A pancada do Banco Central


Ao elevar os juros em 1 ponto, o BC fez sua parte para tentar conter as expectativas do mercado e cumprir sua missão, que é segurar a inflação. Falta o governo fazer a parte dele

Por Notas & Informações

Solitário na tarefa de conter a inflação e segurar as expectativas, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu aumentar a taxa básica de juros em 1 ponto porcentual, para 12,25% ao ano. Mais do que isso, explicitou que fará mais duas elevações de mesma magnitude, que levarão a Selic a 14,25% ao ano em março.

Além de elevado, é um marco simbólico, por dois motivos. Primeiro, é o mesmo nível dos juros do início do segundo mandato de Dilma Rousseff, que antecedeu à grande recessão legada pela presidente petista. E é um patamar que superou a máxima observada durante o governo Jair Bolsonaro, de 13,75%, alcançada nos últimos meses de sua gestão.

Juros altos, como se vê, são apartidários. Não são exclusividade de governos de direita ou de esquerda, tampouco um fenômeno aleatório da natureza. São apenas a face mais visível de administrações que menosprezam a importância da responsabilidade fiscal e sua relação direta com a inflação para priorizar medidas populistas que facilitem sua permanência no poder.

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Por óbvio, o BC não teria como desconsiderar a péssima repercussão do ajuste fiscal anunciado pelo governo no fim do mês passado. As medidas, além de insuficientes para conter a trajetória da dívida pública, ainda foram eclipsadas pela ideia de isentar do Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil mensais. Depois disso, o dólar rompeu a barreira dos R$ 6 e os juros futuros superaram 14% ao ano.

O tom do comunicado do Copom foi realista ao reconhecer o quanto as expectativas dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal têm afetado, e de forma relevante, os preços dos ativos, especialmente o prêmio de risco e a taxa de câmbio – o que, por consequência, impacta a condução da política monetária.

O mercado já contava com um aumento nos juros, mas a maioria dos analistas esperava uma alta de 0,75 ponto porcentual. Essa era a aposta de 26 das 38 instituições consultadas, segundo pesquisa realizada pelo Projeções Broadcast, enquanto 11 delas projetavam a elevação de 1 ponto. Apenas uma das instituições consultadas apostava numa elevação mais tímida, de meio ponto.

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Mais do que a decisão em si mesma, o que surpreendeu foi a sinalização de que a mesma pancada virá nas próximas duas reuniões do Copom, a serem realizadas em janeiro e março. O BC abandonou essa prática em maio, quando a diretoria se dividiu, por cinco a quatro, entre aqueles que preferiam uma redução de 0,50 ponto e os que votaram em uma queda de 0,25 ponto.

Desta vez, todos os diretores parecem ter concordado sobre a orientação futura a ser adotada na condução da política monetária, uma sinalização importante às vésperas de Roberto Campos Neto deixar o BC. Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Lula da Silva, iniciará seu mandato como presidente da instituição com decisões amarradas nas próximas duas reuniões, o que ajuda a vencer eventuais desconfianças sobre suas intenções no cargo.

Com maioria de nomes indicados por Lula da Silva no Copom a partir do ano que vem, o governo e o PT terão de achar outro bode expiatório a quem culpar. Nada, no curto prazo, indica que o cenário com que o Banco Central trabalha deva melhorar.

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No comunicado, o BC reiterou que os indicadores sobre a atividade econômica e o mercado de trabalho continuam a apresentar dinamismo e destacou que o resultado do PIB do terceiro trimestre reforçou essa tese. Tanto a inflação quanto seus núcleos seguem acima da meta e as expectativas mantêm trajetória de alta para este e os próximos dois anos.

O câmbio não ajudará na tarefa de perseguir a meta de inflação. Além da pancada nos juros, o Copom aproveitou o ensejo para anunciar leilões cambiais e injetou US$ 4 bilhões no mercado. Como resultado, a moeda norte-americana recuou e abriu a sessão perto de R$ 5,90 na quinta-feira, mas voltou a fechar em R$ 6,00 ao fim do dia.

Em suma, os riscos que marcavam o cenário doméstico se materializaram, fazendo com que as incertezas se transformassem em adversidades que já não podem mais ser ignoradas. O BC fez sua parte para tentar conter as expectativas e não parece disposto a abdicar nem de sua autonomia nem de sua missão. Falta o governo fazer a parte dele.

Solitário na tarefa de conter a inflação e segurar as expectativas, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu aumentar a taxa básica de juros em 1 ponto porcentual, para 12,25% ao ano. Mais do que isso, explicitou que fará mais duas elevações de mesma magnitude, que levarão a Selic a 14,25% ao ano em março.

Além de elevado, é um marco simbólico, por dois motivos. Primeiro, é o mesmo nível dos juros do início do segundo mandato de Dilma Rousseff, que antecedeu à grande recessão legada pela presidente petista. E é um patamar que superou a máxima observada durante o governo Jair Bolsonaro, de 13,75%, alcançada nos últimos meses de sua gestão.

Juros altos, como se vê, são apartidários. Não são exclusividade de governos de direita ou de esquerda, tampouco um fenômeno aleatório da natureza. São apenas a face mais visível de administrações que menosprezam a importância da responsabilidade fiscal e sua relação direta com a inflação para priorizar medidas populistas que facilitem sua permanência no poder.

Por óbvio, o BC não teria como desconsiderar a péssima repercussão do ajuste fiscal anunciado pelo governo no fim do mês passado. As medidas, além de insuficientes para conter a trajetória da dívida pública, ainda foram eclipsadas pela ideia de isentar do Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil mensais. Depois disso, o dólar rompeu a barreira dos R$ 6 e os juros futuros superaram 14% ao ano.

O tom do comunicado do Copom foi realista ao reconhecer o quanto as expectativas dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal têm afetado, e de forma relevante, os preços dos ativos, especialmente o prêmio de risco e a taxa de câmbio – o que, por consequência, impacta a condução da política monetária.

O mercado já contava com um aumento nos juros, mas a maioria dos analistas esperava uma alta de 0,75 ponto porcentual. Essa era a aposta de 26 das 38 instituições consultadas, segundo pesquisa realizada pelo Projeções Broadcast, enquanto 11 delas projetavam a elevação de 1 ponto. Apenas uma das instituições consultadas apostava numa elevação mais tímida, de meio ponto.

Mais do que a decisão em si mesma, o que surpreendeu foi a sinalização de que a mesma pancada virá nas próximas duas reuniões do Copom, a serem realizadas em janeiro e março. O BC abandonou essa prática em maio, quando a diretoria se dividiu, por cinco a quatro, entre aqueles que preferiam uma redução de 0,50 ponto e os que votaram em uma queda de 0,25 ponto.

Desta vez, todos os diretores parecem ter concordado sobre a orientação futura a ser adotada na condução da política monetária, uma sinalização importante às vésperas de Roberto Campos Neto deixar o BC. Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Lula da Silva, iniciará seu mandato como presidente da instituição com decisões amarradas nas próximas duas reuniões, o que ajuda a vencer eventuais desconfianças sobre suas intenções no cargo.

Com maioria de nomes indicados por Lula da Silva no Copom a partir do ano que vem, o governo e o PT terão de achar outro bode expiatório a quem culpar. Nada, no curto prazo, indica que o cenário com que o Banco Central trabalha deva melhorar.

No comunicado, o BC reiterou que os indicadores sobre a atividade econômica e o mercado de trabalho continuam a apresentar dinamismo e destacou que o resultado do PIB do terceiro trimestre reforçou essa tese. Tanto a inflação quanto seus núcleos seguem acima da meta e as expectativas mantêm trajetória de alta para este e os próximos dois anos.

O câmbio não ajudará na tarefa de perseguir a meta de inflação. Além da pancada nos juros, o Copom aproveitou o ensejo para anunciar leilões cambiais e injetou US$ 4 bilhões no mercado. Como resultado, a moeda norte-americana recuou e abriu a sessão perto de R$ 5,90 na quinta-feira, mas voltou a fechar em R$ 6,00 ao fim do dia.

Em suma, os riscos que marcavam o cenário doméstico se materializaram, fazendo com que as incertezas se transformassem em adversidades que já não podem mais ser ignoradas. O BC fez sua parte para tentar conter as expectativas e não parece disposto a abdicar nem de sua autonomia nem de sua missão. Falta o governo fazer a parte dele.

Solitário na tarefa de conter a inflação e segurar as expectativas, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu aumentar a taxa básica de juros em 1 ponto porcentual, para 12,25% ao ano. Mais do que isso, explicitou que fará mais duas elevações de mesma magnitude, que levarão a Selic a 14,25% ao ano em março.

Além de elevado, é um marco simbólico, por dois motivos. Primeiro, é o mesmo nível dos juros do início do segundo mandato de Dilma Rousseff, que antecedeu à grande recessão legada pela presidente petista. E é um patamar que superou a máxima observada durante o governo Jair Bolsonaro, de 13,75%, alcançada nos últimos meses de sua gestão.

Juros altos, como se vê, são apartidários. Não são exclusividade de governos de direita ou de esquerda, tampouco um fenômeno aleatório da natureza. São apenas a face mais visível de administrações que menosprezam a importância da responsabilidade fiscal e sua relação direta com a inflação para priorizar medidas populistas que facilitem sua permanência no poder.

Por óbvio, o BC não teria como desconsiderar a péssima repercussão do ajuste fiscal anunciado pelo governo no fim do mês passado. As medidas, além de insuficientes para conter a trajetória da dívida pública, ainda foram eclipsadas pela ideia de isentar do Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil mensais. Depois disso, o dólar rompeu a barreira dos R$ 6 e os juros futuros superaram 14% ao ano.

O tom do comunicado do Copom foi realista ao reconhecer o quanto as expectativas dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal têm afetado, e de forma relevante, os preços dos ativos, especialmente o prêmio de risco e a taxa de câmbio – o que, por consequência, impacta a condução da política monetária.

O mercado já contava com um aumento nos juros, mas a maioria dos analistas esperava uma alta de 0,75 ponto porcentual. Essa era a aposta de 26 das 38 instituições consultadas, segundo pesquisa realizada pelo Projeções Broadcast, enquanto 11 delas projetavam a elevação de 1 ponto. Apenas uma das instituições consultadas apostava numa elevação mais tímida, de meio ponto.

Mais do que a decisão em si mesma, o que surpreendeu foi a sinalização de que a mesma pancada virá nas próximas duas reuniões do Copom, a serem realizadas em janeiro e março. O BC abandonou essa prática em maio, quando a diretoria se dividiu, por cinco a quatro, entre aqueles que preferiam uma redução de 0,50 ponto e os que votaram em uma queda de 0,25 ponto.

Desta vez, todos os diretores parecem ter concordado sobre a orientação futura a ser adotada na condução da política monetária, uma sinalização importante às vésperas de Roberto Campos Neto deixar o BC. Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Lula da Silva, iniciará seu mandato como presidente da instituição com decisões amarradas nas próximas duas reuniões, o que ajuda a vencer eventuais desconfianças sobre suas intenções no cargo.

Com maioria de nomes indicados por Lula da Silva no Copom a partir do ano que vem, o governo e o PT terão de achar outro bode expiatório a quem culpar. Nada, no curto prazo, indica que o cenário com que o Banco Central trabalha deva melhorar.

No comunicado, o BC reiterou que os indicadores sobre a atividade econômica e o mercado de trabalho continuam a apresentar dinamismo e destacou que o resultado do PIB do terceiro trimestre reforçou essa tese. Tanto a inflação quanto seus núcleos seguem acima da meta e as expectativas mantêm trajetória de alta para este e os próximos dois anos.

O câmbio não ajudará na tarefa de perseguir a meta de inflação. Além da pancada nos juros, o Copom aproveitou o ensejo para anunciar leilões cambiais e injetou US$ 4 bilhões no mercado. Como resultado, a moeda norte-americana recuou e abriu a sessão perto de R$ 5,90 na quinta-feira, mas voltou a fechar em R$ 6,00 ao fim do dia.

Em suma, os riscos que marcavam o cenário doméstico se materializaram, fazendo com que as incertezas se transformassem em adversidades que já não podem mais ser ignoradas. O BC fez sua parte para tentar conter as expectativas e não parece disposto a abdicar nem de sua autonomia nem de sua missão. Falta o governo fazer a parte dele.

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