para fora do País.

 

Em entrevista ao Link, o empreendedor conta como criou a startup e sua estratégia no mercado. Confira os principais trechos da conversa:

Como surgiu a ideia de criar o aplicativo?Começou dentro da UFPE, quando conhecemos o Marcelo Amorim, que fazia mestrado comigo. Nós pensamos como poderíamos criar um sistema que reconhecesse a linguagem de sinais e transformasse em voz. Fizemos vários experimentos e protótipos para desenvolver a tecnologia. Em 2011, participamos de uma competição da Microsoft e ganhamos o segundo lugar como melhor projeto. Isso nos ajudou a ter repercussão na mídia. Muitos surdos começaram a nos procurar para saber como poderiam usar a tecnologia. Isso nos fez perceber que era necessário amadurecer o projeto. Foi quando abrimos a empresa para conseguir financiamento pelo CNPq (o projeto recebeu investimento de R$ 130 mil pelo Programa de Formação de Recursos Humanos em Áreas Estratégicas - RHAE) e contratamos uma equipe de linguistas e acadêmicos. Depois tivemos contato com a Bradesco Seguros que se interessou pela tecnologia e nos colocou em contato com uma equipe de 40 deficientes auditivos. As primeiras versões do aplicativo não agradaram e eles nos ajudaram a aprimorar o sistema para melhor.

Que tipo de melhoria vocês implantaram?As primeiras versões do boneco estavam muito duras e robóticas. A expressão facial, que é muito importante na linguagem de Libras, não estava legal e nós modificamos.

A ideia sempre foi criar um aplicativo?Sim, mas nunca pensamos em chegar onde chegamos. As coisas aconteceram sem pretensão porque eu não tinha a menor ideia de como ganhar dinheiro e viver disso. A primeira versão que desenvolvemos foi para Windows Phone porque ganhamos alguns aparelhos no concurso da Microsoft. Quando começamos a ver a possibilidade de negócio, pensamos em um programa pago, mas muitos deficientes auditivos têm baixa renda e não conseguiríamos ter um negócio em cima dessa população. Foi quando descobrimos que havia outras opções como vender o sistema para empresas. Hoje o ProDeaf é um negocio que vende tecnologia de acessibilidade para as empresas e, em paralelo, tem o aplicativo gratuito como um complemento.

Como foi o processo para tirar a ideia do papel?É um processo desgastante, enfrentamos dificuldades o tempo todo. Mas a coisa mais importante é ter um time forte, o que por sorte eu tinha. A segunda é começar pequeno, fazendo coisas aos poucos. Quando começamos o ProDeaf nossa primeira meta era encontrar alguém que fizesse o braço do boneco se mexer de forma natural. Algo muito simples diante de tudo que seria feito depois. Meu conselho para quem está começando é começar pequeno e pensar grande.

Abrir uma empresa dentro da Universidade durante o mestrado deu mais segurança para você empreender?Foi muito importante estar dentro da Universidade. Eu tinha bolsa e, mesmo sendo um valor pequeno, eu tinha dinheiro para sobreviver e me dedicar à pesquisa. Essa é uma dificuldade de quem quer abrir uma startup (ter dinheiro para se manter) que por estar na Universidade eu não tinha.

Além do CNPq, vocês buscaram algum outro tipo de investimento?Conseguimos outros recursos. No ano passado recebemos aporte de R$ 100 mil da Wayra, da Telefônica  Depois tivemos um outro investimento pelo programaSebraetec Inova.

Agora que o aplicativo foi lançado vocês pretendem buscar financiamento no mercado?Estamos procurando mais recursos para ampliar o trabalho e ficamos muito empolgados com o concurso da Fiap, porque vamos conseguir produzir uma tecnologia que mude o mundo a medida que a gente conseguir evoluir. Minha expectativa como pesquisador é levar o projeto para outro grau e desenvolver a ferramenta até o ponto em que ela consiga reconhecer gestos (hoje o aplicativo apenas traduz palavras do português para a linguagem de sinais e não o contrário) , o que é um desafio técnico grande. Nós já temos uma ferramenta colaborativa no nosso site que, por meio do Kinect, permite que qualquer pessoa grave um sinal novo que ainda não esteja registrado no sistema.Também quero levar essa tecnologia para fora do País e conversar com investidores nos Estados Unidos.

A ProDeaf foi beneficiada por participar de alguns concurso. Focar nesse tipo de premiação é um bom caminho para empresas em busca de outras formas de financiamento?Esses concursos podem ajudar muito desde que você saiba o que está fazendo e buscando. Já conheci startups que ficam no mundo dos concursos e não conseguem transformar o produto em realidade. Sempre que for participar de algum concurso, é importante verificar antes qual vai ser o retorno para o projeto.

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Estudante desenvolveu app que traduz palavras em português para Libras e ganhou bolsa para estudar na Singularity University

SÃO PAULO – Ainda faltam dois meses para o início da próxima turma do Graduate Studies Program (GSP) 2013 da Singularity University (SU), na Califórnia, mas João Paulo Oliveira já está cheio de planos para quando desembarcar nos Estados Unidos. Vencedor do concurso Call to Innovation da faculdade de tecnologia da Fiap, ele foi premiado com uma bolsa de estudos na Universidade que fica dentro da NASA e é patrocinada por gigantes como o Google e a Nokia, por ter desenvolvido e colocado no mercado o ProDeaf, aplicativo gratuito que traduz frases e palavras em português para a Língua Brasileira de Sinais (Libras).

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Oliveira e os sócios Felipe Melo, Amirton Chagas e Flávio Almeida se dedicaram ao desenvolvimento da tecnologia para facilitara comunicação entre deficientes auditivos e ouvintes, após conhecerem o deficiente auditivo Marcelo Amorim na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), onde cursavam mestrado em computação. O sistema desenvolvido por eles como um projeto acadêmico foi premiado, em 2011,no Imagine Cup, evento da Microsoft para incentivar a inovação tecnológica. Depois, conquistou o apoio da Bradesco Seguros, que montou uma equipe com 40 deficientes auditivos para sugerir melhorias e ajudar no aprimoramento do programa.

O estalo para transformar a pesquisa em negócio veio em seguida, quando os sócios se deram conta de que estavam atuando em um mercado pouco explorado por outras empresas.

Segundo Oliveira, dos 9,8 milhões de deficientes auditivos brasileiros, 2,5 milhões são surdos que possuem baixa ou nenhuma capacidade de leitura em língua portuguesa. A falta de audição somada com as limitações de acesso à língua portuguesa, leva os surdos a se comunicarem, exclusivamente, por meio da Libras. A dificuldade de comunicação limita o acesso destas pessoas a muitos serviços, passeios culturais, entretenimento e informações cotidianas de uma forma geral.

O aplicativo desenvolvido por ele e que está disponível para o sistema Android desde o início da semana passada tenta facilitar essa comunicação. Por meio de um sistema de reconhecimento de voz o sistema capta palavras e transforma em gestos executados pelo avatar do ProDeaf (veja abaixo). Caso o áudio não seja identificado, também é possível digitar as sentenças.

O lucro da ProDeaf, porém, não deve vir do aplicativo. Hoje o foco do negócio é vender ferramentas de acessibilidade para empresas.”Pensamos em um aplicativo pago no início, mas muitos deficientes auditivos têm baixa renda e não conseguiria ter um negócio em cima dessa população. Foi quando descobrimos que havia outras opções como vender sistemas para empresas”, diz Oliveira.

Com o produto no mercado e o mestrado concluído, o empreendedor se prepara para deixar a vida acadêmica e viver na velocidade de uma startup. Ele tem pouco mais de 60 dias para adaptar o seu aplicativo para as plataformas iOS e Windows Mobile, implantar melhorias como a ampliação do vocabulário (o aplicativo traduz 1,2 mil sinais atualmente), fechar parcerias estratégicas com empresas e preparar os sócios para assumir a administração da ProDeaf durante as dez semanas em que ele estiver fora do País. “Outras pessoas que fizeram o curso da Singularity University já me disseram que mal conseguiam responder e-mails, porque são 13 horas de estudo por dia de segunda a sábado”, explica.

A correria pré-mudança vai servir como treino ao empreendedor, já que mesmo com a longa jornada de estudos pela frente, ele pretende achar espaço para conversar com potenciais investidores nos Estados Unidos e levar sua startup para fora do País.

 

Em entrevista ao Link, o empreendedor conta como criou a startup e sua estratégia no mercado. Confira os principais trechos da conversa:

Como surgiu a ideia de criar o aplicativo?Começou dentro da UFPE, quando conhecemos o Marcelo Amorim, que fazia mestrado comigo. Nós pensamos como poderíamos criar um sistema que reconhecesse a linguagem de sinais e transformasse em voz. Fizemos vários experimentos e protótipos para desenvolver a tecnologia. Em 2011, participamos de uma competição da Microsoft e ganhamos o segundo lugar como melhor projeto. Isso nos ajudou a ter repercussão na mídia. Muitos surdos começaram a nos procurar para saber como poderiam usar a tecnologia. Isso nos fez perceber que era necessário amadurecer o projeto. Foi quando abrimos a empresa para conseguir financiamento pelo CNPq (o projeto recebeu investimento de R$ 130 mil pelo Programa de Formação de Recursos Humanos em Áreas Estratégicas - RHAE) e contratamos uma equipe de linguistas e acadêmicos. Depois tivemos contato com a Bradesco Seguros que se interessou pela tecnologia e nos colocou em contato com uma equipe de 40 deficientes auditivos. As primeiras versões do aplicativo não agradaram e eles nos ajudaram a aprimorar o sistema para melhor.

Que tipo de melhoria vocês implantaram?As primeiras versões do boneco estavam muito duras e robóticas. A expressão facial, que é muito importante na linguagem de Libras, não estava legal e nós modificamos.

A ideia sempre foi criar um aplicativo?Sim, mas nunca pensamos em chegar onde chegamos. As coisas aconteceram sem pretensão porque eu não tinha a menor ideia de como ganhar dinheiro e viver disso. A primeira versão que desenvolvemos foi para Windows Phone porque ganhamos alguns aparelhos no concurso da Microsoft. Quando começamos a ver a possibilidade de negócio, pensamos em um programa pago, mas muitos deficientes auditivos têm baixa renda e não conseguiríamos ter um negócio em cima dessa população. Foi quando descobrimos que havia outras opções como vender o sistema para empresas. Hoje o ProDeaf é um negocio que vende tecnologia de acessibilidade para as empresas e, em paralelo, tem o aplicativo gratuito como um complemento.

Como foi o processo para tirar a ideia do papel?É um processo desgastante, enfrentamos dificuldades o tempo todo. Mas a coisa mais importante é ter um time forte, o que por sorte eu tinha. A segunda é começar pequeno, fazendo coisas aos poucos. Quando começamos o ProDeaf nossa primeira meta era encontrar alguém que fizesse o braço do boneco se mexer de forma natural. Algo muito simples diante de tudo que seria feito depois. Meu conselho para quem está começando é começar pequeno e pensar grande.

Abrir uma empresa dentro da Universidade durante o mestrado deu mais segurança para você empreender?Foi muito importante estar dentro da Universidade. Eu tinha bolsa e, mesmo sendo um valor pequeno, eu tinha dinheiro para sobreviver e me dedicar à pesquisa. Essa é uma dificuldade de quem quer abrir uma startup (ter dinheiro para se manter) que por estar na Universidade eu não tinha.

Além do CNPq, vocês buscaram algum outro tipo de investimento?Conseguimos outros recursos. No ano passado recebemos aporte de R$ 100 mil da Wayra, da Telefônica  Depois tivemos um outro investimento pelo programaSebraetec Inova.

Agora que o aplicativo foi lançado vocês pretendem buscar financiamento no mercado?Estamos procurando mais recursos para ampliar o trabalho e ficamos muito empolgados com o concurso da Fiap, porque vamos conseguir produzir uma tecnologia que mude o mundo a medida que a gente conseguir evoluir. Minha expectativa como pesquisador é levar o projeto para outro grau e desenvolver a ferramenta até o ponto em que ela consiga reconhecer gestos (hoje o aplicativo apenas traduz palavras do português para a linguagem de sinais e não o contrário) , o que é um desafio técnico grande. Nós já temos uma ferramenta colaborativa no nosso site que, por meio do Kinect, permite que qualquer pessoa grave um sinal novo que ainda não esteja registrado no sistema.Também quero levar essa tecnologia para fora do País e conversar com investidores nos Estados Unidos.

A ProDeaf foi beneficiada por participar de alguns concurso. Focar nesse tipo de premiação é um bom caminho para empresas em busca de outras formas de financiamento?Esses concursos podem ajudar muito desde que você saiba o que está fazendo e buscando. Já conheci startups que ficam no mundo dos concursos e não conseguem transformar o produto em realidade. Sempre que for participar de algum concurso, é importante verificar antes qual vai ser o retorno para o projeto.

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