A biruta petista


Após as eleições, líderes do PT se dividem entre o triunfalismo e a busca por culpados, mas até aqui nada consistente sobre as reais razões que os separam das aspirações do eleitorado

Por Notas & Informações

Não foi apenas a musculatura política perdida nas eleições municipais que apequenou o Partido dos Trabalhadores (PT). Na ressaca de derrotas significativas que a legenda obteve na disputa pelas prefeituras, morubixabas petistas se engalfinharam em praça pública e exibiram o estado da arte da desidratação do partido: enquanto algumas lideranças adotaram uma bem-vinda autocrítica, reconhecendo a atual distância entre o PT, a população em geral e sua base eleitoral cada vez mais modesta, outras, como a presidente Gleisi Hoffmann, optaram por seguir o habitual discurso triunfalista. O calor dos debates, iniciado na reunião da Executiva Nacional, virou brasa espalhada nas redes sociais e na imprensa. No confronto de versões, sobraram ironias, ataques mútuos, divisões que antecipam a disputa pelo comando da agremiação e a sensação de que os petistas não têm a mais pálida ideia do que dizer e do que fazer.

Gleisi Hoffmann evocou um compilado dos resultados, tentando demonstrar que os números não eram tão ruins quanto se supunha. Tentou com isso aliviar a própria barra, uma vez que é alvo de questionamento sobre as más escolhas de alianças, a dificuldade programática e a aplicação de teorias equivocadas por parte do PT. Para ela, não há motivo para a conflagração interna: o que se viu foi – pasmem – a “retomada” do PT, após o fundo do poço de 2020. Gleisi Hoffmann mencionou os 252 prefeitos eleitos, contra 183 de quatro anos atrás. A manchete estampada no site oficial petista ecoou o sentimento de triunfo da comandante: PT consolida crescimento com vitórias em Fortaleza, Camaçari, Mauá e Pelotas.

De fato, o PT ampliou o número de municípios que estarão sob sua gestão, mas a presidente do partido e seus redatores ignoraram o fato de que os petistas ficaram em nono em número de prefeitos eleitos, que o PSB passou a ser o partido da esquerda com o maior número de prefeituras e que o PT comandará, na média, cidades menores e com menos recursos. Dos 69 prefeitos a mais eleitos pelo partido neste ano, 41 vão dirigir municípios muito pequenos. Também ignoraram as evidências de que são cada vez mais claras a rejeição popular e a perda crescente de relevância do PT entre segmentos importantes do eleitorado.

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Como afirmou um dos integrantes do PT, Valter Pomar, “existe gente – na direção do partido e na cúpula do governo – que vive num metaverso”. O ministro Alexandre Padilha foi um dos poucos a reconhecer a fragilidade. “O PT é o campeão nacional das eleições presidenciais, mas (...) não saiu ainda do Z4 (zona de rebaixamento) que entrou em 2016″, afirmou o ministro, após reunião com o presidente Lula da Silva e Gleisi Hoffmann. Foi o suficiente para despertar a ira da presidente do partido. Como é praxe na parcela lulopetista acostumada a viver de discursos de autocongratulação sem base na realidade ou transferir para terceiros a explicação para o próprio fracasso, Gleisi Hoffmann culpou a condição de governo de “ampla coalizão” e a “ofensiva da extrema direita”. E contra-atacou: “Padilha devia focar nas articulações políticas do governo, de sua responsabilidade, que ajudaram a chegar a esses resultados”.

Se é verdade que as frágeis articulações políticas do governo têm ajudado a arrefecer o poderio lulopetista, também é verdade que os muitos erros – da sigla, dos seus dirigentes e do presidente – têm contribuído para alimentar a artilharia interna e aprofundar sua trajetória descendente. Mas petistas são petistas, forjados na autoestima e na convicção em torno das próprias virtudes. Nada a dizer, por exemplo, sobre os efeitos dos escândalos de corrupção do passado, das ideias rupestres sobre o papel do Estado, o aparelhamento como modo de governar, o apoio entusiasmado a ditaduras, a tolerância a corporativismos, as campanhas de difamação contra adversários políticos, a aposta errada na polarização, a dificuldade em manejar de fato uma frente partidária ampla e outros desvios de rota que distanciam o PT das aspirações mais atualizadas da população.

Não está escrito nas estrelas que as dificuldades municipais se estenderão às disputas daqui a dois anos. Mas a biruta petista, a esta altura, parece incapaz de apontar o rumo do partido em meio ao vendaval político.

Não foi apenas a musculatura política perdida nas eleições municipais que apequenou o Partido dos Trabalhadores (PT). Na ressaca de derrotas significativas que a legenda obteve na disputa pelas prefeituras, morubixabas petistas se engalfinharam em praça pública e exibiram o estado da arte da desidratação do partido: enquanto algumas lideranças adotaram uma bem-vinda autocrítica, reconhecendo a atual distância entre o PT, a população em geral e sua base eleitoral cada vez mais modesta, outras, como a presidente Gleisi Hoffmann, optaram por seguir o habitual discurso triunfalista. O calor dos debates, iniciado na reunião da Executiva Nacional, virou brasa espalhada nas redes sociais e na imprensa. No confronto de versões, sobraram ironias, ataques mútuos, divisões que antecipam a disputa pelo comando da agremiação e a sensação de que os petistas não têm a mais pálida ideia do que dizer e do que fazer.

Gleisi Hoffmann evocou um compilado dos resultados, tentando demonstrar que os números não eram tão ruins quanto se supunha. Tentou com isso aliviar a própria barra, uma vez que é alvo de questionamento sobre as más escolhas de alianças, a dificuldade programática e a aplicação de teorias equivocadas por parte do PT. Para ela, não há motivo para a conflagração interna: o que se viu foi – pasmem – a “retomada” do PT, após o fundo do poço de 2020. Gleisi Hoffmann mencionou os 252 prefeitos eleitos, contra 183 de quatro anos atrás. A manchete estampada no site oficial petista ecoou o sentimento de triunfo da comandante: PT consolida crescimento com vitórias em Fortaleza, Camaçari, Mauá e Pelotas.

De fato, o PT ampliou o número de municípios que estarão sob sua gestão, mas a presidente do partido e seus redatores ignoraram o fato de que os petistas ficaram em nono em número de prefeitos eleitos, que o PSB passou a ser o partido da esquerda com o maior número de prefeituras e que o PT comandará, na média, cidades menores e com menos recursos. Dos 69 prefeitos a mais eleitos pelo partido neste ano, 41 vão dirigir municípios muito pequenos. Também ignoraram as evidências de que são cada vez mais claras a rejeição popular e a perda crescente de relevância do PT entre segmentos importantes do eleitorado.

Como afirmou um dos integrantes do PT, Valter Pomar, “existe gente – na direção do partido e na cúpula do governo – que vive num metaverso”. O ministro Alexandre Padilha foi um dos poucos a reconhecer a fragilidade. “O PT é o campeão nacional das eleições presidenciais, mas (...) não saiu ainda do Z4 (zona de rebaixamento) que entrou em 2016″, afirmou o ministro, após reunião com o presidente Lula da Silva e Gleisi Hoffmann. Foi o suficiente para despertar a ira da presidente do partido. Como é praxe na parcela lulopetista acostumada a viver de discursos de autocongratulação sem base na realidade ou transferir para terceiros a explicação para o próprio fracasso, Gleisi Hoffmann culpou a condição de governo de “ampla coalizão” e a “ofensiva da extrema direita”. E contra-atacou: “Padilha devia focar nas articulações políticas do governo, de sua responsabilidade, que ajudaram a chegar a esses resultados”.

Se é verdade que as frágeis articulações políticas do governo têm ajudado a arrefecer o poderio lulopetista, também é verdade que os muitos erros – da sigla, dos seus dirigentes e do presidente – têm contribuído para alimentar a artilharia interna e aprofundar sua trajetória descendente. Mas petistas são petistas, forjados na autoestima e na convicção em torno das próprias virtudes. Nada a dizer, por exemplo, sobre os efeitos dos escândalos de corrupção do passado, das ideias rupestres sobre o papel do Estado, o aparelhamento como modo de governar, o apoio entusiasmado a ditaduras, a tolerância a corporativismos, as campanhas de difamação contra adversários políticos, a aposta errada na polarização, a dificuldade em manejar de fato uma frente partidária ampla e outros desvios de rota que distanciam o PT das aspirações mais atualizadas da população.

Não está escrito nas estrelas que as dificuldades municipais se estenderão às disputas daqui a dois anos. Mas a biruta petista, a esta altura, parece incapaz de apontar o rumo do partido em meio ao vendaval político.

Não foi apenas a musculatura política perdida nas eleições municipais que apequenou o Partido dos Trabalhadores (PT). Na ressaca de derrotas significativas que a legenda obteve na disputa pelas prefeituras, morubixabas petistas se engalfinharam em praça pública e exibiram o estado da arte da desidratação do partido: enquanto algumas lideranças adotaram uma bem-vinda autocrítica, reconhecendo a atual distância entre o PT, a população em geral e sua base eleitoral cada vez mais modesta, outras, como a presidente Gleisi Hoffmann, optaram por seguir o habitual discurso triunfalista. O calor dos debates, iniciado na reunião da Executiva Nacional, virou brasa espalhada nas redes sociais e na imprensa. No confronto de versões, sobraram ironias, ataques mútuos, divisões que antecipam a disputa pelo comando da agremiação e a sensação de que os petistas não têm a mais pálida ideia do que dizer e do que fazer.

Gleisi Hoffmann evocou um compilado dos resultados, tentando demonstrar que os números não eram tão ruins quanto se supunha. Tentou com isso aliviar a própria barra, uma vez que é alvo de questionamento sobre as más escolhas de alianças, a dificuldade programática e a aplicação de teorias equivocadas por parte do PT. Para ela, não há motivo para a conflagração interna: o que se viu foi – pasmem – a “retomada” do PT, após o fundo do poço de 2020. Gleisi Hoffmann mencionou os 252 prefeitos eleitos, contra 183 de quatro anos atrás. A manchete estampada no site oficial petista ecoou o sentimento de triunfo da comandante: PT consolida crescimento com vitórias em Fortaleza, Camaçari, Mauá e Pelotas.

De fato, o PT ampliou o número de municípios que estarão sob sua gestão, mas a presidente do partido e seus redatores ignoraram o fato de que os petistas ficaram em nono em número de prefeitos eleitos, que o PSB passou a ser o partido da esquerda com o maior número de prefeituras e que o PT comandará, na média, cidades menores e com menos recursos. Dos 69 prefeitos a mais eleitos pelo partido neste ano, 41 vão dirigir municípios muito pequenos. Também ignoraram as evidências de que são cada vez mais claras a rejeição popular e a perda crescente de relevância do PT entre segmentos importantes do eleitorado.

Como afirmou um dos integrantes do PT, Valter Pomar, “existe gente – na direção do partido e na cúpula do governo – que vive num metaverso”. O ministro Alexandre Padilha foi um dos poucos a reconhecer a fragilidade. “O PT é o campeão nacional das eleições presidenciais, mas (...) não saiu ainda do Z4 (zona de rebaixamento) que entrou em 2016″, afirmou o ministro, após reunião com o presidente Lula da Silva e Gleisi Hoffmann. Foi o suficiente para despertar a ira da presidente do partido. Como é praxe na parcela lulopetista acostumada a viver de discursos de autocongratulação sem base na realidade ou transferir para terceiros a explicação para o próprio fracasso, Gleisi Hoffmann culpou a condição de governo de “ampla coalizão” e a “ofensiva da extrema direita”. E contra-atacou: “Padilha devia focar nas articulações políticas do governo, de sua responsabilidade, que ajudaram a chegar a esses resultados”.

Se é verdade que as frágeis articulações políticas do governo têm ajudado a arrefecer o poderio lulopetista, também é verdade que os muitos erros – da sigla, dos seus dirigentes e do presidente – têm contribuído para alimentar a artilharia interna e aprofundar sua trajetória descendente. Mas petistas são petistas, forjados na autoestima e na convicção em torno das próprias virtudes. Nada a dizer, por exemplo, sobre os efeitos dos escândalos de corrupção do passado, das ideias rupestres sobre o papel do Estado, o aparelhamento como modo de governar, o apoio entusiasmado a ditaduras, a tolerância a corporativismos, as campanhas de difamação contra adversários políticos, a aposta errada na polarização, a dificuldade em manejar de fato uma frente partidária ampla e outros desvios de rota que distanciam o PT das aspirações mais atualizadas da população.

Não está escrito nas estrelas que as dificuldades municipais se estenderão às disputas daqui a dois anos. Mas a biruta petista, a esta altura, parece incapaz de apontar o rumo do partido em meio ao vendaval político.

Não foi apenas a musculatura política perdida nas eleições municipais que apequenou o Partido dos Trabalhadores (PT). Na ressaca de derrotas significativas que a legenda obteve na disputa pelas prefeituras, morubixabas petistas se engalfinharam em praça pública e exibiram o estado da arte da desidratação do partido: enquanto algumas lideranças adotaram uma bem-vinda autocrítica, reconhecendo a atual distância entre o PT, a população em geral e sua base eleitoral cada vez mais modesta, outras, como a presidente Gleisi Hoffmann, optaram por seguir o habitual discurso triunfalista. O calor dos debates, iniciado na reunião da Executiva Nacional, virou brasa espalhada nas redes sociais e na imprensa. No confronto de versões, sobraram ironias, ataques mútuos, divisões que antecipam a disputa pelo comando da agremiação e a sensação de que os petistas não têm a mais pálida ideia do que dizer e do que fazer.

Gleisi Hoffmann evocou um compilado dos resultados, tentando demonstrar que os números não eram tão ruins quanto se supunha. Tentou com isso aliviar a própria barra, uma vez que é alvo de questionamento sobre as más escolhas de alianças, a dificuldade programática e a aplicação de teorias equivocadas por parte do PT. Para ela, não há motivo para a conflagração interna: o que se viu foi – pasmem – a “retomada” do PT, após o fundo do poço de 2020. Gleisi Hoffmann mencionou os 252 prefeitos eleitos, contra 183 de quatro anos atrás. A manchete estampada no site oficial petista ecoou o sentimento de triunfo da comandante: PT consolida crescimento com vitórias em Fortaleza, Camaçari, Mauá e Pelotas.

De fato, o PT ampliou o número de municípios que estarão sob sua gestão, mas a presidente do partido e seus redatores ignoraram o fato de que os petistas ficaram em nono em número de prefeitos eleitos, que o PSB passou a ser o partido da esquerda com o maior número de prefeituras e que o PT comandará, na média, cidades menores e com menos recursos. Dos 69 prefeitos a mais eleitos pelo partido neste ano, 41 vão dirigir municípios muito pequenos. Também ignoraram as evidências de que são cada vez mais claras a rejeição popular e a perda crescente de relevância do PT entre segmentos importantes do eleitorado.

Como afirmou um dos integrantes do PT, Valter Pomar, “existe gente – na direção do partido e na cúpula do governo – que vive num metaverso”. O ministro Alexandre Padilha foi um dos poucos a reconhecer a fragilidade. “O PT é o campeão nacional das eleições presidenciais, mas (...) não saiu ainda do Z4 (zona de rebaixamento) que entrou em 2016″, afirmou o ministro, após reunião com o presidente Lula da Silva e Gleisi Hoffmann. Foi o suficiente para despertar a ira da presidente do partido. Como é praxe na parcela lulopetista acostumada a viver de discursos de autocongratulação sem base na realidade ou transferir para terceiros a explicação para o próprio fracasso, Gleisi Hoffmann culpou a condição de governo de “ampla coalizão” e a “ofensiva da extrema direita”. E contra-atacou: “Padilha devia focar nas articulações políticas do governo, de sua responsabilidade, que ajudaram a chegar a esses resultados”.

Se é verdade que as frágeis articulações políticas do governo têm ajudado a arrefecer o poderio lulopetista, também é verdade que os muitos erros – da sigla, dos seus dirigentes e do presidente – têm contribuído para alimentar a artilharia interna e aprofundar sua trajetória descendente. Mas petistas são petistas, forjados na autoestima e na convicção em torno das próprias virtudes. Nada a dizer, por exemplo, sobre os efeitos dos escândalos de corrupção do passado, das ideias rupestres sobre o papel do Estado, o aparelhamento como modo de governar, o apoio entusiasmado a ditaduras, a tolerância a corporativismos, as campanhas de difamação contra adversários políticos, a aposta errada na polarização, a dificuldade em manejar de fato uma frente partidária ampla e outros desvios de rota que distanciam o PT das aspirações mais atualizadas da população.

Não está escrito nas estrelas que as dificuldades municipais se estenderão às disputas daqui a dois anos. Mas a biruta petista, a esta altura, parece incapaz de apontar o rumo do partido em meio ao vendaval político.

Não foi apenas a musculatura política perdida nas eleições municipais que apequenou o Partido dos Trabalhadores (PT). Na ressaca de derrotas significativas que a legenda obteve na disputa pelas prefeituras, morubixabas petistas se engalfinharam em praça pública e exibiram o estado da arte da desidratação do partido: enquanto algumas lideranças adotaram uma bem-vinda autocrítica, reconhecendo a atual distância entre o PT, a população em geral e sua base eleitoral cada vez mais modesta, outras, como a presidente Gleisi Hoffmann, optaram por seguir o habitual discurso triunfalista. O calor dos debates, iniciado na reunião da Executiva Nacional, virou brasa espalhada nas redes sociais e na imprensa. No confronto de versões, sobraram ironias, ataques mútuos, divisões que antecipam a disputa pelo comando da agremiação e a sensação de que os petistas não têm a mais pálida ideia do que dizer e do que fazer.

Gleisi Hoffmann evocou um compilado dos resultados, tentando demonstrar que os números não eram tão ruins quanto se supunha. Tentou com isso aliviar a própria barra, uma vez que é alvo de questionamento sobre as más escolhas de alianças, a dificuldade programática e a aplicação de teorias equivocadas por parte do PT. Para ela, não há motivo para a conflagração interna: o que se viu foi – pasmem – a “retomada” do PT, após o fundo do poço de 2020. Gleisi Hoffmann mencionou os 252 prefeitos eleitos, contra 183 de quatro anos atrás. A manchete estampada no site oficial petista ecoou o sentimento de triunfo da comandante: PT consolida crescimento com vitórias em Fortaleza, Camaçari, Mauá e Pelotas.

De fato, o PT ampliou o número de municípios que estarão sob sua gestão, mas a presidente do partido e seus redatores ignoraram o fato de que os petistas ficaram em nono em número de prefeitos eleitos, que o PSB passou a ser o partido da esquerda com o maior número de prefeituras e que o PT comandará, na média, cidades menores e com menos recursos. Dos 69 prefeitos a mais eleitos pelo partido neste ano, 41 vão dirigir municípios muito pequenos. Também ignoraram as evidências de que são cada vez mais claras a rejeição popular e a perda crescente de relevância do PT entre segmentos importantes do eleitorado.

Como afirmou um dos integrantes do PT, Valter Pomar, “existe gente – na direção do partido e na cúpula do governo – que vive num metaverso”. O ministro Alexandre Padilha foi um dos poucos a reconhecer a fragilidade. “O PT é o campeão nacional das eleições presidenciais, mas (...) não saiu ainda do Z4 (zona de rebaixamento) que entrou em 2016″, afirmou o ministro, após reunião com o presidente Lula da Silva e Gleisi Hoffmann. Foi o suficiente para despertar a ira da presidente do partido. Como é praxe na parcela lulopetista acostumada a viver de discursos de autocongratulação sem base na realidade ou transferir para terceiros a explicação para o próprio fracasso, Gleisi Hoffmann culpou a condição de governo de “ampla coalizão” e a “ofensiva da extrema direita”. E contra-atacou: “Padilha devia focar nas articulações políticas do governo, de sua responsabilidade, que ajudaram a chegar a esses resultados”.

Se é verdade que as frágeis articulações políticas do governo têm ajudado a arrefecer o poderio lulopetista, também é verdade que os muitos erros – da sigla, dos seus dirigentes e do presidente – têm contribuído para alimentar a artilharia interna e aprofundar sua trajetória descendente. Mas petistas são petistas, forjados na autoestima e na convicção em torno das próprias virtudes. Nada a dizer, por exemplo, sobre os efeitos dos escândalos de corrupção do passado, das ideias rupestres sobre o papel do Estado, o aparelhamento como modo de governar, o apoio entusiasmado a ditaduras, a tolerância a corporativismos, as campanhas de difamação contra adversários políticos, a aposta errada na polarização, a dificuldade em manejar de fato uma frente partidária ampla e outros desvios de rota que distanciam o PT das aspirações mais atualizadas da população.

Não está escrito nas estrelas que as dificuldades municipais se estenderão às disputas daqui a dois anos. Mas a biruta petista, a esta altura, parece incapaz de apontar o rumo do partido em meio ao vendaval político.

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