De janeiro a setembro deste ano, o valor total da produção agropecuária nacional atingiu R$ 574,25 bilhões, 2,7% abaixo do ano passado (R$ 590,18 bilhões), e a agricultura teve uma redução de 1,7% e a pecuária, de 4,8%. Embora os dados sejam parciais, o coordenador de Estudos e Análises da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), José Gasques, explica que, como a safra deste ano está praticamente encerrada, faltando apenas algumas lavouras de inverno, não devem ocorrer mudanças do valor bruto da produção (VBP) deste ano.
Isso pode significar contenção de investimentos e/ou menos aquisição de insumos pelos produtores, principalmente os pequenos. As entidades representativas do setor se queixam de crédito inadequado. O Plano Safra para 2017/2018, para o qual foram alocados R$ 190,25 bilhões, ficou aquém do esperado, em razão das limitações orçamentárias que o governo se viu obrigado a observar.
Isso não impediu, porém, o desempenho excepcional de certos produtos, graças a bons preços. Entre os que elevaram seu VBP estão algodão herbáceo (44,5%), cacau (27,8%), café (6,6%), soja (11,8%) e tomate (4%). Merece destaque especial o VBP do trigo, produto que o País importa em grandes volumes, e que teve aumento de 79,7%, o que representa um poderoso estímulo à produção nacional.
Do lado dos produtos que sofreram com falta de crédito e forte redução de preços – e, alguns casos, foram afetados também por fatores climáticos – encontram-se amendoim, cujo VBP caiu 12,9%, arroz (-17,6%), cana-de-açúcar (-14,3%), feijão (-32,4%), laranja (-19,2%), mandioca (-19,2%) e uva (-26,3%).
A situação foi pior na pecuária, afetada também por restrições sanitárias impostas por diferentes importadores. Todos os componentes desta área tiveram redução, diz o Mapa. Também registraram queda os VBPs de frango (-19,6%) e ovos (-13,1%).
As expectativas para a safra 2018/2019 são mais favoráveis. O valor do Plano Safra foi elevado para R$ 194,37 bilhões, com juros considerados bons pelos produtores. A maior queixa é quanto ao valor destinado ao seguro rural, que corresponde apenas a 10% do total previsto. “Se o produtor tivesse um bom aporte de seguro rural, não temeria investir em seus negócios”, como disse Bartolomeu Braz, presidente da Aprosoja Brasil.