Opinião|1939 ou 2023?


Antissemitas desfilam orgulhosamente pelas ruas em 2023, com o mesmo ódio de sempre, agora disfarçado de humanismo, de preocupação com os direitos humanos

Por Andrea Vainer e Octávio José Aronis

Desde os ataques terroristas promovidos pelo Hamas contra civis israelenses, as comunidades judaicas ao redor do globo têm assistido, perplexas e assustadas, a uma imensa escalada nos casos de antissemitismo no mundo.

Antes mesmo de Israel ter iniciado qualquer tipo de retaliação, o antissemitismo, vivo como nunca, porém relegado às profundezas, encontrou a justificativa perfeita para emergir à superfície.

Em primeiro lugar, vieram as comemorações da barbárie, do assassinato cruel de civis, mulheres, idosos e crianças. Vidas judias não importam e o mundo dedicou-se a provar que isso nunca foi tão verdadeiro.

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Um professor da Universidade Cornell, uma das mais prestigiadas dos Estados Unidos, fez um discurso aos estudantes descrevendo o dia 7 de outubro de 2023 como um evento “estimulante” e “eletrizante”.

Pouco tempo depois da divulgação das atrocidades que vitimaram as famílias israelenses veio a negação dos fatos, que não surpreende, considerando que nem o Holocausto, maior tragédia da história do povo judeu, é imune ao revisionismo e à relativização. Novamente, surgiram as mais diversas teorias da conspiração, dedicadas a subverter o óbvio e a verdade. Discutia-se se bebês teriam sido, mesmo, decapitados ou apenas queimados vivos.

Na sequência, vieram a relativização e a imposição de culpa às vítimas – afinal, para a crença antissemita, o judeu é sempre o culpado por suas próprias mazelas.

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Então, quando Israel começou a retaliação em face do grupo terrorista Hamas, o antissemitismo, que já se encontrava boiando confortavelmente na superfície, passou a nadar com eficiência digna de Michael Phelps.

O mesmo ódio de sempre encontrou uma maneira de se reinventar. E ele vende rápido: a embalagem é bonita, moderna e atrativa. Ser antissemita tornou-se cool, socialmente aceitável, simpático.

Os antissemitas perderam não apenas a timidez, mas despediram-se da vergonha e de qualquer tipo de pudor. Ativistas de sofá com dedos nervosos atrás de suas telinhas e teclados passaram a atacar judeus – judeus e não israelenses – a torto e a direito, clamando pela volta de Hitler e pelo extermínio. O libelo de sangue, ideia medieval de que os judeus tomavam o sangue de crianças, foi substituído pela narrativa perversa de que Israel, o demoníaco e único Estado judeu do mundo, se regozija em ceifar vidas palestinas e precisa ser rapidamente varrido do mapa. Judeus passaram a ser agredidos ao redor do mundo, em suas casas, em universidades e aeroportos. Cenas que fariam inveja aos mais ferrenhos apoiadores do regime nazista se tornam habituais. Antissemitas desfilam orgulhosamente pelas ruas em 2023, com o mesmo ódio de sempre, agora disfarçado de humanismo, de preocupação com os direitos humanos.

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Ao tratar do conflito no Oriente Médio, a jornalista e escritora Pilar Rahola coloca uma questão importante: “Por quê? Eu tento responder a esta pergunta há tantos anos: por quê? Por que, de todos os conflitos do mundo, só este interessa?”. Israel é do tamanho do Estado de Sergipe. A Faixa de Gaza tem cerca de 40 km de extensão. E, ainda assim, este é o conflito que mais mobiliza a atenção do mundo.

O fato é que, hoje, se passou a olhar novamente para o judeu – judeu e não israelense – como o causador de todos os males, um povo nefasto, causador de pestes, desgostos e desgraças. A perseguição se repete diante dos nossos olhos, na era do politicamente correto. O que está acontecendo com os judeus ao redor do mundo não é muito diferente do que se passou em 1939. A principal diferença é que Hitler e seus apoiadores, felizmente, não tinham acesso às redes sociais.

*

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ADVOGADOS CRIMINALISTAS, SÃO, RESPECTIVAMENTE, DIRETORA JURÍDICA E DIRETOR DE SEGURANÇA DA CONFEDERAÇÃO ISRAELITA DO BRASIL

Desde os ataques terroristas promovidos pelo Hamas contra civis israelenses, as comunidades judaicas ao redor do globo têm assistido, perplexas e assustadas, a uma imensa escalada nos casos de antissemitismo no mundo.

Antes mesmo de Israel ter iniciado qualquer tipo de retaliação, o antissemitismo, vivo como nunca, porém relegado às profundezas, encontrou a justificativa perfeita para emergir à superfície.

Em primeiro lugar, vieram as comemorações da barbárie, do assassinato cruel de civis, mulheres, idosos e crianças. Vidas judias não importam e o mundo dedicou-se a provar que isso nunca foi tão verdadeiro.

Um professor da Universidade Cornell, uma das mais prestigiadas dos Estados Unidos, fez um discurso aos estudantes descrevendo o dia 7 de outubro de 2023 como um evento “estimulante” e “eletrizante”.

Pouco tempo depois da divulgação das atrocidades que vitimaram as famílias israelenses veio a negação dos fatos, que não surpreende, considerando que nem o Holocausto, maior tragédia da história do povo judeu, é imune ao revisionismo e à relativização. Novamente, surgiram as mais diversas teorias da conspiração, dedicadas a subverter o óbvio e a verdade. Discutia-se se bebês teriam sido, mesmo, decapitados ou apenas queimados vivos.

Na sequência, vieram a relativização e a imposição de culpa às vítimas – afinal, para a crença antissemita, o judeu é sempre o culpado por suas próprias mazelas.

Então, quando Israel começou a retaliação em face do grupo terrorista Hamas, o antissemitismo, que já se encontrava boiando confortavelmente na superfície, passou a nadar com eficiência digna de Michael Phelps.

O mesmo ódio de sempre encontrou uma maneira de se reinventar. E ele vende rápido: a embalagem é bonita, moderna e atrativa. Ser antissemita tornou-se cool, socialmente aceitável, simpático.

Os antissemitas perderam não apenas a timidez, mas despediram-se da vergonha e de qualquer tipo de pudor. Ativistas de sofá com dedos nervosos atrás de suas telinhas e teclados passaram a atacar judeus – judeus e não israelenses – a torto e a direito, clamando pela volta de Hitler e pelo extermínio. O libelo de sangue, ideia medieval de que os judeus tomavam o sangue de crianças, foi substituído pela narrativa perversa de que Israel, o demoníaco e único Estado judeu do mundo, se regozija em ceifar vidas palestinas e precisa ser rapidamente varrido do mapa. Judeus passaram a ser agredidos ao redor do mundo, em suas casas, em universidades e aeroportos. Cenas que fariam inveja aos mais ferrenhos apoiadores do regime nazista se tornam habituais. Antissemitas desfilam orgulhosamente pelas ruas em 2023, com o mesmo ódio de sempre, agora disfarçado de humanismo, de preocupação com os direitos humanos.

Ao tratar do conflito no Oriente Médio, a jornalista e escritora Pilar Rahola coloca uma questão importante: “Por quê? Eu tento responder a esta pergunta há tantos anos: por quê? Por que, de todos os conflitos do mundo, só este interessa?”. Israel é do tamanho do Estado de Sergipe. A Faixa de Gaza tem cerca de 40 km de extensão. E, ainda assim, este é o conflito que mais mobiliza a atenção do mundo.

O fato é que, hoje, se passou a olhar novamente para o judeu – judeu e não israelense – como o causador de todos os males, um povo nefasto, causador de pestes, desgostos e desgraças. A perseguição se repete diante dos nossos olhos, na era do politicamente correto. O que está acontecendo com os judeus ao redor do mundo não é muito diferente do que se passou em 1939. A principal diferença é que Hitler e seus apoiadores, felizmente, não tinham acesso às redes sociais.

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Desde os ataques terroristas promovidos pelo Hamas contra civis israelenses, as comunidades judaicas ao redor do globo têm assistido, perplexas e assustadas, a uma imensa escalada nos casos de antissemitismo no mundo.

Antes mesmo de Israel ter iniciado qualquer tipo de retaliação, o antissemitismo, vivo como nunca, porém relegado às profundezas, encontrou a justificativa perfeita para emergir à superfície.

Em primeiro lugar, vieram as comemorações da barbárie, do assassinato cruel de civis, mulheres, idosos e crianças. Vidas judias não importam e o mundo dedicou-se a provar que isso nunca foi tão verdadeiro.

Um professor da Universidade Cornell, uma das mais prestigiadas dos Estados Unidos, fez um discurso aos estudantes descrevendo o dia 7 de outubro de 2023 como um evento “estimulante” e “eletrizante”.

Pouco tempo depois da divulgação das atrocidades que vitimaram as famílias israelenses veio a negação dos fatos, que não surpreende, considerando que nem o Holocausto, maior tragédia da história do povo judeu, é imune ao revisionismo e à relativização. Novamente, surgiram as mais diversas teorias da conspiração, dedicadas a subverter o óbvio e a verdade. Discutia-se se bebês teriam sido, mesmo, decapitados ou apenas queimados vivos.

Na sequência, vieram a relativização e a imposição de culpa às vítimas – afinal, para a crença antissemita, o judeu é sempre o culpado por suas próprias mazelas.

Então, quando Israel começou a retaliação em face do grupo terrorista Hamas, o antissemitismo, que já se encontrava boiando confortavelmente na superfície, passou a nadar com eficiência digna de Michael Phelps.

O mesmo ódio de sempre encontrou uma maneira de se reinventar. E ele vende rápido: a embalagem é bonita, moderna e atrativa. Ser antissemita tornou-se cool, socialmente aceitável, simpático.

Os antissemitas perderam não apenas a timidez, mas despediram-se da vergonha e de qualquer tipo de pudor. Ativistas de sofá com dedos nervosos atrás de suas telinhas e teclados passaram a atacar judeus – judeus e não israelenses – a torto e a direito, clamando pela volta de Hitler e pelo extermínio. O libelo de sangue, ideia medieval de que os judeus tomavam o sangue de crianças, foi substituído pela narrativa perversa de que Israel, o demoníaco e único Estado judeu do mundo, se regozija em ceifar vidas palestinas e precisa ser rapidamente varrido do mapa. Judeus passaram a ser agredidos ao redor do mundo, em suas casas, em universidades e aeroportos. Cenas que fariam inveja aos mais ferrenhos apoiadores do regime nazista se tornam habituais. Antissemitas desfilam orgulhosamente pelas ruas em 2023, com o mesmo ódio de sempre, agora disfarçado de humanismo, de preocupação com os direitos humanos.

Ao tratar do conflito no Oriente Médio, a jornalista e escritora Pilar Rahola coloca uma questão importante: “Por quê? Eu tento responder a esta pergunta há tantos anos: por quê? Por que, de todos os conflitos do mundo, só este interessa?”. Israel é do tamanho do Estado de Sergipe. A Faixa de Gaza tem cerca de 40 km de extensão. E, ainda assim, este é o conflito que mais mobiliza a atenção do mundo.

O fato é que, hoje, se passou a olhar novamente para o judeu – judeu e não israelense – como o causador de todos os males, um povo nefasto, causador de pestes, desgostos e desgraças. A perseguição se repete diante dos nossos olhos, na era do politicamente correto. O que está acontecendo com os judeus ao redor do mundo não é muito diferente do que se passou em 1939. A principal diferença é que Hitler e seus apoiadores, felizmente, não tinham acesso às redes sociais.

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