A polícia que o bolsonarismo quer


A reação de bolsonaristas à investigação de policiais suspeitos de crimes expõe a subversão da justiça em justiçamento

Por Notas & Informações

Uma concepção primitiva da justiça criminal cristalizada em chavões como “Bandido bom é bandido morto” ou “Direitos humanos para humanos direitos” sempre esteve entranhada em parcelas da sociedade. No atual governo, essa ideia foi, para usar um termo em voga, empoderada.

É sabido que o clã Bolsonaro celebra confrontos policiais com resultado de morte, busca normatizar a impunidade à violência policial em expedientes como o “excludente de ilicitude” e manteve relações promíscuas com milicianos: valendo-se de prerrogativas parlamentares, a família já condecorou chefes de milícias e o ainda deputado Jair Bolsonaro sugeriu que as milícias deveriam ser legalizadas.

Essa cultura do justiçamento foi explicitada em uma investigação sobre policiais em Campinas, reportada pelo Estadão. Após a prisão de 11 PMs acusados de montar um grupo responsável por assassinatos de supostos bandidos e até de inocentes, o coronel Renato Nery Machado afastou 52 suspeitos de envolvimento.

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Além dos homicídios, interceptações telefônicas da Corregedoria reuniram indícios de utilização de grampos clandestinos para espionar suspeitos e cobrar propina, de fraude processual, de peculato, de ameaça, de formação de bando armado e de desvios de dinheiro, armas e drogas.

Em reunião com seus oficiais, o coronel Nery Machado destilou indignação. “Eu entrei na polícia para ser polícia, não para ser bandido”, disse. “Isso aqui não é um grupo de oficiais, é um bando, (...) e esse bando criou uma quadrilha.”

A fala foi gravada e distribuída nas redes bolsonaristas. O coronel estaria “desgraçando a vida dos guerreiros verdadeiros”, acusou um dos perfis. “Quero ver se você (Nery) é ‘bravão’ assim com ladrão. Aliás, já matou um ladrãozinho nesses 30 anos de m... de serviço?” A deputada estadual bolsonarista Adriana Borgo (Pros) subiu à tribuna da Assembleia Legislativa para atacar o coronel. “Isso é muito comum em todas as unidades. Qual é o comandante de verdade que foi da rua que não tem um ‘p4’ guardado?” “P4s” são armamentos apreendidos plantados nas cenas de crimes para fraudar ocorrências.

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Bolsonaro e seus correligionários se dizem especialmente engajados em prestigiar as forças policiais. Se assim fosse, deveriam buscar punição exemplar e implacável à corrupção e à violência das bandas podres que tantos danos causam às maiorias honestas nas corporações. Mas, quando um comandante toma providências, é tratado como bandido e traidor pela súcia bolsonarista.

Essa inversão de valores, a total indistinção entre o uso legítimo e ilegítimo do monopólio da violência, se não prevalece na população, causa barulho e degrada a hierarquia das forças policiais. Quem começa justificando a violência ilegal contra criminosos em nome dos cidadãos honestos acabará fatalmente justificando o ocultamento da violência contra esses cidadãos praticada por policiais desonestos.

A se confirmarem as suspeitas sobre os crimes, será um dos maiores escândalos da história da PM paulista. Desde já, contudo, o caso escancara o criminoso ideal de justiça cultivado pelo bolsonarismo.

Uma concepção primitiva da justiça criminal cristalizada em chavões como “Bandido bom é bandido morto” ou “Direitos humanos para humanos direitos” sempre esteve entranhada em parcelas da sociedade. No atual governo, essa ideia foi, para usar um termo em voga, empoderada.

É sabido que o clã Bolsonaro celebra confrontos policiais com resultado de morte, busca normatizar a impunidade à violência policial em expedientes como o “excludente de ilicitude” e manteve relações promíscuas com milicianos: valendo-se de prerrogativas parlamentares, a família já condecorou chefes de milícias e o ainda deputado Jair Bolsonaro sugeriu que as milícias deveriam ser legalizadas.

Essa cultura do justiçamento foi explicitada em uma investigação sobre policiais em Campinas, reportada pelo Estadão. Após a prisão de 11 PMs acusados de montar um grupo responsável por assassinatos de supostos bandidos e até de inocentes, o coronel Renato Nery Machado afastou 52 suspeitos de envolvimento.

Além dos homicídios, interceptações telefônicas da Corregedoria reuniram indícios de utilização de grampos clandestinos para espionar suspeitos e cobrar propina, de fraude processual, de peculato, de ameaça, de formação de bando armado e de desvios de dinheiro, armas e drogas.

Em reunião com seus oficiais, o coronel Nery Machado destilou indignação. “Eu entrei na polícia para ser polícia, não para ser bandido”, disse. “Isso aqui não é um grupo de oficiais, é um bando, (...) e esse bando criou uma quadrilha.”

A fala foi gravada e distribuída nas redes bolsonaristas. O coronel estaria “desgraçando a vida dos guerreiros verdadeiros”, acusou um dos perfis. “Quero ver se você (Nery) é ‘bravão’ assim com ladrão. Aliás, já matou um ladrãozinho nesses 30 anos de m... de serviço?” A deputada estadual bolsonarista Adriana Borgo (Pros) subiu à tribuna da Assembleia Legislativa para atacar o coronel. “Isso é muito comum em todas as unidades. Qual é o comandante de verdade que foi da rua que não tem um ‘p4’ guardado?” “P4s” são armamentos apreendidos plantados nas cenas de crimes para fraudar ocorrências.

Bolsonaro e seus correligionários se dizem especialmente engajados em prestigiar as forças policiais. Se assim fosse, deveriam buscar punição exemplar e implacável à corrupção e à violência das bandas podres que tantos danos causam às maiorias honestas nas corporações. Mas, quando um comandante toma providências, é tratado como bandido e traidor pela súcia bolsonarista.

Essa inversão de valores, a total indistinção entre o uso legítimo e ilegítimo do monopólio da violência, se não prevalece na população, causa barulho e degrada a hierarquia das forças policiais. Quem começa justificando a violência ilegal contra criminosos em nome dos cidadãos honestos acabará fatalmente justificando o ocultamento da violência contra esses cidadãos praticada por policiais desonestos.

A se confirmarem as suspeitas sobre os crimes, será um dos maiores escândalos da história da PM paulista. Desde já, contudo, o caso escancara o criminoso ideal de justiça cultivado pelo bolsonarismo.

Uma concepção primitiva da justiça criminal cristalizada em chavões como “Bandido bom é bandido morto” ou “Direitos humanos para humanos direitos” sempre esteve entranhada em parcelas da sociedade. No atual governo, essa ideia foi, para usar um termo em voga, empoderada.

É sabido que o clã Bolsonaro celebra confrontos policiais com resultado de morte, busca normatizar a impunidade à violência policial em expedientes como o “excludente de ilicitude” e manteve relações promíscuas com milicianos: valendo-se de prerrogativas parlamentares, a família já condecorou chefes de milícias e o ainda deputado Jair Bolsonaro sugeriu que as milícias deveriam ser legalizadas.

Essa cultura do justiçamento foi explicitada em uma investigação sobre policiais em Campinas, reportada pelo Estadão. Após a prisão de 11 PMs acusados de montar um grupo responsável por assassinatos de supostos bandidos e até de inocentes, o coronel Renato Nery Machado afastou 52 suspeitos de envolvimento.

Além dos homicídios, interceptações telefônicas da Corregedoria reuniram indícios de utilização de grampos clandestinos para espionar suspeitos e cobrar propina, de fraude processual, de peculato, de ameaça, de formação de bando armado e de desvios de dinheiro, armas e drogas.

Em reunião com seus oficiais, o coronel Nery Machado destilou indignação. “Eu entrei na polícia para ser polícia, não para ser bandido”, disse. “Isso aqui não é um grupo de oficiais, é um bando, (...) e esse bando criou uma quadrilha.”

A fala foi gravada e distribuída nas redes bolsonaristas. O coronel estaria “desgraçando a vida dos guerreiros verdadeiros”, acusou um dos perfis. “Quero ver se você (Nery) é ‘bravão’ assim com ladrão. Aliás, já matou um ladrãozinho nesses 30 anos de m... de serviço?” A deputada estadual bolsonarista Adriana Borgo (Pros) subiu à tribuna da Assembleia Legislativa para atacar o coronel. “Isso é muito comum em todas as unidades. Qual é o comandante de verdade que foi da rua que não tem um ‘p4’ guardado?” “P4s” são armamentos apreendidos plantados nas cenas de crimes para fraudar ocorrências.

Bolsonaro e seus correligionários se dizem especialmente engajados em prestigiar as forças policiais. Se assim fosse, deveriam buscar punição exemplar e implacável à corrupção e à violência das bandas podres que tantos danos causam às maiorias honestas nas corporações. Mas, quando um comandante toma providências, é tratado como bandido e traidor pela súcia bolsonarista.

Essa inversão de valores, a total indistinção entre o uso legítimo e ilegítimo do monopólio da violência, se não prevalece na população, causa barulho e degrada a hierarquia das forças policiais. Quem começa justificando a violência ilegal contra criminosos em nome dos cidadãos honestos acabará fatalmente justificando o ocultamento da violência contra esses cidadãos praticada por policiais desonestos.

A se confirmarem as suspeitas sobre os crimes, será um dos maiores escândalos da história da PM paulista. Desde já, contudo, o caso escancara o criminoso ideal de justiça cultivado pelo bolsonarismo.

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