A mensagem política da classe C


Já passou da hora de políticos moderados compreenderem a classe média e trabalharem por suas aspirações: menos interferência do Estado, mais valorização da família

Por Notas&Informações

O primeiro turno das eleições revelou uma desidratação das alternativas de centro-esquerda e centro-direita. Os candidatos da “terceira via”, por exemplo, não somaram dois dígitos do porcentual de votos válidos. Ao mesmo tempo, como resumiu o colunista do Estadão William Waack, as urnas mostraram que Lula da Silva é maior que a esquerda e Jair Bolsonaro é menor que a direita. Lula conquistou mais de 57 milhões de votos (48,4% dos votos válidos), 6 milhões a mais do que Bolsonaro (43,2%). Mas nas eleições parlamentares o avanço de nomes da esquerda foi menor que a vantagem galgada por Lula, enquanto a projeção de candidatos à direita foi maior que os votos confiados a Bolsonaro.

Parte da explicação para esses descompassos está na classe C, a fatia socioeconômica que compreende famílias com renda mensal de R$ 1 mil a R$ 8 mil – cerca de 100 milhões de pessoas, 55% da população. Especialistas ouvidos pelo Estadão afirmam que ela tem um perfil heterogêneo e difícil de ser captado por análises, mas, em geral, resumiram seu sentimento em relação ao poder público como um misto de desalento e desconfiança. Desalento pela precariedade de serviços básicos, como saúde, educação e segurança, e desconfiança em relação à captura do Estado por interesses patrimonialistas e à sua intromissão na vida das pessoas.

O professor da FGV Lauro Gonzalez aponta “um caldo de ressentimento em um grupo que está no limbo”, nem tão pobre para entrar em programas sociais, mas que também não ascendeu mesmo com mais escolaridade que seus pais. Além disso, “uma parte da narrativa desses segmentos é de natureza dos costumes, há uma recuperação de um sentimento conservador, colado na fé religiosa”, disse o cientista político José Álvaro Moisés. De resto, “o discurso de que o Estado não funciona e é corrupto é muito aderente”, observou o antropólogo Maurício de Almeida Prado. “Mesmo que Bolsonaro não tenha conseguido fazer ações nesse sentido, o ‘não fique em casa’, o ‘Estado me atrapalha’, menos coletivo e mais individual, é uma visão que colou nele e tem respaldo nesse grupo.”

continua após a publicidade

O próprio PT identificou esse imaginário em uma pesquisa de 2017 da Fundação Perseu Abramo com eleitores de até 5 salários mínimos. Contrariando os ideólogos do partido, ela aponta que “o principal confronto existente na sociedade não é entre ricos e pobres, entre capital e trabalho, entre corporações e trabalhadores”, e sim “entre Estado e cidadãos, entre a sociedade e seus governantes”. Para os entrevistados, “todos são vítimas do Estado que cobra impostos excessivos, impõe entraves burocráticos, gerencia mal o crescimento econômico e acaba por limitar ou sufocar atividades das empresas”. A maioria se disse favorável a “uma atuação mais integrada entre Poder Público e iniciativa privada em favor da coletividade”. São eleitores que valorizam a meritocracia e entendem que a crise ética da sociedade resulta menos de vícios “estruturais” do que de desvios individuais, a serem sanados, antes de tudo, pela família.

Mas o partido que se arroga como a vanguarda da História parece não ter aprendido a moral da história. A única coisa nova que a campanha petista acrescentou ao seu “desenvolvimentismo” para vencer a “luta de classes” foram as pautas identitárias, que dividem a sociedade em raça, gênero ou sexualidade.

Assim, se a votação expressiva em candidatos conservadores ao Congresso sugere uma rejeição ao progressismo desenvolvimentista e identitário, a vantagem de Lula nas urnas e intenções de voto sugere uma resistência ao reacionarismo truculento de Bolsonaro. Se há um descompasso entre uma esquerda caquética com grandes chances de assumir o Poder Executivo e uma direita radical que se robusteceu no Legislativo, é pela falência de um centro democrático moderado em representar uma faixa da população menos preocupada com dogmas “progressistas” e “conservadores” do que com um projeto político pragmático que racionalize o Estado, garanta a qualidade dos serviços públicos, estimule a iniciativa privada, premie os melhores e mais esforçados e valorize a família.

O primeiro turno das eleições revelou uma desidratação das alternativas de centro-esquerda e centro-direita. Os candidatos da “terceira via”, por exemplo, não somaram dois dígitos do porcentual de votos válidos. Ao mesmo tempo, como resumiu o colunista do Estadão William Waack, as urnas mostraram que Lula da Silva é maior que a esquerda e Jair Bolsonaro é menor que a direita. Lula conquistou mais de 57 milhões de votos (48,4% dos votos válidos), 6 milhões a mais do que Bolsonaro (43,2%). Mas nas eleições parlamentares o avanço de nomes da esquerda foi menor que a vantagem galgada por Lula, enquanto a projeção de candidatos à direita foi maior que os votos confiados a Bolsonaro.

Parte da explicação para esses descompassos está na classe C, a fatia socioeconômica que compreende famílias com renda mensal de R$ 1 mil a R$ 8 mil – cerca de 100 milhões de pessoas, 55% da população. Especialistas ouvidos pelo Estadão afirmam que ela tem um perfil heterogêneo e difícil de ser captado por análises, mas, em geral, resumiram seu sentimento em relação ao poder público como um misto de desalento e desconfiança. Desalento pela precariedade de serviços básicos, como saúde, educação e segurança, e desconfiança em relação à captura do Estado por interesses patrimonialistas e à sua intromissão na vida das pessoas.

O professor da FGV Lauro Gonzalez aponta “um caldo de ressentimento em um grupo que está no limbo”, nem tão pobre para entrar em programas sociais, mas que também não ascendeu mesmo com mais escolaridade que seus pais. Além disso, “uma parte da narrativa desses segmentos é de natureza dos costumes, há uma recuperação de um sentimento conservador, colado na fé religiosa”, disse o cientista político José Álvaro Moisés. De resto, “o discurso de que o Estado não funciona e é corrupto é muito aderente”, observou o antropólogo Maurício de Almeida Prado. “Mesmo que Bolsonaro não tenha conseguido fazer ações nesse sentido, o ‘não fique em casa’, o ‘Estado me atrapalha’, menos coletivo e mais individual, é uma visão que colou nele e tem respaldo nesse grupo.”

O próprio PT identificou esse imaginário em uma pesquisa de 2017 da Fundação Perseu Abramo com eleitores de até 5 salários mínimos. Contrariando os ideólogos do partido, ela aponta que “o principal confronto existente na sociedade não é entre ricos e pobres, entre capital e trabalho, entre corporações e trabalhadores”, e sim “entre Estado e cidadãos, entre a sociedade e seus governantes”. Para os entrevistados, “todos são vítimas do Estado que cobra impostos excessivos, impõe entraves burocráticos, gerencia mal o crescimento econômico e acaba por limitar ou sufocar atividades das empresas”. A maioria se disse favorável a “uma atuação mais integrada entre Poder Público e iniciativa privada em favor da coletividade”. São eleitores que valorizam a meritocracia e entendem que a crise ética da sociedade resulta menos de vícios “estruturais” do que de desvios individuais, a serem sanados, antes de tudo, pela família.

Mas o partido que se arroga como a vanguarda da História parece não ter aprendido a moral da história. A única coisa nova que a campanha petista acrescentou ao seu “desenvolvimentismo” para vencer a “luta de classes” foram as pautas identitárias, que dividem a sociedade em raça, gênero ou sexualidade.

Assim, se a votação expressiva em candidatos conservadores ao Congresso sugere uma rejeição ao progressismo desenvolvimentista e identitário, a vantagem de Lula nas urnas e intenções de voto sugere uma resistência ao reacionarismo truculento de Bolsonaro. Se há um descompasso entre uma esquerda caquética com grandes chances de assumir o Poder Executivo e uma direita radical que se robusteceu no Legislativo, é pela falência de um centro democrático moderado em representar uma faixa da população menos preocupada com dogmas “progressistas” e “conservadores” do que com um projeto político pragmático que racionalize o Estado, garanta a qualidade dos serviços públicos, estimule a iniciativa privada, premie os melhores e mais esforçados e valorize a família.

O primeiro turno das eleições revelou uma desidratação das alternativas de centro-esquerda e centro-direita. Os candidatos da “terceira via”, por exemplo, não somaram dois dígitos do porcentual de votos válidos. Ao mesmo tempo, como resumiu o colunista do Estadão William Waack, as urnas mostraram que Lula da Silva é maior que a esquerda e Jair Bolsonaro é menor que a direita. Lula conquistou mais de 57 milhões de votos (48,4% dos votos válidos), 6 milhões a mais do que Bolsonaro (43,2%). Mas nas eleições parlamentares o avanço de nomes da esquerda foi menor que a vantagem galgada por Lula, enquanto a projeção de candidatos à direita foi maior que os votos confiados a Bolsonaro.

Parte da explicação para esses descompassos está na classe C, a fatia socioeconômica que compreende famílias com renda mensal de R$ 1 mil a R$ 8 mil – cerca de 100 milhões de pessoas, 55% da população. Especialistas ouvidos pelo Estadão afirmam que ela tem um perfil heterogêneo e difícil de ser captado por análises, mas, em geral, resumiram seu sentimento em relação ao poder público como um misto de desalento e desconfiança. Desalento pela precariedade de serviços básicos, como saúde, educação e segurança, e desconfiança em relação à captura do Estado por interesses patrimonialistas e à sua intromissão na vida das pessoas.

O professor da FGV Lauro Gonzalez aponta “um caldo de ressentimento em um grupo que está no limbo”, nem tão pobre para entrar em programas sociais, mas que também não ascendeu mesmo com mais escolaridade que seus pais. Além disso, “uma parte da narrativa desses segmentos é de natureza dos costumes, há uma recuperação de um sentimento conservador, colado na fé religiosa”, disse o cientista político José Álvaro Moisés. De resto, “o discurso de que o Estado não funciona e é corrupto é muito aderente”, observou o antropólogo Maurício de Almeida Prado. “Mesmo que Bolsonaro não tenha conseguido fazer ações nesse sentido, o ‘não fique em casa’, o ‘Estado me atrapalha’, menos coletivo e mais individual, é uma visão que colou nele e tem respaldo nesse grupo.”

O próprio PT identificou esse imaginário em uma pesquisa de 2017 da Fundação Perseu Abramo com eleitores de até 5 salários mínimos. Contrariando os ideólogos do partido, ela aponta que “o principal confronto existente na sociedade não é entre ricos e pobres, entre capital e trabalho, entre corporações e trabalhadores”, e sim “entre Estado e cidadãos, entre a sociedade e seus governantes”. Para os entrevistados, “todos são vítimas do Estado que cobra impostos excessivos, impõe entraves burocráticos, gerencia mal o crescimento econômico e acaba por limitar ou sufocar atividades das empresas”. A maioria se disse favorável a “uma atuação mais integrada entre Poder Público e iniciativa privada em favor da coletividade”. São eleitores que valorizam a meritocracia e entendem que a crise ética da sociedade resulta menos de vícios “estruturais” do que de desvios individuais, a serem sanados, antes de tudo, pela família.

Mas o partido que se arroga como a vanguarda da História parece não ter aprendido a moral da história. A única coisa nova que a campanha petista acrescentou ao seu “desenvolvimentismo” para vencer a “luta de classes” foram as pautas identitárias, que dividem a sociedade em raça, gênero ou sexualidade.

Assim, se a votação expressiva em candidatos conservadores ao Congresso sugere uma rejeição ao progressismo desenvolvimentista e identitário, a vantagem de Lula nas urnas e intenções de voto sugere uma resistência ao reacionarismo truculento de Bolsonaro. Se há um descompasso entre uma esquerda caquética com grandes chances de assumir o Poder Executivo e uma direita radical que se robusteceu no Legislativo, é pela falência de um centro democrático moderado em representar uma faixa da população menos preocupada com dogmas “progressistas” e “conservadores” do que com um projeto político pragmático que racionalize o Estado, garanta a qualidade dos serviços públicos, estimule a iniciativa privada, premie os melhores e mais esforçados e valorize a família.

O primeiro turno das eleições revelou uma desidratação das alternativas de centro-esquerda e centro-direita. Os candidatos da “terceira via”, por exemplo, não somaram dois dígitos do porcentual de votos válidos. Ao mesmo tempo, como resumiu o colunista do Estadão William Waack, as urnas mostraram que Lula da Silva é maior que a esquerda e Jair Bolsonaro é menor que a direita. Lula conquistou mais de 57 milhões de votos (48,4% dos votos válidos), 6 milhões a mais do que Bolsonaro (43,2%). Mas nas eleições parlamentares o avanço de nomes da esquerda foi menor que a vantagem galgada por Lula, enquanto a projeção de candidatos à direita foi maior que os votos confiados a Bolsonaro.

Parte da explicação para esses descompassos está na classe C, a fatia socioeconômica que compreende famílias com renda mensal de R$ 1 mil a R$ 8 mil – cerca de 100 milhões de pessoas, 55% da população. Especialistas ouvidos pelo Estadão afirmam que ela tem um perfil heterogêneo e difícil de ser captado por análises, mas, em geral, resumiram seu sentimento em relação ao poder público como um misto de desalento e desconfiança. Desalento pela precariedade de serviços básicos, como saúde, educação e segurança, e desconfiança em relação à captura do Estado por interesses patrimonialistas e à sua intromissão na vida das pessoas.

O professor da FGV Lauro Gonzalez aponta “um caldo de ressentimento em um grupo que está no limbo”, nem tão pobre para entrar em programas sociais, mas que também não ascendeu mesmo com mais escolaridade que seus pais. Além disso, “uma parte da narrativa desses segmentos é de natureza dos costumes, há uma recuperação de um sentimento conservador, colado na fé religiosa”, disse o cientista político José Álvaro Moisés. De resto, “o discurso de que o Estado não funciona e é corrupto é muito aderente”, observou o antropólogo Maurício de Almeida Prado. “Mesmo que Bolsonaro não tenha conseguido fazer ações nesse sentido, o ‘não fique em casa’, o ‘Estado me atrapalha’, menos coletivo e mais individual, é uma visão que colou nele e tem respaldo nesse grupo.”

O próprio PT identificou esse imaginário em uma pesquisa de 2017 da Fundação Perseu Abramo com eleitores de até 5 salários mínimos. Contrariando os ideólogos do partido, ela aponta que “o principal confronto existente na sociedade não é entre ricos e pobres, entre capital e trabalho, entre corporações e trabalhadores”, e sim “entre Estado e cidadãos, entre a sociedade e seus governantes”. Para os entrevistados, “todos são vítimas do Estado que cobra impostos excessivos, impõe entraves burocráticos, gerencia mal o crescimento econômico e acaba por limitar ou sufocar atividades das empresas”. A maioria se disse favorável a “uma atuação mais integrada entre Poder Público e iniciativa privada em favor da coletividade”. São eleitores que valorizam a meritocracia e entendem que a crise ética da sociedade resulta menos de vícios “estruturais” do que de desvios individuais, a serem sanados, antes de tudo, pela família.

Mas o partido que se arroga como a vanguarda da História parece não ter aprendido a moral da história. A única coisa nova que a campanha petista acrescentou ao seu “desenvolvimentismo” para vencer a “luta de classes” foram as pautas identitárias, que dividem a sociedade em raça, gênero ou sexualidade.

Assim, se a votação expressiva em candidatos conservadores ao Congresso sugere uma rejeição ao progressismo desenvolvimentista e identitário, a vantagem de Lula nas urnas e intenções de voto sugere uma resistência ao reacionarismo truculento de Bolsonaro. Se há um descompasso entre uma esquerda caquética com grandes chances de assumir o Poder Executivo e uma direita radical que se robusteceu no Legislativo, é pela falência de um centro democrático moderado em representar uma faixa da população menos preocupada com dogmas “progressistas” e “conservadores” do que com um projeto político pragmático que racionalize o Estado, garanta a qualidade dos serviços públicos, estimule a iniciativa privada, premie os melhores e mais esforçados e valorize a família.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.