Preparando-se para o Natal, o comércio foi o único setor com mais contratações que demissões em novembro, segundo o balanço do emprego formal divulgado pelo Ministério do Trabalho. O saldo líquido foi a criação de 68.602 postos – 65.924 no varejo e 2.678 no atacado. Nenhuma surpresa. A expectativa dos empresários foi confirmada pelo bom movimento de dezembro, quando as vendas natalinas voltaram a crescer, depois de dois anos muito ruins. Excetuado o comércio, todos os grandes setores fecharam postos de trabalho no mês passado. O resultado geral, uma redução de 12.292 vagas, foi muito menos negativo que os da fase de recessão. Em novembro de 2016 sobraram 130.629 trabalhadores na rua. Em 2015, 116.747. Só na indústria de transformação houve 29.006 demissões líquidas. O balanço do mês foi recebido com aparente tranquilidade pelos analistas do mercado financeiro e das consultorias. A tendência, segundo avaliaram, continua sendo de recuperação da atividade econômica e do emprego. Pode ter havido, segundo um especialista, antecipação das dispensas na indústria, em geral mais concentradas em dezembro. De toda forma, a produção para o fim do ano já estava concluída e o trabalho restante caberia principalmente aos comerciantes e a seus funcionários. Segundo a Serasa, o movimento foi o maior em sete anos e as vendas superaram por 5,6% as de 2016. Sem os efeitos sazonais, o balanço de novembro pode ter sido até positivo. Um exercício realizado por um economista da LCA Consultores apontou a criação de 13.700 vagas como o saldo dessazonalizado. De toda forma, o resultado geral acumulado no ano continuou positivo, de acordo com os números do Ministério, registrados no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). De janeiro a novembro foram abertos 299.635 postos de trabalho. Essa foi a diferença entre admissões e demissões acumuladas em 11 meses. Pode ser um resultado modesto, até porque o saldo em 12 meses permaneceu negativo, com eliminação de 178.528 vagas de trabalho com carteira assinada. Mas a melhora observada de janeiro a novembro é mais um sinal da reativação observada a partir do primeiro trimestre e confirmada ao longo de 2017. Iniciada com a grande safra de verão de cereais e oleaginosas, a recuperação em pouco tempo se espalhou por quase todos os setores da economia, favorecendo a retomada de contratações. Em 11 meses a indústria de transformação abriu 88.973 vagas, um detalhe especialmente importante por causa das características desse tipo de emprego, como nível de qualificação, padrão salarial e benefícios associados. O maior saldo, de 139.450 postos, foi o de serviços, mas este amplo setor normalmente reflete, em sua evolução, o desempenho da indústria, do comércio e da agropecuária. Em 12 meses, só a agropecuária e o comércio apresentam saldo positivo no balanço do emprego formal, com 33.056 e 12.089 vagas abertas. Na indústria de transformação o resultado ainda foi o fechamento de 44.217 postos. Na construção civil as demissões líquidas foram de 138.369, um reflexo claro do fraco desempenho do setor imobiliário e do recuo do investimento em infraestrutura. Resultados negativos de outras atividades mostram principalmente problemas passados, talvez com desdobramentos ainda sensíveis no presente. No caso do investimento, o mau desempenho aponta para dificuldades no passado e para deficiências no futuro. Embora boa parte da indústria opere com ampla capacidade ociosa, empresas têm comprado máquinas e equipamentos pelo menos para repor bens de produção desgastados ou desatualizados. Embora limitado, o movimento é promissor. Na infraestrutura, no entanto, prolonga-se a estagnação nas obras de rodovias, ferrovias, portos, sistemas de saneamento e outras instalações essenciais à expansão da atividade e aos ganhos de eficiência. Com crescimento econômico mais acelerado, as contratações devem crescer em 2018. Falta saber se o investimento bastará para sustentar a expansão por um prazo mais longo.
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