À sombra da aclamação


Hugo Motta chega à disputa na Câmara sem adversários, mas o histórico de candidatos únicos desabona otimismo

Por Notas & Informações

O deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB) caminha para disputar a presidência da Câmara sem adversário, condição sacramentada com a desistência dos candidatos que restavam – Elmar Nascimento (União-BA), que até poucas semanas era visto como o favorito, e Antonio Brito (PSD-BA), que viu seu partido abrir mão de sua candidatura para apoiar Motta. O líder do Republicanos já havia promovido uma aliança improvável ao conquistar o apoio simultâneo do PT de Lula da Silva e do PL de Jair Bolsonaro, e uma rede extensa de aliados, unindo MDB, PP, Podemos, PCdoB, PV, PDT, PSB, PSDB, Cidadania, Solidariedade, Rede e PRD, além da bancada evangélica na Câmara e, é claro, do próprio Republicanos, seu partido.

Caso essas alianças se mantenham firmes até fevereiro, data da eleição, Hugo Motta será o quinto presidente da Câmara eleito por aclamação após ser candidato único. Antes dele, também o foram Flávio Marcílio (Arena/PDS), Ibsen Pinheiro (PMDB), Michel Temer (PMDB) e João Paulo Cunha (PT). Isso assegura a Motta um triunfo político inquestionável, revelado por atributos que lhe garantiram bons padrinhos e trânsito gelatinoso em meio às siglas e ideologias com vida no Congresso. Mérito de quem é jovem, mas está há 14 anos na Câmara, fez parte da base dos governos Temer e Bolsonaro e é próximo do governo Lula – apesar de ter votado a favor do impeachment de Dilma Rousseff, do teto de gastos e da reforma trabalhista, agendas abominadas pela cartilha lulopetista.

Em se tratando de Câmara dos Deputados, porém, o histórico de eleições por aclamação desabona prognósticos muito otimistas ou elogios sem reparos. As aclamações de Marcílio, por exemplo, se deram num contexto do bipartidarismo da ditadura militar – ainda em plena abertura lenta e gradual, em 1979 e 1983. Ibsen Pinheiro, em 1991, teve a candidatura marcada pelo que na época ficou conhecido como “Anões do Orçamento”, o ruidoso caso envolvendo parlamentares em desvios e fraudes em recursos do Orçamento da União. Ibsen acabaria cassado três anos depois, acusado de sonegação e enriquecimento ilícito, até voltar à vida pública mais tarde.

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Temer venceu por aclamação, em 1999, no contexto das deliberações que culminaram na Emenda Constitucional 16, que instituiu a reeleição dois anos antes. Embora até hoje seja reconhecido como um habilidoso político e grande conciliador, ele, que vinha do primeiro mandato de presidente da Câmara, foi beneficiado pelo novo instituto, com o qual também se fartariam o então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, governadores e prefeitos. João Paulo Cunha, por sua vez, chegou sem adversários ao comando da Câmara, em 2003, ainda empurrado pela onda vermelha que invadiu o País com a eleição de Lula da Silva, no fim do ano anterior. Foi sob sua gestão na Câmara que ocorreu o inesquecível mensalão, escândalo de compra de votos que quase derrubou Lula.

Não está escrito nas estrelas que Motta repetirá a má trajetória dos eleitos por aclamação. Mas numa Casa que mistura acordos e consensos legítimos com a mesma desenvoltura com que interesses menores e troca de favores operam nas sombras, o temor é inevitável e a vigilância, imprescindível.

O deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB) caminha para disputar a presidência da Câmara sem adversário, condição sacramentada com a desistência dos candidatos que restavam – Elmar Nascimento (União-BA), que até poucas semanas era visto como o favorito, e Antonio Brito (PSD-BA), que viu seu partido abrir mão de sua candidatura para apoiar Motta. O líder do Republicanos já havia promovido uma aliança improvável ao conquistar o apoio simultâneo do PT de Lula da Silva e do PL de Jair Bolsonaro, e uma rede extensa de aliados, unindo MDB, PP, Podemos, PCdoB, PV, PDT, PSB, PSDB, Cidadania, Solidariedade, Rede e PRD, além da bancada evangélica na Câmara e, é claro, do próprio Republicanos, seu partido.

Caso essas alianças se mantenham firmes até fevereiro, data da eleição, Hugo Motta será o quinto presidente da Câmara eleito por aclamação após ser candidato único. Antes dele, também o foram Flávio Marcílio (Arena/PDS), Ibsen Pinheiro (PMDB), Michel Temer (PMDB) e João Paulo Cunha (PT). Isso assegura a Motta um triunfo político inquestionável, revelado por atributos que lhe garantiram bons padrinhos e trânsito gelatinoso em meio às siglas e ideologias com vida no Congresso. Mérito de quem é jovem, mas está há 14 anos na Câmara, fez parte da base dos governos Temer e Bolsonaro e é próximo do governo Lula – apesar de ter votado a favor do impeachment de Dilma Rousseff, do teto de gastos e da reforma trabalhista, agendas abominadas pela cartilha lulopetista.

Em se tratando de Câmara dos Deputados, porém, o histórico de eleições por aclamação desabona prognósticos muito otimistas ou elogios sem reparos. As aclamações de Marcílio, por exemplo, se deram num contexto do bipartidarismo da ditadura militar – ainda em plena abertura lenta e gradual, em 1979 e 1983. Ibsen Pinheiro, em 1991, teve a candidatura marcada pelo que na época ficou conhecido como “Anões do Orçamento”, o ruidoso caso envolvendo parlamentares em desvios e fraudes em recursos do Orçamento da União. Ibsen acabaria cassado três anos depois, acusado de sonegação e enriquecimento ilícito, até voltar à vida pública mais tarde.

Temer venceu por aclamação, em 1999, no contexto das deliberações que culminaram na Emenda Constitucional 16, que instituiu a reeleição dois anos antes. Embora até hoje seja reconhecido como um habilidoso político e grande conciliador, ele, que vinha do primeiro mandato de presidente da Câmara, foi beneficiado pelo novo instituto, com o qual também se fartariam o então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, governadores e prefeitos. João Paulo Cunha, por sua vez, chegou sem adversários ao comando da Câmara, em 2003, ainda empurrado pela onda vermelha que invadiu o País com a eleição de Lula da Silva, no fim do ano anterior. Foi sob sua gestão na Câmara que ocorreu o inesquecível mensalão, escândalo de compra de votos que quase derrubou Lula.

Não está escrito nas estrelas que Motta repetirá a má trajetória dos eleitos por aclamação. Mas numa Casa que mistura acordos e consensos legítimos com a mesma desenvoltura com que interesses menores e troca de favores operam nas sombras, o temor é inevitável e a vigilância, imprescindível.

O deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB) caminha para disputar a presidência da Câmara sem adversário, condição sacramentada com a desistência dos candidatos que restavam – Elmar Nascimento (União-BA), que até poucas semanas era visto como o favorito, e Antonio Brito (PSD-BA), que viu seu partido abrir mão de sua candidatura para apoiar Motta. O líder do Republicanos já havia promovido uma aliança improvável ao conquistar o apoio simultâneo do PT de Lula da Silva e do PL de Jair Bolsonaro, e uma rede extensa de aliados, unindo MDB, PP, Podemos, PCdoB, PV, PDT, PSB, PSDB, Cidadania, Solidariedade, Rede e PRD, além da bancada evangélica na Câmara e, é claro, do próprio Republicanos, seu partido.

Caso essas alianças se mantenham firmes até fevereiro, data da eleição, Hugo Motta será o quinto presidente da Câmara eleito por aclamação após ser candidato único. Antes dele, também o foram Flávio Marcílio (Arena/PDS), Ibsen Pinheiro (PMDB), Michel Temer (PMDB) e João Paulo Cunha (PT). Isso assegura a Motta um triunfo político inquestionável, revelado por atributos que lhe garantiram bons padrinhos e trânsito gelatinoso em meio às siglas e ideologias com vida no Congresso. Mérito de quem é jovem, mas está há 14 anos na Câmara, fez parte da base dos governos Temer e Bolsonaro e é próximo do governo Lula – apesar de ter votado a favor do impeachment de Dilma Rousseff, do teto de gastos e da reforma trabalhista, agendas abominadas pela cartilha lulopetista.

Em se tratando de Câmara dos Deputados, porém, o histórico de eleições por aclamação desabona prognósticos muito otimistas ou elogios sem reparos. As aclamações de Marcílio, por exemplo, se deram num contexto do bipartidarismo da ditadura militar – ainda em plena abertura lenta e gradual, em 1979 e 1983. Ibsen Pinheiro, em 1991, teve a candidatura marcada pelo que na época ficou conhecido como “Anões do Orçamento”, o ruidoso caso envolvendo parlamentares em desvios e fraudes em recursos do Orçamento da União. Ibsen acabaria cassado três anos depois, acusado de sonegação e enriquecimento ilícito, até voltar à vida pública mais tarde.

Temer venceu por aclamação, em 1999, no contexto das deliberações que culminaram na Emenda Constitucional 16, que instituiu a reeleição dois anos antes. Embora até hoje seja reconhecido como um habilidoso político e grande conciliador, ele, que vinha do primeiro mandato de presidente da Câmara, foi beneficiado pelo novo instituto, com o qual também se fartariam o então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, governadores e prefeitos. João Paulo Cunha, por sua vez, chegou sem adversários ao comando da Câmara, em 2003, ainda empurrado pela onda vermelha que invadiu o País com a eleição de Lula da Silva, no fim do ano anterior. Foi sob sua gestão na Câmara que ocorreu o inesquecível mensalão, escândalo de compra de votos que quase derrubou Lula.

Não está escrito nas estrelas que Motta repetirá a má trajetória dos eleitos por aclamação. Mas numa Casa que mistura acordos e consensos legítimos com a mesma desenvoltura com que interesses menores e troca de favores operam nas sombras, o temor é inevitável e a vigilância, imprescindível.

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