Com a troca de comanda na presidência na República, grupos ligados à cultura iniciaram discussões sobre quem deveria assumir a cadeira no Ministério da Cultura (MinC), cargo que influi diretamente em como as políticas voltadas a direitos autorais e cultura digital serão administradas nos próximos anos.
A abertura para o debate desse tipo de tema foi iniciado na gestão de Gilberto Gil (2003-2008), e obteve continuidade durante a de Juca Ferreira, que se encerrou no final do ano passado.
A presidente Dilma Roussef convidou Ana de Hollanda, cantora e compositora, ex-funcionária da Funarte e irmã do músico Chico Buarque, para assumir o Ministério da Cultura (MinC). A paulistana de 62 anos foi recebida com alguma desconfiança, pois nada se sabia sobre as preferências da ministra em relação a temas delicados como o da Reforma dos Direitos Autorais.
Na semana passada, entretanto, o site do MinC tirou o seu conteúdo da licença Creative Commons, que permitia o seu compartilhamento pela web de forma aberta. A medida gerou desconforto a defensores da internet livre (filosofia até então seguida pelo ministério) e gerou suspeitas sobre as intenções de Ana de Hollanda.
Pequenas movimentações são notadas pela web desde então, como arreunião agendada para esta segunda-feira, 31, para se discutir o ministério e seus rumos, pelo Movimento Cultural Digital a ser realizada no Pontão Digital da UFRJ (e retransmitida ao vivo online).
Outra caso é o desta manhã de sexta-feira, 28, quando uma página no Facebook foi criada com o título “Agora é oficial: Tom Zé no Ministério da Cultura”. A suposta “campanha” foi levada adiante pela rede social e pelo Twitter como uma proposta séria. O músico Tom Zé, no entanto, se apressou a publicar em seu blog que havia acabado de ver o “comentário falando de MinC” e ponderava que aquilo era “apenas uma pilhéria de meninos brincando” e que “ia dormir”.
O autor da campanha é um músico e compositor de Belo Horizonte denominado no Facebook e em seu site como Makely Ka. Por telefone, ele se defendeu dizendo que a “movimentação tem apenas um caráter simbólico”. A “campanha” se tratava de uma manifestação “espontânea e lúdica”, uma “brincadeira séria”. Sobre o comentário de Tom Zé, com o qual o mineiro não tem relações pessoais, Makely Ka disse que “tem tudo a ver com a cultura”. “Ele foi dormir, sonhar por outra realidade”, acredita.
O autor da campanha disse também que não se trata de uma manifestação a fim de derrubar a atual ministra Ana de Hollanda, “mas é um alerta a um ministério que começou muito truculento”.
Do outro lado, Tom Zé afirmou ao Link que havia sido tudo uma confusão. “Na verdade a campanha é para eu ser ministro da cultura nos Estados Unidos, ajeitado pela Universidade de Tulane”, brincou e disse ainda que a campanha brasileira “era coisa de quem quer derrubar a Ana”. Sobre o atual Ministério da Cultura brasileiro, o músico disse estar “muito ocupado com os Estados Unidos” e que, por isso, não conseguia acompanhar nada do que acontecia por aqui. “Estou completamente ausente”, disse.
Ainda tentando extrair algo do cantor que não tivesse relação com os Estados Unidos, Tom Zé foi questionado sobre a Reforma dos Direitos Autorais e sua opinião sobre. “Eu não sei nem o que é que está para reformar, nem o que tem agora, nem o que vai ser”, afirmou.