Em busca da credibilidade perdida


Haddad começa o ano tentando recuperar um pouco da confiança do mercado e faz bem ao sugerir que isso depende de um esforço de todo o governo. Ou seja, depende principalmente de Lula

Por Notas & Informações

Após a enorme frustração gerada pelo esvaziado pacote fiscal aprovado no fim do ano passado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad começou o ano tentando recuperar a confiança dos investidores. Em entrevista à GloboNews, Haddad reconheceu que errou ao anunciar o plano de corte de gastos juntamente com a proposta de isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e admitiu que o governo precisa ser coerente e unificar seu discurso sobre a agenda econômica para obter resultados melhores.

O diagnóstico do ministro é certeiro. Mais do que apresentar indicadores positivos, o Executivo federal precisa mostrar que não será leniente com o gasto público e que não será tolerante com a inflação. O desafio, no entanto, permanece o mesmo desde o início do governo: convencer o presidente Lula da Silva a abandonar um discurso que sinaliza o exato oposto.

De fato, como disse o ministro, a economia não vai mal. As projeções do governo, do Banco Central e do mercado variam, mas todos estimam que o crescimento do PIB de 2024 deva superar os 3%. O problema é que o PIB potencial brasileiro está na faixa de 2,3% a 2,4% ao ano, segundo o pesquisador do FGV Ibre Bráulio Borges. E, segundo seus cálculos, a economia brasileira tem crescido acima de sua capacidade desde o segundo trimestre do ano passado.

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O déficit primário do ano passado será divulgado apenas no início de fevereiro, mas, segundo Haddad, ele deve atingir 0,1% do PIB, dentro do intervalo de tolerância estabelecido pelo arcabouço fiscal. Incluindo os gastos com as enchentes no Rio Grande do Sul, o déficit sobe a 0,37% do PIB. Para estabilizar a dívida pública, no entanto, o País precisaria alcançar superávits bem mais ambiciosos, entre 1% e 1,5% do PIB, de acordo com o pesquisador do FGV Ibre.

Com a economia superaquecida, a inflação, que já está elevada e distante do centro da meta, deve aumentar nos próximos meses. Assim, para cumprir a meta, restará ao Banco Central elevar a taxa básica de juros e mantê-la em níveis altos por mais tempo, o que tende a frear a economia como um todo.

Para completar, o cenário externo, já bastante afetado pelos conflitos entre Rússia e Ucrânia e Israel e Hamas, tende a ser ainda mais turbulento para economias emergentes, sobretudo após as sinalizações dadas pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que promete mudanças nas políticas comercial, externa e migratória que tendem a elevar a inflação e os juros norte-americanos.

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É com esse cenário que o mercado financeiro trabalha neste momento e é para ele que se prepara desde já. Diante de tantas incertezas, um governo prudente deveria se apresentar como um destino seguro para os investidores, o que requer uma política fiscal anticíclica e contracionista, capaz de amenizar os efeitos negativos de um ciclo econômico superaquecido por meio de corte de despesas e/ou aumento das receitas.

O ajuste fiscal que os ministros Haddad e Simone Tebet (Planejamento) prometiam entre o primeiro e o segundo turno das eleições municipais deveria ser a resposta a essa conjuntura. Mas o pacote quebrou expectativas e evidenciou a prioridade que Lula da Silva dá à sua reeleição.

A atitude de Haddad pode contribuir para melhorar o humor do mercado, mas suas declarações não serão suficientes para fazer o dólar recuar aos R$ 5,44 em que estava no fim de setembro, muito menos aos R$ 4,95 de janeiro do ano passado.

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Boa parte do governo prefere aguardar uma acomodação nas cotações da moeda norte-americana, ignorando que a saída líquida de dólares atingiu US$ 18 bilhões no ano passado, o pior resultado desde 2020.

Esses investidores não voltarão ao País sem a adoção de medidas duras e eventualmente impopulares, não porque torçam contra o governo Lula da Silva, mas porque sabem que os resultados econômicos apresentados no ano passado não têm sustentabilidade.

Para que o País possa chegar bem a 2026, como disse Haddad à GloboNews, será preciso mais que “um time completamente obstinado” no Ministério da Fazenda. O governo como um todo teria de fazer muito mais do que tem feito.

Após a enorme frustração gerada pelo esvaziado pacote fiscal aprovado no fim do ano passado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad começou o ano tentando recuperar a confiança dos investidores. Em entrevista à GloboNews, Haddad reconheceu que errou ao anunciar o plano de corte de gastos juntamente com a proposta de isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e admitiu que o governo precisa ser coerente e unificar seu discurso sobre a agenda econômica para obter resultados melhores.

O diagnóstico do ministro é certeiro. Mais do que apresentar indicadores positivos, o Executivo federal precisa mostrar que não será leniente com o gasto público e que não será tolerante com a inflação. O desafio, no entanto, permanece o mesmo desde o início do governo: convencer o presidente Lula da Silva a abandonar um discurso que sinaliza o exato oposto.

De fato, como disse o ministro, a economia não vai mal. As projeções do governo, do Banco Central e do mercado variam, mas todos estimam que o crescimento do PIB de 2024 deva superar os 3%. O problema é que o PIB potencial brasileiro está na faixa de 2,3% a 2,4% ao ano, segundo o pesquisador do FGV Ibre Bráulio Borges. E, segundo seus cálculos, a economia brasileira tem crescido acima de sua capacidade desde o segundo trimestre do ano passado.

O déficit primário do ano passado será divulgado apenas no início de fevereiro, mas, segundo Haddad, ele deve atingir 0,1% do PIB, dentro do intervalo de tolerância estabelecido pelo arcabouço fiscal. Incluindo os gastos com as enchentes no Rio Grande do Sul, o déficit sobe a 0,37% do PIB. Para estabilizar a dívida pública, no entanto, o País precisaria alcançar superávits bem mais ambiciosos, entre 1% e 1,5% do PIB, de acordo com o pesquisador do FGV Ibre.

Com a economia superaquecida, a inflação, que já está elevada e distante do centro da meta, deve aumentar nos próximos meses. Assim, para cumprir a meta, restará ao Banco Central elevar a taxa básica de juros e mantê-la em níveis altos por mais tempo, o que tende a frear a economia como um todo.

Para completar, o cenário externo, já bastante afetado pelos conflitos entre Rússia e Ucrânia e Israel e Hamas, tende a ser ainda mais turbulento para economias emergentes, sobretudo após as sinalizações dadas pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que promete mudanças nas políticas comercial, externa e migratória que tendem a elevar a inflação e os juros norte-americanos.

É com esse cenário que o mercado financeiro trabalha neste momento e é para ele que se prepara desde já. Diante de tantas incertezas, um governo prudente deveria se apresentar como um destino seguro para os investidores, o que requer uma política fiscal anticíclica e contracionista, capaz de amenizar os efeitos negativos de um ciclo econômico superaquecido por meio de corte de despesas e/ou aumento das receitas.

O ajuste fiscal que os ministros Haddad e Simone Tebet (Planejamento) prometiam entre o primeiro e o segundo turno das eleições municipais deveria ser a resposta a essa conjuntura. Mas o pacote quebrou expectativas e evidenciou a prioridade que Lula da Silva dá à sua reeleição.

A atitude de Haddad pode contribuir para melhorar o humor do mercado, mas suas declarações não serão suficientes para fazer o dólar recuar aos R$ 5,44 em que estava no fim de setembro, muito menos aos R$ 4,95 de janeiro do ano passado.

Boa parte do governo prefere aguardar uma acomodação nas cotações da moeda norte-americana, ignorando que a saída líquida de dólares atingiu US$ 18 bilhões no ano passado, o pior resultado desde 2020.

Esses investidores não voltarão ao País sem a adoção de medidas duras e eventualmente impopulares, não porque torçam contra o governo Lula da Silva, mas porque sabem que os resultados econômicos apresentados no ano passado não têm sustentabilidade.

Para que o País possa chegar bem a 2026, como disse Haddad à GloboNews, será preciso mais que “um time completamente obstinado” no Ministério da Fazenda. O governo como um todo teria de fazer muito mais do que tem feito.

Após a enorme frustração gerada pelo esvaziado pacote fiscal aprovado no fim do ano passado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad começou o ano tentando recuperar a confiança dos investidores. Em entrevista à GloboNews, Haddad reconheceu que errou ao anunciar o plano de corte de gastos juntamente com a proposta de isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e admitiu que o governo precisa ser coerente e unificar seu discurso sobre a agenda econômica para obter resultados melhores.

O diagnóstico do ministro é certeiro. Mais do que apresentar indicadores positivos, o Executivo federal precisa mostrar que não será leniente com o gasto público e que não será tolerante com a inflação. O desafio, no entanto, permanece o mesmo desde o início do governo: convencer o presidente Lula da Silva a abandonar um discurso que sinaliza o exato oposto.

De fato, como disse o ministro, a economia não vai mal. As projeções do governo, do Banco Central e do mercado variam, mas todos estimam que o crescimento do PIB de 2024 deva superar os 3%. O problema é que o PIB potencial brasileiro está na faixa de 2,3% a 2,4% ao ano, segundo o pesquisador do FGV Ibre Bráulio Borges. E, segundo seus cálculos, a economia brasileira tem crescido acima de sua capacidade desde o segundo trimestre do ano passado.

O déficit primário do ano passado será divulgado apenas no início de fevereiro, mas, segundo Haddad, ele deve atingir 0,1% do PIB, dentro do intervalo de tolerância estabelecido pelo arcabouço fiscal. Incluindo os gastos com as enchentes no Rio Grande do Sul, o déficit sobe a 0,37% do PIB. Para estabilizar a dívida pública, no entanto, o País precisaria alcançar superávits bem mais ambiciosos, entre 1% e 1,5% do PIB, de acordo com o pesquisador do FGV Ibre.

Com a economia superaquecida, a inflação, que já está elevada e distante do centro da meta, deve aumentar nos próximos meses. Assim, para cumprir a meta, restará ao Banco Central elevar a taxa básica de juros e mantê-la em níveis altos por mais tempo, o que tende a frear a economia como um todo.

Para completar, o cenário externo, já bastante afetado pelos conflitos entre Rússia e Ucrânia e Israel e Hamas, tende a ser ainda mais turbulento para economias emergentes, sobretudo após as sinalizações dadas pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que promete mudanças nas políticas comercial, externa e migratória que tendem a elevar a inflação e os juros norte-americanos.

É com esse cenário que o mercado financeiro trabalha neste momento e é para ele que se prepara desde já. Diante de tantas incertezas, um governo prudente deveria se apresentar como um destino seguro para os investidores, o que requer uma política fiscal anticíclica e contracionista, capaz de amenizar os efeitos negativos de um ciclo econômico superaquecido por meio de corte de despesas e/ou aumento das receitas.

O ajuste fiscal que os ministros Haddad e Simone Tebet (Planejamento) prometiam entre o primeiro e o segundo turno das eleições municipais deveria ser a resposta a essa conjuntura. Mas o pacote quebrou expectativas e evidenciou a prioridade que Lula da Silva dá à sua reeleição.

A atitude de Haddad pode contribuir para melhorar o humor do mercado, mas suas declarações não serão suficientes para fazer o dólar recuar aos R$ 5,44 em que estava no fim de setembro, muito menos aos R$ 4,95 de janeiro do ano passado.

Boa parte do governo prefere aguardar uma acomodação nas cotações da moeda norte-americana, ignorando que a saída líquida de dólares atingiu US$ 18 bilhões no ano passado, o pior resultado desde 2020.

Esses investidores não voltarão ao País sem a adoção de medidas duras e eventualmente impopulares, não porque torçam contra o governo Lula da Silva, mas porque sabem que os resultados econômicos apresentados no ano passado não têm sustentabilidade.

Para que o País possa chegar bem a 2026, como disse Haddad à GloboNews, será preciso mais que “um time completamente obstinado” no Ministério da Fazenda. O governo como um todo teria de fazer muito mais do que tem feito.

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