Dom Odilo Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, escreve mensalmente na seção Espaço Aberto

Opinião|O presépio e sua mensagem


Ela é o núcleo central da celebração do Natal: Deus vem ao nosso encontro, na condição despojada de uma criança pequenina e frágil que, de bracinhos abertos, busca acolhida e quer nos abraçar

Por Dom Odilo P. Scherer

No Natal deste ano, comemoram-se 800 anos da primeira representação do presépio vivo, feito por São Francisco de Assis na localidade de Greccio, no centro da Itália. Ele era fascinado pela simplicidade, beleza e profundidade da cena do nascimento de Jesus, narrada nos Evangelhos. Assim, ele quis celebrar o Natal de 1223 num cenário que representasse ao vivo o que consta no texto sagrado sobre o nascimento de Jesus (conferir Lucas 2,1-20 e Mateus 2,1-12).

A tradição popular dos presépios já existia e se encontrava difundida, sobretudo nos países do centro e do norte da Europa, onde ainda hoje se cultivam variadas e belas tradições natalinas populares. Porém Francisco quis mais que um cenário estático de anjos, pessoas e animais para ser olhado; ele tinha o desejo de reproduzir uma cena viva, envolvente, que lembrasse da forma mais realista possível o nascimento de Jesus em Belém, na Judeia: um casal de verdade, uma criança a se mexer num berço improvisado, pessoas chegando, cantos, instrumentos musicais, pastores, ovelhas... E o que fez foi um grande sucesso, que inspirou a cultura popular do Natal nos séculos sucessivos.

O papa Francisco é um grande incentivador do presépio e, em 2019, escreveu a carta apostólica Mirabile Signum (Sinal Admirável), sobre o significado e a importância do presépio também em nossos dias. Recentemente, ele voltou ao tema num livro intitulado Meu Presépio, narrando sua relação pessoal com o presépio, recomendando que em todos os lares e outros ambientes se cultive essa prática como parte das celebrações do Natal. O presépio é um Evangelho vivo, escreveu ele, que transborda das páginas da Sagrada Escritura. Ao mesmo tempo que contemplamos a representação do nascimento de Jesus, somos convidados a pôr-nos espiritualmente a caminho para ir ao seu encontro, acolhendo-o em nossa vida (ver Sinal Admirável n.º 1).

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O centro de atenção do presépio é o menino Jesus deitado na manjedoura. O Evangelho de São Lucas diz que, ao chegar o tempo de Maria dar à luz o seu filho primogênito, ela o envolveu em faixas e o colocou numa manjedoura, pois não havia lugar para eles na hospedaria (Lucas 2,7). Era inverno e as autoridades romanas haviam decidido fazer a contagem da população do império. Cada habitante devia registrar-se no lugar de sua origem, o que requeria deslocamentos nada cômodos, mesmo no inverno. José e Maria, grávida e prestes a dar à luz, foram de Nazaré a Belém, de onde eram originários.

É fácil imaginar que as poucas hospedarias estavam lotadas de gente em movimento para cumprir as ordens do imperador. Não havia hotéis em abundância e facilidades para viajar, como hoje. Assim, o menino Jesus – para os cristãos, ninguém menos que o filho de Deus em nossa condição humana – nasceu num abrigo compartilhado também por animais. Isso não era raro nem estranho naquela época, e nos arredores de Belém as grutas são frequentes e eram habitadas. Por isso, no presépio, também aparecem sempre as figuras de alguns animais, como ovelhas, o asno e a vaca.

Além da figura do menino, no presépio estão sempre Maria, sua mãe, José e os pastores, que cuidavam dos rebanhos durante a noite, e o anjo mensageiro, que anuncia aos pastores o fato maravilhoso acontecido naquela noite fria. À cena acorrem ainda os três reis magos, chegados de longe para ver o menino. Na montagem do presépio, podem ser colocadas representações da família e dos amigos de quem faz o presépio. Podem ser retratadas, também, as diversas situações do momento histórico que se vive, das alegrias, sofrimentos e angústias pelas quais passa a humanidade.

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De fato, o nascimento de Jesus é celebrado pelos cristãos como um fato que envolve a humanidade inteira, em todos os tempos. Hoje somos nós mesmos como os pastores de Belém, ou os reis magos do Oriente. Os chamados “presépios napolitanos” retratam uma aldeia inteira na vida cotidiana, envolvida com o nascimento de Jesus.

Presépios podem ser obras de arte popular, com os mais variados perfis e gostos. O que conta é a sua mensagem, que também é o núcleo central da celebração do Natal: o filho de Deus veio ao mundo, assumiu nossa humanidade, entrou em nossa história e uniu a terra ao céu. Na sua pessoa, é Deus que vem ao nosso encontro, na condição despojada de uma criança pequenina e frágil que, de bracinhos abertos, busca acolhida e quer nos abraçar.

A liturgia católica do Natal é repleta de textos significativos, fruto da contemplação milenar deste mistério inefável: Deus infinito entra na finitude de nosso mundo e do tempo, da fragilidade humana, e estende a mão a todos, oferecendo seu amor e sua vida.

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Um dos textos mais belos do Natal anuncia que, “nesta noite santa, o céu e a terra trocam os seus dons”. O céu presenteia a terra com o que tem de mais precioso: o próprio filho de Deus. E a terra retribui com o seu melhor dom: nossa pobre humanidade. Nessa troca de dons, o céu não fica mais pobre, mas a terra fica imensamente mais rica de vida, esperança, beleza e paz. O presépio quer retratar isso.

*

É CARDEAL-ARCEBISPO DE SÃO PAULO

No Natal deste ano, comemoram-se 800 anos da primeira representação do presépio vivo, feito por São Francisco de Assis na localidade de Greccio, no centro da Itália. Ele era fascinado pela simplicidade, beleza e profundidade da cena do nascimento de Jesus, narrada nos Evangelhos. Assim, ele quis celebrar o Natal de 1223 num cenário que representasse ao vivo o que consta no texto sagrado sobre o nascimento de Jesus (conferir Lucas 2,1-20 e Mateus 2,1-12).

A tradição popular dos presépios já existia e se encontrava difundida, sobretudo nos países do centro e do norte da Europa, onde ainda hoje se cultivam variadas e belas tradições natalinas populares. Porém Francisco quis mais que um cenário estático de anjos, pessoas e animais para ser olhado; ele tinha o desejo de reproduzir uma cena viva, envolvente, que lembrasse da forma mais realista possível o nascimento de Jesus em Belém, na Judeia: um casal de verdade, uma criança a se mexer num berço improvisado, pessoas chegando, cantos, instrumentos musicais, pastores, ovelhas... E o que fez foi um grande sucesso, que inspirou a cultura popular do Natal nos séculos sucessivos.

O papa Francisco é um grande incentivador do presépio e, em 2019, escreveu a carta apostólica Mirabile Signum (Sinal Admirável), sobre o significado e a importância do presépio também em nossos dias. Recentemente, ele voltou ao tema num livro intitulado Meu Presépio, narrando sua relação pessoal com o presépio, recomendando que em todos os lares e outros ambientes se cultive essa prática como parte das celebrações do Natal. O presépio é um Evangelho vivo, escreveu ele, que transborda das páginas da Sagrada Escritura. Ao mesmo tempo que contemplamos a representação do nascimento de Jesus, somos convidados a pôr-nos espiritualmente a caminho para ir ao seu encontro, acolhendo-o em nossa vida (ver Sinal Admirável n.º 1).

O centro de atenção do presépio é o menino Jesus deitado na manjedoura. O Evangelho de São Lucas diz que, ao chegar o tempo de Maria dar à luz o seu filho primogênito, ela o envolveu em faixas e o colocou numa manjedoura, pois não havia lugar para eles na hospedaria (Lucas 2,7). Era inverno e as autoridades romanas haviam decidido fazer a contagem da população do império. Cada habitante devia registrar-se no lugar de sua origem, o que requeria deslocamentos nada cômodos, mesmo no inverno. José e Maria, grávida e prestes a dar à luz, foram de Nazaré a Belém, de onde eram originários.

É fácil imaginar que as poucas hospedarias estavam lotadas de gente em movimento para cumprir as ordens do imperador. Não havia hotéis em abundância e facilidades para viajar, como hoje. Assim, o menino Jesus – para os cristãos, ninguém menos que o filho de Deus em nossa condição humana – nasceu num abrigo compartilhado também por animais. Isso não era raro nem estranho naquela época, e nos arredores de Belém as grutas são frequentes e eram habitadas. Por isso, no presépio, também aparecem sempre as figuras de alguns animais, como ovelhas, o asno e a vaca.

Além da figura do menino, no presépio estão sempre Maria, sua mãe, José e os pastores, que cuidavam dos rebanhos durante a noite, e o anjo mensageiro, que anuncia aos pastores o fato maravilhoso acontecido naquela noite fria. À cena acorrem ainda os três reis magos, chegados de longe para ver o menino. Na montagem do presépio, podem ser colocadas representações da família e dos amigos de quem faz o presépio. Podem ser retratadas, também, as diversas situações do momento histórico que se vive, das alegrias, sofrimentos e angústias pelas quais passa a humanidade.

De fato, o nascimento de Jesus é celebrado pelos cristãos como um fato que envolve a humanidade inteira, em todos os tempos. Hoje somos nós mesmos como os pastores de Belém, ou os reis magos do Oriente. Os chamados “presépios napolitanos” retratam uma aldeia inteira na vida cotidiana, envolvida com o nascimento de Jesus.

Presépios podem ser obras de arte popular, com os mais variados perfis e gostos. O que conta é a sua mensagem, que também é o núcleo central da celebração do Natal: o filho de Deus veio ao mundo, assumiu nossa humanidade, entrou em nossa história e uniu a terra ao céu. Na sua pessoa, é Deus que vem ao nosso encontro, na condição despojada de uma criança pequenina e frágil que, de bracinhos abertos, busca acolhida e quer nos abraçar.

A liturgia católica do Natal é repleta de textos significativos, fruto da contemplação milenar deste mistério inefável: Deus infinito entra na finitude de nosso mundo e do tempo, da fragilidade humana, e estende a mão a todos, oferecendo seu amor e sua vida.

Um dos textos mais belos do Natal anuncia que, “nesta noite santa, o céu e a terra trocam os seus dons”. O céu presenteia a terra com o que tem de mais precioso: o próprio filho de Deus. E a terra retribui com o seu melhor dom: nossa pobre humanidade. Nessa troca de dons, o céu não fica mais pobre, mas a terra fica imensamente mais rica de vida, esperança, beleza e paz. O presépio quer retratar isso.

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É CARDEAL-ARCEBISPO DE SÃO PAULO

No Natal deste ano, comemoram-se 800 anos da primeira representação do presépio vivo, feito por São Francisco de Assis na localidade de Greccio, no centro da Itália. Ele era fascinado pela simplicidade, beleza e profundidade da cena do nascimento de Jesus, narrada nos Evangelhos. Assim, ele quis celebrar o Natal de 1223 num cenário que representasse ao vivo o que consta no texto sagrado sobre o nascimento de Jesus (conferir Lucas 2,1-20 e Mateus 2,1-12).

A tradição popular dos presépios já existia e se encontrava difundida, sobretudo nos países do centro e do norte da Europa, onde ainda hoje se cultivam variadas e belas tradições natalinas populares. Porém Francisco quis mais que um cenário estático de anjos, pessoas e animais para ser olhado; ele tinha o desejo de reproduzir uma cena viva, envolvente, que lembrasse da forma mais realista possível o nascimento de Jesus em Belém, na Judeia: um casal de verdade, uma criança a se mexer num berço improvisado, pessoas chegando, cantos, instrumentos musicais, pastores, ovelhas... E o que fez foi um grande sucesso, que inspirou a cultura popular do Natal nos séculos sucessivos.

O papa Francisco é um grande incentivador do presépio e, em 2019, escreveu a carta apostólica Mirabile Signum (Sinal Admirável), sobre o significado e a importância do presépio também em nossos dias. Recentemente, ele voltou ao tema num livro intitulado Meu Presépio, narrando sua relação pessoal com o presépio, recomendando que em todos os lares e outros ambientes se cultive essa prática como parte das celebrações do Natal. O presépio é um Evangelho vivo, escreveu ele, que transborda das páginas da Sagrada Escritura. Ao mesmo tempo que contemplamos a representação do nascimento de Jesus, somos convidados a pôr-nos espiritualmente a caminho para ir ao seu encontro, acolhendo-o em nossa vida (ver Sinal Admirável n.º 1).

O centro de atenção do presépio é o menino Jesus deitado na manjedoura. O Evangelho de São Lucas diz que, ao chegar o tempo de Maria dar à luz o seu filho primogênito, ela o envolveu em faixas e o colocou numa manjedoura, pois não havia lugar para eles na hospedaria (Lucas 2,7). Era inverno e as autoridades romanas haviam decidido fazer a contagem da população do império. Cada habitante devia registrar-se no lugar de sua origem, o que requeria deslocamentos nada cômodos, mesmo no inverno. José e Maria, grávida e prestes a dar à luz, foram de Nazaré a Belém, de onde eram originários.

É fácil imaginar que as poucas hospedarias estavam lotadas de gente em movimento para cumprir as ordens do imperador. Não havia hotéis em abundância e facilidades para viajar, como hoje. Assim, o menino Jesus – para os cristãos, ninguém menos que o filho de Deus em nossa condição humana – nasceu num abrigo compartilhado também por animais. Isso não era raro nem estranho naquela época, e nos arredores de Belém as grutas são frequentes e eram habitadas. Por isso, no presépio, também aparecem sempre as figuras de alguns animais, como ovelhas, o asno e a vaca.

Além da figura do menino, no presépio estão sempre Maria, sua mãe, José e os pastores, que cuidavam dos rebanhos durante a noite, e o anjo mensageiro, que anuncia aos pastores o fato maravilhoso acontecido naquela noite fria. À cena acorrem ainda os três reis magos, chegados de longe para ver o menino. Na montagem do presépio, podem ser colocadas representações da família e dos amigos de quem faz o presépio. Podem ser retratadas, também, as diversas situações do momento histórico que se vive, das alegrias, sofrimentos e angústias pelas quais passa a humanidade.

De fato, o nascimento de Jesus é celebrado pelos cristãos como um fato que envolve a humanidade inteira, em todos os tempos. Hoje somos nós mesmos como os pastores de Belém, ou os reis magos do Oriente. Os chamados “presépios napolitanos” retratam uma aldeia inteira na vida cotidiana, envolvida com o nascimento de Jesus.

Presépios podem ser obras de arte popular, com os mais variados perfis e gostos. O que conta é a sua mensagem, que também é o núcleo central da celebração do Natal: o filho de Deus veio ao mundo, assumiu nossa humanidade, entrou em nossa história e uniu a terra ao céu. Na sua pessoa, é Deus que vem ao nosso encontro, na condição despojada de uma criança pequenina e frágil que, de bracinhos abertos, busca acolhida e quer nos abraçar.

A liturgia católica do Natal é repleta de textos significativos, fruto da contemplação milenar deste mistério inefável: Deus infinito entra na finitude de nosso mundo e do tempo, da fragilidade humana, e estende a mão a todos, oferecendo seu amor e sua vida.

Um dos textos mais belos do Natal anuncia que, “nesta noite santa, o céu e a terra trocam os seus dons”. O céu presenteia a terra com o que tem de mais precioso: o próprio filho de Deus. E a terra retribui com o seu melhor dom: nossa pobre humanidade. Nessa troca de dons, o céu não fica mais pobre, mas a terra fica imensamente mais rica de vida, esperança, beleza e paz. O presépio quer retratar isso.

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É CARDEAL-ARCEBISPO DE SÃO PAULO

No Natal deste ano, comemoram-se 800 anos da primeira representação do presépio vivo, feito por São Francisco de Assis na localidade de Greccio, no centro da Itália. Ele era fascinado pela simplicidade, beleza e profundidade da cena do nascimento de Jesus, narrada nos Evangelhos. Assim, ele quis celebrar o Natal de 1223 num cenário que representasse ao vivo o que consta no texto sagrado sobre o nascimento de Jesus (conferir Lucas 2,1-20 e Mateus 2,1-12).

A tradição popular dos presépios já existia e se encontrava difundida, sobretudo nos países do centro e do norte da Europa, onde ainda hoje se cultivam variadas e belas tradições natalinas populares. Porém Francisco quis mais que um cenário estático de anjos, pessoas e animais para ser olhado; ele tinha o desejo de reproduzir uma cena viva, envolvente, que lembrasse da forma mais realista possível o nascimento de Jesus em Belém, na Judeia: um casal de verdade, uma criança a se mexer num berço improvisado, pessoas chegando, cantos, instrumentos musicais, pastores, ovelhas... E o que fez foi um grande sucesso, que inspirou a cultura popular do Natal nos séculos sucessivos.

O papa Francisco é um grande incentivador do presépio e, em 2019, escreveu a carta apostólica Mirabile Signum (Sinal Admirável), sobre o significado e a importância do presépio também em nossos dias. Recentemente, ele voltou ao tema num livro intitulado Meu Presépio, narrando sua relação pessoal com o presépio, recomendando que em todos os lares e outros ambientes se cultive essa prática como parte das celebrações do Natal. O presépio é um Evangelho vivo, escreveu ele, que transborda das páginas da Sagrada Escritura. Ao mesmo tempo que contemplamos a representação do nascimento de Jesus, somos convidados a pôr-nos espiritualmente a caminho para ir ao seu encontro, acolhendo-o em nossa vida (ver Sinal Admirável n.º 1).

O centro de atenção do presépio é o menino Jesus deitado na manjedoura. O Evangelho de São Lucas diz que, ao chegar o tempo de Maria dar à luz o seu filho primogênito, ela o envolveu em faixas e o colocou numa manjedoura, pois não havia lugar para eles na hospedaria (Lucas 2,7). Era inverno e as autoridades romanas haviam decidido fazer a contagem da população do império. Cada habitante devia registrar-se no lugar de sua origem, o que requeria deslocamentos nada cômodos, mesmo no inverno. José e Maria, grávida e prestes a dar à luz, foram de Nazaré a Belém, de onde eram originários.

É fácil imaginar que as poucas hospedarias estavam lotadas de gente em movimento para cumprir as ordens do imperador. Não havia hotéis em abundância e facilidades para viajar, como hoje. Assim, o menino Jesus – para os cristãos, ninguém menos que o filho de Deus em nossa condição humana – nasceu num abrigo compartilhado também por animais. Isso não era raro nem estranho naquela época, e nos arredores de Belém as grutas são frequentes e eram habitadas. Por isso, no presépio, também aparecem sempre as figuras de alguns animais, como ovelhas, o asno e a vaca.

Além da figura do menino, no presépio estão sempre Maria, sua mãe, José e os pastores, que cuidavam dos rebanhos durante a noite, e o anjo mensageiro, que anuncia aos pastores o fato maravilhoso acontecido naquela noite fria. À cena acorrem ainda os três reis magos, chegados de longe para ver o menino. Na montagem do presépio, podem ser colocadas representações da família e dos amigos de quem faz o presépio. Podem ser retratadas, também, as diversas situações do momento histórico que se vive, das alegrias, sofrimentos e angústias pelas quais passa a humanidade.

De fato, o nascimento de Jesus é celebrado pelos cristãos como um fato que envolve a humanidade inteira, em todos os tempos. Hoje somos nós mesmos como os pastores de Belém, ou os reis magos do Oriente. Os chamados “presépios napolitanos” retratam uma aldeia inteira na vida cotidiana, envolvida com o nascimento de Jesus.

Presépios podem ser obras de arte popular, com os mais variados perfis e gostos. O que conta é a sua mensagem, que também é o núcleo central da celebração do Natal: o filho de Deus veio ao mundo, assumiu nossa humanidade, entrou em nossa história e uniu a terra ao céu. Na sua pessoa, é Deus que vem ao nosso encontro, na condição despojada de uma criança pequenina e frágil que, de bracinhos abertos, busca acolhida e quer nos abraçar.

A liturgia católica do Natal é repleta de textos significativos, fruto da contemplação milenar deste mistério inefável: Deus infinito entra na finitude de nosso mundo e do tempo, da fragilidade humana, e estende a mão a todos, oferecendo seu amor e sua vida.

Um dos textos mais belos do Natal anuncia que, “nesta noite santa, o céu e a terra trocam os seus dons”. O céu presenteia a terra com o que tem de mais precioso: o próprio filho de Deus. E a terra retribui com o seu melhor dom: nossa pobre humanidade. Nessa troca de dons, o céu não fica mais pobre, mas a terra fica imensamente mais rica de vida, esperança, beleza e paz. O presépio quer retratar isso.

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É CARDEAL-ARCEBISPO DE SÃO PAULO

No Natal deste ano, comemoram-se 800 anos da primeira representação do presépio vivo, feito por São Francisco de Assis na localidade de Greccio, no centro da Itália. Ele era fascinado pela simplicidade, beleza e profundidade da cena do nascimento de Jesus, narrada nos Evangelhos. Assim, ele quis celebrar o Natal de 1223 num cenário que representasse ao vivo o que consta no texto sagrado sobre o nascimento de Jesus (conferir Lucas 2,1-20 e Mateus 2,1-12).

A tradição popular dos presépios já existia e se encontrava difundida, sobretudo nos países do centro e do norte da Europa, onde ainda hoje se cultivam variadas e belas tradições natalinas populares. Porém Francisco quis mais que um cenário estático de anjos, pessoas e animais para ser olhado; ele tinha o desejo de reproduzir uma cena viva, envolvente, que lembrasse da forma mais realista possível o nascimento de Jesus em Belém, na Judeia: um casal de verdade, uma criança a se mexer num berço improvisado, pessoas chegando, cantos, instrumentos musicais, pastores, ovelhas... E o que fez foi um grande sucesso, que inspirou a cultura popular do Natal nos séculos sucessivos.

O papa Francisco é um grande incentivador do presépio e, em 2019, escreveu a carta apostólica Mirabile Signum (Sinal Admirável), sobre o significado e a importância do presépio também em nossos dias. Recentemente, ele voltou ao tema num livro intitulado Meu Presépio, narrando sua relação pessoal com o presépio, recomendando que em todos os lares e outros ambientes se cultive essa prática como parte das celebrações do Natal. O presépio é um Evangelho vivo, escreveu ele, que transborda das páginas da Sagrada Escritura. Ao mesmo tempo que contemplamos a representação do nascimento de Jesus, somos convidados a pôr-nos espiritualmente a caminho para ir ao seu encontro, acolhendo-o em nossa vida (ver Sinal Admirável n.º 1).

O centro de atenção do presépio é o menino Jesus deitado na manjedoura. O Evangelho de São Lucas diz que, ao chegar o tempo de Maria dar à luz o seu filho primogênito, ela o envolveu em faixas e o colocou numa manjedoura, pois não havia lugar para eles na hospedaria (Lucas 2,7). Era inverno e as autoridades romanas haviam decidido fazer a contagem da população do império. Cada habitante devia registrar-se no lugar de sua origem, o que requeria deslocamentos nada cômodos, mesmo no inverno. José e Maria, grávida e prestes a dar à luz, foram de Nazaré a Belém, de onde eram originários.

É fácil imaginar que as poucas hospedarias estavam lotadas de gente em movimento para cumprir as ordens do imperador. Não havia hotéis em abundância e facilidades para viajar, como hoje. Assim, o menino Jesus – para os cristãos, ninguém menos que o filho de Deus em nossa condição humana – nasceu num abrigo compartilhado também por animais. Isso não era raro nem estranho naquela época, e nos arredores de Belém as grutas são frequentes e eram habitadas. Por isso, no presépio, também aparecem sempre as figuras de alguns animais, como ovelhas, o asno e a vaca.

Além da figura do menino, no presépio estão sempre Maria, sua mãe, José e os pastores, que cuidavam dos rebanhos durante a noite, e o anjo mensageiro, que anuncia aos pastores o fato maravilhoso acontecido naquela noite fria. À cena acorrem ainda os três reis magos, chegados de longe para ver o menino. Na montagem do presépio, podem ser colocadas representações da família e dos amigos de quem faz o presépio. Podem ser retratadas, também, as diversas situações do momento histórico que se vive, das alegrias, sofrimentos e angústias pelas quais passa a humanidade.

De fato, o nascimento de Jesus é celebrado pelos cristãos como um fato que envolve a humanidade inteira, em todos os tempos. Hoje somos nós mesmos como os pastores de Belém, ou os reis magos do Oriente. Os chamados “presépios napolitanos” retratam uma aldeia inteira na vida cotidiana, envolvida com o nascimento de Jesus.

Presépios podem ser obras de arte popular, com os mais variados perfis e gostos. O que conta é a sua mensagem, que também é o núcleo central da celebração do Natal: o filho de Deus veio ao mundo, assumiu nossa humanidade, entrou em nossa história e uniu a terra ao céu. Na sua pessoa, é Deus que vem ao nosso encontro, na condição despojada de uma criança pequenina e frágil que, de bracinhos abertos, busca acolhida e quer nos abraçar.

A liturgia católica do Natal é repleta de textos significativos, fruto da contemplação milenar deste mistério inefável: Deus infinito entra na finitude de nosso mundo e do tempo, da fragilidade humana, e estende a mão a todos, oferecendo seu amor e sua vida.

Um dos textos mais belos do Natal anuncia que, “nesta noite santa, o céu e a terra trocam os seus dons”. O céu presenteia a terra com o que tem de mais precioso: o próprio filho de Deus. E a terra retribui com o seu melhor dom: nossa pobre humanidade. Nessa troca de dons, o céu não fica mais pobre, mas a terra fica imensamente mais rica de vida, esperança, beleza e paz. O presépio quer retratar isso.

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