Professor de Filosofia na UFRGS, Denis Lerrer Rosenfield escreve quinzenalmente na seção Espaço Aberto

Opinião|Irã


Será que a esquerda do Brasil compactua com o assassinato de centenas de mulheres naquele país por não se vestirem de acordo com suas normas religiosas?

Por Denis Lerrer Rosenfield

Preliminarmente, convém assentar o óbvio, embora ele pareça tão pouco evidente nos dias de hoje. O ataque do Irã a Israel foi um fiasco! Mais de 350 drones e mísseis, balísticos e de cruzeiro, carregando 60 toneladas de explosivos, foram lançados sem que nenhum deles tenha alcançado o seu objetivo. O resultado, pífio, foi uma criança beduína, de 7 anos, agora numa UTI em estado crítico. Danos menores foram infringidos a uma base área. A defesa israelense, com ajuda de EUA, Grã-Bretanha, França e Jordânia, foi sem igual, inaugurando uma Guerra nas Estrelas não ficcional, mas real.

O suposto poderio militar iraniano, com drones sendo inclusive vendidos para a Rússia, como se fosse um produto próprio de alta tecnologia, assim como seus mísseis, revelou-se ineficaz e tecnologicamente defasado. O Irã tem demonstrado competência em financiar e instrumentalizar o terror pelo Oriente Médio e no mundo (convém lembrar suas operações na Argentina), mas a sua falta de operacionalidade numa guerra de alta tecnologia foi flagrante. O ataque foi maciço e seu resultado, insignificante, tendo produzido como efeito colateral uma aliança estratégica inaudita entre os países envolvidos, defensores da democracia, com apoio explícito da Jordânia, temerosa de ser a próxima vítima dos aiatolás, e velado da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes.

Contudo, com o intuito de encobrir o seu estrondoso fracasso, o Irã passou a divulgar a estranha versão de que sua “resposta” foi calculada e limitada, como se essa avalanche de drones e mísseis fosse uma mera brincadeira inofensiva. Só os cegos pelo antiocidentalismo ou ideologicamente blindados podem se curvar diante de uma tal apresentação. Curiosamente, o fracasso seria uma vitória. Não há lógica que resista! Nessa narrativa bizarra, o seu objetivo seria apenas alvos militares, quando seus projéteis eram visíveis, online, nos céus de Jerusalém, inclusive sobre o Domo da Rocha. Seria, então, Israel que estaria defendendo um lugar sagrado dos muçulmanos, enquanto o Irã o estaria ameaçando?

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A versão apresentada da “resposta” é também hilária, pois seria a reação a um suposto ataque israelense a um anexo da embaixada iraniana na Síria, cuja função seria abrigar a Guarda Revolucionária nesse país. Ora, o que faziam esses “guardiões da Revolução”, senão abastecer e orientar os seus satélites em sua luta pela aniquilação do Estado de Israel? Em todo caso, o país a protestar seria a Síria, que teria tido a sua soberania violada. Quando muito, abstraindo-se do caráter militar dessa sede diplomática, Israel teria violado uma convenção internacional, e não o solo iraniano. A dita resposta é totalmente arbitrária e desproporcional, procurando tão somente intensificar o seu combate de extermínio dos judeus do Oriente Médio, os cristãos sendo os próximos.

Convém atentar para o fato de que o Irã é uma potência regional, com projetos hegemônicos de ocupação de toda essa região. Seus tentáculos são vários, apresentando-se propriamente como um Estado colonizador. Graças ao acordo nuclear no governo Obama, viu-se liberado para atuar regionalmente, com os seus ativos financeiros sendo desbloqueados e por meio do aumento de seu comércio internacional. O tão alardeado acordo foi uma carta branca para sua atividade regional, usando e abusando do terror. Hoje, o regime dos aiatolás apoia e financia o Hezbollah, no Líbano, tendo criado um Estado dentro do Estado; controla territorialmente por meio de suas milícias uma parte do Iraque; é propriamente uma força de ocupação na Síria, território de atuação privilegiada da “Guarda Revolucionária”; financia e fornece equipamentos militares para o Hamas e a Jihad Islâmica em Gaza; e procura introduzir-se na Cisjordânia e na Jordânia, além de armar e controlar a milícia Houthis, no Iêmen. O Irã tem como objetivo dominar todo o Oriente Médio, sendo o seu apoio ao terror em Gaza apenas um instrumento de sua estratégia global. Os palestinos são os seus peões.

A diplomacia lulopetista, porém, continua arraigada em seu antiocidentalismo, como se o Brasil – pasmem – não fosse um país ocidental. Em mais uma amostra de sua abjeção, o Itamaraty divulgou uma nota não condenando o ataque iraniano! Deve ser ele uma vítima, que deveria ser desculpada de tudo o que faz! Não houve até agora nenhuma retificação oficial. O máximo que o chanceler conseguiu fazer, acuado pela pergunta de um jornalista, foi dar uma resposta risível, segundo a qual no momento da redação da nota não tinha as informações disponíveis. Só ele, porque todo o mundo ocidental e democrático já tinha condenado o ataque iraniano. Em nosso continente, a Argentina foi inequívoca em sua condenação. Nem o fuso horário serve como desculpa.

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Ademais, será que a esquerda brasileira compactua, em sua luta contra os valores ocidentais, com o assassinato de centenas de mulheres no Irã por não se vestirem adequadamente segundo suas normas religiosas? E a perseguição e a morte de homossexuais?

*

PROFESSOR DE FILOSOFIA NA UFRGS. E-MAIL: DENISROSENFIELD@TERRA.COM.BR

Preliminarmente, convém assentar o óbvio, embora ele pareça tão pouco evidente nos dias de hoje. O ataque do Irã a Israel foi um fiasco! Mais de 350 drones e mísseis, balísticos e de cruzeiro, carregando 60 toneladas de explosivos, foram lançados sem que nenhum deles tenha alcançado o seu objetivo. O resultado, pífio, foi uma criança beduína, de 7 anos, agora numa UTI em estado crítico. Danos menores foram infringidos a uma base área. A defesa israelense, com ajuda de EUA, Grã-Bretanha, França e Jordânia, foi sem igual, inaugurando uma Guerra nas Estrelas não ficcional, mas real.

O suposto poderio militar iraniano, com drones sendo inclusive vendidos para a Rússia, como se fosse um produto próprio de alta tecnologia, assim como seus mísseis, revelou-se ineficaz e tecnologicamente defasado. O Irã tem demonstrado competência em financiar e instrumentalizar o terror pelo Oriente Médio e no mundo (convém lembrar suas operações na Argentina), mas a sua falta de operacionalidade numa guerra de alta tecnologia foi flagrante. O ataque foi maciço e seu resultado, insignificante, tendo produzido como efeito colateral uma aliança estratégica inaudita entre os países envolvidos, defensores da democracia, com apoio explícito da Jordânia, temerosa de ser a próxima vítima dos aiatolás, e velado da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes.

Contudo, com o intuito de encobrir o seu estrondoso fracasso, o Irã passou a divulgar a estranha versão de que sua “resposta” foi calculada e limitada, como se essa avalanche de drones e mísseis fosse uma mera brincadeira inofensiva. Só os cegos pelo antiocidentalismo ou ideologicamente blindados podem se curvar diante de uma tal apresentação. Curiosamente, o fracasso seria uma vitória. Não há lógica que resista! Nessa narrativa bizarra, o seu objetivo seria apenas alvos militares, quando seus projéteis eram visíveis, online, nos céus de Jerusalém, inclusive sobre o Domo da Rocha. Seria, então, Israel que estaria defendendo um lugar sagrado dos muçulmanos, enquanto o Irã o estaria ameaçando?

A versão apresentada da “resposta” é também hilária, pois seria a reação a um suposto ataque israelense a um anexo da embaixada iraniana na Síria, cuja função seria abrigar a Guarda Revolucionária nesse país. Ora, o que faziam esses “guardiões da Revolução”, senão abastecer e orientar os seus satélites em sua luta pela aniquilação do Estado de Israel? Em todo caso, o país a protestar seria a Síria, que teria tido a sua soberania violada. Quando muito, abstraindo-se do caráter militar dessa sede diplomática, Israel teria violado uma convenção internacional, e não o solo iraniano. A dita resposta é totalmente arbitrária e desproporcional, procurando tão somente intensificar o seu combate de extermínio dos judeus do Oriente Médio, os cristãos sendo os próximos.

Convém atentar para o fato de que o Irã é uma potência regional, com projetos hegemônicos de ocupação de toda essa região. Seus tentáculos são vários, apresentando-se propriamente como um Estado colonizador. Graças ao acordo nuclear no governo Obama, viu-se liberado para atuar regionalmente, com os seus ativos financeiros sendo desbloqueados e por meio do aumento de seu comércio internacional. O tão alardeado acordo foi uma carta branca para sua atividade regional, usando e abusando do terror. Hoje, o regime dos aiatolás apoia e financia o Hezbollah, no Líbano, tendo criado um Estado dentro do Estado; controla territorialmente por meio de suas milícias uma parte do Iraque; é propriamente uma força de ocupação na Síria, território de atuação privilegiada da “Guarda Revolucionária”; financia e fornece equipamentos militares para o Hamas e a Jihad Islâmica em Gaza; e procura introduzir-se na Cisjordânia e na Jordânia, além de armar e controlar a milícia Houthis, no Iêmen. O Irã tem como objetivo dominar todo o Oriente Médio, sendo o seu apoio ao terror em Gaza apenas um instrumento de sua estratégia global. Os palestinos são os seus peões.

A diplomacia lulopetista, porém, continua arraigada em seu antiocidentalismo, como se o Brasil – pasmem – não fosse um país ocidental. Em mais uma amostra de sua abjeção, o Itamaraty divulgou uma nota não condenando o ataque iraniano! Deve ser ele uma vítima, que deveria ser desculpada de tudo o que faz! Não houve até agora nenhuma retificação oficial. O máximo que o chanceler conseguiu fazer, acuado pela pergunta de um jornalista, foi dar uma resposta risível, segundo a qual no momento da redação da nota não tinha as informações disponíveis. Só ele, porque todo o mundo ocidental e democrático já tinha condenado o ataque iraniano. Em nosso continente, a Argentina foi inequívoca em sua condenação. Nem o fuso horário serve como desculpa.

Ademais, será que a esquerda brasileira compactua, em sua luta contra os valores ocidentais, com o assassinato de centenas de mulheres no Irã por não se vestirem adequadamente segundo suas normas religiosas? E a perseguição e a morte de homossexuais?

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PROFESSOR DE FILOSOFIA NA UFRGS. E-MAIL: DENISROSENFIELD@TERRA.COM.BR

Preliminarmente, convém assentar o óbvio, embora ele pareça tão pouco evidente nos dias de hoje. O ataque do Irã a Israel foi um fiasco! Mais de 350 drones e mísseis, balísticos e de cruzeiro, carregando 60 toneladas de explosivos, foram lançados sem que nenhum deles tenha alcançado o seu objetivo. O resultado, pífio, foi uma criança beduína, de 7 anos, agora numa UTI em estado crítico. Danos menores foram infringidos a uma base área. A defesa israelense, com ajuda de EUA, Grã-Bretanha, França e Jordânia, foi sem igual, inaugurando uma Guerra nas Estrelas não ficcional, mas real.

O suposto poderio militar iraniano, com drones sendo inclusive vendidos para a Rússia, como se fosse um produto próprio de alta tecnologia, assim como seus mísseis, revelou-se ineficaz e tecnologicamente defasado. O Irã tem demonstrado competência em financiar e instrumentalizar o terror pelo Oriente Médio e no mundo (convém lembrar suas operações na Argentina), mas a sua falta de operacionalidade numa guerra de alta tecnologia foi flagrante. O ataque foi maciço e seu resultado, insignificante, tendo produzido como efeito colateral uma aliança estratégica inaudita entre os países envolvidos, defensores da democracia, com apoio explícito da Jordânia, temerosa de ser a próxima vítima dos aiatolás, e velado da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes.

Contudo, com o intuito de encobrir o seu estrondoso fracasso, o Irã passou a divulgar a estranha versão de que sua “resposta” foi calculada e limitada, como se essa avalanche de drones e mísseis fosse uma mera brincadeira inofensiva. Só os cegos pelo antiocidentalismo ou ideologicamente blindados podem se curvar diante de uma tal apresentação. Curiosamente, o fracasso seria uma vitória. Não há lógica que resista! Nessa narrativa bizarra, o seu objetivo seria apenas alvos militares, quando seus projéteis eram visíveis, online, nos céus de Jerusalém, inclusive sobre o Domo da Rocha. Seria, então, Israel que estaria defendendo um lugar sagrado dos muçulmanos, enquanto o Irã o estaria ameaçando?

A versão apresentada da “resposta” é também hilária, pois seria a reação a um suposto ataque israelense a um anexo da embaixada iraniana na Síria, cuja função seria abrigar a Guarda Revolucionária nesse país. Ora, o que faziam esses “guardiões da Revolução”, senão abastecer e orientar os seus satélites em sua luta pela aniquilação do Estado de Israel? Em todo caso, o país a protestar seria a Síria, que teria tido a sua soberania violada. Quando muito, abstraindo-se do caráter militar dessa sede diplomática, Israel teria violado uma convenção internacional, e não o solo iraniano. A dita resposta é totalmente arbitrária e desproporcional, procurando tão somente intensificar o seu combate de extermínio dos judeus do Oriente Médio, os cristãos sendo os próximos.

Convém atentar para o fato de que o Irã é uma potência regional, com projetos hegemônicos de ocupação de toda essa região. Seus tentáculos são vários, apresentando-se propriamente como um Estado colonizador. Graças ao acordo nuclear no governo Obama, viu-se liberado para atuar regionalmente, com os seus ativos financeiros sendo desbloqueados e por meio do aumento de seu comércio internacional. O tão alardeado acordo foi uma carta branca para sua atividade regional, usando e abusando do terror. Hoje, o regime dos aiatolás apoia e financia o Hezbollah, no Líbano, tendo criado um Estado dentro do Estado; controla territorialmente por meio de suas milícias uma parte do Iraque; é propriamente uma força de ocupação na Síria, território de atuação privilegiada da “Guarda Revolucionária”; financia e fornece equipamentos militares para o Hamas e a Jihad Islâmica em Gaza; e procura introduzir-se na Cisjordânia e na Jordânia, além de armar e controlar a milícia Houthis, no Iêmen. O Irã tem como objetivo dominar todo o Oriente Médio, sendo o seu apoio ao terror em Gaza apenas um instrumento de sua estratégia global. Os palestinos são os seus peões.

A diplomacia lulopetista, porém, continua arraigada em seu antiocidentalismo, como se o Brasil – pasmem – não fosse um país ocidental. Em mais uma amostra de sua abjeção, o Itamaraty divulgou uma nota não condenando o ataque iraniano! Deve ser ele uma vítima, que deveria ser desculpada de tudo o que faz! Não houve até agora nenhuma retificação oficial. O máximo que o chanceler conseguiu fazer, acuado pela pergunta de um jornalista, foi dar uma resposta risível, segundo a qual no momento da redação da nota não tinha as informações disponíveis. Só ele, porque todo o mundo ocidental e democrático já tinha condenado o ataque iraniano. Em nosso continente, a Argentina foi inequívoca em sua condenação. Nem o fuso horário serve como desculpa.

Ademais, será que a esquerda brasileira compactua, em sua luta contra os valores ocidentais, com o assassinato de centenas de mulheres no Irã por não se vestirem adequadamente segundo suas normas religiosas? E a perseguição e a morte de homossexuais?

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Preliminarmente, convém assentar o óbvio, embora ele pareça tão pouco evidente nos dias de hoje. O ataque do Irã a Israel foi um fiasco! Mais de 350 drones e mísseis, balísticos e de cruzeiro, carregando 60 toneladas de explosivos, foram lançados sem que nenhum deles tenha alcançado o seu objetivo. O resultado, pífio, foi uma criança beduína, de 7 anos, agora numa UTI em estado crítico. Danos menores foram infringidos a uma base área. A defesa israelense, com ajuda de EUA, Grã-Bretanha, França e Jordânia, foi sem igual, inaugurando uma Guerra nas Estrelas não ficcional, mas real.

O suposto poderio militar iraniano, com drones sendo inclusive vendidos para a Rússia, como se fosse um produto próprio de alta tecnologia, assim como seus mísseis, revelou-se ineficaz e tecnologicamente defasado. O Irã tem demonstrado competência em financiar e instrumentalizar o terror pelo Oriente Médio e no mundo (convém lembrar suas operações na Argentina), mas a sua falta de operacionalidade numa guerra de alta tecnologia foi flagrante. O ataque foi maciço e seu resultado, insignificante, tendo produzido como efeito colateral uma aliança estratégica inaudita entre os países envolvidos, defensores da democracia, com apoio explícito da Jordânia, temerosa de ser a próxima vítima dos aiatolás, e velado da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes.

Contudo, com o intuito de encobrir o seu estrondoso fracasso, o Irã passou a divulgar a estranha versão de que sua “resposta” foi calculada e limitada, como se essa avalanche de drones e mísseis fosse uma mera brincadeira inofensiva. Só os cegos pelo antiocidentalismo ou ideologicamente blindados podem se curvar diante de uma tal apresentação. Curiosamente, o fracasso seria uma vitória. Não há lógica que resista! Nessa narrativa bizarra, o seu objetivo seria apenas alvos militares, quando seus projéteis eram visíveis, online, nos céus de Jerusalém, inclusive sobre o Domo da Rocha. Seria, então, Israel que estaria defendendo um lugar sagrado dos muçulmanos, enquanto o Irã o estaria ameaçando?

A versão apresentada da “resposta” é também hilária, pois seria a reação a um suposto ataque israelense a um anexo da embaixada iraniana na Síria, cuja função seria abrigar a Guarda Revolucionária nesse país. Ora, o que faziam esses “guardiões da Revolução”, senão abastecer e orientar os seus satélites em sua luta pela aniquilação do Estado de Israel? Em todo caso, o país a protestar seria a Síria, que teria tido a sua soberania violada. Quando muito, abstraindo-se do caráter militar dessa sede diplomática, Israel teria violado uma convenção internacional, e não o solo iraniano. A dita resposta é totalmente arbitrária e desproporcional, procurando tão somente intensificar o seu combate de extermínio dos judeus do Oriente Médio, os cristãos sendo os próximos.

Convém atentar para o fato de que o Irã é uma potência regional, com projetos hegemônicos de ocupação de toda essa região. Seus tentáculos são vários, apresentando-se propriamente como um Estado colonizador. Graças ao acordo nuclear no governo Obama, viu-se liberado para atuar regionalmente, com os seus ativos financeiros sendo desbloqueados e por meio do aumento de seu comércio internacional. O tão alardeado acordo foi uma carta branca para sua atividade regional, usando e abusando do terror. Hoje, o regime dos aiatolás apoia e financia o Hezbollah, no Líbano, tendo criado um Estado dentro do Estado; controla territorialmente por meio de suas milícias uma parte do Iraque; é propriamente uma força de ocupação na Síria, território de atuação privilegiada da “Guarda Revolucionária”; financia e fornece equipamentos militares para o Hamas e a Jihad Islâmica em Gaza; e procura introduzir-se na Cisjordânia e na Jordânia, além de armar e controlar a milícia Houthis, no Iêmen. O Irã tem como objetivo dominar todo o Oriente Médio, sendo o seu apoio ao terror em Gaza apenas um instrumento de sua estratégia global. Os palestinos são os seus peões.

A diplomacia lulopetista, porém, continua arraigada em seu antiocidentalismo, como se o Brasil – pasmem – não fosse um país ocidental. Em mais uma amostra de sua abjeção, o Itamaraty divulgou uma nota não condenando o ataque iraniano! Deve ser ele uma vítima, que deveria ser desculpada de tudo o que faz! Não houve até agora nenhuma retificação oficial. O máximo que o chanceler conseguiu fazer, acuado pela pergunta de um jornalista, foi dar uma resposta risível, segundo a qual no momento da redação da nota não tinha as informações disponíveis. Só ele, porque todo o mundo ocidental e democrático já tinha condenado o ataque iraniano. Em nosso continente, a Argentina foi inequívoca em sua condenação. Nem o fuso horário serve como desculpa.

Ademais, será que a esquerda brasileira compactua, em sua luta contra os valores ocidentais, com o assassinato de centenas de mulheres no Irã por não se vestirem adequadamente segundo suas normas religiosas? E a perseguição e a morte de homossexuais?

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PROFESSOR DE FILOSOFIA NA UFRGS. E-MAIL: DENISROSENFIELD@TERRA.COM.BR

Preliminarmente, convém assentar o óbvio, embora ele pareça tão pouco evidente nos dias de hoje. O ataque do Irã a Israel foi um fiasco! Mais de 350 drones e mísseis, balísticos e de cruzeiro, carregando 60 toneladas de explosivos, foram lançados sem que nenhum deles tenha alcançado o seu objetivo. O resultado, pífio, foi uma criança beduína, de 7 anos, agora numa UTI em estado crítico. Danos menores foram infringidos a uma base área. A defesa israelense, com ajuda de EUA, Grã-Bretanha, França e Jordânia, foi sem igual, inaugurando uma Guerra nas Estrelas não ficcional, mas real.

O suposto poderio militar iraniano, com drones sendo inclusive vendidos para a Rússia, como se fosse um produto próprio de alta tecnologia, assim como seus mísseis, revelou-se ineficaz e tecnologicamente defasado. O Irã tem demonstrado competência em financiar e instrumentalizar o terror pelo Oriente Médio e no mundo (convém lembrar suas operações na Argentina), mas a sua falta de operacionalidade numa guerra de alta tecnologia foi flagrante. O ataque foi maciço e seu resultado, insignificante, tendo produzido como efeito colateral uma aliança estratégica inaudita entre os países envolvidos, defensores da democracia, com apoio explícito da Jordânia, temerosa de ser a próxima vítima dos aiatolás, e velado da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes.

Contudo, com o intuito de encobrir o seu estrondoso fracasso, o Irã passou a divulgar a estranha versão de que sua “resposta” foi calculada e limitada, como se essa avalanche de drones e mísseis fosse uma mera brincadeira inofensiva. Só os cegos pelo antiocidentalismo ou ideologicamente blindados podem se curvar diante de uma tal apresentação. Curiosamente, o fracasso seria uma vitória. Não há lógica que resista! Nessa narrativa bizarra, o seu objetivo seria apenas alvos militares, quando seus projéteis eram visíveis, online, nos céus de Jerusalém, inclusive sobre o Domo da Rocha. Seria, então, Israel que estaria defendendo um lugar sagrado dos muçulmanos, enquanto o Irã o estaria ameaçando?

A versão apresentada da “resposta” é também hilária, pois seria a reação a um suposto ataque israelense a um anexo da embaixada iraniana na Síria, cuja função seria abrigar a Guarda Revolucionária nesse país. Ora, o que faziam esses “guardiões da Revolução”, senão abastecer e orientar os seus satélites em sua luta pela aniquilação do Estado de Israel? Em todo caso, o país a protestar seria a Síria, que teria tido a sua soberania violada. Quando muito, abstraindo-se do caráter militar dessa sede diplomática, Israel teria violado uma convenção internacional, e não o solo iraniano. A dita resposta é totalmente arbitrária e desproporcional, procurando tão somente intensificar o seu combate de extermínio dos judeus do Oriente Médio, os cristãos sendo os próximos.

Convém atentar para o fato de que o Irã é uma potência regional, com projetos hegemônicos de ocupação de toda essa região. Seus tentáculos são vários, apresentando-se propriamente como um Estado colonizador. Graças ao acordo nuclear no governo Obama, viu-se liberado para atuar regionalmente, com os seus ativos financeiros sendo desbloqueados e por meio do aumento de seu comércio internacional. O tão alardeado acordo foi uma carta branca para sua atividade regional, usando e abusando do terror. Hoje, o regime dos aiatolás apoia e financia o Hezbollah, no Líbano, tendo criado um Estado dentro do Estado; controla territorialmente por meio de suas milícias uma parte do Iraque; é propriamente uma força de ocupação na Síria, território de atuação privilegiada da “Guarda Revolucionária”; financia e fornece equipamentos militares para o Hamas e a Jihad Islâmica em Gaza; e procura introduzir-se na Cisjordânia e na Jordânia, além de armar e controlar a milícia Houthis, no Iêmen. O Irã tem como objetivo dominar todo o Oriente Médio, sendo o seu apoio ao terror em Gaza apenas um instrumento de sua estratégia global. Os palestinos são os seus peões.

A diplomacia lulopetista, porém, continua arraigada em seu antiocidentalismo, como se o Brasil – pasmem – não fosse um país ocidental. Em mais uma amostra de sua abjeção, o Itamaraty divulgou uma nota não condenando o ataque iraniano! Deve ser ele uma vítima, que deveria ser desculpada de tudo o que faz! Não houve até agora nenhuma retificação oficial. O máximo que o chanceler conseguiu fazer, acuado pela pergunta de um jornalista, foi dar uma resposta risível, segundo a qual no momento da redação da nota não tinha as informações disponíveis. Só ele, porque todo o mundo ocidental e democrático já tinha condenado o ataque iraniano. Em nosso continente, a Argentina foi inequívoca em sua condenação. Nem o fuso horário serve como desculpa.

Ademais, será que a esquerda brasileira compactua, em sua luta contra os valores ocidentais, com o assassinato de centenas de mulheres no Irã por não se vestirem adequadamente segundo suas normas religiosas? E a perseguição e a morte de homossexuais?

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Opinião por Denis Lerrer Rosenfield

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