Os radiodifusores defendem que a restrição constitucional de 30% ao capital estrangeiro na comunicação social seja estendida às operadoras de telecomunicações que distribuem vídeo. Para Mario Cesar Pereira de Araujo, presidente da TIM Brasil, isso não protegeria o conteúdo nacional. "Fala-se muito do capital, se o dinheiro é verde ou é laranja", disse o executivo, durante o evento Futurecom, em Florianópolis. "Não adianta ter capital nacional e só trazer enlatados." Como solução, o presidente da TIM propõe que sejam impostas cotas de conteúdo nacional, quando o vídeo é distribuído, via internet ou celular, em uma grade de programação. A proposta é discutida na Europa pela Comissão Européia. Ele citou o exemplo do que já acontece no Reino Unido, para a televisão aberta, onde as emissoras são obrigadas a veicular entre 60% e 70% de conteúdo nacional. Ele comparou a situação da telefonia convencional à da TV e do rádio convencionais, que vêm perdendo espaço para serviços da internet, como o YouTube, o Skype, o MSN e o Google. Nos Estados Unidos, quem tem banda larga já passa mais tempo na internet que assistindo televisão. A participação da TV paga e da internet no mercado publicitário brasileiro passou de 2% em 2002 para 5% em 2005. No mesmo período, nos Estados Unidos, a fatia das novas mídias avançou de 15% para 20%. "É perigoso quando as empresas começam a perder receita, porque deixam de fazer investimento", destacou Araujo. Ele defendeu acordos comerciais para distribuição de conteúdo entre operadoras e mídia, como o que aconteceu na Europa entre a Telecom Italia e a Mediaset, e reclamou da assimetria na carga tributária. Enquanto as operadoras de telecomunicações pagam 44% de imposto, a televisão aberta recolhe 15% e jornais e revistas 5%. "A competição tem que acontecer em condições isonômicas", disse Araujo. "Precisamos de um modelo de negócios em que todos ganhem."