A hora da resiliência na Ucrânia


Após os temores do primeiro ano e as esperanças do segundo, a perspectiva é de uma guerra prolongada. Mas uma verdade permanece: a vitória de Putin será a derrota do mundo livre

Por Notas & Informações

Em 24 de fevereiro de 2022, o inimaginável aconteceu: quase 80 anos após a 2.ª Guerra, a guerra voltou à Europa com a invasão da Ucrânia pela Rússia. Hoje, exatos dois anos depois, a falta de uma perspectiva de grandes viradas de um lado ou de outro reduz as ansiedades. Mas a falta de um fim à vista reduz as esperanças.

Um ano atrás, a Rússia estava em posição ofensiva. Mas havia grandes preparativos, impaciência e expectativas em uma contraofensiva. As “pombas” vislumbravam uma janela de oportunidades: se os ucranianos empurrassem as linhas russas, Kiev poderia forçar Moscou a abdicar de seus objetivos maximalistas e entrar com mão forte em negociações de paz. Os “falcões” sonhavam em restabelecer as fronteiras anteriores à atual invasão e eventualmente as fronteiras anteriores à invasão russa da Crimeia, em 2014. E sonhavam até com a queda de Putin.

Mas a contraofensiva malogrou. As linhas estão engessadas. No Ocidente, disputas domésticas disfarçadas de doutrinas geopolíticas frustram o apoio à Ucrânia. A Europa aprovou um pacote de 50 bilhões de euros e está aumentando seus gastos em defesa, mas a hesitação em admitir que o dividendo da paz acabou traz dúvidas sobre se esse caminho será trilhado com a velocidade e a determinação necessárias. Nos EUA, um pacote de US$ 60 bilhões aprovado no Senado segue incerto na Câmara. Falta aos aliados da Ucrânia uma teoria da vitória adaptada à nova situação.

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Mas o contraste entre o ceticismo de hoje e o otimismo de um ano atrás não deve ser exagerado. Basta pensar em dois anos atrás. Havia temor e mesmo pânico ante o risco de uma conflagração regional e mesmo de uma terceira guerra – possivelmente nuclear. Putin chegou às portas de Kiev e de sua meta: decapitar o governo ucraniano e instalar um regime fantoche. Essa meta foi frustrada e inviabilizada definitivamente. O mito do poderoso Exército russo herdado da União Soviética desmoronou. Não há o risco de a Ucrânia se tornar um satélite russo. Nem Moscou tem a capacidade militar de impor esse domínio nem os ucranianos o tolerarão. A questão é se a Ucrânia completará sua jornada rumo ao fortalecimento de sua nacionalidade, a consolidação de sua democracia e seu alinhamento com o Ocidente ou se sua frágil democracia se degenerará em um Estado autoritário e corrupto. Isso já seria uma vitória de Putin, ao menos no campo dos valores.

No campo de batalha, não há perspectiva de triunfo de um lado ou de outro. Mas isso não autoriza a complacência por parte dos aliados. Sem uma teoria da vitória coerente e convincente, aumentará a pressão sobre a Ucrânia para ceder seus territórios, assinar um tratado de paz e pôr um fim à guerra. Mas isso não seria um fim. Só um intervalo antes da próxima agressão de Putin.

Outra alternativa é um congelamento de facto do conflito, com a luta contida no palco atual, mas prolongando-se indefinidamente. Uma alternativa intermediária seria o armistício, com um fim das hostilidades, mas sem uma definição política formal, como é entre a Coreia do Sul e a do Norte até hoje.

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Em todo caso, o objetivo num futuro próximo deveria ser criar um espaço defensivo estratégico para que a Ucrânia possa reconstruir sua economia. Apesar do impasse por terra, o país recuperou seu canal de escoamento no Mar Negro. Mesmo que a inclusão na Otan seja inviável em meio ao conflito, é possível acelerar o passo rumo à integração na União Europeia, incentivando as instituições democráticas no país. Nada disso será possível se a Ucrânia não receber as armas de que precisa para resistir à Rússia neste ano. Com treinamento, defesas aéreas, artilharia e drones, a Ucrânia poderia, no futuro, voltar a empurrar as linhas russas longe o suficiente para iniciar negociações numa situação favorável.

Crucial agora é resgatar o moral das populações da Ucrânia e de seus aliados. Para isso, mesmo sob uma montanha de incertezas, seus líderes têm ao alcance da mão uma verdade cristalina e adamantina: uma vitória de Putin não seria uma mera derrota da Ucrânia, mas de todo o mundo livre. Seja lá como se desdobre a guerra, essa clareza moral não será obscurecida. Mas essa luz será inútil se não for convertida em energia.

Em 24 de fevereiro de 2022, o inimaginável aconteceu: quase 80 anos após a 2.ª Guerra, a guerra voltou à Europa com a invasão da Ucrânia pela Rússia. Hoje, exatos dois anos depois, a falta de uma perspectiva de grandes viradas de um lado ou de outro reduz as ansiedades. Mas a falta de um fim à vista reduz as esperanças.

Um ano atrás, a Rússia estava em posição ofensiva. Mas havia grandes preparativos, impaciência e expectativas em uma contraofensiva. As “pombas” vislumbravam uma janela de oportunidades: se os ucranianos empurrassem as linhas russas, Kiev poderia forçar Moscou a abdicar de seus objetivos maximalistas e entrar com mão forte em negociações de paz. Os “falcões” sonhavam em restabelecer as fronteiras anteriores à atual invasão e eventualmente as fronteiras anteriores à invasão russa da Crimeia, em 2014. E sonhavam até com a queda de Putin.

Mas a contraofensiva malogrou. As linhas estão engessadas. No Ocidente, disputas domésticas disfarçadas de doutrinas geopolíticas frustram o apoio à Ucrânia. A Europa aprovou um pacote de 50 bilhões de euros e está aumentando seus gastos em defesa, mas a hesitação em admitir que o dividendo da paz acabou traz dúvidas sobre se esse caminho será trilhado com a velocidade e a determinação necessárias. Nos EUA, um pacote de US$ 60 bilhões aprovado no Senado segue incerto na Câmara. Falta aos aliados da Ucrânia uma teoria da vitória adaptada à nova situação.

Mas o contraste entre o ceticismo de hoje e o otimismo de um ano atrás não deve ser exagerado. Basta pensar em dois anos atrás. Havia temor e mesmo pânico ante o risco de uma conflagração regional e mesmo de uma terceira guerra – possivelmente nuclear. Putin chegou às portas de Kiev e de sua meta: decapitar o governo ucraniano e instalar um regime fantoche. Essa meta foi frustrada e inviabilizada definitivamente. O mito do poderoso Exército russo herdado da União Soviética desmoronou. Não há o risco de a Ucrânia se tornar um satélite russo. Nem Moscou tem a capacidade militar de impor esse domínio nem os ucranianos o tolerarão. A questão é se a Ucrânia completará sua jornada rumo ao fortalecimento de sua nacionalidade, a consolidação de sua democracia e seu alinhamento com o Ocidente ou se sua frágil democracia se degenerará em um Estado autoritário e corrupto. Isso já seria uma vitória de Putin, ao menos no campo dos valores.

No campo de batalha, não há perspectiva de triunfo de um lado ou de outro. Mas isso não autoriza a complacência por parte dos aliados. Sem uma teoria da vitória coerente e convincente, aumentará a pressão sobre a Ucrânia para ceder seus territórios, assinar um tratado de paz e pôr um fim à guerra. Mas isso não seria um fim. Só um intervalo antes da próxima agressão de Putin.

Outra alternativa é um congelamento de facto do conflito, com a luta contida no palco atual, mas prolongando-se indefinidamente. Uma alternativa intermediária seria o armistício, com um fim das hostilidades, mas sem uma definição política formal, como é entre a Coreia do Sul e a do Norte até hoje.

Em todo caso, o objetivo num futuro próximo deveria ser criar um espaço defensivo estratégico para que a Ucrânia possa reconstruir sua economia. Apesar do impasse por terra, o país recuperou seu canal de escoamento no Mar Negro. Mesmo que a inclusão na Otan seja inviável em meio ao conflito, é possível acelerar o passo rumo à integração na União Europeia, incentivando as instituições democráticas no país. Nada disso será possível se a Ucrânia não receber as armas de que precisa para resistir à Rússia neste ano. Com treinamento, defesas aéreas, artilharia e drones, a Ucrânia poderia, no futuro, voltar a empurrar as linhas russas longe o suficiente para iniciar negociações numa situação favorável.

Crucial agora é resgatar o moral das populações da Ucrânia e de seus aliados. Para isso, mesmo sob uma montanha de incertezas, seus líderes têm ao alcance da mão uma verdade cristalina e adamantina: uma vitória de Putin não seria uma mera derrota da Ucrânia, mas de todo o mundo livre. Seja lá como se desdobre a guerra, essa clareza moral não será obscurecida. Mas essa luz será inútil se não for convertida em energia.

Em 24 de fevereiro de 2022, o inimaginável aconteceu: quase 80 anos após a 2.ª Guerra, a guerra voltou à Europa com a invasão da Ucrânia pela Rússia. Hoje, exatos dois anos depois, a falta de uma perspectiva de grandes viradas de um lado ou de outro reduz as ansiedades. Mas a falta de um fim à vista reduz as esperanças.

Um ano atrás, a Rússia estava em posição ofensiva. Mas havia grandes preparativos, impaciência e expectativas em uma contraofensiva. As “pombas” vislumbravam uma janela de oportunidades: se os ucranianos empurrassem as linhas russas, Kiev poderia forçar Moscou a abdicar de seus objetivos maximalistas e entrar com mão forte em negociações de paz. Os “falcões” sonhavam em restabelecer as fronteiras anteriores à atual invasão e eventualmente as fronteiras anteriores à invasão russa da Crimeia, em 2014. E sonhavam até com a queda de Putin.

Mas a contraofensiva malogrou. As linhas estão engessadas. No Ocidente, disputas domésticas disfarçadas de doutrinas geopolíticas frustram o apoio à Ucrânia. A Europa aprovou um pacote de 50 bilhões de euros e está aumentando seus gastos em defesa, mas a hesitação em admitir que o dividendo da paz acabou traz dúvidas sobre se esse caminho será trilhado com a velocidade e a determinação necessárias. Nos EUA, um pacote de US$ 60 bilhões aprovado no Senado segue incerto na Câmara. Falta aos aliados da Ucrânia uma teoria da vitória adaptada à nova situação.

Mas o contraste entre o ceticismo de hoje e o otimismo de um ano atrás não deve ser exagerado. Basta pensar em dois anos atrás. Havia temor e mesmo pânico ante o risco de uma conflagração regional e mesmo de uma terceira guerra – possivelmente nuclear. Putin chegou às portas de Kiev e de sua meta: decapitar o governo ucraniano e instalar um regime fantoche. Essa meta foi frustrada e inviabilizada definitivamente. O mito do poderoso Exército russo herdado da União Soviética desmoronou. Não há o risco de a Ucrânia se tornar um satélite russo. Nem Moscou tem a capacidade militar de impor esse domínio nem os ucranianos o tolerarão. A questão é se a Ucrânia completará sua jornada rumo ao fortalecimento de sua nacionalidade, a consolidação de sua democracia e seu alinhamento com o Ocidente ou se sua frágil democracia se degenerará em um Estado autoritário e corrupto. Isso já seria uma vitória de Putin, ao menos no campo dos valores.

No campo de batalha, não há perspectiva de triunfo de um lado ou de outro. Mas isso não autoriza a complacência por parte dos aliados. Sem uma teoria da vitória coerente e convincente, aumentará a pressão sobre a Ucrânia para ceder seus territórios, assinar um tratado de paz e pôr um fim à guerra. Mas isso não seria um fim. Só um intervalo antes da próxima agressão de Putin.

Outra alternativa é um congelamento de facto do conflito, com a luta contida no palco atual, mas prolongando-se indefinidamente. Uma alternativa intermediária seria o armistício, com um fim das hostilidades, mas sem uma definição política formal, como é entre a Coreia do Sul e a do Norte até hoje.

Em todo caso, o objetivo num futuro próximo deveria ser criar um espaço defensivo estratégico para que a Ucrânia possa reconstruir sua economia. Apesar do impasse por terra, o país recuperou seu canal de escoamento no Mar Negro. Mesmo que a inclusão na Otan seja inviável em meio ao conflito, é possível acelerar o passo rumo à integração na União Europeia, incentivando as instituições democráticas no país. Nada disso será possível se a Ucrânia não receber as armas de que precisa para resistir à Rússia neste ano. Com treinamento, defesas aéreas, artilharia e drones, a Ucrânia poderia, no futuro, voltar a empurrar as linhas russas longe o suficiente para iniciar negociações numa situação favorável.

Crucial agora é resgatar o moral das populações da Ucrânia e de seus aliados. Para isso, mesmo sob uma montanha de incertezas, seus líderes têm ao alcance da mão uma verdade cristalina e adamantina: uma vitória de Putin não seria uma mera derrota da Ucrânia, mas de todo o mundo livre. Seja lá como se desdobre a guerra, essa clareza moral não será obscurecida. Mas essa luz será inútil se não for convertida em energia.

Em 24 de fevereiro de 2022, o inimaginável aconteceu: quase 80 anos após a 2.ª Guerra, a guerra voltou à Europa com a invasão da Ucrânia pela Rússia. Hoje, exatos dois anos depois, a falta de uma perspectiva de grandes viradas de um lado ou de outro reduz as ansiedades. Mas a falta de um fim à vista reduz as esperanças.

Um ano atrás, a Rússia estava em posição ofensiva. Mas havia grandes preparativos, impaciência e expectativas em uma contraofensiva. As “pombas” vislumbravam uma janela de oportunidades: se os ucranianos empurrassem as linhas russas, Kiev poderia forçar Moscou a abdicar de seus objetivos maximalistas e entrar com mão forte em negociações de paz. Os “falcões” sonhavam em restabelecer as fronteiras anteriores à atual invasão e eventualmente as fronteiras anteriores à invasão russa da Crimeia, em 2014. E sonhavam até com a queda de Putin.

Mas a contraofensiva malogrou. As linhas estão engessadas. No Ocidente, disputas domésticas disfarçadas de doutrinas geopolíticas frustram o apoio à Ucrânia. A Europa aprovou um pacote de 50 bilhões de euros e está aumentando seus gastos em defesa, mas a hesitação em admitir que o dividendo da paz acabou traz dúvidas sobre se esse caminho será trilhado com a velocidade e a determinação necessárias. Nos EUA, um pacote de US$ 60 bilhões aprovado no Senado segue incerto na Câmara. Falta aos aliados da Ucrânia uma teoria da vitória adaptada à nova situação.

Mas o contraste entre o ceticismo de hoje e o otimismo de um ano atrás não deve ser exagerado. Basta pensar em dois anos atrás. Havia temor e mesmo pânico ante o risco de uma conflagração regional e mesmo de uma terceira guerra – possivelmente nuclear. Putin chegou às portas de Kiev e de sua meta: decapitar o governo ucraniano e instalar um regime fantoche. Essa meta foi frustrada e inviabilizada definitivamente. O mito do poderoso Exército russo herdado da União Soviética desmoronou. Não há o risco de a Ucrânia se tornar um satélite russo. Nem Moscou tem a capacidade militar de impor esse domínio nem os ucranianos o tolerarão. A questão é se a Ucrânia completará sua jornada rumo ao fortalecimento de sua nacionalidade, a consolidação de sua democracia e seu alinhamento com o Ocidente ou se sua frágil democracia se degenerará em um Estado autoritário e corrupto. Isso já seria uma vitória de Putin, ao menos no campo dos valores.

No campo de batalha, não há perspectiva de triunfo de um lado ou de outro. Mas isso não autoriza a complacência por parte dos aliados. Sem uma teoria da vitória coerente e convincente, aumentará a pressão sobre a Ucrânia para ceder seus territórios, assinar um tratado de paz e pôr um fim à guerra. Mas isso não seria um fim. Só um intervalo antes da próxima agressão de Putin.

Outra alternativa é um congelamento de facto do conflito, com a luta contida no palco atual, mas prolongando-se indefinidamente. Uma alternativa intermediária seria o armistício, com um fim das hostilidades, mas sem uma definição política formal, como é entre a Coreia do Sul e a do Norte até hoje.

Em todo caso, o objetivo num futuro próximo deveria ser criar um espaço defensivo estratégico para que a Ucrânia possa reconstruir sua economia. Apesar do impasse por terra, o país recuperou seu canal de escoamento no Mar Negro. Mesmo que a inclusão na Otan seja inviável em meio ao conflito, é possível acelerar o passo rumo à integração na União Europeia, incentivando as instituições democráticas no país. Nada disso será possível se a Ucrânia não receber as armas de que precisa para resistir à Rússia neste ano. Com treinamento, defesas aéreas, artilharia e drones, a Ucrânia poderia, no futuro, voltar a empurrar as linhas russas longe o suficiente para iniciar negociações numa situação favorável.

Crucial agora é resgatar o moral das populações da Ucrânia e de seus aliados. Para isso, mesmo sob uma montanha de incertezas, seus líderes têm ao alcance da mão uma verdade cristalina e adamantina: uma vitória de Putin não seria uma mera derrota da Ucrânia, mas de todo o mundo livre. Seja lá como se desdobre a guerra, essa clareza moral não será obscurecida. Mas essa luz será inútil se não for convertida em energia.

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