A perigosa escalada no Oriente Médio


Irã e Israel vinham administrando hostilidades para impedir que chegassem a um ponto de não retorno, mas isso parece ter mudado. E nada garante que uma eventual guerra seja limitada

Por Notas & Informações

Depois que os grupos terroristas que o Irã financia para fustigar Israel sofreram severos reveses nos últimos dias, em ações muitas vezes espetaculares protagonizadas pelas forças militares e de inteligência israelenses, o regime dos aiatolás decidiu que precisava retaliar, lançando mais de 200 mísseis balísticos contra Israel. Ainda que os danos tenham sido limitados, trata-se de uma escalada perigosíssima para a região, na qual muitas vezes os cálculos se provam dolorosamente equivocados.

Ao liquidar em questão de dias praticamente todo o alto comando da milícia xiita libanesa Hezbollah, incluindo seu líder máximo, Hassan Nasrallah, Israel pretendia demonstrar, ao Irã e a quem mais interessar possa, que restabeleceu sua capacidade dissuasória, profundamente abalada depois do brutal ataque terrorista do Hamas de 7 de outubro do ano passado.

Essa demonstração já vinha sendo dada numa potente escalada israelense há alguns meses, começando com o bombardeio a um anexo da Embaixada do Irã em Damasco, em abril, matando vários integrantes da Guarda Revolucionária Iraniana, seguindo com o assassinato, em julho, de um dos principais líderes terroristas do Hamas, que estava em Teerã como convidado de honra para a posse do novo governo, e culminando agora com a eliminação de Nasrallah – espalhando a tal ponto o pânico entre os aiatolás que seu líder supremo, Ali Khamenei, teve que se proteger num bunker, pois temia pela sua vida.

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Foram seguidos golpes humilhantes para Teerã, que até agora aparentemente vinha hesitando sobre como reagir, decerto calculando que uma resposta descalibrada poderia resultar não só num devastador contra-ataque israelense, como também no envolvimento direto dos Estados Unidos, o que arruinaria a já cambaleante economia iraniana e minaria ainda mais um regime já bastante impopular.

Mas tudo indica que a linha dura dos aiatolás esteja prevalecendo, diante da necessidade de defender seus associados Hezbollah, Hamas e a milícia houthi no Iêmen, também retaliada por Israel. Se não reagisse com força, o Irã daria ao mundo e, sobretudo, a seus parceiros um perigoso sinal de fragilidade. O problema é que, ao fazê-lo, deixa de travar uma confortável guerra por procuração e passa a se envolver num conflito direto com Israel. A partir deste ponto, tudo fica absolutamente imprevisível.

Do lado israelense, a equação obviamente inclui a sobrevida política do premiê Benjamin Netanyahu, mas há muito mais em jogo. Não se pode descartar que o establishment israelense (que inclui a oposição) tenha concluído que a oportunidade de minar a capacidade do regime iraniano de obter armas atômicas está à mão. Também é possível imaginar que o governo israelense esteja tentado a impor derrotas definitivas a seus inimigos nas fronteiras, em vez de simplesmente administrar as ameaças, como vinha fazendo até o 7 de Outubro.

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O problema é definir o que vem a ser “vitória” nesse cenário. Se a “vitória” significar a reocupação de Gaza e do sul do Líbano, além da anexação da Cisjordânia, como sonha a linha dura israelense, então o que Israel terá não é paz, mas guerra permanente.

O problema é que o 7 de Outubro parece de fato ter alterado o cálculo, não só de Israel mas de outras forças na região, segundo o qual é melhor evitar do que deflagrar uma guerra. Irã e Israel vinham até aqui gerenciando as hostilidades para impedir que chegassem a um ponto de não retorno, mas isso aparentemente mudou. E nada garante que uma eventual guerra entre Israel e Irã seja limitada, pois não se pode menosprezar o ódio acumulado por décadas – e também não se pode descartar o envolvimento de terceiros, como Estados Unidos e Rússia.

A Israel sobram razões para reagir às provocações do Irã e de seus associados, sobretudo depois do horror do 7 de Outubro e dos subsequentes ataques do Hezbollah no norte do país, que forçaram a retirada de dezenas de milhares de israelenses da região. A questão é que guerras sem objetivos realistas de longo prazo, como parece ser o caso desta, costumam resultar em derrota. Se Israel imagina que terá segurança apenas por meio da força, inviabilizando de vez um Estado palestino e recusando-se a trocar terras por paz, está enganado.

Depois que os grupos terroristas que o Irã financia para fustigar Israel sofreram severos reveses nos últimos dias, em ações muitas vezes espetaculares protagonizadas pelas forças militares e de inteligência israelenses, o regime dos aiatolás decidiu que precisava retaliar, lançando mais de 200 mísseis balísticos contra Israel. Ainda que os danos tenham sido limitados, trata-se de uma escalada perigosíssima para a região, na qual muitas vezes os cálculos se provam dolorosamente equivocados.

Ao liquidar em questão de dias praticamente todo o alto comando da milícia xiita libanesa Hezbollah, incluindo seu líder máximo, Hassan Nasrallah, Israel pretendia demonstrar, ao Irã e a quem mais interessar possa, que restabeleceu sua capacidade dissuasória, profundamente abalada depois do brutal ataque terrorista do Hamas de 7 de outubro do ano passado.

Essa demonstração já vinha sendo dada numa potente escalada israelense há alguns meses, começando com o bombardeio a um anexo da Embaixada do Irã em Damasco, em abril, matando vários integrantes da Guarda Revolucionária Iraniana, seguindo com o assassinato, em julho, de um dos principais líderes terroristas do Hamas, que estava em Teerã como convidado de honra para a posse do novo governo, e culminando agora com a eliminação de Nasrallah – espalhando a tal ponto o pânico entre os aiatolás que seu líder supremo, Ali Khamenei, teve que se proteger num bunker, pois temia pela sua vida.

Foram seguidos golpes humilhantes para Teerã, que até agora aparentemente vinha hesitando sobre como reagir, decerto calculando que uma resposta descalibrada poderia resultar não só num devastador contra-ataque israelense, como também no envolvimento direto dos Estados Unidos, o que arruinaria a já cambaleante economia iraniana e minaria ainda mais um regime já bastante impopular.

Mas tudo indica que a linha dura dos aiatolás esteja prevalecendo, diante da necessidade de defender seus associados Hezbollah, Hamas e a milícia houthi no Iêmen, também retaliada por Israel. Se não reagisse com força, o Irã daria ao mundo e, sobretudo, a seus parceiros um perigoso sinal de fragilidade. O problema é que, ao fazê-lo, deixa de travar uma confortável guerra por procuração e passa a se envolver num conflito direto com Israel. A partir deste ponto, tudo fica absolutamente imprevisível.

Do lado israelense, a equação obviamente inclui a sobrevida política do premiê Benjamin Netanyahu, mas há muito mais em jogo. Não se pode descartar que o establishment israelense (que inclui a oposição) tenha concluído que a oportunidade de minar a capacidade do regime iraniano de obter armas atômicas está à mão. Também é possível imaginar que o governo israelense esteja tentado a impor derrotas definitivas a seus inimigos nas fronteiras, em vez de simplesmente administrar as ameaças, como vinha fazendo até o 7 de Outubro.

O problema é definir o que vem a ser “vitória” nesse cenário. Se a “vitória” significar a reocupação de Gaza e do sul do Líbano, além da anexação da Cisjordânia, como sonha a linha dura israelense, então o que Israel terá não é paz, mas guerra permanente.

O problema é que o 7 de Outubro parece de fato ter alterado o cálculo, não só de Israel mas de outras forças na região, segundo o qual é melhor evitar do que deflagrar uma guerra. Irã e Israel vinham até aqui gerenciando as hostilidades para impedir que chegassem a um ponto de não retorno, mas isso aparentemente mudou. E nada garante que uma eventual guerra entre Israel e Irã seja limitada, pois não se pode menosprezar o ódio acumulado por décadas – e também não se pode descartar o envolvimento de terceiros, como Estados Unidos e Rússia.

A Israel sobram razões para reagir às provocações do Irã e de seus associados, sobretudo depois do horror do 7 de Outubro e dos subsequentes ataques do Hezbollah no norte do país, que forçaram a retirada de dezenas de milhares de israelenses da região. A questão é que guerras sem objetivos realistas de longo prazo, como parece ser o caso desta, costumam resultar em derrota. Se Israel imagina que terá segurança apenas por meio da força, inviabilizando de vez um Estado palestino e recusando-se a trocar terras por paz, está enganado.

Depois que os grupos terroristas que o Irã financia para fustigar Israel sofreram severos reveses nos últimos dias, em ações muitas vezes espetaculares protagonizadas pelas forças militares e de inteligência israelenses, o regime dos aiatolás decidiu que precisava retaliar, lançando mais de 200 mísseis balísticos contra Israel. Ainda que os danos tenham sido limitados, trata-se de uma escalada perigosíssima para a região, na qual muitas vezes os cálculos se provam dolorosamente equivocados.

Ao liquidar em questão de dias praticamente todo o alto comando da milícia xiita libanesa Hezbollah, incluindo seu líder máximo, Hassan Nasrallah, Israel pretendia demonstrar, ao Irã e a quem mais interessar possa, que restabeleceu sua capacidade dissuasória, profundamente abalada depois do brutal ataque terrorista do Hamas de 7 de outubro do ano passado.

Essa demonstração já vinha sendo dada numa potente escalada israelense há alguns meses, começando com o bombardeio a um anexo da Embaixada do Irã em Damasco, em abril, matando vários integrantes da Guarda Revolucionária Iraniana, seguindo com o assassinato, em julho, de um dos principais líderes terroristas do Hamas, que estava em Teerã como convidado de honra para a posse do novo governo, e culminando agora com a eliminação de Nasrallah – espalhando a tal ponto o pânico entre os aiatolás que seu líder supremo, Ali Khamenei, teve que se proteger num bunker, pois temia pela sua vida.

Foram seguidos golpes humilhantes para Teerã, que até agora aparentemente vinha hesitando sobre como reagir, decerto calculando que uma resposta descalibrada poderia resultar não só num devastador contra-ataque israelense, como também no envolvimento direto dos Estados Unidos, o que arruinaria a já cambaleante economia iraniana e minaria ainda mais um regime já bastante impopular.

Mas tudo indica que a linha dura dos aiatolás esteja prevalecendo, diante da necessidade de defender seus associados Hezbollah, Hamas e a milícia houthi no Iêmen, também retaliada por Israel. Se não reagisse com força, o Irã daria ao mundo e, sobretudo, a seus parceiros um perigoso sinal de fragilidade. O problema é que, ao fazê-lo, deixa de travar uma confortável guerra por procuração e passa a se envolver num conflito direto com Israel. A partir deste ponto, tudo fica absolutamente imprevisível.

Do lado israelense, a equação obviamente inclui a sobrevida política do premiê Benjamin Netanyahu, mas há muito mais em jogo. Não se pode descartar que o establishment israelense (que inclui a oposição) tenha concluído que a oportunidade de minar a capacidade do regime iraniano de obter armas atômicas está à mão. Também é possível imaginar que o governo israelense esteja tentado a impor derrotas definitivas a seus inimigos nas fronteiras, em vez de simplesmente administrar as ameaças, como vinha fazendo até o 7 de Outubro.

O problema é definir o que vem a ser “vitória” nesse cenário. Se a “vitória” significar a reocupação de Gaza e do sul do Líbano, além da anexação da Cisjordânia, como sonha a linha dura israelense, então o que Israel terá não é paz, mas guerra permanente.

O problema é que o 7 de Outubro parece de fato ter alterado o cálculo, não só de Israel mas de outras forças na região, segundo o qual é melhor evitar do que deflagrar uma guerra. Irã e Israel vinham até aqui gerenciando as hostilidades para impedir que chegassem a um ponto de não retorno, mas isso aparentemente mudou. E nada garante que uma eventual guerra entre Israel e Irã seja limitada, pois não se pode menosprezar o ódio acumulado por décadas – e também não se pode descartar o envolvimento de terceiros, como Estados Unidos e Rússia.

A Israel sobram razões para reagir às provocações do Irã e de seus associados, sobretudo depois do horror do 7 de Outubro e dos subsequentes ataques do Hezbollah no norte do país, que forçaram a retirada de dezenas de milhares de israelenses da região. A questão é que guerras sem objetivos realistas de longo prazo, como parece ser o caso desta, costumam resultar em derrota. Se Israel imagina que terá segurança apenas por meio da força, inviabilizando de vez um Estado palestino e recusando-se a trocar terras por paz, está enganado.

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