Os livros impressos perderão espaço para os digitais? Sim. Devemos nos perguntar: em que medida a venda de um livro digital significa que um impresso não foi vendido? Ou, em que medida um e-book vendido representa um novo consumidor? Acredito mais na primeira opção: há uma substituição de vendas. Daqui a 20 ou 30 anos, acho que todo mundo lerá em telas. Em cinco anos, metade dos livros serão digitais. Em dez, 75%.
Então, acredita que a popularização dos e-books não vai criar novos leitores? Eu acho que, em grande parte, o mercado de leitores digitais é o mesmo que compra livros tradicionais. As pessoas estão mudando seus hábitos. Elas costumavam ler em papel e, agora, estão descobrindo que preferem ler em um Kindle, ou em um iPad. Talvez porque o e-reader já está com elas todo o tempo e não seja necessário carregar um livro também. Muitas compram um iPad por muitas razões e descobrem que podem ler livros neles. Pode ser que não lessem livros antes e passem a ler e-books. Haverá um crescimento no número de leitores e isso fará o mercado crescer, mas só um pouco.
Autores vão passar a escrever pensando especificamente em publicações digitais? Isso já está acontecendo. Primeiro, porque você pode publicar um e-book sem investir dinheiro. Além disso, há pessoas criando coisas que só podem ser feitas eletronicamente. Uma mulher do Reino Unido está fazendo um romance em que um casal só se fala por Skype. E, em partes da história, você assiste ao vídeo dessas conversas. Nós veremos cada vez mais experimentações desse tipo, mas não acredito isso vá substituir ou enfraquecer o romance tradicional. Se as pessoas podem publicar e-books sozinhas, como ficam as editoras? As editoras deveriam estar preocupadas com sua sobrevivência. Elas existem porque colocar palavras em um pacote apresentável que pode ser vendido para um consumidor requeria dinheiro, organização e perícia. Quando isso não é mais necessário, seu modelo de negócio está comprometido.