A hora mais escura


É provável que ameaças nucleares de Putin sejam mais um blefe. Mas as condições de dissuasão nuclear estão se deteriorando. Apaziguar um ditador imperialista só acelerará esse processo

Por Notas & Informações

Em questão de dias, paradigmas de dissuasão nuclear estabelecidos após a 2.ª Guerra estão colapsando. No dia 18, os EUA, seguidos por Reino Unido e França, autorizaram Kiev a atacar território russo com seus mísseis, o que ela fez no dia seguinte. Imediatamente, o Kremlin revisou sua doutrina nuclear, declarando que agressões à Rússia poderiam ser retaliadas com arsenal nuclear e ataques apoiados por potências nucleares seriam tratados como uma agressão conjunta. No dia 21, a Rússia disparou mísseis sobre a cidade de Dnipro. Um deles, segundo declarou Vladimir Putin, seria um Oreshnik.

A Rússia já disparou mísseis com capacidade nuclear contra a Ucrânia, mas o Oreshnik é um míssil balístico intercontinental capaz de comportar múltiplas ogivas. Putin alega que ele pode viajar mais de 10 vezes a velocidade do som e não pode ser interceptado. Mas oficiais das forças ocidentais dizem que se tratou de um míssil balístico de alcance mais curto. De todo modo, foi uma mensagem.

Será um blefe? Possivelmente. Kiev já vem atacando com mísseis de aliados a Crimeia, que o Kremlin considera território russo. A aplicação das “linhas vermelhas” foi inconsistente: Putin escalou a guerra várias vezes por conta própria; por outro lado, quando os aliados bancaram suas ameaças e forneceram à Ucrânia foguetes, tanques e caças, ele moveu as “linhas vermelhas” e declinou a retaliação. Seria irracional detonar um conflito com a Otan a dois meses da inauguração do mandato de Donald Trump, que se mostra inclinado a forçar a Ucrânia a concessões.

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O risco, de todo modo, existe, e o mundo está em seu momento mais perigoso desde a guerra fria. Comparações com os anos 30 não devem ser superestimadas, mas tampouco subestimadas. Oficialmente, a 2.ª Guerra começou em 1939, com a invasão da Polônia pela Alemanha. Mas em 1931 o Japão invadiu a Manchúria e em 1937 eclodiu a guerra com a China; nazifascistas e soviéticos travaram uma guerra “por procuração” na guerra civil espanhola de 1936; e em 1938 a Alemanha anexou a Áustria e os Sudetos.

Hoje, a rivalidade entre EUA e China se intensifica, a guerra civil no Sudão pode transbordar para vizinhos na África e no Oriente Médio, já ameaçado por uma conflagração pelos confrontos entre Israel e Irã em Gaza e no Líbano. A observância de tratados internacionais (incluindo os de controle nuclear) está em declínio, e quatro autocracias – China, Rússia, Irã e Coreia do Norte – estreitam relações para confrontar o Ocidente.

Trump pode investir em capacidades militares para ampliar o poder de dissuasão. Mas ele é cético em relação a concertações multilaterais e suas políticas protecionistas tendem a minar alianças. Eventos que fogem ao controle dos EUA podem levá-lo a reações improvisadas e soluções heterodoxas, com consequências imprevisíveis.

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Trump e seus assessores querem pôr fim à guerra na Ucrânia para se concentrar na ameaça da China. Mas na esfera atlântica ele não pode se permitir parecer fraco e precisa mostrar que seu plano – sabe-se lá qual – é melhor que o de Joe Biden. Mas como advertiu o ex-chanceler ucraniano Dmytro Kuleba: “Ele deveria se dar conta de que a estratégia (de Biden) não está falhando porque é fundamentalmente falha, mas porque nunca foi plenamente implementada. Meias medidas e meia resolução levaram a meios resultados”.

Putin, como Hitler, é um imperialista ressentido do Ocidente e dispõe de populações de etnia russa em antigos satélites soviéticos prontas a promoverem conflito e subversão. Qualquer solução temporária será só uma pausa até o próximo conflito. Se triunfar na Ucrânia, a lista de desafios ao Ocidente não será alterada, mas será enfrentada de uma posição mais fraca. Mesmo que uma paz plenamente justa – a restauração completa da soberania ucraniana – se mostre impraticável, a paz possível deve ser negociada de uma posição de força.

Em 1938, as democracias liberais acreditaram que apaziguar um ditador imperialista traria a paz. Mas isso só mostrou fraqueza e encorajou novas agressões. Se repetirem o erro, elas só ficarão mais fracas e mais pobres; e seus inimigos, mais fortes e impetuosos.

Em questão de dias, paradigmas de dissuasão nuclear estabelecidos após a 2.ª Guerra estão colapsando. No dia 18, os EUA, seguidos por Reino Unido e França, autorizaram Kiev a atacar território russo com seus mísseis, o que ela fez no dia seguinte. Imediatamente, o Kremlin revisou sua doutrina nuclear, declarando que agressões à Rússia poderiam ser retaliadas com arsenal nuclear e ataques apoiados por potências nucleares seriam tratados como uma agressão conjunta. No dia 21, a Rússia disparou mísseis sobre a cidade de Dnipro. Um deles, segundo declarou Vladimir Putin, seria um Oreshnik.

A Rússia já disparou mísseis com capacidade nuclear contra a Ucrânia, mas o Oreshnik é um míssil balístico intercontinental capaz de comportar múltiplas ogivas. Putin alega que ele pode viajar mais de 10 vezes a velocidade do som e não pode ser interceptado. Mas oficiais das forças ocidentais dizem que se tratou de um míssil balístico de alcance mais curto. De todo modo, foi uma mensagem.

Será um blefe? Possivelmente. Kiev já vem atacando com mísseis de aliados a Crimeia, que o Kremlin considera território russo. A aplicação das “linhas vermelhas” foi inconsistente: Putin escalou a guerra várias vezes por conta própria; por outro lado, quando os aliados bancaram suas ameaças e forneceram à Ucrânia foguetes, tanques e caças, ele moveu as “linhas vermelhas” e declinou a retaliação. Seria irracional detonar um conflito com a Otan a dois meses da inauguração do mandato de Donald Trump, que se mostra inclinado a forçar a Ucrânia a concessões.

O risco, de todo modo, existe, e o mundo está em seu momento mais perigoso desde a guerra fria. Comparações com os anos 30 não devem ser superestimadas, mas tampouco subestimadas. Oficialmente, a 2.ª Guerra começou em 1939, com a invasão da Polônia pela Alemanha. Mas em 1931 o Japão invadiu a Manchúria e em 1937 eclodiu a guerra com a China; nazifascistas e soviéticos travaram uma guerra “por procuração” na guerra civil espanhola de 1936; e em 1938 a Alemanha anexou a Áustria e os Sudetos.

Hoje, a rivalidade entre EUA e China se intensifica, a guerra civil no Sudão pode transbordar para vizinhos na África e no Oriente Médio, já ameaçado por uma conflagração pelos confrontos entre Israel e Irã em Gaza e no Líbano. A observância de tratados internacionais (incluindo os de controle nuclear) está em declínio, e quatro autocracias – China, Rússia, Irã e Coreia do Norte – estreitam relações para confrontar o Ocidente.

Trump pode investir em capacidades militares para ampliar o poder de dissuasão. Mas ele é cético em relação a concertações multilaterais e suas políticas protecionistas tendem a minar alianças. Eventos que fogem ao controle dos EUA podem levá-lo a reações improvisadas e soluções heterodoxas, com consequências imprevisíveis.

Trump e seus assessores querem pôr fim à guerra na Ucrânia para se concentrar na ameaça da China. Mas na esfera atlântica ele não pode se permitir parecer fraco e precisa mostrar que seu plano – sabe-se lá qual – é melhor que o de Joe Biden. Mas como advertiu o ex-chanceler ucraniano Dmytro Kuleba: “Ele deveria se dar conta de que a estratégia (de Biden) não está falhando porque é fundamentalmente falha, mas porque nunca foi plenamente implementada. Meias medidas e meia resolução levaram a meios resultados”.

Putin, como Hitler, é um imperialista ressentido do Ocidente e dispõe de populações de etnia russa em antigos satélites soviéticos prontas a promoverem conflito e subversão. Qualquer solução temporária será só uma pausa até o próximo conflito. Se triunfar na Ucrânia, a lista de desafios ao Ocidente não será alterada, mas será enfrentada de uma posição mais fraca. Mesmo que uma paz plenamente justa – a restauração completa da soberania ucraniana – se mostre impraticável, a paz possível deve ser negociada de uma posição de força.

Em 1938, as democracias liberais acreditaram que apaziguar um ditador imperialista traria a paz. Mas isso só mostrou fraqueza e encorajou novas agressões. Se repetirem o erro, elas só ficarão mais fracas e mais pobres; e seus inimigos, mais fortes e impetuosos.

Em questão de dias, paradigmas de dissuasão nuclear estabelecidos após a 2.ª Guerra estão colapsando. No dia 18, os EUA, seguidos por Reino Unido e França, autorizaram Kiev a atacar território russo com seus mísseis, o que ela fez no dia seguinte. Imediatamente, o Kremlin revisou sua doutrina nuclear, declarando que agressões à Rússia poderiam ser retaliadas com arsenal nuclear e ataques apoiados por potências nucleares seriam tratados como uma agressão conjunta. No dia 21, a Rússia disparou mísseis sobre a cidade de Dnipro. Um deles, segundo declarou Vladimir Putin, seria um Oreshnik.

A Rússia já disparou mísseis com capacidade nuclear contra a Ucrânia, mas o Oreshnik é um míssil balístico intercontinental capaz de comportar múltiplas ogivas. Putin alega que ele pode viajar mais de 10 vezes a velocidade do som e não pode ser interceptado. Mas oficiais das forças ocidentais dizem que se tratou de um míssil balístico de alcance mais curto. De todo modo, foi uma mensagem.

Será um blefe? Possivelmente. Kiev já vem atacando com mísseis de aliados a Crimeia, que o Kremlin considera território russo. A aplicação das “linhas vermelhas” foi inconsistente: Putin escalou a guerra várias vezes por conta própria; por outro lado, quando os aliados bancaram suas ameaças e forneceram à Ucrânia foguetes, tanques e caças, ele moveu as “linhas vermelhas” e declinou a retaliação. Seria irracional detonar um conflito com a Otan a dois meses da inauguração do mandato de Donald Trump, que se mostra inclinado a forçar a Ucrânia a concessões.

O risco, de todo modo, existe, e o mundo está em seu momento mais perigoso desde a guerra fria. Comparações com os anos 30 não devem ser superestimadas, mas tampouco subestimadas. Oficialmente, a 2.ª Guerra começou em 1939, com a invasão da Polônia pela Alemanha. Mas em 1931 o Japão invadiu a Manchúria e em 1937 eclodiu a guerra com a China; nazifascistas e soviéticos travaram uma guerra “por procuração” na guerra civil espanhola de 1936; e em 1938 a Alemanha anexou a Áustria e os Sudetos.

Hoje, a rivalidade entre EUA e China se intensifica, a guerra civil no Sudão pode transbordar para vizinhos na África e no Oriente Médio, já ameaçado por uma conflagração pelos confrontos entre Israel e Irã em Gaza e no Líbano. A observância de tratados internacionais (incluindo os de controle nuclear) está em declínio, e quatro autocracias – China, Rússia, Irã e Coreia do Norte – estreitam relações para confrontar o Ocidente.

Trump pode investir em capacidades militares para ampliar o poder de dissuasão. Mas ele é cético em relação a concertações multilaterais e suas políticas protecionistas tendem a minar alianças. Eventos que fogem ao controle dos EUA podem levá-lo a reações improvisadas e soluções heterodoxas, com consequências imprevisíveis.

Trump e seus assessores querem pôr fim à guerra na Ucrânia para se concentrar na ameaça da China. Mas na esfera atlântica ele não pode se permitir parecer fraco e precisa mostrar que seu plano – sabe-se lá qual – é melhor que o de Joe Biden. Mas como advertiu o ex-chanceler ucraniano Dmytro Kuleba: “Ele deveria se dar conta de que a estratégia (de Biden) não está falhando porque é fundamentalmente falha, mas porque nunca foi plenamente implementada. Meias medidas e meia resolução levaram a meios resultados”.

Putin, como Hitler, é um imperialista ressentido do Ocidente e dispõe de populações de etnia russa em antigos satélites soviéticos prontas a promoverem conflito e subversão. Qualquer solução temporária será só uma pausa até o próximo conflito. Se triunfar na Ucrânia, a lista de desafios ao Ocidente não será alterada, mas será enfrentada de uma posição mais fraca. Mesmo que uma paz plenamente justa – a restauração completa da soberania ucraniana – se mostre impraticável, a paz possível deve ser negociada de uma posição de força.

Em 1938, as democracias liberais acreditaram que apaziguar um ditador imperialista traria a paz. Mas isso só mostrou fraqueza e encorajou novas agressões. Se repetirem o erro, elas só ficarão mais fracas e mais pobres; e seus inimigos, mais fortes e impetuosos.

Em questão de dias, paradigmas de dissuasão nuclear estabelecidos após a 2.ª Guerra estão colapsando. No dia 18, os EUA, seguidos por Reino Unido e França, autorizaram Kiev a atacar território russo com seus mísseis, o que ela fez no dia seguinte. Imediatamente, o Kremlin revisou sua doutrina nuclear, declarando que agressões à Rússia poderiam ser retaliadas com arsenal nuclear e ataques apoiados por potências nucleares seriam tratados como uma agressão conjunta. No dia 21, a Rússia disparou mísseis sobre a cidade de Dnipro. Um deles, segundo declarou Vladimir Putin, seria um Oreshnik.

A Rússia já disparou mísseis com capacidade nuclear contra a Ucrânia, mas o Oreshnik é um míssil balístico intercontinental capaz de comportar múltiplas ogivas. Putin alega que ele pode viajar mais de 10 vezes a velocidade do som e não pode ser interceptado. Mas oficiais das forças ocidentais dizem que se tratou de um míssil balístico de alcance mais curto. De todo modo, foi uma mensagem.

Será um blefe? Possivelmente. Kiev já vem atacando com mísseis de aliados a Crimeia, que o Kremlin considera território russo. A aplicação das “linhas vermelhas” foi inconsistente: Putin escalou a guerra várias vezes por conta própria; por outro lado, quando os aliados bancaram suas ameaças e forneceram à Ucrânia foguetes, tanques e caças, ele moveu as “linhas vermelhas” e declinou a retaliação. Seria irracional detonar um conflito com a Otan a dois meses da inauguração do mandato de Donald Trump, que se mostra inclinado a forçar a Ucrânia a concessões.

O risco, de todo modo, existe, e o mundo está em seu momento mais perigoso desde a guerra fria. Comparações com os anos 30 não devem ser superestimadas, mas tampouco subestimadas. Oficialmente, a 2.ª Guerra começou em 1939, com a invasão da Polônia pela Alemanha. Mas em 1931 o Japão invadiu a Manchúria e em 1937 eclodiu a guerra com a China; nazifascistas e soviéticos travaram uma guerra “por procuração” na guerra civil espanhola de 1936; e em 1938 a Alemanha anexou a Áustria e os Sudetos.

Hoje, a rivalidade entre EUA e China se intensifica, a guerra civil no Sudão pode transbordar para vizinhos na África e no Oriente Médio, já ameaçado por uma conflagração pelos confrontos entre Israel e Irã em Gaza e no Líbano. A observância de tratados internacionais (incluindo os de controle nuclear) está em declínio, e quatro autocracias – China, Rússia, Irã e Coreia do Norte – estreitam relações para confrontar o Ocidente.

Trump pode investir em capacidades militares para ampliar o poder de dissuasão. Mas ele é cético em relação a concertações multilaterais e suas políticas protecionistas tendem a minar alianças. Eventos que fogem ao controle dos EUA podem levá-lo a reações improvisadas e soluções heterodoxas, com consequências imprevisíveis.

Trump e seus assessores querem pôr fim à guerra na Ucrânia para se concentrar na ameaça da China. Mas na esfera atlântica ele não pode se permitir parecer fraco e precisa mostrar que seu plano – sabe-se lá qual – é melhor que o de Joe Biden. Mas como advertiu o ex-chanceler ucraniano Dmytro Kuleba: “Ele deveria se dar conta de que a estratégia (de Biden) não está falhando porque é fundamentalmente falha, mas porque nunca foi plenamente implementada. Meias medidas e meia resolução levaram a meios resultados”.

Putin, como Hitler, é um imperialista ressentido do Ocidente e dispõe de populações de etnia russa em antigos satélites soviéticos prontas a promoverem conflito e subversão. Qualquer solução temporária será só uma pausa até o próximo conflito. Se triunfar na Ucrânia, a lista de desafios ao Ocidente não será alterada, mas será enfrentada de uma posição mais fraca. Mesmo que uma paz plenamente justa – a restauração completa da soberania ucraniana – se mostre impraticável, a paz possível deve ser negociada de uma posição de força.

Em 1938, as democracias liberais acreditaram que apaziguar um ditador imperialista traria a paz. Mas isso só mostrou fraqueza e encorajou novas agressões. Se repetirem o erro, elas só ficarão mais fracas e mais pobres; e seus inimigos, mais fortes e impetuosos.

Em questão de dias, paradigmas de dissuasão nuclear estabelecidos após a 2.ª Guerra estão colapsando. No dia 18, os EUA, seguidos por Reino Unido e França, autorizaram Kiev a atacar território russo com seus mísseis, o que ela fez no dia seguinte. Imediatamente, o Kremlin revisou sua doutrina nuclear, declarando que agressões à Rússia poderiam ser retaliadas com arsenal nuclear e ataques apoiados por potências nucleares seriam tratados como uma agressão conjunta. No dia 21, a Rússia disparou mísseis sobre a cidade de Dnipro. Um deles, segundo declarou Vladimir Putin, seria um Oreshnik.

A Rússia já disparou mísseis com capacidade nuclear contra a Ucrânia, mas o Oreshnik é um míssil balístico intercontinental capaz de comportar múltiplas ogivas. Putin alega que ele pode viajar mais de 10 vezes a velocidade do som e não pode ser interceptado. Mas oficiais das forças ocidentais dizem que se tratou de um míssil balístico de alcance mais curto. De todo modo, foi uma mensagem.

Será um blefe? Possivelmente. Kiev já vem atacando com mísseis de aliados a Crimeia, que o Kremlin considera território russo. A aplicação das “linhas vermelhas” foi inconsistente: Putin escalou a guerra várias vezes por conta própria; por outro lado, quando os aliados bancaram suas ameaças e forneceram à Ucrânia foguetes, tanques e caças, ele moveu as “linhas vermelhas” e declinou a retaliação. Seria irracional detonar um conflito com a Otan a dois meses da inauguração do mandato de Donald Trump, que se mostra inclinado a forçar a Ucrânia a concessões.

O risco, de todo modo, existe, e o mundo está em seu momento mais perigoso desde a guerra fria. Comparações com os anos 30 não devem ser superestimadas, mas tampouco subestimadas. Oficialmente, a 2.ª Guerra começou em 1939, com a invasão da Polônia pela Alemanha. Mas em 1931 o Japão invadiu a Manchúria e em 1937 eclodiu a guerra com a China; nazifascistas e soviéticos travaram uma guerra “por procuração” na guerra civil espanhola de 1936; e em 1938 a Alemanha anexou a Áustria e os Sudetos.

Hoje, a rivalidade entre EUA e China se intensifica, a guerra civil no Sudão pode transbordar para vizinhos na África e no Oriente Médio, já ameaçado por uma conflagração pelos confrontos entre Israel e Irã em Gaza e no Líbano. A observância de tratados internacionais (incluindo os de controle nuclear) está em declínio, e quatro autocracias – China, Rússia, Irã e Coreia do Norte – estreitam relações para confrontar o Ocidente.

Trump pode investir em capacidades militares para ampliar o poder de dissuasão. Mas ele é cético em relação a concertações multilaterais e suas políticas protecionistas tendem a minar alianças. Eventos que fogem ao controle dos EUA podem levá-lo a reações improvisadas e soluções heterodoxas, com consequências imprevisíveis.

Trump e seus assessores querem pôr fim à guerra na Ucrânia para se concentrar na ameaça da China. Mas na esfera atlântica ele não pode se permitir parecer fraco e precisa mostrar que seu plano – sabe-se lá qual – é melhor que o de Joe Biden. Mas como advertiu o ex-chanceler ucraniano Dmytro Kuleba: “Ele deveria se dar conta de que a estratégia (de Biden) não está falhando porque é fundamentalmente falha, mas porque nunca foi plenamente implementada. Meias medidas e meia resolução levaram a meios resultados”.

Putin, como Hitler, é um imperialista ressentido do Ocidente e dispõe de populações de etnia russa em antigos satélites soviéticos prontas a promoverem conflito e subversão. Qualquer solução temporária será só uma pausa até o próximo conflito. Se triunfar na Ucrânia, a lista de desafios ao Ocidente não será alterada, mas será enfrentada de uma posição mais fraca. Mesmo que uma paz plenamente justa – a restauração completa da soberania ucraniana – se mostre impraticável, a paz possível deve ser negociada de uma posição de força.

Em 1938, as democracias liberais acreditaram que apaziguar um ditador imperialista traria a paz. Mas isso só mostrou fraqueza e encorajou novas agressões. Se repetirem o erro, elas só ficarão mais fracas e mais pobres; e seus inimigos, mais fortes e impetuosos.

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